Fwd: Glossário inglês-português

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Joao Marcos

unread,
Aug 30, 2020, 7:19:36 PM8/30/20
to Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA
Com "proof" corre[c]tamente traduzido como "demonstração". :-D

JM


---------- Forwarded message ---------
From: Desidério Murcho


Glossário inglês-português:
https://criticanarede.com/glossario.html

Alexandre Rademaker

unread,
Aug 30, 2020, 8:21:58 PM8/30/20
to João Marcos, Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA

http://openwordnet-pt.org

E convido todos a contribuir! Corrigi proof agora, alguns da lista abaixo já estavam bem traduzidos! Alguns ainda precisam melhor tradução!

Ab.,
Alexandre

Julio Stern

unread,
Aug 30, 2020, 8:41:57 PM8/30/20
to Joao Marcos, Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA
Caro Joao Marcos: 
De onde eh este site? 
Alem de ficar importunando a cada 10 segundos com anuncios-spam e reclamando de add blockers, este site tem serios problemas de conteudo. 
Por exemplo, as traducoes 

Proof   =>   Demonstracao 
Demonstration  =>   Prova  

Ora, Prova e Demonstracao sao coisas muito distintas, embora as nocoes sejam por vezes erroneamente confundidas em uma visao "arithmetizante" da mathematica; vide:  
>> Szabo, A. ´ The Beginnings of Greek Mathematics; Akademiai Kiad ´ o: Budapest, Hungary, 1978. 
>> Lakatos, I. Philosophical Papers. V.1—The Methodology of Scientific Research Programmes. V.2.—Mathematics, Science and Epistemology; Cambridge University Presss: Cambridge, UK, 1978. 

Abs, ---Julio Stern 

 





From: Joao Marcos <boto...@gmail.com>
Sent: Sunday, August 30, 2020 7:19 PM
To: Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA <logi...@dimap.ufrn.br>
Subject: [Logica-l] Fwd: Glossário inglês-português
 
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Joao Marcos

unread,
Aug 30, 2020, 9:23:44 PM8/30/20
to Julio Stern, Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA
Viva, Julio:

> De onde eh este site?

As traduções são do próprio Desiderio Murcho, que tem muitos e muitos
anos de experiência (mais do que qualquer outro filósofo lusitano ou
brasileiro?) como tradutor profissional de Filosofia e de Lógica.

> Alem de ficar importunando a cada 10 segundos com anuncios-spam e reclamando de add blockers,

Isso é fácil de ser resolvido. :-)

> este site tem serios problemas de conteudo.
> Por exemplo, as traducoes
>
> Proof => Demonstracao
> Demonstration => Prova

Estão ambas corretas, no meu entendimento.
A propósito, o que _eu_ tenho a dizer sobre isso ---e já disse aqui na
lista--- está em:
https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/d/msg/logica-l/S-9hikoKNQs/hiKu9O0-EQAJ
https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/d/msg/logica-l/-AgRQtppdNQ/-A31IoAKL40J
https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/d/msg/logica-l/1PKaK3WzMT0/MU00E9xe8xsJ
https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/d/msg/logica-l/PPDpTxuVUWY/3d7cDt6uCXIJ
Evidentemente, você sempre pode apresentar aqui as suas _razões) para
acreditar que há "sérios problemas" nas traduções destes vocábulos.

Forte abraço,
Joao Marcos

--
http://sequiturquodlibet.googlepages.com/

Desiderio Murcho

unread,
Aug 30, 2020, 9:48:11 PM8/30/20
to LOGICA-L, Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA
O Glossário de Inglês-Português que está na Crítica começou por ser compilado aquando da equipa de tradução do Dicionário Oxford de Filosofia, e depois foi alimentado pelo trabalho desenvolvido na Enciclopédia de Termos Lógico-Filosóficos (que curiosamente tem uma segunda edição cá no Brasil, bem mais completa do que a primeira edição europeia). Depois, o Glossário continuou a ser corrigido e acrescentado em função das obras que foram publicadas na Filosofia Aberta, que dirigi durante vários anos. E continua, claro, aberto a novas correções e contributos. 

O caso de “demonstração” e “prova” reflete a prática europeia, que é muito diferente da brasileira -- e nisto o João bem pode apresentar os melhores argumentos, mas é improvável que mude as práticas linguísticas de lógicos e matemáticos brasileiros. Na compilação do Glossário, e na fixação da terminologia que se tentou fazer tanto no mencionado Dicionário como na Enciclopédia, é preciso responder, por um lado, à correção linguística e, por outro, a práticas informais instituídas nas universidades, e até em alguns escritos que não foram revistos por profissionais. Por vezes, atende-se a essas práticas, se não ferem de maneira inequívoca a língua; outras, é preciso rejeitar essas práticas, se ferem de maneira direta a estrutura da língua. Outra vezes ainda, e isto é bem curioso, cristaliza-se práticas que resultam de simples ignorância histórica, pensando-se que a prática informal mais recente -- a gíria, para falar sem papas na língua -- é a única relevante, quando há menos de um século se usava outra terminologia. 

Joao Marcos

unread,
Aug 30, 2020, 10:36:31 PM8/30/20
to Julio Stern, Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA
Outra duplinha divertida em que o inglês inverteu os significados das
coisas é "explanation" vs "explication". :-D

Não estou defendendo que todas as traduções da lista anteriormente
divulgada sejam as melhores possíveis, mesmo que tenham sido fruto de
muita reflexão e muitos anos de experiência na área. Contudo,
certamente é melhor dispor de uma lista assim, como diria o próprio
Desiderio, do que insistir em práticas linguísticas irrefletidas.

###

Há casos de lusitanismos, por exemplo, que não devem _pegar_ no
Brasil, como por exemplo:
halting problem = problema da paragem
Creio que a maior parte de nós aqui se refere ao Entscheidungsproblem
como o "problema da parada":
https://pt.wikipedia.org/wiki/Problema_da_parada
Mas isto é mais ou menos irrelevante, tanto quanto é irrelevante
decidir se usaremos a terminologia
satisfiable = satisfazível
como faz o grupo do IME, ou "satisfatível", como eu próprio prefiro,
por mera eufonia.

###

Quanto a
soundness (of a formal system) = adequação (de um sistema formal)
isto me parece simplesmente equivocado. "Soundness theorem"
corresponde ao resultado que chamamos "teorema da correção"; na
literatura, "adequação" frequentemente se refere à combinação de
correção com completude.

###

Não tenho sentimentos fortes sobre
finitary methods = métodos finitistas
mas provavelmente seguirei usando "finitários". A propósito, como
vocês traduziriam "finitariness"?

###

Sobre
eigenvalue = valor próprio
eu provavelmente seguiria usando a tradução mais comum, "autovalor",
lá da Álgebra Linear.

###

Também aprendi na escola que
one-to-one correspondence = correspondência biunívoca
mas hoje em dia prefiro falar em "função bijetiva". Merci à Bourbaki!

###

Sobre
sentence = frase
eu creio que há circunstâncias em que "oração" ou "sentença" (como em
"sentença declarativa") são também boas traduções. Mas não sou contra
reservar, por estipulação, o termo "sentença" para o seu uso jurídico.

###

Creio que "semantic consequent" pretendia ser "semantic consequence" e
que "singlet" pretendia ser "singleton". Não tenho como dizer.

Posso me acostumar com a tradução "singleto", mas na prática eu ainda
traduzo "singleton" como "conjunto unitário" (se o contexto assim o
permitir).

###

Compreendo ainda que a palavra "evidência" não se encontre (ainda)
dicionarizada na nossa língua, e que se traduza
evidence = indícios
A origem latina de "evidência" e seu uso cotidiano entre nós
exatamente com o mesmo significado de "evidence", sem risco de
confusão nos contextos certos, talvez bastem para que ela seja
incorporada sem vergonha à nossa língua... Ou talvez isto seja de
fato desnecessário, da mesma forma em que foi desnecessário
incorporarmos o termo "deletar"?

###

Confesso que não sei o que significa "semantic sequent", mas acho
estranho que "sequent-instance" vire "sequente de inserção" e que
"theorem-instance" vire "teorema de inserção". Sou inteiramente a
favor, de fato, à incorporação do termo "instância" para tratar destas
coisas --- em todas as suas instâncias.

###

Quanto a
entailment = derivabilidade
eu ainda prefiro falar em "acarretamento", dado que "derivabilidade"
está para mim indelevelmente ligada à Teoria das Demonstrações (Proof
Theory).

###

Tanto "many-valued logic" quanto "multi-valued logic" são traduzidas
na lista como "lógica polivalente", numa mistura comum de grego com
latim. Eu ainda prefiro falar em "lógica multivalorada", e na
prática, na minha área de investigação, preciso distinguir entre
"n-valent" e "n-valued", e para tal uso "multivalente" e
"multivalorada".

###

Quanto a
framework = enquadramento
eu já traduzo "frame" como "enquadramento" (e aprendi isto em Portugal).
Eu provavelmente traduziria "framework", assim, como "enquadramento
conceitual", ou algo assim. Provavelmente haverá ainda outras opções,
dependendo do contexto?

###

Quando vivi em Portugal aprendi ainda a traduzir "many-sorted" como
"multigênero" e por isso eu não escreveria "lógica multi-espécie" para
"many-sorted logic".

Claro, por falar em "sorts", ainda me lembro das "balas (rebuçados?)
sortidas" da minha infância...

###

Sobre
trolley problem = problema do eléctrico (problema do trem, no Brasil)
vale recordar que o lusitanismo "eléctrico" corresponde ao
brasileirismo "bonde". Mas um "trolley" não é nenhuma destas coisas,
nem muito menos é um "trem" --- se bem que em Minas tudo é trem!

Paro por aqui, não obstante, antes de me tornar uma vítima deste trólei!

Joao Marcos
--
http://sequiturquodlibet.googlepages.com/

Walter Alexandre Carnielli

unread,
Aug 30, 2020, 11:30:18 PM8/30/20
to Joao Marcos, Desidério Murcho, Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA
Colegas,


acrescento aqui meus palpites à discussão entre Júlio e João-- o
Desi fez um excelente trabalho essa lista é muito necessária. Mas
teria alguns apontamentos:
se é para ser usado pelos dois lados do Atlântico, seria bom
preservar o que já tem sido usado.
Para além dos pontos levantados, acrescentaria:

----------------------------------------------------------------------------------------------
halting problem- problema da parada (ao invés de/ também como
problema da paragem)


horns of dilemma — chifres do dilema (é mais poético e bastante
usado, ao invés de/também como alternativas do dilema )


internalism — internaiismo (ao invés de /também como internismo)


matter of fact — questão de fato (ao invés de / também como questão de facto)


neural net — rede neural (ao invés de / também como rede neuronal)

reverse engineering — engenharia reversa (ao invés de / também como
engenharia analítica)


Sheffer's stroke — conectivo de Sheffer (ao invés de/ também como
traço de Sheffer)


slingshot — estilingue (ao invés de /também como catapulta)


vagueness — vaguidade ou vaguedade (ao invés de /também como vagueza)


Faltaria ainda:


model-theoretical
ser-theoretical
strawman (espantalho, diria)
finiteness (diria finitariedade)
infinitely many
-------------------------------------------


Abraços,

Walter

Joao Marcos

unread,
Aug 30, 2020, 11:42:17 PM8/30/20
to Walter Alexandre Carnielli, Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA
> finiteness (diria finitariedade)

"Finiteness" já é "finitude", mas "finitariness" talvez devesse, sim,
ser "finitariedade" (e, se for assim, "finitary" ficará melhor como
"finitário" do que como "finitista", o qual por sua vez traduz mais
propriamente "finitistic").

Traduttore, traditore!
[]s, Joao Marcos

--
http://sequiturquodlibet.googlepages.com/

Desiderio Murcho

unread,
Aug 30, 2020, 11:55:55 PM8/30/20
to LOGICA-L, Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA
On Sunday, 30 August 2020 at 19:36:31 UTC-3 Joao Marcos wrote:
Outra duplinha divertida em que o inglês inverteu os significados das
coisas é "explanation" vs "explication". :-D

Há várias coisas assim, e também entre o português brasileiro e o europeu. 
 
Não estou defendendo que todas as traduções da lista anteriormente
divulgada sejam as melhores possíveis, mesmo que tenham sido fruto de
muita reflexão e muitos anos de experiência na área. Contudo,
certamente é melhor dispor de uma lista assim, como diria o próprio
Desiderio, do que insistir em práticas linguísticas irrefletidas.

Eu penso que muitas precisam mesmo de ser revistas. Quando eu traduzo algo novo e por uma razão qualquer tenho dúvidas e vou ver o glossário, acontece muitas vezes que o corrijo, ou acrescento uma alternativa. 
 
Mas isto é mais ou menos irrelevante, tanto quanto é irrelevante
decidir se usaremos a terminologia
satisfiable = satisfazível
como faz o grupo do IME, ou "satisfatível", como eu próprio prefiro,
por mera eufonia.

Aqui eu estava só a seguir a prática, talvez linguisticamente inadequada, da Universidade de Lisboa. Seria preciso ver o étimo para tentar determinar qual das duas é mais adequada. Talvez sejam as duas adequadas, linguisticamente, sendo então uma questão de prática dos profissionais ou de preferência pessoal. 
 
Quanto a
soundness (of a formal system) = adequação (de um sistema formal)
isto me parece simplesmente equivocado. "Soundness theorem"
corresponde ao resultado que chamamos "teorema da correção"; na
literatura, "adequação" frequentemente se refere à combinação de
correção com completude.

Isto deu a maior confusão na altura, e ainda hoje, mesmo em inglês, há variantes entre os autores. “Completude” era usada na Universidade de Lisboa para a equivalência entre semântica e sintaxe, e não apenas para uma das direções. Não me parece que isto seja hoje comum, em inglês, mas há escritos assim. A “soundness”, neste contexto, é atualmente denominada, pelo menos no Brasil, “correção”, mas eu preferiria “solidez”, porque já usamos isso para “sound argument”. 
 
Não tenho sentimentos fortes sobre
finitary methods = métodos finitistas
mas provavelmente seguirei usando "finitários". A propósito, como
vocês traduziriam "finitariness"?

Não sei como seria. “Finitário” não me parece mal, de modo algum. Aliás, hoje em dia parece-me que quanto menos nos afastarmos do inglês, menos ruído se provoca. 
 
Também aprendi na escola que
one-to-one correspondence = correspondência biunívoca
mas hoje em dia prefiro falar em "função bijetiva". Merci à Bourbaki!

Em muitos contextos já usei também “bijetiva”. 
 
Sobre
sentence = frase
eu creio que há circunstâncias em que "oração" ou "sentença" (como em
"sentença declarativa") são também boas traduções. Mas não sou contra
reservar, por estipulação, o termo "sentença" para o seu uso jurídico.

Não sei hoje como são as coisas em Portugal, mas na altura em Lisboa, pelo menos entre o pessoal da filosofia, nunca se usava “sentença” para traduzir “sentence”. Talvez os matemáticos o fizessem, não sei. Só tenho uma objeção pedagógica ao uso de “sentenças” em filosofia e lógica, que é o aluno (pelo menos no ensino de há uns anos, não sei como é hoje) perder a conexão com o conceito simples que tem da gramática; subitamente, parece que estamos a falar de uma coisa exótica, quando afinal é aquele velho conceito que ele aprendeu no ensino primário (= ensino elementar).
 
Creio que "semantic consequent" pretendia ser "semantic consequence" e
que "singlet" pretendia ser "singleton". Não tenho como dizer.

Acho que era mesmo “consequente semântico”, da teoria das condicionais, mas posso estar enganado. O Glossário foi feito contextualmente, ao traduzir textos reais. E em alguns contextos aparecem coisas muito, muito surpreendentes. Não me lembro também do “Singlet”, mas duvido que seja uma gralha, pois o conceito de “singleton” é bem popular e conhecido.  
 

Posso me acostumar com a tradução "singleto", mas na prática eu ainda
traduzo "singleton" como "conjunto unitário" (se o contexto assim o
permitir).

Ah, acabei de ver que não está lá no glossário “singleton”. Eu costumo usar “conjunto-unidade”, mas “conjunto unitário” é talvez melhor porque evita o hífen (e com mais uma reforma ortográfica lá se vai mais este hífen e ficaríamos com “conjuntounidade”, para fingir que somos todos alemães. 
 
Compreendo ainda que a palavra "evidência" não se encontre (ainda)
dicionarizada na nossa língua, e que se traduza
evidence = indícios
A origem latina de "evidência" e seu uso cotidiano entre nós
exatamente com o mesmo significado de "evidence", sem risco de
confusão nos contextos certos, talvez bastem para que ela seja
incorporada sem vergonha à nossa língua... Ou talvez isto seja de
fato desnecessário, da mesma forma em que foi desnecessário
incorporarmos o termo "deletar"?

Tenho uma vaga memória de já ter visto num dicionário o termo “evidence” como tradução do inglês “evidence” -- e isto é cada vez mais comum, em jornais, publicações e na academia. Se não entrou já nos dicionários com esse significado anglófono, acabará por entrar. Pessoalmente, não uso tal coisa, até porque é em muitos contextos demasiado restrito. Os ingleses carecem de um termo suficientemente amplo para falar de qualquer género de justificação a favor de uma ideia, e usam “evidence” em contextos em que não querem dizer apenas o que a palavra em inglês quer dizer, que é “provas ou justificações empíricas”. Este é um caso danado porque nós temos um termo bom, com essa amplitude: “prova”. Mas claro que no Brasil, em que se usa isto muito como sinónimo de “proof”, no sentido matemático, isto provoca grandes perplexidades. 
 
Confesso que não sei o que significa "semantic sequent", mas acho
estranho que "sequent-instance" vire "sequente de inserção" e que
"theorem-instance" vire "teorema de inserção". Sou inteiramente a
favor, de fato, à incorporação do termo "instância" para tratar destas
coisas --- em todas as suas instâncias.

Calculo que isso tenha vindo do livro do Newton-Smith e que se refira a sequentes, mas não sei o que faz ali o qualificativo “semantic”. O raio do “instance”, neste contexto, é a ideia de teres algo como um axioma-esquema, que podes usar para inserir em partes de fórmulas, se bem me lembro. Daí o “sequente de inserção”. O termo “instância” está consagrado na filosofia mais antiga em português e aparece nos dicionários, pelo que por aí não há problema. A chatice era que no contexto, falar de “instância de teorema” era muito bizarro e opaco. Neste caso, a tradução foi interpretativa, e por isso, algo abusiva. Mas como dizes então “theorem-instance”? 
 
Quanto a
entailment = derivabilidade
eu ainda prefiro falar em "acarretamento", dado que "derivabilidade"
está para mim indelevelmente ligada à Teoria das Demonstrações (Proof
Theory).

Em muitos contextos, “acarretamento” é capaz de ser realmente melhor. Noutros, estamos mesmo a falar do facto de uma dada fórmula se derivar de um certo conjunto de fórmulas, e aí “derivabilidade” parece-me muito natural. Não temos de comprar a teoria da demonstração, ou a ideia de a usar como fundamento filosófico do conceito de consequência lógica, ou algo assim. 
 
Tanto "many-valued logic" quanto "multi-valued logic" são traduzidas
na lista como "lógica polivalente", numa mistura comum de grego com
latim. Eu ainda prefiro falar em "lógica multivalorada", e na
prática, na minha área de investigação, preciso distinguir entre
"n-valent" e "n-valued", e para tal uso "multivalente" e
"multivalorada".

Nunca usas "multivalente"? Parece-me jogar melhor com “lógica bivalente”. 
 
Quanto a
framework = enquadramento
eu já traduzo "frame" como "enquadramento" (e aprendi isto em Portugal).
Eu provavelmente traduziria "framework", assim, como "enquadramento
conceitual", ou algo assim. Provavelmente haverá ainda outras opções,
dependendo do contexto?

Há outros contextos. “Framework” em inglês é daquelas palavras que é usada com uma polissemia danada. Já me deparei com contextos em que “enquadramento” não funcionava bem, e tive de usar apenas “imagem”. Imagina.
 
Sobre
trolley problem = problema do eléctrico (problema do trem, no Brasil)
vale recordar que o lusitanismo "eléctrico" corresponde ao
brasileirismo "bonde". Mas um "trolley" não é nenhuma destas coisas,
nem muito menos é um "trem" --- se bem que em Minas tudo é trem!

Entretanto, o termo "trólei" tornou-se comum, e está dicionarizado, de modo que esta solução do Glossário, como outras, ficou ultrapassada. A ver se o corrijo, assim como as outras sugestões que me forem enviadas.  

Desiderio Murcho

unread,
Aug 31, 2020, 12:11:31 AM8/31/20
to LOGICA-L, Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA
Olá, Walter! Acrescentei as tuas sugestões de alternativas, assim como as do João. Por estranho que pareça, num documento do Ministério da Educação português, usam “homem de palha” para “straw man”. Parece-me escusado ser tão estranhamente literal; mesmo classicamente, sem pensar propriamente em lógica, as pessoas já usavam em português a ideia de espantalho para a distorção dos pontos de vista de outra pessoa. 

Desiderio Murcho

unread,
Aug 31, 2020, 12:13:35 AM8/31/20
to LOGICA-L, Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA
Ah, esqueci-me de te dizer que me fizeste ir ao dicionário ver o que raio é um estilingue. Em Portugal... é uma fisga! Mas no caso do slighost argument, não sei porquê, na altura o pessoal de lá usava “argumento da catapulta”. Bem, uma catapulta é apenas uma fisga muito mais bruta, afinal de contas. 

On Sunday, 30 August 2020 at 20:30:18 UTC-3 carniell wrote:

Joao Marcos

unread,
Aug 31, 2020, 12:34:04 AM8/31/20
to Desiderio Murcho, Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA
>> Outra duplinha divertida em que o inglês inverteu os significados das
>> coisas é "explanation" vs "explication". :-D
>
> Há várias coisas assim, e também entre o português brasileiro e o europeu.

Não sei se cheguei a compartilhar contigo este dicionário, feito às
horas do almoço?
https://docs.google.com/spreadsheets/d/e/2PACX-1vQ4LWSPsHZLxJlU2Hb3tGGJto3BPQ5-9JGsvFuQIPTlJ6hLuJT3OurZzuRK6SvebI9qyX6g62p08mX5/pubhtml

>> Quanto a
>> soundness (of a formal system) = adequação (de um sistema formal)
>> isto me parece simplesmente equivocado. "Soundness theorem"
>> corresponde ao resultado que chamamos "teorema da correção"; na
>> literatura, "adequação" frequentemente se refere à combinação de
>> correção com completude.
>
> Isto deu a maior confusão na altura, e ainda hoje, mesmo em inglês, há variantes entre os autores. “Completude” era usada na Universidade de Lisboa para a equivalência entre semântica e sintaxe, e não apenas para uma das direções. Não me parece que isto seja hoje comum, em inglês, mas há escritos assim. A “soundness”, neste contexto, é atualmente denominada, pelo menos no Brasil, “correção”, mas eu preferiria “solidez”, porque já usamos isso para “sound argument”.

Sim, _muitos_ textos usam "completude" para as duas direções...
Outros tantos, talvez menos, usam "adequate" para "sound and
complete". Vale notar, não obstante, que o "soundness theorem" pouco
tem a ver com "sound argument". Este último é aquele que além de
correto (sound, logo "válido") _também_ tem as premissas verdadeiras,
certo? "Sólido" sounds good, para designar este tipo particular de
argumento!

> Não sei hoje como são as coisas em Portugal, mas na altura em Lisboa, pelo menos entre o pessoal da filosofia, nunca se usava “sentença” para traduzir “sentence”. Talvez os matemáticos o fizessem, não sei. Só tenho uma objeção pedagógica ao uso de “sentenças” em filosofia e lógica, que é o aluno (pelo menos no ensino de há uns anos, não sei como é hoje) perder a conexão com o conceito simples que tem da gramática; subitamente, parece que estamos a falar de uma coisa exótica, quando afinal é aquele velho conceito que ele aprendeu no ensino primário (= ensino elementar).

A gramática lusitana me surpreendeu (surpreendeu-me?) um dia pela sua
distância da brasileira --- e não é só por desconhecer os termos
"oxítona", "paroxítona" e "proparoxítona", ou por conter sugestões
muito exóticas sobre usos de próclise, ênclise e mesóclise... :-D
Penso, de todo modo, que no Brasil não se obsta ao uso da palavra
"sentença" no estudo gramatical.

Em Portugal também não se usa "oração", oh pá?
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ora%C3%A7%C3%A3o_(gram%C3%A1tica)
Bem, talvez seja melhor assim. Já há demasiadas conexões entre
Filosofia e Religião. ;-)

>> Compreendo ainda que a palavra "evidência" não se encontre (ainda)
>> dicionarizada na nossa língua, e que se traduza
>> evidence = indícios
>> A origem latina de "evidência" e seu uso cotidiano entre nós
>> exatamente com o mesmo significado de "evidence", sem risco de
>> confusão nos contextos certos, talvez bastem para que ela seja
>> incorporada sem vergonha à nossa língua... Ou talvez isto seja de
>> fato desnecessário, da mesma forma em que foi desnecessário
>> incorporarmos o termo "deletar"?
>
> Tenho uma vaga memória de já ter visto num dicionário o termo “evidence” como tradução do inglês “evidence” -- e isto é cada vez mais comum, em jornais, publicações e na academia. Se não entrou já nos dicionários com esse significado anglófono, acabará por entrar. Pessoalmente, não uso tal coisa, até porque é em muitos contextos demasiado restrito. Os ingleses carecem de um termo suficientemente amplo para falar de qualquer género de justificação a favor de uma ideia, e usam “evidence” em contextos em que não querem dizer apenas o que a palavra em inglês quer dizer, que é “provas ou justificações empíricas”. Este é um caso danado porque nós temos um termo bom, com essa amplitude: “prova”. Mas claro que no Brasil, em que se usa isto muito como sinónimo de “proof”, no sentido matemático, isto provoca grandes perplexidades.

Sim, no Brasil persiste este mau hábito... Há que combatê-lo, como
combatemos o tabagismo!

>> Tanto "many-valued logic" quanto "multi-valued logic" são traduzidas
>> na lista como "lógica polivalente", numa mistura comum de grego com
>> latim. Eu ainda prefiro falar em "lógica multivalorada", e na
>> prática, na minha área de investigação, preciso distinguir entre
>> "n-valent" e "n-valued", e para tal uso "multivalente" e
>> "multivalorada".
>
> Nunca usas "multivalente"? Parece-me jogar melhor com “lógica bivalente”.

Aqui a coincidência trabalha a favor, pois a Lógica Clássica é ao
mesmo tempo "bivalente" e "bivalorada"... Mas "bivalente" é
frequentemente usado em Lógica, hoje em dia, também no caso não
verofuncional! Acho assim avisado ---e não faço disto segredo de
polichinelo--- reservar "multivalorado" para o caso verofuncional, e
usar "multivalente" no caso mais geral.

Abração, Joao Marcos

--
http://sequiturquodlibet.googlepages.com/

Carlos Augusto Prolo

unread,
Aug 31, 2020, 6:24:34 AM8/31/20
to Joao Marcos, Desiderio Murcho, Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA
Olá.

oração = clause: subordinate clause, relative clause = oração subordinada, oração relativa.
Uma sentence=frase contém uma ou mais orações de forma estruturada.
Traduzir sentence como oração provoca uma confusão absolutamente desnecessária [na minha opinião].

Abraço,

Prolo


--
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Para cancelar inscrição nesse grupo e parar de receber e-mails dele, envie um e-mail para logica-l+u...@dimap.ufrn.br.

Joao Marcos

unread,
Aug 31, 2020, 9:59:32 AM8/31/20
to Carlos Augusto Prolo, Desiderio Murcho, Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA
"*Atomic sentence", portanto?  Ou não há conceito equivalente de interesse nas linguagens formais?

###

A propósito, aproveito para perguntar: ainda é popular entre os lógicos matemáticos ou lógicos filósofos a separação conceitual entre "sentence" e "formula"?

[]s, JM

Julio Stern

unread,
Aug 31, 2020, 10:02:38 AM8/31/20
to Desiderio Murcho, LOGICA-L, Joao Marcos
Caros Desiderio, Joao Marcos e demais redistas: 

Vou me concentrar no ponto especifico da traducao "trocada": 
Proof => Demonstracao ;  Demonstration =>  Prova. 

(1) O Joao Marcos mencionou a conexao entre estes termos e a base da prova em funaco (ou nao)_ de "evidencias". 
Este eh um ponto importante. Todavia, se a "prova/demonstracao" eh feita sem "novas" evidencias, ela eh feita a partir de axiomas? 
Qual o papel dos axiomas?  Sao estes verdades "garantidas"?  Sao "presuposicoes" arbitrarias?  ou pre-condicoes "formais"? 
O papel dos axiomas em uma disciplina dedutiva nao eh trivial, e eh um dos pontos discutidos em profundidade nas citacoes do meu primeiro e-mail.   

(2) Para mim, geralmente, mais relevante (que a distincao acima) eh a distincao entre os aspectos de 
(a) a "mecanica" ou a forma  "algebrica"  da prova vs. 
(b) o entendimento "intuitivo"  ou "geometrico" trazido pela demonstracao   (ou de-mostracao) 

(3) Varias outras distincoes ou nuances podem ser importantes, dependendo do contexto. 
Assim, o uso dos termos proof e demonstration ja eh confuso o suficinte, nao sendo necessario ou recomendavel (na minha opiniao) aumentar ainda mais a entropia do sistema.  Uma traducao "tocada" de temos do Ingles para o Portugues, como o exemplo acima, e um recurso formidavel para um aumento brutal de entropia. 

(4) Qunato a "tradicoes continentais":  Hoje, (desde a decada de 50?) a lingua franca da ciencia eh o Ingles. 
Ninguem (que quer ser lido, entendido e citado) deveria publicar em Frances, Alemao, Russo, ou Castelhano. Assim, se a "tradicao Castelhana" foi a de trocar certos termos tecnicos em relacao ao Ingles...  Bem, eh chegada a hora de adaptar-se ao uso da lingua geral, e revogar as disposicoes em contrario, para o bem de todos e da felicidade geral na nacao.  

Tudo de bom, 
---Julio Stern 

PS1: Joao Marcos: Certamente da sim para neutralizar os anti-anti-blockers, silenciar os annoying pop-ups, etc. Mas qual a justificativa de ir a guerra para usar em paz um site que quer me enfiar guela abaixo um cookies maliciosos e me atazanar a vida com info indesejada e fora de contexto? 

PS2: Referencias citadas:  
>> Szabo, A. ´ The Beginnings of Greek Mathematics; Akademiai Kiad ´ o: Budapest, Hungary, 1978. 
>> Lakatos, I. Philosophical Papers. V.1—The Methodology of Scientific Research Programmes. V.2.—Mathematics, Science and Epistemology; Cambridge University Presss: Cambridge, UK, 1978. 
   
 


From: Desiderio Murcho <desideri...@gmail.com>
Sent: Sunday, August 30, 2020 9:48 PM
To: LOGICA-L <logi...@dimap.ufrn.br>
Cc: Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA <logi...@dimap.ufrn.br>
Subject: Re: [Logica-l] Fwd: Glossário inglês-português
 
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Joao Marcos

unread,
Aug 31, 2020, 10:14:32 AM8/31/20
to Julio Stern, Desiderio Murcho, LOGICA-L
Concordo inteiramente com as suas considerações sobre a língua franca atual da Ciência, Julio.  Por isso mesmo me conformo em fazer a troca ---exclusivamente ao escrever em inglês, pela impossibilidade de reformar os hábitos já estabelecidos naquela língua--- as palavras adequadas usadas nas línguas latinas, todas derivadas de *demonstratio* para "proof".  Fazer o contrário, a saber, conspurcar todas as demais línguas introduzindo a entropia do desnecessário anglicismo "prova", que só traz dificuldades a estas línguas, me parece demasiado irrefletido como procedimento.  Já é hora de pararmos de fazer isso.

Abração, 
Joao Marcos

Desiderio Murcho

unread,
Aug 31, 2020, 11:33:46 AM8/31/20
to LOGICA-L, Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA
Olá, Prolo

Só quero deixar claro que nunca traduzi “sentence” por oração. O que também nunca fiz, mas se faz muito, é traduzir “sentence” por “sentença”, e “phrase” por “frase”. Quer-me parecer que se faz este tipo de traduções só porque as palavras numa e noutra língua são parecidas. Idem para “proof” e “prova”, em vez de “demonstração”, ou “internalism” por “internalismo” (a palavra portuguesa vem de onde, “internal”?). 

Recentemente, vi “anecdote” traduzido por “anedota”, o que realmente é uma anedota. 

Quando se traduz é preciso ter atenção não apenas aos significados registados num bom dicionário, mas aos significados mais salientes ou primários. Se um termo X, numa língua, tem o significado Y primário, ou mais comum, é um erro traduzi-lo por X' noutra língua, que até também também o significado Y', nessa língua, mas brutalmente arredado do seu significado principal, mais corrente ou primário. Mas é claro que estas coisas são dinâmicas, porque o significado das palavras é dinâmico e depende do uso que as pessoas fazem. O termo “evidências” está a tornar-se sinónimo de “evidence”, à força de as pessoas a usarem assim. Mas há trinta anos não era usada assim e “evidências” queria só dizer o que salta aos olhos, o que é óbvio, e não o que desempenha o papel de prova empírica. 

Do meu ponto de vista, a língua portuguesa deveria ser abandonada nas escolas e universidades, e dever-se-ia passar a usar só o inglês. Evitar-se-ia talvez assim que um académico se veja na situação trágica de nem saber escrever português corretamente, nem inglês com elegância e abrangência, por oposição ao inglês meramente técnico. 

Joao Marcos

unread,
Aug 31, 2020, 12:06:30 PM8/31/20
to Desiderio Murcho, Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA
> Recentemente, vi “anecdote” traduzido por “anedota”, o que realmente é uma anedota.

E eu vi na semana passada "anecdotal evidence" traduzido por
"evidência anedótica". :-)

> Do meu ponto de vista, a língua portuguesa deveria ser abandonada
> nas escolas e universidades, e dever-se-ia passar a usar só o inglês.
> Evitar-se-ia talvez assim que um académico se veja na situação trágica
> de nem saber escrever português corretamente, nem inglês com elegância
> e abrangência, por oposição ao inglês meramente técnico.

"Usando do inglês como língua científica e geral, usaremos do
português como língua literária e particular. Teremos, no império
como na cultura, uma vida doméstica e uma vida pública. Para o que
queremos aprender leremos inglês; para o que queremos sentir,
português. Para o que queremos ensinar, falaremos inglês, português
para o que queremos dizer."
— Fernando Pessoa, "Babel — or the Future of Speech", excerto de "As
Cinco Línguas Imperiais", 1930s


Enquanto não adotamos a atual língua franca da ciência ao menos dentro
dos câmpi universitários, vou lutando para reduzir o assassinato da
língua portuguesa nos mesmos...

Walter Alexandre Carnielli

unread,
Aug 31, 2020, 12:13:57 PM8/31/20
to Desiderio Murcho, Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA
Olá Desi,

Mas como criticar alguem por traduzir
anedoct por anedota, se os proprios dicionarios o fazem?

anecdote
noun [ C ]
UK 
 /ˈæn.ɪk.dəʊt/ US 
 /ˈæn.ɪk.doʊt/

short, often funny storyespecially about something someone has 

Definition of anecdote

a usually short narrative of an interesting, amusing, or biographical incident
Nao seria  caso de "proibir" esses 
dicionarios incompetentes como Webster e Cambridge de usar a lingua inglesa na qual eles nao sao
 versados :-) ?

Seria uma proposta tao  interessante quanto abandonar a língua portuguesa nas escolas e universidades.
Abraços,
Walter

PS.A tecnologia muitas vezes  ajuda a piorar. Este texto saiu  sem acentos porque o bendito editor do Gmail resolveu assim.

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Desiderio Murcho

unread,
Aug 31, 2020, 12:30:03 PM8/31/20
to LOGICA-L, Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA

Definition of anecdote

a usually short narrative of an interesting, amusing, or biographical incident
Nao seria  caso de "proibir" esses 
dicionarios incompetentes como Webster e Cambridge de usar a lingua inglesa na qual eles nao sao
 versados :-) ?

A definição inglesa está correta. “Anecdote” é uma historieta, um episódio, um caso avulso interessante. Não é uma piada, uma “joke”, que é o significado primário em português de “anedota”. 

É preciso ter atenção aos contextos, no uso da língua, e por isso também ao traduzir. No contexto comum da língua portuguesa, uma anedota é uma joke, ao passo que uma anecdote é uma historieta, um caso avulso, e não uma anedota. Mas se olharmos para a definição algo acontextual de “anedota” (https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/anedota), até nem parece inadequado usar o termo para traduzir “anecdote”. A questão é que me parece que este tipo de traduções, apesar de serem feitas por pessoas, parecem feitas por máquinas, sem um conhecimento mais profundo da língua além da linguagem quotidiana, que é muitíssimo pobre, vaga e imprecisa. 

Não fosse a febre fascista dos estatistas modernos, e nunca as línguas nacionais se teriam imposto como veículo de cultura; teríamos continuado com o latim, que tinha a enorme vantagem de já não ser uma língua deste ou daquele país, mas de toda uma tradição cultural, académica e escolar com séculos de existência. O Hansson, na Theoria, publicou há uns anos um estudo empírico interessante sobre o que aconteceu aos nórdicos quando abandonaram o latim e começaram a usar as línguas locais na escrita académica. O que aconteceu foi a mesma desgraça que aconteceu aos desgraçados dos académicos que trabalhavam em Portugal; subitamente, perderam interlocutores, porque agora um polaco não podia ler o que eles escreviam, nem um francês, nem um alemão. O caso português é notório: só teve filósofos influentes na Europa durante o período de vigência do latim. Como é evidente, mal começaram a escrever em tuga, acabou-se a internacionalização, o que por sua vez alimenta vícios de endogamia. 


Julio Stern

unread,
Aug 31, 2020, 12:31:10 PM8/31/20
to Joao Marcos, Desiderio Murcho, Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA
Caros: 
Ha 20 anos visitei a Universidade Tecnica de Eindhoven, na Holanda. 
Esta eh uma universidade de 1a linha na area de Engenharia, trabalhando com o suporte do centro de desenvolvimento da Philips, que fica na mesma cidade. 
Todas as disciplinas de pos-graduacao, a muitas das de graduacao na TU Eindhoven eram ministradas em Ingles. 
Espantei-me com a ideia, para mim entao uma novidade. 
A logica dos uso das linguas, conforme me foi explicado pelo pessoal local, seguia de perto o poema de Fernando Pessoa, citado pelo Joao Marcos. 
Ademais, me disseram os Holandeses, queremos atrair os melhores alunos da Europa e do mundo e, neste contexto, Nao eh razoavel pedir a um potencial aluno que aprenda Holandes. Depois que ele estiver por aqui, para melhor sentir e se integrar com nossa vida e cultura, ele pode ate aprender nossa lingua do coracao. 
Me prece uma boa abordagem. Todavia, creio que no Brasil, poderiamos tentar fazer isto em algumas Universidades selecionadas, mas nao em todas, nem mesmo na maioria. 
---Julio Stern 

 


From: Joao Marcos <boto...@gmail.com>
Sent: Monday, August 31, 2020 12:06 PM
To: Desiderio Murcho <desideri...@gmail.com>

Cc: Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA <logi...@dimap.ufrn.br>
Subject: Re: [Logica-l] Fwd: Glossário inglês-português
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Antonio Marmo

unread,
Aug 31, 2020, 1:18:26 PM8/31/20
to Julio Stern, logi...@dimap.ufrn.br

Parabéns ao Desiderio pela iniciativa e pelo trabalho.

O problema de traduções que tomam os cognatos falsos pelo que eles aparentam é mais frequente do que se podia esperar. Há campos em que essa prática até prevalece, donde textos confusos e sem muito sentido surgem. Juntem-se a isso umas hipóteses exdrúxulas colocadas no início de alguns trabalhos, dados mal coletados e pronto: uma linha de pesquisa inteira perde a credibilidade.

Os glossários são necessários, extremamente necessários e pelo visto o amigo Desiderio trouxe uma contribuição muito boa nesse sentido. O que falta? Falta as demais pessoas terem a disciplina e a clareza de usar esse glossário, ou então de buscar aos dicionários as alternativas. Portanto, o que se há de fazer agora é conscientizar as pessoas e incentivar a consulta.



On 31 Aug 2020, at 09:31, Julio Stern <jms...@hotmail.com> wrote:


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Abilio Rodrigues Filho

unread,
Sep 2, 2020, 5:31:24 PM9/2/20
to Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA
Colegas,

Aproveito a conversa para perguntar como vocês traduzem
dis-information, mis-information e mal-information. E também para
sugerir que essas palavras sejam incluídas no glossário.

Não sei se essas expressões já tem tradução estabelecida, creio que
não. Eu costumo usar resp. desinformação, informação falsa, e má
informação, mas já vi misinformation ser traduzido por má informação.

Essas três palavras aparecem em
Wardle & Derakhshan
https://rm.coe.int/information-disorder-report-version-august-2018/16808c9c77
Dis-information. Information that is false and deliberately created to
harm a person,
social group, organization or country.
Mis-information. Information that is false, but not created with the
intention of
causing harm.
Mal-information. Information that is based on reality, used to inflict harm on a
person, organization or country.

Abraços

Abilio



Em dom., 30 de ago. de 2020 às 14:49, Desidério Murcho
<criticana...@groups.io> escreveu:
>
> Glossário inglês-português:
> https://criticanarede.com/glossario.html
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bruno.ramos.mendonca

unread,
Sep 3, 2020, 10:48:30 AM9/3/20
to LOGICA-L, abilio.rodrigues

Fala Abílio:

>> Eu costumo usar resp. desinformação, informação falsa, e má
informação,

Creio que é o caminho correto, mas o caso de misinformation é mais complicado. O problema é que desinformação também é (na terminologia técnica da área) informação falsa (intencionalmente produzida e comunicada).  

Se poderia pensar que misinformation captura uma categoria mais abrangente de info. falsa, mas isso também é um equívoco. Nas discussões sobre a tese veridicalista de Floridi-Dretske, misinformation pode representar uma dificuldade mas disinformation não: mais especificamente, é possível argumentar que misinformation é epistemicamente informativa, embora disinformation certamente não o seja. Ou seja, misinformation denota uma noção não-intencional de informação falsa. 

Abraço
Bruno

Cassiano Terra Rodrigues

unread,
Sep 4, 2020, 1:43:08 PM9/4/20
to LOGICA-L, Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA
Colegas, apenas uma observação.

Não entendi pq "evidência" não está dicionarizada.
Ao menos no Aulete está há tempos.

Há uma sobreposição de sentidos, o termo parece ser mais polissêmico em português do q em inglês. Não quero obviamente com isso dizer  q a tradução de um pelo outro seja suficientemente precisa em contextos teóricos.
Abraços,
cass.
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