relato pedronilha

1 view
Skip to first unread message

Jorge Soto

unread,
Oct 9, 2020, 8:10:47 AM10/9/20
to trekking_e...@googlegroups.com



O CIRCUITO PEDRONILHA (PEDROSO + BONILHA)
Situado em Santo André (SP), o Parque Natural do Pedroso é uma unidade de conservação que tenho grande apreço não apenas pela proximidade, mas pela variedade de atividades outdoor que oferece. Não bastasse, as inúmeras trilhas que cortam as baixadas e morros nesta que é a maior reserva natural da região, o parque se tornou meu acesso ideal pro Pico do Bonilha, ponto culminante do Grande ABC. Retornando a este que já foi meu playground natureba por muito tempo após um longo hiato de cinco anos, resolvi fazer um apanhado de tudo que o parque tem de melhor, numa tacada só! O resultado foi um puxado circuito de quase 20km com desnível acumulado de mais de 600m. E não é pra menos, uma vez que o rolê não só ganhou o alto do Morro das Torres e do Bonilha como também alcançou as ruínas das duas estações do antigo teleférico. De bônus, ainda esticamos pra misteriosa “Gruta” e prum tchibum refrescante na Lagoa Azul.

Encontrei a Lu e a Ana pontualmente as 8hrs na Estação Santo André da CPTM naquela manhã linda e promissora de domingo. O sol brilhava forte no alto quando nos pirulitamos pro Term. Rodoviário Oeste, logo ao lado, e num piscar de olhos embarcamos no “TR-101/ Vila Luzita” que se mandou pro sul, via Av. Capitão Mário Toledo de Camargo. Viagem breve esta que logo nos deixou no Term. Vila Luzita, onde tivemos que baldear. Aqui a oferta de transporte é maior pois são várias linhas que passam pela entrada do Parque do Pedroso. No nosso caso, tomamos a “AL-115” que deu continuidade a sua indefectivel rota pro sul, onde bastou ganhar a tal Estrada do Pedroso que a paisagem emoldurada pela janela do coletivo mudou radicalmente; os tons acizentados e horizontais da urbe davam lugar aos verdejantes contornos de morrotes repletos de mata nativa a nossa volta!
Assim, as 8:45hr saltamos pouco depois da entrada do parque, mais precisamente no ponto ao lado dos vestígios da outrora maior atração dali! Sim, apesar de sermos recebidos por um belo lago que reflete o céu azul e pelos tons rosados das quaresmeiras destoando do verde onipresente á nossa volta, o que chama mesmo a atenção é a decrépita marquise que servia de base pro antigo e saudoso teleférico, no caso, a Primeira Estação. Dentro dela, situada na cota dos 750m, o que restou das estruturas metálicas enferruja e se deteriora silenciosamente com o passar dos anos, quiçá lembrando com certa nostalgia os tempos áureos em que vinha gente de toda Sampa apenas pra conhecê-la todo final de semana.
Depois de algumas fotos nos dirigimos a entrada oficial do parque e dali tocamos pro sul, desviando dos eventuais visitantes correndo, passeando seu pet ou apenas dando sua chineladinha matinal. Sim, sob o olhar altivo da Capela Santa Cruz, que reluz no alto de um verdejante morrote naquele comecinho de manhã. Em tempo, o Parque do Pedroso é uma unidade de conservação que não apenas abriga importantes mananciais e como detém um rico fragmento de Mata Atlântica. Me surpreendeu vê-lo revitalizado, pois boa parte de sua infra foi restaurada, como as quadras, sanitários, playground e churrasqueiras. Ponto pra prefeitura.
Pois bem, fomos até o finalzinho do parque atrás da trilha de acesso á Segunda Estação, que ta ao lado dos sanitários do playground, com uma corrente barrando acesso. Mas como o parque tava quase vazio simplesmente pulamos a dita cuja e lá fomos nós, dando início á nossa pernada morro acima. O caminho começa concretado na direção sul mas logo desvia pra oeste, ganhando a ingreme encosta do morro numa reta só! Não tarda pro precário asfalto dar lugar a um estreito trilho de terra, que nos trechos mais empinados se tornava escorregadio pelo musgo em cima dele depositado, fazendo escorrer os primeiros pingos de suor pelo rosto.
E assim se deu nossa tranquila ascensão, sempre envoltos no silêncio da mais pura e farta mata, até que o caminho desviou pro sul e retomou o sentido gradativamente pro norte. Neste trecho o caminho se alargou e se tornou bem íngreme, visivelmente mostrando que era o estirão final até o topo, fato corroborado pela presença de touceiras de samambáias a margem da vereda. Pisamos enfim no alto do morro por volta das 9:23hr, mais precisamente na cota dos 870m de altitude. Ali, uma estrutura que aparenta ser um enorme quiosque divide espaço num descampado com outra de formato redondo, que claramente era um pequeno, sinalizando que em seus tempos aúreos o teleférico era catalizador de cultura. Dali uma escadaria leva propriamente dito ás ruínas da Segunda Estação, do lado. Uma grande estrutura de dois “andares”, unidos por uma escadinha menor, onde o setor inferior recebia o teleférico da Primeira Estação, lá embaixo; enquanto o “andar” superior enviava a composição pra última parada, no cume do Morro do Pedroso, a noroeste. No interior há sinais de fogueira e algumas pixações, embora a sinalização original ainda se mantenha preservada.
Ficamos então ali descansando um pouco, bebericando nossa água e apreciando a paisagem. Sim, a panorâmica do alto  é privilegiada por estar situada no miolo do Pedroso: a leste temos a morraria verdejante do Bairro Borda do Campo, o espelho dágua dum dos braços da Represa Billings e um rabicho cinza do Rodoanel Mario Covas (BR-21); ao norte e sul vislumbramos a ondulação da morraria do entorno do parque; e a oeste descortinamos a trinca de picos que ainda visitaríamos e separam os tons verdes do parque da acizentada SBC, isto é, o Morro do Pedroso (e a Terceira Estação, mocada no cume), da Torre e o maciço do Bonilha.
Revigorados, nos pirulitamos morro abaixo pelo mesmo caminho cientes que tinhamos bastante chão pela frente até o final do rolê. A descida, pra variar, foi bem mais rápida que a ida e num piscar de olhos pisávamos na pista de caminhada, desviando de bikers, corredores e toda sorte de visitantes dominicais. Voltamos até a entrada do parque e fomos de encontro ao Jardim Japonês, situado logo ao lado (ainda pro norte), que consiste numa pequena pracinha circular com motivos orientais, onde há varias placas celebrando o centenário da Imigração nipônica.
Pois bem, no final do tal jardim - já no sopé do morro – ta a entrada da trilha que outrora foi a estrada que levava ao alto do morro e, consequentemente, á Terceira Estação. E lá fomos nós! Mergulhamos então no frescor da mata dando inicio á pernada neste comecinho de trilha, que mostra não apenas vestígios do antigo calçamento como algum lixinho ao redor. Mas logo a picada se vê livre de toda e qualquer interferência humana e segue, em nível (pro norte), ladeando o morro em questão. O som que embala nossa chinelada começa com os veículos transitando perto, na rodovia, que logo dá lugar ao marulhar hipnótico de algum córrego á nossa direita.
Mas conforme a vereda vai desviando pra noroeste, acompanhando a encosta do morro de um lado e uma baixada de vale do outro, o terreno passa a se mostrar cada vez mais repleto de obstáculos. Não bastasse a mata tombada e profusão de lírios-do brejo invadindo a trilha, a dita cuja logo se tornou um brejo pantanoso que diluiu de vez nossa esperança de manter os pés secos. E dessa forma fomos chapinhando um bom tempo naquele terreno ainda em nível, perto da baixada, torcendo pra que logo começasse de fato a ascensão do morro.
Mas não demorou pra gente abandonar a vereda palmilhada (que seguia em nivel pra oeste) por outra, que nasce discreta á nossa esquerda e dá início a subida propriamente dita, só que tocando pra leste, morro acima. Uma vez neste caminho não tem mais erro, é só se manter nele sempre acompanhando a encosta lateral do morro, ganhando altitude na diagonal. A trilha aqui é bem mais seca e limpa que na base, apesar que vez ou outra tem alguma arvinha tombada, mas nada do outro mundo. Fora isso, o caminho se estreita e alarga na mesma medida em que desvia lentamente pro sul e, logo depois, pra oeste, direção que mantém até o final.
A subida termina e o resto da pernada se dá pela abaulada crista do morro em meio a um simpático bosque. E assim, as 10:30hrs emergimos no largo e enorme descampado forrado dum alto capinzal e muitos eucaliptos. Dividindo uma ampla clareira no alto dos 930m de altitude, temos de um lado os vestígios do antigo restaurante e do outro que restou da Terceira Estação; o primeiro se mantém quase que intacto, apenas apresentando uma parede derrubada, enquanto o segundo não difere muito já visto nas estações remanescentes. Algumas pixações e restos de fogueira completam o cenário local.
Fizemos ali, empoleirados no concreto interno da estação, um pit-stop mais demorado pra descanso e lanche, imaginando como seria ali em seus tempos áureos. Sim, o teleférico já foi outrora a principal atração do parque na década de 80, mas foi sucateado devido aos altos custos de manutenção e largado ali, pra ser coberto lentamente pela mata. Uma pena, pois isso contribui pro aspecto de abandono do parque uma vez que a vista dali é espetacular, a despeito do eucaliptal que cresceu ao redor. A oeste temos a geometria cinza do SBC; ao norte a Vila Joao Ramalho, Jd Nova Cidade e uma infinidade de favelas; a sudoeste vislumbramos parte do Pico Bonilha e, atrás, recortes do Pq Selecta e Ferrazópolis; a sudeste, o Bairro Represa e Recreio Borda do Campo; e ao sul temos o pouco de verde remanescente do Pedroso. E claro, com algum esforço é possível avistar as ruínas da Segunda Estação coroando o morro anteriormente visitado.
Voltamos sem pressa pelo mesmo caminho e mal nos demos conta quando pisávamos outra vez na base do morro, deixando o pórtico oriental do Jd Japonês. Tomamos então a vereda calçada que vai pro campo de futebol, rumo oeste, onde aponto pra silhueta do Morro da Torre, ao fundo, que se eleva no meio da paisagem, separando o verde pulsante do parque do azul do céu límpido daquele horário. “Aquela lá é nossa terceira parada!”, falei, apontando pra estrutura metálica coroando a modesta elevação. No final do campo reencontro a antiga via que é o caminho que nos leva á base do “Morro da Torre”, na verdade, uma antiga estrada que como boa parte das vias dali, atualmente se encontra parcialmente tomada de mato por conta do desuso. Contudo, qual foi minha surpresa de achar essa rota tomada de mais vegetação que o normal, nos obrigando em mais de uma ocasião a abrir caminho com as mãos.
Chegamos então na enorme clareira que outrora foi uma antiga olaria, da qual restam vestígios de fundações concretadas ao lado de muitas mudas recém-plantadas. As cores á nossa volta reluzem o verde da mata, destacando os tons rosados das onipresentes quaresmeiras, o branco das flores dos lírios-do-brejo e o colorido das marias-sem-vergonha. O tempo limpo e sem nebulosidade nos presenteia com uma geral do Morro da Torre, do Pedroso (da Terceira Estação) e até a Segunda Estação, que se empoleira numa elevação ao sul. O rumorejo de água correndo nalgum ponto a nossa esquerda é presença constante. E não é pra menos, afinal estamos no miolo duma junção de vales, onde todo e qualquer vestígio do precioso liquido é “afunilado” até ali.
O caminho mergulha então no frescor da floresta úmida no sopé do morro, de forma compassada e desimpedida. Uma vez nesta trilha não tem erro, pois é aqui que se começa a ganhar altitude de forma imperceptível, até o momento em que chegamos numa bifurcação importantíssima. Normalmente eu sempre tomava o ramo da direita, que tocava pra noroeste e ia de encontro ao selado de ligação entre o Morro do Pedroso e o das Torres, e dali seguir pela Trilha da Cerca ao topo deste segundo. Mas pela minha última visita já saber que este caminho estava bem fechado decidi experimentar a bifurcação da esquerda, uma vez que as infos davam conta que esta tava em melhores condições. E assim foi.
Tomamos então esta via que tocou em meio a mata na direção sul e logo de cara cruzou um pontilhão de madeira que inexistia antes, evidenciando mais uma grande mudança desde minha última visita. Este pontilhão evita que se pise no enorme brejo provocado pelo represamento de um pequeno afluente do Córrego Pedroso, aliás, onde é possível encher os cantis caso haja necessidade urgente do precioso líquido. Em tempo, a partir dali em diante não há mais água potável até quase o final do rolê!
Mas não demora pra vereda mudar pra direção oeste, ganhando assim o íngreme ombro serrano que leva ao alto praticamente numa reta só. E tome subida pirambeira durante um bom tempo, trecho este onde nos distanciamos uns dos outros, onde cada um seguia pausadamente o seu ritmo. O caminho, por sua vez, ora se estreitava ora se alargava numa terrivel vala erodida, mostrando que as motos vira e mexe percorrem esta trilha, infelizmente. Na cota dos 900m, a trilha adentra numa dobra da encosta com sinais de deslizamento, deixando assim um belo mirante com vista parcial pro quadrante sudeste. Pausa pra fotos, claro!
Não tardou pra vegetação diminuir de tamanho até finalmente emergir no aberto, onde os horizontes se ampliam. O zunido eletrostático que envolve uma grande estrutura metálica nos dá as boas-vindas aos alto do Morro da Torre, as 12:15hrs. Ali mesmo embaixo da torre, na cota do 950m, procuramos algum vestígio de sombra e temos nossa terceira parada de descanso, entre muitos goles de água. O calor esta de rachar mas mesmo assim não nos priva de apreciar a vista privilegiada que se tem ali. Pois é, uma vez que se aprecia se aprecia toda extensão verdejante do parque, além de todo trajeto feito desde o início. Da esquerda pra direita se vê perfeitamente a Terceira Estação, o Jd Japonês e a Segunda Estação, agora pequenina encimada dum morrote abaixo da gente! O resto do panorama se completa pela crista abaulada das colinas que restam até o Bonilha, cada vez mais próximo, destoando da cadeia serrana. Pausa pra mais cliques aqui do alto do morro, por sinal, divisa natural do parque com SBC!
Revigorados, retomamos nossa chinelada em direção ao Bonilha. A partir daqui a navegação e puramente visual e então vamos acompanhando a abaulada crista serrana, sentido noroeste. A trilha é evidente, o terreno é aberto e qualquer capim mais alto é facilmente contornado. Ao cair na torre que coroa o morro sgte nossa rota desvia pro sul, onde descemos pela suave crista a oeste, cruzamos a sombra duma agradável florestinha, um marco coberto de musgo e logo estamos num vale que marca o selado interligando os morros. Uma clareira com sinais de acampamento são típicos do lugar.
Mas ao subir novamente pro morro sgte caímos numa vereda maior, e assim o caminho torna-se intuitivo pois daqui partem outras picadas menores noutras direções. Dali é necessário tomar a vereda que vá pro sul, no caso, aquela que sobe da base de duas torres doutra linha que corre paralela á anterior. Ao dar a volta no morro temos uma bela vista de SBC, com muito capim dourado dançando ao vento contrastando com o cinza das construções logo abaixo, que parecem ser da Vila São Pedro, o Clube da Volks e a Favela da Biquinha, no sopé do Morro da Bandeira. Cruzamos outro trecho florestado, pra então ganhar o morro a antecede o Bonilha, novamente acompanhando um cercado. No alto deste, clareiras permitem visual e até acampamento protegido, mas nos mantemos na vereda, que desce suavemente pra sudoeste em meio a novo capão de mata. Ali, um pitoresco cupinzeiro com feições “humanas” é motivo de vários cliques.
Após descer cautelosamente um trecho onde a vereda se alarga recoberta de musgo terrivelmente liso, damos numa precária estrada asfaltada que tangencia nossa rota. Aqui, antes da subida final do Bonilha, as meninas resolvem me esperar na sombra enquanto eu desco a estrada coisa de 100m e tomo uma precária vereda na margem esquerda que toca pela íngreme encosta até dar na “Gruta”. Na verdade nem gruta é, é uma estreita cava de mineração ou um antigo forno de produção de carvão vegetal, atividade que era comum nas fazendas que integravam o que hoje se tornou o parque. Bati fotos e voltei ter com as meninas.
O último lance de trilha pro Bonilha é aberto, íngreme e com degraus sulcados na encosta, e não tarda ao suor voltar a escorrer farto pelo rosto. Sem brisa alguma, a ascensão se torna penosa e demorada, nos distanciando uns dos outros. Mas enfim, as 13:30hrs pisamos nos 980m do ponto mais alto da Região do Grande ABC. Uma frenética bandeira é o único que sobrou na clareira de pasto ralo que domina o topo, embora ainda haja restos da base concretada do cruzeiro que ali uma vez teve. Com dia tremendamente limpo, a paisagem descortina uma panorâmica soberba de 360 graus onde um mar de cidade parece querer engolir a Serra do Mar. Santo André, Mauá, Ribeirão Pires, São Bernardo, Diadema, São Caetano e São Paulo juntas num único olhar. E num virar de ombros, o verde que resta da Mata Atlântica, além do lampejo da Represa Billings, com seu largo espelho dágua refletindo o céu daquele início de tarde.
Após mastigar nosso lanche, bebericar muita água, descansar um monte e bater muitas fotos, retomamos a pernada pra nordeste. Prosseguimos então nossa andança pela íngreme vereda que percorre a sucessão de cristas pro sul, descendo suavemente pelo capinzal e alguns arbustos baixos, pra depois galgar o cocoruto seguinte. Uma precária cerca, que as vezes some, serve de referência o tempo todo. Não tem erro. A caminhada é bastante agradável e compassada, enquanto a brisa ameaça soprar timidamente nossos semblantes, porque vento que é bom nada.
Começamos a descer o mais íngreme dos morros, justamente o que intercepta uma torre de alta tensão na direção do penúltimo morro da crista, cruzando um trecho de espesso samambaial. Uma vez no alto do mesmo, abandonamos a trilha pela crista palmilhada, que fatalmente nos iria largar na “Favela do Montanhão”. Ao invés disso, tomamos uma picada que nasce pela esquerda e desce forte na direção leste. E tome piramba íngreme esta, uma vez que nos trechos mais críticos houve necessidade de descer sentado!!
Quando o desnível suavizou começamos a bordejar uma simpática floresta de eucaliptos, cruzando uma clareira com ruínas de alguma coisa (olaria?), mergulhar novamente na mata e desembocar num cruzamento que imediatamente reconheci como o finalzinho da “Trilha Sul”, que ignoramos mas que no trecho final existe água potável que nos fez falta naquela tarde. Seguindo pela verreda palmilhada não tardou a ouvir veículos transitando ao longe, sinal que estávamos próximos da “Estrada do Montanhão”.
Dito e feito, não demorou pra enfim na estrada supracitada, que interliga bairros de SBC com o Rodoanel (SP-021) e a Billings. Uma vez nela na direção sul, não andamos sequer alguns metros e mergulhamos outra vez na mata por uma evidente picada até um belo remanso que la chamam de “Lagoa Azul” (ou do Pinheirinho), balneário natureba formado pelo represamento do Córrego Pedroso e onde havia meia dúzia de jovens curtindo, com direito até corda e “trampolim” improvisado. O bonito e fundo lago refletia o verde em volta e chamou-me a atenção as várias garrafas pet boiando na margem. Mas qual nossa surpresa ao perceber que eram as “bóias” improvisadas da molecada dali, amarrando pets nas bermudas numa demonstração de criatividade tipicamente tupiniquim. Claro, teve novo descanso e tchibum, claro! Horário? Apenas 14:30hrs!
Pois bem, revigorados, damos início ao nosso retorno pro parque. Do lago eu sabia que havia uma vereda que se conectava á antiga estrada do Montanhão, que atualmente é uma vereda principal e bem consolidada. Só não tinha muita certeza se a picada que eu julgava que levava até ela levava de fato. Mas dane-se, vamos que vamos. Tomamos então uma trilha que nascia da borda norte do lago, cruzava um lamaçal nervoso e se pirulitava encosta acima na direção desejada. Até ali tudo bem, avançamos bem até que caímos noutra precária vereda maior, na transversal, que descia na direção norte. E fomos por ela, esperando ter tomado a decisão certa.
Mas a vereda logo bifurcou me deixando em dúvida. Ligamos os celulares pra saber nossa localização e comprar com a bússola que trazia a tiracolo, comparando com o croqui que eu tinha porcamente traçado. Tomamos então a vereda da esquerda e menos improvável, que desceu forte na direção noroeste até desembocar noutro caminho maior, que no final se revelou a antiga estrada do Montanhão. Apesar disso e acompanhando sempre esta vereda na direção nordeste, parava a cada 10min pra conferir a rota na base do mix bússola, geolocalização do celular e croqui. Enfim, navegação artesanal básica.
Só fiquei mais despreocupado quando, durante nossa interminável chinelada em nivel em meio á mata, comecei a ver o reflexo dos lagos do Pedroso á minha esquerda. Ufa! Nossa preocupação era mais que justificada. Estávamos morrendo de sede e sem um pingo de água nos cantis, e estariamos em maus lençóis caso errássemos o caminho. Felizmente não foi o caso, e assim pouco antes das 16hr pisávamos no extremos sul da pista de caminhada do Parque Pedroso e, finalmente, em frente á Primeira Estação, no ponto de busão á espera de nossa condução pra Santo André!

Pra finalizar fica a sugestão de conhecer tanto o Pico do Bonilha como as estações do antigo teleférico do Pedroso, não necessariamente realizando o circuito apresentado, que arrola todos os atrativos de uma vez. O rolê descrito foi apenas um desafio auto-imposto, que fique isso bem claro. Com relação ás antigas estações, apesar dos percalços do trajeto -  alta declividade, brejo e mato no caminho - não foi a tóa que foram construídos um restaurante e um belo belvedere no alto daqueles morros. Por sua vez, o Bonilha, também chamado de “Montanhão” ou “Morro da Cruz”, dispensa qualquer adendo pois a panorâmica que se tem do alto ja fala por si só. Entretanto, com boa disposição, carregando água extra, senso de direção afiado e saindo bem cedo, taí um circuito ideal prum dia quente de verão que privilegia belas paisagens quanto banhos refrescantes. Uma chinelada que percorre os altos e baixos desta serrinha urbana, numa região onde a cidade grande parece engolir o que resta da Serra do Mar.



Reply all
Reply to author
Forward
0 new messages