Veja Q Porcaria n.33 - 2006

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José Chrispiniano

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Aug 22, 2006, 9:57:46 AM8/22/06
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- Sobre a capa da semana passada, Veja admite, em um quadro, o erro em não ter checado a idade da personagem principal da sua matéria de capa. Reafirma seus 27 anos de idade, e coloca o problema no registro feito pelo pai de Gilmara dos Santos Cerqueira. Um leitor do boletim questionou se a capa era realmente racista. É sim. No mínimo, os editores do semanário sabem que trabalharam com os preconceitos de seu público. A matéria recebeu 168 cartas. Descontando as 74 que apontam o erro da capa, ainda sobram 94. Veja escolheu somente seis para publicar. Espertamente são cinco delas do próprio nordeste. Todas elogiam a matéria. Uma delas, particularmente, respinga os  preconceitos trabalhados pela revista.

“VEJA tem feito tudo o que é possível para mostrar o que está sendo o governo Lula. Infelizmente há ainda muita gente que não consegue ver nada. E assim teremos de engolir esse engodo por mais quatro anos. Mulheres do Nordeste, votem no "bom Lula". Sua casa de taipa, com chão de terra batida e paredes encardidas, continuará exatamente da mesma maneira que está agora.
Maria Lúcia Benevides da Silva
Natal, RN “  

Ou ainda nas imortais palavras de Diogo Mainardi, cuja aventura com Sabino e Dantas sobre o dossiê com contas de Lula no exterior mostrou quão afinada é sua relação com a direção da revista, na coluna desta semana, sobre o programa eleitoral de Lula:

“Depois apareceu o retrato de um monte de gente feia e pobre. O locutor disse: ‘Lula tem a cara do povo’. É verdade. É verdade. Nos últimos quatro anos, Lula enriqueceu. Colocou jaquetas nos dentes e Botox na testa. Mas continua com uma cara autenticamente pobre. Mais do que Alckmin. Mais do que Heloísa Helena. Mais do que Cristovam Buarque. O maior atrativo de Lula é sua cara. O eleitor pobre olha para ele e vota.”

- Veja desta semana não fala do seqüestro do repórter e técnico da Rede Globo. A matéria de capa sobre o “Partido do Botox”, talvez fosse, em tempos mais sério da própria Veja, tema de uma página dupla, olhe lá, nunca de capa. Mas ao juntar duas obsessões da revista: reforçar preconceitos contra Lula e dermatologia, imagino que se tornou algo irresistível ao seus editores. Se o nível da cobertura eleitoral de Veja for o das últimas duas capas, o negócio será feio.

- Marcelo Carneiro faz uma entrevista com Luiz Antônio Vedoim, a testemunha-chave do escândalo dos deputados sanguessugas, em que amplia o caso para outros órgãos, inclusive  locais onde o entrevistado afirma não ter conseguido nada (como no Ministério da Cidades), para aumentar o envolvimento do governo federal atual no caso, e consegue o milagre de ignorar o nome de José Serra, de perguntar sobre se houve ou não houve envolvimento do ministro, isso apesar do entrevistado ter dito que o esquema começou em 1999, ou seja atravessou a gestão de Serra no ministério da Saúde. E o nome de Serra não surge nas perguntas do repórter. Ridículo. Até por não esclarescer, para o bem ou para o mal, o comportamento de Serra no episódio.


- A entrevista de páginas amarelas feitas por Otávio Cabral com o ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos é um símbolo do “desistimos”. Alguns meses atrás a revista se dedicou por algumas edições a tentar derrubar o ministro forçando demais a tese de que ele atuava como advogado de defesa do governo, misturando funções. Com a crise de segurança e emergência do “Tiranossaulo” (ótimo trocadilho que saiu na Carta Capital sobre o secretário de Segurança de São Paulo), parece que esta “causa” se perdeu de vez.


- A entrevista de Heloisa Joly com a velejadora Izabel Pimentel é uma pérola do machismo gratuito (que os editores sabem bem escolher mulheres para fazê-lo, sobre o dono da Playboy e suas três “namoradas”, quem escreve é homem), de ridicularizar uma pessoa por absolutamente nada, de relevância como informação zero.

- Veja nesta edição foi obrigada a cumprir decisão judicial e publicar direito de resposta da diretoria de Itaipu, que contesta a matéria “Mensalão II”, de 8 de março de 2006. A revista ainda recorre da sentença de primeira instância.

- Saiu esta declaração na seção Veja Essa

"Num mundo hipotético dominado pelo fascismo islâmico os comunistas e socialistas estariam atrás das grades ou dentro de covas."
Alon Feuerwerker, jornalista, lembrando algo que a esquerda esquece ao torcer para o bandido

Veja alucina
no seu anti-esquerdismo. O que ela quer dizer com “torcer para o bandido”? É apontar os erros de Israel e dos Estados Unidos e as vítimas civis no Líbano e no Iraque? É dizer que é importante compreender as razões do outro, não taxar uma série de organizações e movimentos diferentes como terrorista, sem tentar nem entender as causas políticas por trás do problema?


- O mesmo anti-esquerdismo infantil está até no título irônico “Materialismo dialético” sobre as intenções dos expatriados cubanos de retomar suas propriedades na ilha, confiscadas pela revolução. Primeiro, a matéria iguala e usa como sinônimos roubo e expropriação numa revolução. São coisas completamente diferentes, assim como a comparação descabida entre Guantánamo e a tomada de latifúndios e empresas por uma revolução. Como Veja cada vez mais se alinha a extrema-direita radicada nos Estados Unidos, dá eco as pretensões hiper-agressivas dos exilados em Cuba, que querem retomar um status quo de 47 anos atrás, amparados pelo governo norte-americano (no fundo, no fundo, a questão cubana é hoje mais um tema ideológico e de lobby da política interna norte-americana e da disputa eleitoral chave na Flórida, do que um tema realmente de política externa, já que nesse campo, o embargo não serve aos interesses econômicos e de influenciar a transição na ilha como quer Washington). A matéria, baseada em fontes e estudos de Miami, ecoa o plano norte-americano para a ilha: retomada radical das propriedades pelos exilados em Miami, e privatização célere das estatais cubanas. É uma bela receita para uma guerra civil no Caribe, mas isso Veja prefere fingir que não vê. No texto, ainda chama Chávez de “fiel comparsa”. E traz, na seção Radar, nota sobre a missão n°1 do novo embaixador norte-americano no Brasil. Conseguir apoio para conter Chávez.


- Agora Veja escreve, sem assinatura de ninguém, isto: “Esse cenário indica que o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, cometeu um erro estratégico ao reagir com força total ao assassinato de três e ao seqüestro de dois soldados israelenses pelos milicianos o Hezzbolah, no mês passado”. Mas é isso que o jornalismo “de esquerda”, aquele classficado como i“anti-Israel” diz e repete durante as últimas semanas. E que a burrice da Veja que embarca nas análises da Fox News só foi se dar conta agora, depois de muita matéria dizendo bobagem. É mais um exemplo do jornalismo "retardado" (só chega muito depois dos outros) que a revista pratica na editoria de internacional.


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