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- Veja é extremamente
repetitiva, e eu também, e isso acaba refletido no boletim. Na mesma edição,
os mantras da sua agenda política (sim, é um órgão de imprensa com uma agenda
programática mais detalhada que a maioria dos partidos políticos brasileiros),
se repetem.
1) Pregação política
Na Carta ao Leitor:
“O que falta?(Para cair mais o risco-país) Falta aprovar leis trabalhistas
que incentivem a contratação. Falta cortar gastos dos governos para, com
isso, permitir ao Banco Central baixar os juros e abrir caminho para investimentos
produtivos e maior crescimento. Falta levar a sério o Orçamento da União.”
Na abertura das páginas amarelas
“Num tempo em que o país vive uma fase pessimista por causa dos escândalos
de corrupção, o economista indiano Vinod Thomas lançou um livro luminoso:
O Brasil Visto por Dentro.”
E na boca do entrevistado (o que não seria um problema, se não fosse só isso
que seus entrevistados dizem):
“Veja – Os desafios do Brasil, na sua opinião, são mais simples?
Thomas – Pelo menos não há nenhuma revolução envolvida, apenas quatro ou
cinco áreas de reforma. A boa notícia é que são mudanças que se retroalimentam,
criando um círculo virtuoso. A primeira seria resolver a questão fiscal do
governo, centrando nas questões tributária e previdenciária. A segunda seria
melhorar a qualidade dos gastos públicos e investimentos. A terceira seria
otimizar os recursos destinados às áreas de educação e saúde. Uma quarta
questão seria formular uma política inteligente para a exploração de recursos
naturais de uma forma sustentável. Claro que, para viabilizar tudo isso,
o Brasil teria de fazer uma reforma política.”
E na matéria sobre o orçamento:
“Melhorar a qualidade do Orçamento no Brasil não é tarefa simples. Outro
passo seria reduzir o volume das despesas obrigatórias, o que implica corte
de gastos e desvinculação de receitas – duas medidas que enfrentam grande
resistência política.”
“Enquanto o Congresso e o governo brasileiros insistirem no jogo de faz-de-conta,
há pouca esperança de cortar gastos, reduzir impostos, aumentar os investimentos
e se transformar em um país normal.”
E no finzinho da matéria de capa, que traz a volta do velho conhecido, Maílson
da Nóbrega:
“É preciso estar atento. O melhor cenário depende de algumas variáveis.
A principal é que o Brasil invista nas condições necessárias para o crescimento
e a geração de empregos, e isso inclui uma pauta de reformas já mais do que
conhecida, com mudanças nas estruturas trabalhista, previdenciária e tributária
do país. A boa notícia é que existem condições privilegiadas para que isso
ocorra.”
- Veja poderia até fazer uma matéria contra o MST, de direita, batendo
na tese de que eles recebem recursos públicos etc...Tudo isso sem babar,
cometer atentados contra o jornalismo, a verdade e a boa educação. A matéria
sobre o MST “Eles invadem. O governo apóia” ainda traz a curiosidade
de ser assinada por Marcelo Carneiro e Juliana Linhares. Se Linhares mostrou
semana passada ponderação ao tratar de ré confessa do assassinato premeditado
dos próprios pais, dizendo que ela era vítima de um “linchamento moral”,
e que era uma injustiça condená-la antes dela ser julgada, por que cabe escrever,
no melhor estilo linchamento coletivo, que “os facínoras chefiados por
João Pedro Stédile continuam a ser adubados com patrocínio estatal.”
Ou usar o termo “bandidagem” (que não deveria ser usado em jornalismo nem
para falar de criminosos). Qual a diferença, entre os sem-terra e a menina?
Talvez se entenda em uma frase atribuída a repórter, no editorial da edição
onde Suzanne foi capa: "Fiquei chocada com a notícia de que aquela menina
de classe média, com cara de anjo, poderia ser a mandante do crime."
Os sem-terra são, como mostrados nas fotos da matéria, hordas sem cara de
anjo, morenos, de foice, saqueando caminhões, ou em caixões de madeira. A
matéria vem por conta dos protestos do MST em relação aos 10 anos do massacre
de Eldorado de Carajás, onde dezenove membros do movimento foram assassinados.
Veja cita rapidamente os “policiais impunes”, mas enquanto faz quadro com
o número de processos dos líderes do MST, não acha relevante sequer citar
o nome dos tais policiais, como do coronel Maria Colares Patoja, que chefiou
a operação, ou informar sobre como anda o processo. A revista tem um repórter
na região Norte que não se moveu uma vírgula para isso, nem participa do
texto. Matar sem-terra impunemente não é notícia. Ao contrário do que diz
a matéria, os sem-terra estão longe de estar tão acima da lei quanto Patoja,
e os demais policiais que participaram da ação, e que sequer puderam ser
identificados. 19 dos sem-terra há dez anos estão é embaixo da única terra
que a sociedade brasileira lhes concedeu.
- Para reforçar preconceitos, Veja distorce a realidade sobre a questão
agrária. Sua reforma seria “uma causa da segunda metade do século passado
que já não faz mais sentido na realidade brasileira.” Além da formatação
pomposa do texto disfarçar que o período citado teria “terminado” faz apenas
pouco mais de 5 anos, não é verdade. O latifúndio improdutivo, a grilagem,
a concentração de terras e poder, a fome e o desemprego no campo existem
ainda hoje (ou seja, não acabaram em 5 anos...). O que se quer dizer para
as pessoas que sofrem as conseqüências disso? Para irem pilotar avião na
China e na Índia, como fizeram aos pilotos da Varig? “Na prática,
(o recurso repassado pelo o governo) vem sendo usado para a única atividade
comprovadamente desenvolvida pelos militantes: a invasão e a destruição da
propriedade alheia.” E não há outras atividades comprovadas? Assentamentos
que produzem, escolas neles, pessoas que tiveram sua vida melhorada pelo
MST? Há, existe sim o contraditório, que Veja prefere esconder. Concorde-se
ou não com o MST e ocupações de propriedade, sabe que tipo de gente Veja
apóia com este discurso e jornalismo? Terça-feira, a Folha de S. Paulo deu
a seguinte notícia: Pistoleiros
ferem criança em invasão do MST Não vai ser notícia na Veja da semana
que vem.
- “O MST também se beneficia de uma ingenuidade: o ideário politicamente
correto que, espargido entre a classe média por professores universitários
esquerdistas, camufla perante uma parte da opinião pública a sua verdadeira
essência – a de organização criminosa – com a aparência de um movimento que
defende a justiça social.” Esta é a cereja do bolo. Todos que discordam
da Veja, mesmo que não apoiem o MST, mas simplesmente
não o considerem uma organização criminosa, são “ingênuos”. Sou de classe
média, tive professores “esquerdistas” na faculdade. Acontece também de eu
ser fazendeiro, conhecer um pouco a situação e mentalidade do interior do
país. Não concordo com tudo que o MST pensa e faz. Mas é inegável a importância
e respeito ao seu papel na organização de pessoas para a reivindicação dos
seus direitos, e na luta por uma vida melhor, contra grileiros, latifundiários
e elites mais que arcaicas, ou pretensamente modernas, do interior do país.
Não reconhecer o contraditório que envolve o MST, é mais do que fazer jornalismo
com viés ideológico, é dar apoio e servir de propaganda dos preconceitos
e violências cometidos por gente que mesmo com cara de “anjo”, ministra barbaridades.
- “A oposição erra o alvo” é a chamada do índice para a matéria de
Otávio Cabral sobre o contexto político.
“Na semana passada, a CPI dos Bingos, o principal bunker da oposição,
não conseguiu sequer votar um novo pedido de quebra do sigilo bancário de
Paulo Okamotto, o amigo de Lula que se diverte pagando contas do presidente
e de seus familiares. Tampouco votou a convocação de Lurian, filha do presidente,
que também teve uma dívida, de 26.000 reais, saldada por Okamotto.”
Cabral e a Veja estão frustrados com o desempenho da oposição em pressionar
Lula, então cobram “eficiência” dela. Não são os únicos entre os jornalistas
políticos que estão tristes com a desaceleração da crise, como teve gente
até já confessando em blog. Não importa que a CPI dos Bingos já saiu completamente
da sua função legal, como mostrou matéria do site Última Instância,
que estas convocações não tem nada a ver com aquilo para o qual foi aberta,
e que entrou no ramo da ilegalidade e produção de factóides. Junta-se os
interesses políticos da oposição, com, no mínimo, o interesse dos jornalistas
em gerar notícias “bombásticas”. E sai-se dos trilhos de uma investigação
séria, o que faz o governo, ao menos nas últimas semanas, nadar de braçada...
- “Malan, que saudade de você...” – Isso é título da coluna de notas
Holofote, assinada por Felipe Patury. Que termina assim: “Isso é que é
ex-ministro da fazenda.” Além de todas as afinidades eletivas, Malan
é presidente do conselho de administração do Unibanco, para quem o grupo
Abril ainda deve um bom naco de dinheiro. Se Malan é legal, Itamar é ruim.
A volta dele ao cenário político é tratada a pauladas pela revista.
- Veja publicou uma matéria sobre a Guerra do Iraque, que a trata
como se fosse um simples problema de ordem militar, como se os Estados Unidos
não tivessem atacado com “força total”, como se fosse só o caso de deslocar
mais soldados (que aliás, seriam tirados de onde?). Mais uma bobagem...Eu
acho que Veja tinha que editar um livro especial com a cobertura completa
da guerra do Iraque, desde quando dizia que Saddam tinha armas de destruição
em massa, e ironizava a esquerda por criticar a guerra. Daria para perceber
bem como o discurso foi sendo reescrito conforme as previsões e justificativas
se revelavam falsas, como a revista ignorou outras fontes que não a imprensa
norte-americana, chegando atrás da imprensa de esquerda e européia em tudo,
e sequer se desculpou, como alguns veículos dos Estados Unidos fizeram. Seria
ridículo e sensacional, coisa para adotar em todas as faculdades de jornalismo.
Porque não se aprende lendo só o que é bem feito.
- A revista repetiu a matéria da capa da auto-suficiência (financeira) do
petróleo, nesta semana em que ela chegou mesmo. É uma mini-matéria igual
a anterior, só tem o mote um pouco diferente de que a auto-suficiência veio
também porque o país cresceu pouco (é verdade). O mesmo ênfase no descolamento
de Lula com a auto-suficiência (não ajudou, as também não atrapalhou...),
a mesma linha de ignorar o biodiesel etc...Veja também repete outra
matéria de capa, falando de novo em quatro páginas, do barateamento das TVs
de plasma e LCD, que oferecem um “excitante” modelo de “interatividade” bem
restrito:
“Será possível, por exemplo, escolher o personagem que será eliminado no
Big Brother Brasil ou comprar produtos que aparecem nos intervalos comerciais,
tudo por meio do controle remoto. Esse futuro está cada vez mais próximo.”
Uau!
- Ganhei a auto-aposta. Em uma semana, Mainardi já estava “repercutindo”
suas pesadas ilações contra Franklin Martins, já que ele foi o único dos
jornalistas que respondeu seu ataque anterior. Duas das cartas publicadas
pela revista esta semana ainda reforçam a idéia de que Martins é leniente
com o governo Lula por conta de cargos que seus parentes teriam na máquina
pública. Como está colocada a denúncia, é especulação, para dizer o mínimo.
Não é causa nem efeito, mas não deixa de ser simbólico das diferentes posturas
entre a redação da Veja e da TV Globo com relação a crise política.
Enquanto a primeira luta para criar um clima de “exceção” para a crise, a
minha impressão, não acompanho regularmente seus telejornais,é que a TV
Globo cobre a crise de forma mais branda, e a insere dentro da rotina
do dia-a-dia...O que para Veja deve ser inaceitável, e frustra muito
a oposição, porque sem a TV Globo o estrago na popularidade de Lula
é bem mais difícil. Pior ainda que está chegando a Copa do Mundo...
AVISOS
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