Women in Logic -- workshop associated to LiCS

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Valeria de Paiva

unread,
Dec 4, 2016, 5:31:42 PM12/4/16
to Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA
            Call for Papers
              WiL 2017: Women in Logic Workshop
                       Reykjavik, Iceland
                          June 19, 2017
   https://sites.google.com/site/firstwomeninlogicworkshop/


Affiliated with the Thirty-Second Annual ACM/IEEE Symposium on Logic
in Computer Science (LICS) 20-23 June 2017, Reykjavik, Iceland.

We are holding the first Women in Logic (WiL) workshop as a LICS
associated workshop this year. The workshop intends to follow the
pattern of meetings such as Women in Machine Learning (WiML,
http://wimlworkshop.org/) or Women in Engineering (WIE,
(http://www.ieee-ras.org/membership/women-in-engineering) that have
been taking place for quite a few years.

Women are chronically underrepresented in the LICS community;
consequently they sometimes feel both conspicuous and isolated, and
hence there is a risk that the under-representation is
self-perpetuating.

The workshop will provide an opportunity for women in the field to
increase awareness of one another and one another's work, to combat
the feeling of isolation. It will also provide an environment where
women can present to an audience comprised of mostly women,
replicating the experience that most men have at most LICS meetings,
and lowering the stress of the occasion; we hope that this will be
particularly attractive to early-career women.

Topics of interest of this workshop include but are not limited to the
usual Logic in Computer Science (LICS) topics. These are listed as
automata theory, automated deduction, categorical models and logics,
concurrency and distributed computation, constraint programming,
constructive mathematics, database theory, decision procedures,
description logics, domain theory, finite model theory, formal aspects
of program analysis, formal methods, foundations of computability,
higher-order logic, lambda and combinatory calculi, linear logic,
logic in artificial intelligence, logic programming, logical aspects
of bioinformatics, logical aspects of computational complexity,
logical aspects of quantum computation, logical frameworks, logics of
programs, modal and temporal logics, model checking, probabilistic
systems, process calculi, programming language semantics, proof
theory, real-time systems, reasoning about security and privacy,
rewriting, type systems and type theory, and verification.

SUBMISSIONS
Contributions should be written in English and submitted in the form
of full papers (with a maximum of 10 pages) or short papers (with a
maximum of 5 pages). They must be unpublished and not submitted
simultaneously for publication elsewhere.
 
The papers should be prepared in latex using the LICS style (IEEE
Proceedings 2-column 10pt). LaTeX style files are available at
http://www.ctan.org/tex-archive/macros/latex/contrib/IEEEtran/.
Please use IEEEtran.cls version V1.8b, released on 26/08/2015.

The submission should be in the form of a PDF file uploaded to the WiL
2017 Easychair page (https://easychair.org/conferences/?conf=wil2017)
before the submission deadline of February 17th, 2017, anywhere on
Earth.

PROCEEDINGS
We plan to publish a post conference volume at ENTCS or other equally
visible outlet.

IMPORTANT DATES
Paper submission deadline:  February 17th, 2017
Author notification:  March 15th, 2017
Contribution for Proceedings:  15 April 2017
Final program:  1 May 2017

INVITED SPEAKERS
* Claudia Nalon (University of Brasilia, Brasil)
* Catuscia Palamidessi (INRIA Saclay and LIX, France)

SCIENTIFIC AND ORGANIZING COMMITTEE
* Valeria de Paiva (Chair, Nuance Communications, USA)
* Adriana Compagnoni (Stevens Institute of Technology, USA)
* Amy Felty (University of Ottawa, Canada)
* Anna Ingolfsdottir (Reykjavik University, Iceland)
* Ursula Martin (University of Oxford, UK)
* Brigitte Pientka (McGill University, Canada)
* Alexandra Silva (University College London, UK)
* Perdita Stevens (University of Edinburgh, UK)

--

Joao Marcos

unread,
Dec 5, 2016, 4:02:59 AM12/5/16
to Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA
> Call for Papers
> WiL 2017: Women in Logic Workshop
> Reykjavik, Iceland
> June 19, 2017
> https://sites.google.com/site/firstwomeninlogicworkshop/
>
[...]
>
> SCIENTIFIC AND ORGANIZING COMMITTEE
> * Valeria de Paiva (Chair, Nuance Communications, USA)
> * Adriana Compagnoni (Stevens Institute of Technology, USA)
> * Amy Felty (University of Ottawa, Canada)
> * Anna Ingolfsdottir (Reykjavik University, Iceland)
> * Ursula Martin (University of Oxford, UK)
> * Brigitte Pientka (McGill University, Canada)
> * Alexandra Silva (University College London, UK)
> * Perdita Stevens (University of Edinburgh, UK)

Esta é mais uma iniciativa válida, Valeria, com um comitê organizador
de primeira (e de Primeiro Mundo anglófono). Tenho duas dúvidas
práticas, envolvendo aspectos sobre os quais certamente vocês já
pensaram.

> The workshop will provide an opportunity for women in the field to
> increase awareness of one another and one another's work, to combat
> the feeling of isolation. It will also provide an environment where
> women can present to an audience comprised of mostly women,

O comparecimento ao workshop será franqueado aos demais participantes do LICS?

> replicating the experience that most men have at most LICS meetings,
> and lowering the stress of the occasion; we hope that this will be
> particularly attractive to early-career women.

Quais aspectos da experiência vocês esperam replicar? Tenho a
impressão de que os homens (brancos) do LICS frequentemente sequer
registram a presença dos outros homens (brancos) da plateia... Mas
aqueles que são obrigados a falar uma língua diferente da sua com
alguma frequência sentem algum estresse neste tipo de ocasião.

[]s, JM

Hermógenes Oliveira

unread,
Dec 5, 2016, 6:21:03 AM12/5/16
to logi...@dimap.ufrn.br
Joao Marcos <boto...@gmail.com> escreveu:

>> SCIENTIFIC AND ORGANIZING COMMITTEE
>> * Valeria de Paiva (Chair, Nuance Communications, USA)
>> * Adriana Compagnoni (Stevens Institute of Technology, USA)
>> * Amy Felty (University of Ottawa, Canada)
>> * Anna Ingolfsdottir (Reykjavik University, Iceland)
>> * Ursula Martin (University of Oxford, UK)
>> * Brigitte Pientka (McGill University, Canada)
>> * Alexandra Silva (University College London, UK)
>> * Perdita Stevens (University of Edinburgh, UK)
>
> Esta é mais uma iniciativa válida, Valeria, com um comitê organizador
> de primeira (e de Primeiro Mundo anglófono).

Bem, se a razão de ser desse comentário diz respeito ao país de origem e
à língua materna, posso acrescentar que reconheço apenas três nomes no
comitê, nenhum deles de "Primeiro Mundo anglófono": Valéria de Paiva
(brasileira), Alexandra Silva (portuguesa) e Adriana Compagnoni
(argentina).

>> replicating the experience that most men have at most LICS meetings,
>> and lowering the stress of the occasion; we hope that this will be
>> particularly attractive to early-career women.
>
> Quais aspectos da experiência vocês esperam replicar? Tenho a
> impressão de que os homens (brancos) do LICS frequentemente sequer
> registram a presença dos outros homens (brancos) da plateia... Mas
> aqueles que são obrigados a falar uma língua diferente da sua com
> alguma frequência sentem algum estresse neste tipo de ocasião.

Ainda sob o pressuposto implícito de que a mensagem não pretende apenas
tirar dúvidas com a Valéria (caso contrário não seria enviada para a
lista), acrescento o seguinte:

Talvez o estresse mencionado na mensagem de divulgação seja melhor
compreendido, e talvez mesmo percebido como óbvio, por mulheres que
atuam na área de lógica (para as quais, enfim, o evento é direcionado).
Mas, fazendo um exercício de empatia, digo que, se eu entrasse numa sala
de conferência que estivesse repleto exclusivamente de mulheres,
certamente me sentiria inicialmente meio fora de lugar e talvez mesmo
buscasse verificar se não teria entrado numa espécie de lavatório feminino
por engano. Porém, mulheres que atuam na área de lógica passam por
situação similar rotineiramente.

Ademais, muitas pessoas não conhecem o volume absurdo de assédio sofrido
por mulheres em áreas dominadas por homens. Recentemente, tenho
escutado alguns relatos particularmente revoltantes. Acho que esse
ambiente é ruim para ambos os sexos. Eu mesmo, por exemplo, evito
aproximar colegas do sexo feminino para discutir assuntos acadêmicos em
eventos por receio de que a aproximação seja tomada como pretexto com
segundas intenções (um pressuposto bastante razoável por parte de
qualquer mulher, dado o assédio). Se o ambiente não fosse tão dominado
por homens e não houvesse tanto assédio, creio que tanto homens quanto
mulheres se sentiriam mais à vontade para discutir ciência.

Para se conseguir evidência de como uma mulher por ser notada
principalmente pela sua aparência a despeito de suas ideias e do
conteúdo da discussão, não é necessário olhar para além dos arquivos da
Lógica-L:

https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/d/msg/logica-l/FWiErVApy-w/7y6ntFSxGAAJ

Num ambiente como esse, é fácil compreender porque as mulheres possam se
sentir mais a vontade num evento sem homens (ou no qual homens tenham
participação reduzida).


Mais sobre o tema:

http://www.gisellereis.com/2015/11/about-women-harassment/

https://beingawomaninphilosophy.wordpress.com/category/sexual-harassment/

Women in Philosophy: Why Should We Get More of Them, and How Do We Do It?
https://cast.itunes.uni-muenchen.de/vod/clips/WmUquSI11O/quicktime.mp4

Being a woman in (mathematical) philosophy
https://cast.itunes.uni-muenchen.de/vod/clips/4ug6ykgM2y/quicktime.mp4

Saudações,

--
Hermógenes Oliveira

"Eine Fakultät ist doch keine Badeanstalt!"
David Hilbert, tentando convencer seus colegas a permtir que Emmy
Noether lecionasse na Uni Göttingen

Joao Marcos

unread,
Dec 5, 2016, 7:05:09 AM12/5/16
to Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA
Viva! Fico contente em ver que a minha mensagem causou alguma
reflexão. Espero ver mais, isso é importante!

>>> SCIENTIFIC AND ORGANIZING COMMITTEE
>>> * Valeria de Paiva (Chair, Nuance Communications, USA)
>>> * Adriana Compagnoni (Stevens Institute of Technology, USA)
>>> * Amy Felty (University of Ottawa, Canada)
>>> * Anna Ingolfsdottir (Reykjavik University, Iceland)
>>> * Ursula Martin (University of Oxford, UK)
>>> * Brigitte Pientka (McGill University, Canada)
>>> * Alexandra Silva (University College London, UK)
>>> * Perdita Stevens (University of Edinburgh, UK)
>>
>> Esta é mais uma iniciativa válida, Valeria, com um comitê organizador
>> de primeira (e de Primeiro Mundo anglófono).
>
> Bem, se a razão de ser desse comentário diz respeito ao país de origem e
> à língua materna, posso acrescentar que reconheço apenas três nomes no
> comitê, nenhum deles de "Primeiro Mundo anglófono": Valéria de Paiva
> (brasileira), Alexandra Silva (portuguesa) e Adriana Compagnoni
> (argentina).

Não entendi bem o aparte... Todas trabalham no Primeiro Mundo
anglófono, como está claro. Coincidência? Ou um ponto a mais a cujo
respeito valeria a pena refletir?

Noto que não houve (até aqui) um exercício de reflexão sobre o
estresse causado pela apresentação de trabalhos em língua estrangeira.
Pessoalmente, acho que é uma fatalidade a gente ter se virar para
falar a "língua dos gringos" --- e não acho isto ruim. Mas sei que há
nesta lista quem ache importante se posicionar também contra o domínio
da língua inglesa.

>>> replicating the experience that most men have at most LICS meetings,
>>> and lowering the stress of the occasion; we hope that this will be
>>> particularly attractive to early-career women.
>>
>> Quais aspectos da experiência vocês esperam replicar? Tenho a
>> impressão de que os homens (brancos) do LICS frequentemente sequer
>> registram a presença dos outros homens (brancos) da plateia... Mas
>> aqueles que são obrigados a falar uma língua diferente da sua com
>> alguma frequência sentem algum estresse neste tipo de ocasião.
>
> Ainda sob o pressuposto implícito de que a mensagem não pretende apenas
> tirar dúvidas com a Valéria (caso contrário não seria enviada para a
> lista),

De fato, há vários anos costumo enviar links sobre o assunto
diretamente para Valéria, sabendo bem do importante ativismo dela na
área. Desta vez, contudo, achei que seria interessante ver alguma
discussão pública séria e responsável sobre o assunto --- exatamente
como esta aqui?

> acrescento o seguinte:
>
> Talvez o estresse mencionado na mensagem de divulgação seja melhor
> compreendido, e talvez mesmo percebido como óbvio, por mulheres que
> atuam na área de lógica (para as quais, enfim, o evento é direcionado).
> Mas, fazendo um exercício de empatia, digo que, se eu entrasse numa sala
> de conferência que estivesse repleto exclusivamente de mulheres,
> certamente me sentiria inicialmente meio fora de lugar e talvez mesmo
> buscasse verificar se não teria entrado numa espécie de lavatório feminino
> por engano. Porém, mulheres que atuam na área de lógica passam por
> situação similar rotineiramente.

De minha parte, eu certamente não penso que entrei em um lavatório nas
ocasiões em que entro em salas nas quais as mulheres são maioria.

> Ademais, muitas pessoas não conhecem o volume absurdo de assédio sofrido
> por mulheres em áreas dominadas por homens.

É fato. Considero válida, em geral, toda iniciativa visando o
empoderamento de pesquisadores em situação de *desvantagem cultural*.
São louváveis em particular as iniciativas que procuram diversificar o
ambiente de homens (brancos) que predomina nos eventos de Lógica.

> Recentemente, tenho
> escutado alguns relatos particularmente revoltantes. Acho que esse
> ambiente é ruim para ambos os sexos. Eu mesmo, por exemplo, evito
> aproximar colegas do sexo feminino para discutir assuntos acadêmicos em
> eventos por receio de que a aproximação seja tomada como pretexto com
> segundas intenções (um pressuposto bastante razoável por parte de
> qualquer mulher, dado o assédio).

Isso é muito triste...

Posso acrescentar de todo modo já ter testemunhado mais de uma vez
assédio em ambientes contendo pesquisadores do mesmo sexo (masculino).

> Se o ambiente não fosse tão dominado
> por homens e não houvesse tanto assédio, creio que tanto homens quanto
> mulheres se sentiriam mais à vontade para discutir ciência.

Como são estas coisas nas áreas em que as mulheres são maioria?

> Para se conseguir evidência de como uma mulher por ser notada
> principalmente pela sua aparência a despeito de suas ideias e do
> conteúdo da discussão, não é necessário olhar para além dos arquivos da
> Lógica-L:
>
> https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/d/msg/logica-l/FWiErVApy-w/7y6ntFSxGAAJ

Really disgusting, indeed.

> Num ambiente como esse, é fácil compreender porque as mulheres possam se
> sentir mais a vontade num evento sem homens (ou no qual homens tenham
> participação reduzida).

(A minha aluna que vai defender seu mestrado semana que vem, e também
a atual administradora desta lista, poderão certamente dar suas
impressões acerca do evento de Filosofia Matemática para o público
feminino, do qual participaram em Munique, há dois anos.)

A minha primeira pergunta, contudo, segue aguardando resposta... No
caso específico do workshop do LICS, *como* se garantirá a
participação reduzida dos homens? Impedindo que eles entrem na sala?
Bons links. Sobre o tema em geral, também vale acrescentar:
http://womeninlogic.blogspot.de/

> "Eine Fakultät ist doch keine Badeanstalt!"
> David Hilbert, tentando convencer seus colegas a permtir que Emmy
> Noether lecionasse na Uni Göttingen

Excelente e oportuna citação!

Abraços,
Joao Marcos

Valeria de Paiva

unread,
Dec 5, 2016, 10:33:12 AM12/5/16
to Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA
oi Joao Marcos, e todos,

>O comparecimento ao workshop será franqueado aos demais participantes do LICS?
sim. quem quiser pode assistir. so' pode falar (apresentar trabalho), mulher.

>Quais aspectos da experiência vocês esperam replicar?  
nao tenho uma visao muito clara, ainda. 
eu era inicialmente contra esse tipo de iniciativa, pois acho que tenho mais o que conversar sobre trabalho com machistas assumidos, que facam  logica categorica do que com feministas assumidas que facam "partial differential equations", por exemplo. mesmo que eu goste infinitamente mais das feministas ...

mas as coisas estao ficando cada vez piores, em vez de melhorarem, dai que ha alguns anos atras decidi que precisamos comprar essa briga. a sensacao de entrar num salao com 700 mulheres que fazem "technology and hard sciences" 'e muito boa sim! tem um buzz inesperado ver tantas faces que parecem com a sua.

nossa workshop, 'e claro, nao vai ser nada nessa escala, mas varios grupos de Mulheres em X teem tido bons resultados e melhorado a vida de nossas colegas, dai que acho valido fazer esse experimento. 
Como acho que ja te contei pra mim ser invited speaker na conferencia "Infinite Possibilities" (http://www.ipcmath.org/) pra matematicas de cor (negras e latinas) foi super interessante. 

Muito obrigada pelas explicacoes e exemplos elucidativos, Hermógenes!!
como acho que voce sabe, vindo de um homem, eles sao considerados mais serios!
(e pois e' eu nem conhecia alguns..)


>Tenho a impressão de que os homens (brancos) do LICS frequentemente sequer
registram a presença dos outros homens (brancos) da plateia.
Sim, tb acho. acho que e' esse o fenomeno q eles chamam de markedness.
ser homem branco anglofono em logica 'e o normal, todo o resto 'e desviante de alguma forma.

>Desta vez, contudo, achei que seria interessante ver alguma
discussão pública séria e responsável sobre o assunto

hmm, hmm.
eu concordo que as outras discussoes publicas nao foram  levadas a serio por todos.
e da minha parte acho que as mulheres que fazem logica brasileiras sairam perdendo, de todas as que eu me lembro.
mas como voce sabe, eu nao desisto. 

abracos logicos,
Valeria



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Joao Marcos

unread,
Dec 5, 2016, 11:18:22 AM12/5/16
to Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA
> as coisas estao ficando cada vez piores, em vez de melhorarem

Terrível saber disso!!

>> Tenho a impressão de que os homens (brancos) do LICS
>> frequentemente sequer
>> registram a presença dos outros homens (brancos) da plateia.
>
> Sim, tb acho. acho que e' esse o fenomeno q eles chamam
> de markedness.

Senti isso bem na pele ao passar longos períodos na Europa
(particularmente no leste europeu).

> Como acho que ja te contei pra mim ser invited speaker na conferencia
> "Infinite Possibilities" (http://www.ipcmath.org/) pra matematicas de cor
> (negras e latinas) foi super interessante.

E olhe que com apenas quatro cores dá pra fazer um monte de matemática
legal! ;-)

Seria bom poder colher aqui a experiência de outr?s colegas, no que
diz respeito à área de Lógica.

Não desista nunca!
Abraços, JM

Hermógenes Oliveira

unread,
Dec 5, 2016, 1:27:47 PM12/5/16
to logi...@dimap.ufrn.br
Joao Marcos <boto...@gmail.com> escreveu:

>>> Esta é mais uma iniciativa válida, Valeria, com um comitê organizador
>>> de primeira (e de Primeiro Mundo anglófono).
>>
>> Bem, se a razão de ser desse comentário diz respeito ao país de origem e
>> à língua materna, posso acrescentar que reconheço apenas três nomes no
>> comitê, nenhum deles de "Primeiro Mundo anglófono": Valéria de Paiva
>> (brasileira), Alexandra Silva (portuguesa) e Adriana Compagnoni
>> (argentina).
>
> Não entendi bem o aparte... Todas trabalham no Primeiro Mundo
> anglófono, como está claro. Coincidência? Ou um ponto a mais a cujo
> respeito valeria a pena refletir?

E eu continuo sem entender o propósito da observação sobre "Primeiro
Mundo anglófono". De primeiro, cogitei que o ponto dizia respeito à
questão de diversidade cultural, étnica ou nacional. Agora, o ponto
parece dizer respeito ao endereço e/ou vínculo empregatício?

>> acrescento o seguinte:
>>
>> Talvez o estresse mencionado na mensagem de divulgação seja melhor
>> compreendido, e talvez mesmo percebido como óbvio, por mulheres que
>> atuam na área de lógica (para as quais, enfim, o evento é direcionado).
>> Mas, fazendo um exercício de empatia, digo que, se eu entrasse numa sala
>> de conferência que estivesse repleto exclusivamente de mulheres,
>> certamente me sentiria inicialmente meio fora de lugar e talvez mesmo
>> buscasse verificar se não teria entrado numa espécie de lavatório feminino
>> por engano. Porém, mulheres que atuam na área de lógica passam por
>> situação similar rotineiramente.
>
> De minha parte, eu certamente não penso que entrei em um lavatório nas
> ocasiões em que entro em salas nas quais as mulheres são maioria.

Nunca aconteceu comigo de eu entrar numa *sala de conferência*, num
evento acadêmico, onde houvessem mais de vinte pessoas e *todas* fossem
do sexo feminino. Se pretende dizer que isso já aconteceu contigo, fico
sinceramente surpresso. A observação sobre o lavatório foi uma
tentativa, aparentemente fracassada, de tratar o assunto com um pouco de
bom humor[1] (com uma referência indireta à citação de Hilbert). Para
esclarecer, isso nunca aconteceu comigo, mas se eu entrasse numa sala de
conferência com, digamos, 200 mulheres e nenhum homem, eu obviamente não
pensaria que tivesse realmente entrado num lavatório feminino. Ainda
assim, provavelmente me questionaria se alguma variável envolvendo
gênero me escapara: talvez o evento é somente para mulheres, etc. O
ponto é que a maioria das mulheres que atuam na área de lógica, contudo,
certamente já tiveram a experiência de entrar em salas de conferência
cheias *sem nenhuma outra mulher presente*. Porém, muitos crêem que,
neste caso, está tudo normal e não há nenhuma variável de gênero
envolvida, pois não há ninguém *proibindo* as mulheres de participar.

>> Se o ambiente não fosse tão dominado por homens e não houvesse tanto
>> assédio, creio que tanto homens quanto mulheres se sentiriam mais à
>> vontade para discutir ciência.
>
> Como são estas coisas nas áreas em que as mulheres são maioria?

Não faço idéia. Mas não me preocupa tanto o fato de termos um sexo *em
maioria*. Já participei de seminário (em filosofia, mas não em lógica)
onde as mulheres fossem maioria (algo como 6 mulheres e 4 homens). O
problema é quando, com frequência, um sexo está absolutamente ausente ou
em *maioria esmagadora*. Em inúmeros ajuntamentos menores (seminários e
etc.) da área de lógica que participei, ou bem não havia mulheres (caso
mais comum) ou havia apenas uma (raro) ou, no máximo, duas (raríssimo)
mulheres presentes.


Notas:
[1] https://broodsphilosophy.wordpress.com/2007/12/16/how-to-tell-if-you-suck-at-telling-philosophical-jokes/

--
Hermógenes Oliveira

Valeria de Paiva

unread,
Dec 5, 2016, 6:52:18 PM12/5/16
to Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA
oi Hermogenes,

uma estorinha sobre a falta de mulheres em encontros logicos: quando o British Logic Colloquium foi ressuscitado no final dos anos 80 em Cambridge, o Prof Adrian Mathias (set theorist, naquela altura em Cambridge e membro de Peterhouse, o "college" mais antigo de Cambridge e naquela altura ainda so' masculino) abriu o encontro dizendo "Gentleman...", parou, olhou pra baixo e acrescentou "and Valeria", pois eu estava na primeira fila. nesse encontro acho que tinham uns 80 logicos mais ou menos. cansa, sabe? 'e chato nao ter alguem pra perguntar onde e' o banheiro, essas coisas...

abracos,
Valeria

--
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Marcelo Finger

unread,
Dec 5, 2016, 8:20:24 PM12/5/16
to logi...@dimap.ufrn.br
Oi Valéria.

Eu entendo perfeitamente o que v quer dizer com "cansa, sabe?"

Eu sou color-blind, no sentido de que não saberia dizer a raça de mais da metade dos meus alunos (donde a minha opinião sobre o que vale o conceito de raça: nada) mas não sou gender-blind.  Mesmo em eventos em que há a presença de algumas mulheres, a postura é, em geral, masculina: um bando de gente batendo a mão no peito e mostrando os dentes.

Cansa, né?

[]s

Marcelo

PS: Essa história de "Gentlemen and Valéria" é bastante pitoresca.  Diria, até, simpática da parte do palestrante, a não ser pela solidão que ela revela.


--
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--
 Marcelo Finger
 Departament of Computer Science, IME    
 University of Sao Paulo
 http://www.ime.usp.br/~mfinger

Hermógenes Oliveira

unread,
Dec 6, 2016, 5:35:32 AM12/6/16
to logi...@dimap.ufrn.br
Marcelo Finger <mfi...@ime.usp.br> escreveu:

> Mesmo em eventos em que há a presença de algumas mulheres, a postura
> é, em geral, masculina: um bando de gente batendo a mão no peito e
> mostrando os dentes.

:-D Essa frase raiou o meu dia, Marcelo!

Além do mais, acho que ela aponta para um fator importante.

Um estudo[1] publicado recentemente sobre a evasão de estudantes em
filosofia nos EUA revela que um dos fatores que afastam estudantes, em
particular as do sexo feminino, é o, digamos, "clima masculino" que
domina a disciplina, especialmente o *esteriótipo masculino* do filósofo
(podemos acrescentar também o lógico) e o *culto ao gênio*.

Citando um trecho da mensagem do Morgan Thompson, um dos autores do
estudo:

"[...] it seems likely that the subtle ways in which philosophy
instructors, texts, or stereotypes about philosophers contribute to this
brilliance-based belief about success in philosophy partially explains
why women leave (or simply don’t enter) the field. It’s likely that both
the gendered stereotype of philosophy and brilliance-based beliefs about
it are "in the air" such that students are influenced by them even
before taking any college philosophy courses."

Ademais, creio que o culto ao gênio influencie um pouco o clima de
rivalidade, vaidade e egomania que se observa na disciplina. Durante a
graduação, algumas colegas comentaram comigo que achavam o ambiente em
filosofia um tanto hostil. Claro que falar em "clima masculino" e
sugerir que mulheres são naturalmente aversas à confrontação pode
reforçar ainda mais os esteriótipos[2]. Mas talvez o esteriótipo do
gênio infalível seja prejudicial a todos estudantes, não somente as do
sexo feminino.

Notas:
[1] http://dailynous.com/2016/03/31/why-do-undergraduate-women-stop-studying-philosophy/

[2] http://thecooperreview.com/non-threatening-leadership-strategies-for-women/

--
Hermógenes Oliveira

Joao Marcos

unread,
Dec 6, 2016, 7:19:13 AM12/6/16
to Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA
PessoALL (e Valéria):

Hermógenes Oliveira escreveu:
>
> Mas talvez o esteriótipo do gênio infalível seja prejudicial
> a todos estudantes, não somente as do sexo feminino.

Tudo indica que sim. Em particular, o estudo de Leslie et al.
publicado na Science em janeiro do ano passado (e referido no citado
ensaio do Daily Nous) discute o papel destes estereótipos de "talento
inato" no desbalanço de gênero, e propõe claramente que suas
conclusões poderiam se aplicar também a outros grupos estigmatizados
(como os "African Americans"):
http://science.sciencemag.org/content/347/6219/262
Curiosamente, este mesmo artigo foi resumido na revista da FAPESP, no
ano passado, sem qualquer referência bibliográfica precisa para o
artigo original:
http://revistapesquisa.fapesp.br/2015/04/10/a-forca-dos-estereotipos/
O artigo da FAPESP traz também um par de dados sobre o desbalanço de
gênero na realidade científica nacional.

Pareceria interessante a replicação no Brasil do estudo mencionado.
Nossa realidade não é idêntica à dos EUA. Em particular, tenho a
impressão de que a ênfase na genialidade é ainda maior e mais
deletéria: no Brasil o trabalho duro não tem qualquer valor e é até um
pouco feio trabalhar para vencer na vida; o importante mesmo é "ter
facilidade pra coisa" (futebol, línguas, matemática etc) e, claro,
talento nato! [*]

* * *

Com relação ao alegado desestímulo que poderíamos dizer ser causado
por "ambientes competitivos" (talvez eu não esteja pondo isto da
melhor forma, já que a *atividade científica* é _por força_ algo
competitiva), não conheço grandes estudos a respeito... Mas mesmo
dentro da Lógica parece haver sub-áreas em que as pessoas são mais
"combativas", "confrontacionais" e _agressivas_ do que em outras.
(Não vou dar nenhum exemplo específico, neste caso, pra não criar a
oportunidade de me agredirem para mostrar que isto não é assim.)

* * *

Ah, Hermógenes, você me perguntou em outra mensagem se eu já entrei em
uma sala de conferências em que houvesse dezenas ou mesmo centenas de
mulheres e praticamente não houvesse homens presentes. Sim, aconteceu
comigo em um congresso de *Ciência da Informação*. Em geral eu reparo
nestas coisas talvez menos do que o Marcelo, mas neste congresso o
desbalanço era grande demais. Não me pareceu que houvesse ali ninguém
muito preocupado com isso, contudo.

* * *

Joao Marcos


[*] Nos EUA, em contraste com o Brasil, o ideal (de fato, a ideologia)
é o da "land of opportunity" --- se você trabalhar duro e não vencer,
você é um "loser".
https://en.wikipedia.org/wiki/American_Dream
https://en.wikipedia.org/wiki/American_exceptionalism
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