Veja Q Porcaria n.36 - 2006

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José Chrispiniano

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Sep 20, 2006, 9:49:38 AM9/20/06
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 - O caso do "dossiê" (um DVD que já circulava) de Luiz Antônio Vedoin contra José Serra, pelo qual integrantes do PT ofereceram R$ 1,7 milhões tem que ser investigado, inclusive a participação da Isto É na história e as ligações dos assessores com Lula. Agora, no tema específico deste boletim, o esforço épico de Veja, que promoveu Vedoin ao cargo de herói, para durante todo este processo não lhe perguntar sobre o fato de grande parte dos sanguessugas serem do PSDB durante o governo Fernando Henrique Cardoso, e não mencionar o nome de Serra nas entrevistas com Vedoin, ao mesmo tempo que tentava implicar Humberto Costa, eram um “show” de jornalismo, um esforço de partidarizar, apenas para um lado, o escândalo. Duas semanas atrás Veja chafurdou no ridículo ao contrapor uma matéria dos “jornalistas ingênuos” da Época, que antecipava o jogo de “protege, negocia, denuncia” de Vedoin. Chamava-se “As verdades de Vedoin”. Ela tem o seguinte trecho:

“Essas confissões não podem, por obra daquela costumeira associação entre ingenuidade jornalísticas e malandragem política, ser descartada por causa de eventuais fragilidades de outros depoimentos de Vedoin.”

Espera-se que isso valha para todos. Mas as imagens que mostram Serra elogiando as emendas dos sanguessugas já foram classificadas na revista de “armação”. E Vedoin, que aparecia de terno nas fotos que acompanhavam as denúncias anteriores, agora está de camisa, boné e algemado pela Polícia Federal. Bem, parece que o cordão dos ingênuos cada vez aumenta mais...

- “A cartilha de irregularidades do PT”, e “Empreguismo e trambicagem”, são matérias OK, assim como a coluna de André Petry é pertinente.

- No perfil de Fernando Gabeira (o segundo no ano!) que é capa da revista fora de São Paulo, Veja reduz o seqüestro do embaixador norte-americano à uma legenda, e o fato de que por conta disso Gabeira até hoje não poder entrar nos Estados Unidos não é citado. Diga-se de passagem, por um lado dá para entender porque os Estados Unidos não queira aceitar no país alguém que sequestrou um embaixador. Por outro, deveria haver senso de entender o contexto e que o tempo e o Gabeira, mudaram bastante.

- Na outra matéria de capa da Veja, sobre o assassinato do Coronel Ubiratan Guimarães, comandante do Massacre do Carandiru, fiquei tão impressionado com o fato de que o que incomodava a mãe de Carla Cepollina, namorada do coronel e principal suspeita no crime, não era que sua filha tinha relacionamento com o chefe dos tempo mais violentos da Rota, do massacre de 11 pessoas, ou Guimarães ter sido condenado em primeira instância a 632 anos de prisão, dos quais não cumpriu um dia. Era ele “não ter classe”, não saber combinar o cinto com o sapato,nas palavras de Liliana Prinzivalli. Ubiratan Guimarães nunca ter sido preso, ter duas namoradas, e a mãe de uma delas achar que não combinar cinto com sapato era o problema dele, isso para mim tem muito mais cara de crise ética nacional do que qualquer outra coisa.

- Veja passa pelos cenários eleitorais nos principais estados. Impressionante a rinha que a revista guarda pelo Olívio Dutra.

- Não vou comentar a matéria “Em má vizinhança” de Diogo Schelp, sobre Hugo Chávez e Evo Morales. Só vou reproduzir este trecho

“O problema são os governantes encrenqueiros. O mais notável deles é Hugo Chávez, da Venezuela. Com o dinheiro farto da venda de petróleo, ele se transformou num arruaceiro internacional. Para atormentar os Estados Unidos, ao qual declarou guerra verbal (nada a ver com os negócios bilaterais, que prosperam), Chávez sustenta a falida economia cubana e insiste em apoiar o Irã em suas ambições de fabricar a bomba atômica. Evo Morales, cria de Chávez, é diferente. Morales prefere atazanar um "imperialismo" menos perigoso, o Brasil.”

- Veja publica um anúncio da Aracruz Celulose dizendo que investe mais de 120 milhões de dólares em “Investimento Social”. Pergunta o anúncio: “O Eucalipito faz ou não faz bem à nossa terra?”. É lógico que a terra, que ele desgasta, não faz bem nenhum não. Mas o esforço de publicidade da empresa tem sido enorme. A Veja deveria ao menos ser grata ao MST por este anúncio ter caído na sua conta bancária.


- Trecho final de Diogo Mainardi esta semana, que na sua busca por brigar com todo os jornalistas que não são o Mario Sabino, resolveu atacar Elio Gaspari (por conta do texto indicado no Veja Q Porcaria da semana passada, que questionava a tese de divisão de classes de Veja). Para Mainardi, Lula só é votado por uma "massa de pobres ignorantes":

“O Brasil não é dominado por uma elite má. Essa elite má só existe para gente como José Dirceu e Elio Gaspari. O Brasil é dominado por uma massa de pobres ignorantes. Eles estão decidindo por nós. E estão decidindo muito mal. Isso se não confundirem os algarismos e apertarem os botões errados.”


- Das 49 cartas sobre sucessão presidencial, todas as quatro publicadas por Veja batem em Lula. Três destas cartas estão abaixo. Dúvido que não tenha tido ao menos uma de um petista tripudiando pela releição. Na última dela, o leitor iguala votar em Lula à “aceitar a corrupção como modelo governamental”, como se fosse


E deu no que deu. Somos um povo capaz de reeleger o chefe da quadrilha porque "ele é bom para os pobres dando comida barata". Somos um povo capaz de reeleger um presidente que investe na preguiça e na ignorância, incentivando o povo a não trabalhar, a não se educar e a contentar-se com a esmola do Bolsa Família. Daqui a dez anos seremos uma nação mais pobre, mais ignorante, mais embrutecida e mais violenta porque estamos traindo essa geração de adolescentes que ainda não tem o poder do voto.
Luzia Cardoso Langer
Pratápolis, MG
A incrível liderança de Lula nas pesquisas é um tapa na cara das pessoas que acreditam no valor da honestidade e da ética. Infelizmente, fica claro que no Brasil de hoje as constantes injustiças, a impunidade e a política do faz-de-conta fortaleceram a filosofia do vou me dar bem. O resto é detalhe. Pobre país do futuro!
Teresa Cristina Sauer de Avila Pires
Belém, PA


É absolutamente incoerente o país do impeachment fechar os olhos para o mar de lama que cobre o partido que ergueu a bandeira da ética durante toda sua era pré-Planalto. Mais absurdo ainda é 34% da camada mais instruída da população aceitar a corrupção como modelo governamental.
José Ricardo Collodel
Paranaguá, PR


- “O Show dos números” é o milésimo mantra da cartilha neoliberal de Veja. Então vamos ao, dever ser o que?, o centésimo contraponto. A matéria bate no aumento do salário mínimo e critica o aumento dos gastos públicos. Cita uma declaração de um diretor do FMI. Veja anda escolhendo até que declarações do FMI usar, porque conseguiu ficar a direita deste. O mesmo FMI apontou que há espaço para queda de juros no Brasil e isso não foi citado. Apesar de Veja esconder isso, juros não só são gastos públicos, como são hoje o maior dos gastos públicos do nosso governo, maior até que a Previdência. Ninguém entende porque nossos juros são maiores do que de países que tem mais inflação, pior risco-país, piores contas externas e mais instabilidade política. Como o ministro Luiz Fernando Furlan se posicionou por metas de crescimento no eventual segundo mandato de Lula, Veja taca pedra na  Geni, na Carta ao leitor e na matéria, dizendo que o ministro não diz “como” crescer, e que:

“Desde a década passada, o Brasil avançou bastante. Privatizou, diminuiu a presença do Estado na economia, começou a adquirir uma cultura de preocupação com os gastos públicos. Melhoramos muito, como o próprio resultado da Pnad comprova. Não é hora, portanto, de desviar da rota correta.”

- Reinaldo Azevedo 2 X 0 no Veja Q Porcaria. Depois de 2004, Azevedo comprou a revista e o site Primeira Leitura do Luis Carlos Mendonça, o mandarim tucano citado na última edição. E sua citação de Nietzsche, ainda que profundamente anti-democrática e usada para seus próprios fins, está, enquanto citação, correta. No espírito da generosidade, link para entrevista de quando Reinaldo Azevedo comprou a revista, no Observatório da Imprensa: http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=299FDS001



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