Ponta do Coral ainda causa divergências em Florianópolis

2 views
Skip to first unread message

carmen tornquist

unread,
Mar 12, 2015, 11:58:56 PM3/12/15
to clair castilhos, marileia maria silva, forum da cidade, ndcam...@googlegroups.com, em defesa das baias, pso...@googlegroups.com, feministas PSOL, udesc em movimento, aprudesc udesc, ucda...@googlegroups.com

 


Lutas, utopia, jornalismo e coletividade

 

(Resposta à matéria da Ric Record do dia 09/03/2015)

 

Por: André Berté

 

A emissora RIC (Record), em matéria divulgada após o ato realizado pelo Movimento Ponta do Coral 100% Pública, em 08/03/2015, tentou transformar um evento pautado na discussão sócio-ambiental, protagonizado, há décadas, por diversas entidades representativas da cidade, em uma ação dirigida por invasores, que receberam o título de “turma alternativa”.

 

A RIC sonegou da população ações concretas, firmadas  pela corrente suprapartidária, que luta pela democratização daquele espaço público divulgando e reafirmando somente as ações e decisões, feitas de forma nebulosa, da prefeitura desta cidade, que tenta transferí-lo às mãos privadas.

 

Em face da matéria mal dirigida, com viés alienante, a pergunta é: a emissora defende a construção do ilegal empreendimento? A emissora endossa o desrespeito do prefeito César Souza Filho ao Plano Diretor, aprovado recentemente?

 

Se o faz, o defende da maneira mais vil possível: tentando desmoralizar grupos legítimos engajados na criação do Parque Cultural das 3 Pontas. Ao repórter, à equipe técnica e aos editores da RIC - a título de informação – segue lista de alguns “invasores alternativos”, de “hippies” e de rastafáris que, ativamente, participam do movimento: professores universitários, vereadores, deputados, assessores parlamentares, ONGs, geógrafos, biólogos, arquitetos, Movimento Negro,  Movimento Ilha Verde, artistas, cadeirantes, estudantes e fotógrafos ,entre outros Grupos ligados à igualdade de gênero e direitos LGBT, como o Grupo Acontece e vereadores da Frente Parlamentar Contra a Violência Contra a Mulher, também estão inseridos na luta.

 

Matéria preconceituosa, que, em pleno dia das mulheres, cria estereótipos para um grupo amplo, consolidado e altamente representativo. Afinal, a cor ou o trançado dos cabelos deslegitima pessoas de se manifestarem? Tira delas a legitimidade de proposições para a cidade?

 

Matéria que não aborda a sobrevivência da comunidade pesqueira que, há décadas, sobrevive e sustenta seus filhos com essa profissão, tampouco as consequências da saída deles da comunidade. O pleno emprego dessa gente deveria ser defendido, mas, na matéria em questão, ganha ares depreciativos, ares de uma cidade que, baseada na especulação desenfreada, destrói lares, desrespeita movimentos sociais e legislações vigentes. Fere, em si, a própria democracia. 

 

Enfoque jornalístico desfocado da realidade, ao tratar a utopia de forma pejorativa, ao passo que foi, exatamente, essa utopia que tornou possível a criação de Parques como o da Luz e da Lagoa do Peri. 

 

A questão sócio-ambiental, uma das pautas principais do Movimento, com todo o impacto ambiental decorrente da ilegal construção, não deveria ter sido abordada por um jornalismo imparcial? A título de informação, ao nobre repórter e a sua equipe, a área não foi invadida e tem sido limpa pelo Movimento Ponta do Coral 100% Pública, através de mutirões sistemáticos.  

Também, a título de esclarecimento, há sim, há décadas (34 anos, pois a primeira manifestação foi em 1981), intenso trabalho e planejamento. Estes, recentemente evidenciados em atos, como a limpeza da região, o evento do dia das mulheres  (organizado pelo movimento Ponta do Coral 100% Pública), protesto em frente à sede da Fatma, "enterro" simbólico do projeto em fevereiro (na Ponta do Coral), assertivas na câmera de vereadores, quando da discussão do projeto, e coletas de assinaturas, via abaixo-assinados.

Uma matéria digna de aplausos reforçaria o desrespeito do prefeito em relação ao Plano Diretor e à legislação, mas não o faz.

 

Depreciar a luta, que se estende há décadas,  de pessoas sérias e trabalhadoras, não deveria ser pauta de uma emissora com concessão pública. De forma que, da maneira mais democrática possível, nos colocamos à disposição da emissora para correção de rumos, com possibilidade de uma nova matéria: que respeite os grupos envolvidos, que divulgue a verdade dos fatos e o projeto proposto pelo Movimento.

 

Utopia é mais que uma palavra, em especial, quando agrupa pessoas engajadas em causas coletivas. Para quem luta e busca um mundo para todos, sonhar é coletivo.



Reply all
Reply to author
Forward
0 new messages