Amala e Kamala

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lidia

unread,
Sep 26, 2011, 5:12:57 PM9/26/11
to Viva !Não tenha medo de ser feliz!

O desenho animado "Mogli, o Menino Lobo", de Walt Disney, é bastante
conhecido. Inspirado no "Livro da Jângal", de Rudyard Kipling, o
desenho conta a história de uma criança que, ainda bebê, perde-se de
sua família e é adotada e criada por lobos, no coração da selva da
Índia.
Kipling (1865-1936), que nasceu na Índia, inspirou-se em histórias
contadas nesse país sobre crianças que se perdiam na selva e acabavam
vivendo com os bichos. E, de fato, existem registros claros,
especialmente na Índia e na Europa, de alguns casos de crianças
"selvagens". Elas se perderam(ou foram deixadas) muito jovens de suas
famílias, que viviam à beira de florestas, e cresceram sem contato com
os humanos, antes de serem encontradas e trazidas para a
"civilização".
Uma das histórias mais bem documentadas envolvendo "crianças lobo" é a
de duas meninas completamente selvagens, resgatadas por uma expedição
que massacrou os lobos com quem elas viviam, perto de um vilarejo no
norte da Índia, em 1920.
O comportamento das duas crianças causou espanto, pois "quando foram
encontradas, as meninas não sabiam andar sobre os pés, mas se moviam
rapidamente de quatro. É claro que não falavam, e seus rostos eram
inexpressivos. Queriam apenas comer carne crua, tinham hábitos
noturnos, repeliam o contato dos seres humanos e preferiam a companhia
de cachorros e lobos".
Amala, a menina mais nova, parecia ter um ano e meio e morreu pouco
menos de um ano depois. Kamala, a outra irmã, tinha mais de oito anos
quando foi encontrada e sobreviveu por nove anos, morrendo em novembro
de 1929.
A evolução de Kamala, registrada pelo casal de missionários que
cuidava dela em um orfanato, foi significativa, porém limitada. Ela
conseguiu aprender a caminhar só com as pernas e mudar seus hábitos
alimentares, aprendeu muitas palavras e sabia usá-las, embora nunca
tenha chegado a falar com fluência. Apesar dos progressos de Kamala, a
família do missionário anglicano que cuidou dela, bem como outras
pessoas que a conheceram intimamente, nunca sentiu que fosse
verdadeiramente humana.
O processo de educação ao qual Kamala foi submetida pode ser
extremamente criticado, do ponto de vista do que sabemos hoje, pois
houve uma grande ênfase na imposição de hábitos "civilizados" e,
apesar do carinho dos que cuidaram dela, nenhuma preocupação com os
aspectos traumáticos que toda a experiência certamente tinha para ela.
Assim, ficamos sem saber até que ponto Kamala poderia ter evoluído, se
tivesse passado por um processo mais terapêutico e menos didático de
reintegração ao mundo. O mesmo pode ser dito em relação a outras
crianças selvagens que ficaram famosas, como Victor de Aveyron,
encontrado em 1798 na França e que o francês Jean Itard tentou educar
de forma muito interessante, porém extremamente diretiva.
Como não temos mais notícias de crianças selvagens desde a década de
20, não podemos fazer novas experiências de reeducação, e temos que
nos consolar com os poucos dados que a história nos oferece. Resta-nos
a constatação de que, depois de anos de esforços pedagógicos intensos,
algumas delas chegaram a humanizar-se um pouco, mas, desprovidas por
anos da riqueza das interações que levam as crianças ao domínio da
linguagem e dos símbolos, jamais chegaram sequer perto de poder ser
comparadas com crianças normalmente socializadas.
Para Lucien Malson, que escreveu em 1963 um livro sobre as crianças
selvagens, a conclusão é clara: "Será preciso admitir que os homens
não são homens fora do ambiente social, visto que aquilo que
consideramos ser próprio deles, como o riso ou o sorriso, jamais
ilumina o rosto das crianças isoladas".
A triste e comovente história das crianças selvagens, que sobreviveram
quase milagrosamente entre os bichos e penaram para alcançar apenas as
mais básicas marcas de uma existência civilizada, deixa uma lição que
não pode ser ignorada: sem o denso tecido de interações sociais do
qual participa toda criança, simplesmente não há humanidade.
Teorias que esquecem ou ignoram essa idéia básica deveriam ser
relegadas às selvas do esquecimento.

Boa noite,amigos!

E não é que o mês de setembro está no fim? Daqui a pouco estaremos as
voltas com as compras de natal.
O tempo, passa rápido demais ,deixo um abraço e muito carinho para
todo o grupo.
Bjos...
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