Nossa menina, Vanessa, como me identifiquei com seu texto... não completamente, mas entendo completamente... Não sou boa em resumos, mas vou tentar resumir a merda toda em bem poucas palavras... descobri minha depressão meio que por conta própria, nem sabia o que era isso de facto. Por algumas merdas que aconteceram que quase surtei (que também nem vale a pena falar aqui), já fui para o psiquiatra (já fiz vários acompanhamentos com psicólogos ao longo da minha vida, mas nessa época não estava fazendo), lugar medonho, cheio de pessoas que nem estão mais ali... me perguntava um milhão de coisas e me sentia mais mal com minha mãe ali (que queria que me acompanhasse, foi ideia de outra pessoa, mas fui por vontade própria, pois estava com medo de mim (falarei talvez algo sobre isso mais à frente)), me senti desapontando minha mãe, nunca contei certas coisas à ela e depois disso, nunca contei as muitas merdas que aconteceram depois, pois ela é do tipo que desespera e fica ultra preocupada, não gosto de deixar minha mãe assim, então nunca contei nada pra minha família, pq se um sabe, todos sabem, então, só meu marido sabe de tudo o que aconteceu, devo tudo à ele, se não fosse por ele ter me suportado no meu pior lado, eu realmente não estaria aqui.
O psiquiatra, obviamente, queria me dar antidepressivo (acho que eles só servem pra isso) sem ao menos ter me falado claramente o que eu tinha, mas eu já sabia e sempre pesquiso os remédios que me dão antes de tomar. Cheguei a tomar um ou dois, acho que nem chegou a três, me fez mal em muitos sentidos, mas mesmo estando no "período de adaptação" que eles falam, não quis saber dessa merda em mim e cortei, não devia tê-lo feito, pois tomar esse tipo de remédio, vc não pode simplesmente parar e sim fazer o desmame como Vanessa fez certinho, mas como estava nos primeiros comprimidos, quis lá saber, nem pensei em consequências, só parei, já ouvi relatos o suficiente e meu pai e meu avô eram bem viciados em remédios assim, não queria isso pra minha vida...
Depois desta ida ao psiquiatra, minha vida foi só abaixo, como disse Vanessa, MUITOS E MUITOS DRAMASSSSSSSSSSS que sinceramente nem vou entrar, pq senão um podcast não seria o suficiente, mas basicamente estava em surto... parecendo uma possuída e sinceramente, pensei estar... até hoje me pergunto o que aconteceu... como fui parar naquele buraco sem fundo e desculpem, mas não tem como não falar de Deus, pois ou foi Ele que me puxou daquele inferno ou foi milagre e milagres são Dele. Para mim não tem outra explicação... COMO RAIOS saí daquilo??? Não via luz no fim do túnel, não via saída... Ia sempre em grupos de oração e lá fui resgatada, não vou falar curada, mas fiquei alguns anos ok, outros bem, mesmo, até cair algumas vezes de novo, mas nada, graças à Deus, nem parecido com aquele inferno que vivi e meu marido junto coitado, cheguei a agredir à ele e à mim, com palavras e ações... isso me dói até hoje, não consigo me perdoar, mesmo estando fora de mim, fui eu quem fiz... Quando percebo que ela está vindo e sim, dá pra saber, ela dá sinais claros... ela tem padrões e isso é ótimo... já dispara um sinal de alerta vermelho dentro de mim e tomo providências logo, antes que a tristeza me tome, pois se ela tomar... não quero nem saber de novo... já coloco músicas alegres que gosto, (música é minha terapia, ela é comprovada cientificamente que faz realmente bem, mas tem que ser alegres, pois as tristes deixam a gente mais triste, mesmo que não queria ouvir, daí a pouco está até cantando junto, ou só ouvindo de boa vontade mesmo), já começo a movimentar meu corpo, fazer as coisas... enfim, não me permito cair de novo, agora, é um jogo eterno de não deixar a peteca cair e você não pode perder pra tristeza, pq se ela vencer... sabe lá o que pode acontecer...
Numa dessas crises, comecei a pensar em suicídio e nem daquela vez tinha pensado com tanto afinco... me preocupou a ponto de eu querer ir ao hospital (desta vez não exatamente psiquiátrico, embora tenha uma ala lá, mas não fui lá, mas vi uma psiquiatra (que lógico, mais uma vez queria me enfiar antidepressivo) e já falei que não ia tomar, até apelar para chantagem com minha fé a mulher o fez, achei no mínimo ridículo e anti-ético, que tipo de profissional faz isso? Nunca vi isso... Tomei ranço dela. Mas comecei a fazer acompanhamento psicológico com uma menina, creio que era estagiária, mas ela foi show, nos conectamos, nunca deu tão certo, parecia que estava conversando com uma amiga... mas não surtiu tanto efeito assim, nunca surtiu... mas mesmo assim, era bom ter alguém tirando meu marido pra conversar coisas que ele já está cansado de ouvir... e não entende (sinceramente, graças à Deus, pq só entende quem passa e Deus livre os que amo dessa doença!).Depois de poucos, nem tão poucos, mas poucos pra mim, acabaram as sessões e só podia continuar se tomasse remédio, então, disse adeus. A menina respeitou e nunca ficou me forçando e enchendo meu saco, ela sabia me ouvir e me questionar, o que era ainda melhor, mas infelizmente acabou e se eu voltar, infelizmente não será com ela, então, como disse à ela, pra mim não faz sentido... eu que fiz essas terapias a vida toda, pra mim sempre foi muito cansativo começar toda vez do zero com outra pessoa, pois mesmo que ela tenha seu prontuário com os relatórios e tudo isso, ela não te conhece, então você vai ter que contar tudo de novo pra ouvir da sua boca e ter seus próprios pareceres, isso me cansa demais... quem dera achar alguém que dê certo comigo, me acompanhar durante todo o processo, envelhecer comigo rs
Essa foi basicamente minha história "resumida", disse que não era boa com isto... Mas como diz o subtítulo de Vanessa: "o que ninguém te conta depois da depressão", é que sua vida vira um caco, uma sombra do que você era... Cheia de cicatrizes, que ainda doem, muitas que ainda sangram, pois ainda são cascas que nem sabe se um dia vão cicatrizar... Me pergunto se um dia vou voltar a ser (a parte boa) que eu era, se vou voltar a fazer as coisas que amava, pois hoje em dia, mesmo que ainda ame, não consigo fazer, me olho no espelho sem me reconhecer, sem me achar bonita, pois outra coisa é que você se descuida de você e fica na sua pior versão... não estou gorda, mas pançuda (de alguns problemas gastrointestinais), cara de triste, olhar vazio, sem brilho, boca virada pra baixo, cara de miserável mesmo... cara de pessoa sofrida... e minha saúde, bom... ou o que restou dela... estou tentando recuperar anos de auto-maus-tratos (acho que acabei de inventar esse hífen, esta expressão rs), estou numa corrida contra o tempo, pois tenho pressa, mas não tenho vitalidade, não tenho força... fico me perguntando, o quanto tenho que querer para fazer não só as coisas que tenho, que preciso fazer, mas as que quero fazer... tenho fases que sempre passam de um "fogo de palha" que acho sempre que vai durar, animada, fazendo as coisas, me cuidando... me enche sempre de esperança de que estou mudando até voltar ao ponto que estava ou pior, regredir mais... me sinto como as ondas do mar, mas não de forma boa... Adquiri nesses anos, muitos muitos problemas de saúde... para quem não tinha nada, agora tenho uma lista infinda... em todo o corpo... muitos que ainda nem descobri o que são... fazendo inúmeros exames, que alguns dão resultados, outros nada... e os sintomas, continuam lá... todas eu mesma descobri e quando o médico falou eu já sabia... algumas nem eu nem ela ainda sabemos... e fico nessa, sofrendo de doenças sem saber o nome delas, como demônios... Mas vou descobrir, pois quando você sabe com o que está lidando, você sabe como lidar com aquilo.
A depressão deixa sua vida mais do que de cabeça pra baixo, parece mais com um terremoto seguido de um tsunami que devastou sua vida e você nem sabe por onde começar a consertar as coisas, a se restabelecer... (quem já assistiu filmes de desastres naturais sabe do que estou falando, aquela visão, de tudo destruído, de tudo fora do lugar, de tudo perdido naquela zona... é assim que vejo minha vida... desesperada, desesperançosa, sem saber por onde começar a botar aquilo em ordem...)
Me identifico com muitas coisas que Vanessa falou sem ter tomado remédios (e não me arrependo mesmo). Só penso nas piores coisas, de todo tipo... muito difícil ter pensamentos bons, mas não sei como, isso está melhorando... ando ignorando os maus pensamentos e tentando me entreter com outras coisas (vídeos de bichinhos é que mais me arrancam sorrisos, então vou ver mesmo sem vontade e tem dias que nem com isso sai um sorriso, mas fico melhor de alguma forma), pois ainda não consigo colocar pensamentos bons no lugar dos ruins, pois é como se eu não tivesse pensamentos bons... Me obrigo a sair de casa passear final de semana com meu marido, mesmo não querendo mesmo... pois sei que me faz bem e não é qualquer lugar, é natureza, mar... isso é que me faz bem, que recarrega um pouco da minha bateria viciada... Me sinto uma casca vazia... que nada me alegra tanto, mas é fácil me entristecer muito, acostumei com a tristeza, ela vicia (e isto é real)... e agora? Como me acostumar com a alegria? Como voltar a gostar da vida? De viver? Como reaprender a viver? Será que vou tirar essa venda obscura ou um dia vou voltar a ver as cores da vida? Não acredito, não tenho esperança de mais nada... Nada faz sentido... mas só estou aqui ainda pelo meu marido e pela minha mãe, minha família... mas principalmente pelos dois. Mas não acho justo meu marido ter alguém como eu ao lado dele... tristeza é contagiosa... não queria impregnar a vida dele com toda essa imundície que se tornou a minha... e ele nem me conheceu na melhor fase... isso é mais injusto... decidi não ter filhos, pois não é justo com eles ter uma mãe como eu... meu marido não entende e também não é justo com ele... Me sinto inútil, frustrada... injusta... perdida...
Mas vou conseguir, mesmo sem vontade de viver, de fazer as coisas... não sei como, mas sei que é com Deus.
Com Meus Melhores e Mais Sinceros Cumprimentos,
Stephane Ketlin Ribeiro Moreira de Souza.