As fotos estão em
http://lrafael.multiply.com/photos/albu ... RJ_-_out11.
O tracklog está em
http://pt.wikiloc.com/wikiloc/view.do?id=2418049.
O
Sana é um distrito de Macaé (RJ) porém fica na serra, enquanto a cidade
de Macaé fica no litoral. O distrito se compõe de várias localidades
como o Portal do Sana, Barra do Sana, Arraial do Sana, Cabeceira do Sana
e outras menores. Para os amantes da natureza e das montanhas o local
mais interessante é o Arraial do Sana, onde fica a famosa pedra do Peito
de Pombo e algumas belas cachoeiras.
Todo o distrito é
atravessado pelo Rio Sana, que deu nome às localidades onde ele nasce
(Cabeceira) e onde deságua no Rio Macaé (Barra).
Para quem vai
sem carro, é preciso pegar uma kombi que sai de hora em hora de Casimiro
de Abreu, cidade a 130km do Rio de Janeiro. Elas não saem da rodoviária
de Casimiro, mas de um ponto em frente, do outro lado da BR-101 (que é
fácil de atravessar). A passagem custa R$5 e é o único meio de
transporte público até o Sana.
12/10/2011 - QUAEu
vinha de Lumiar, que fica mais no alto da serra e na mesma estrada que
vai de Mury (ambos distritos de Nova Friburgo) a Casimiro de Abreu,
passando pelo trevo do Sana. Essa é a RJ-142 ou Estrada Serramar e hoje
está toda asfaltada (quando era de terra tinha péssimas condições).
Peguei em Lumiar um microonibus da empresa 1001 por volta de 16h e desci
no trevo do Sana para esperar a próxima kombi, que demorou bastante e
me deixou apreensivo, na dúvida se ainda estava rodando naquele horário.
Dali até o arraial seriam 6,5km de estrada de terra que eu não estava a
fim de fazer a pé.
(Em tempo: o motorista da 1001 me cobrou a
tarifa de Lumiar até Casimiro de Abreu, R$8, e nem sabia onde ficava o
trevo do Sana.)
A kombi apareceu lotada de bichos-grilos, quase
não consigo entrar. A viagem se tornou ainda mais demorada por causa do
aperto lá dentro. E ao chegar ao arraial constatei que a vocação do
lugar é essa mesmo, destino de alternativos e malucos-belezas, coisa que
Lumiar deve ter sido há décadas atrás. Apesar de eu não estar
sintonizado com essas tribos, gostei muito do clima do lugar,
principalmente pela proximidade com a natureza e o acesso fácil às
montanhas e trilhas. E também pelas pessoas que conheci, moradores
antigos de lá.
Mas, alertado pelos relatos e comentários do
Mochileiros, procurei um camping mais tranquilo e sem muito aroma de
marijuana no ar. Por indicação do motorista da kombi, fui parar no Sana
Camping, que tinha duas ou três barracas montadas apenas. Ali há também
alguns poucos chalés e alguns trailers fixos para pernoitar, uma opção
que eu desconhecia. Preço de R$15 para acampar, com banho quente e
cozinha desponível. Pode-se acampar bem próximo ao Rio Sana e dormir
ouvindo seu som relaxante.
Nessa noite fui jantar no Restaurante
Beija-flor seguindo várias indicações. A comida é ótima, farta, saborosa
e pelo preço camarada de R$8. Sem contar a simpatia da dona.
Caminhei um pouco pelas poucas ruas do local para fazer a digestão mas não me demorei pois o dia seguinte seria puxado.
13/10/2011 - QUIAcordei
bem cedo e saí do camping às 5h30 para subir o Peito de Pombo, conhecer
as cachoeiras do caminho e talvez voltar para Lumiar à tarde.
Nesse
horário felizmente não encontrei os monitores que ficam de plantão na
trilha, um pouco antes das cachoeiras, e não tive de justificar a minha
ida solo ao pico ou inventar mentiras.
Já tinha lido vários
relatos sobre o trajeto de mais de 3 horas até o Peito de Pombo e alguns
chegam a dizer que é um caminho complicado, ficam contando o número de
porteiras do caminho, etc. Eu discordo disso e achei o caminho muito
fácil, embora cansativo. Só é preciso ficar atento em dois pontos da
trilha para não errar. O resto é só seguir a trilha principal que não
tem susto.
Então vamos à descrição detalhada da trilha:
Seguindo
pela rua principal do vilarejo, após passar a praça principal com a
Igreja de São Sebastião e depois uma ponte, deve-se entrar à esquerda,
que já é a rua das cachoeiras. Depois de 470m há uma bifurcação em
frente a um estacionamento e a rua continua para a direita, mas deve-se
pegar o caminho largo da esquerda e logo cruzar uma outra ponte. Daí em
diante é uma caminhada de mais de uma hora sem erro, sempre pela trilha
mais larga.
Primeiro passei pelos quiosques dos monitores, ainda
desertos, e depois começam as surgir os portões de acesso à esquerda ao
Rio Peito de Pombo e suas belas cachoeiras, mas isso deixei para a
volta. A sequência de portões (que ainda estavam fechados) é: Cachoeira
do Escorrega; Poço das Borboletas e Poço da Gruta; Cachoeiras Sete
Quedas, Pai e Mãe.
Me mantive sempre na trilha principal, onde
algumas janelas na mata me deram a primeira visão do Peito de Pombo,
ainda bem longe, e às 7h10 cheguei ao cruzamento inevitável do Rio Peito
de Pombo. Não é preciso se preocupar com as casas, placas e porteiras
do caminho pois a trilha principal cruza o rio inevitavelmente, mas,
para quem quiser saber, cruzei quatro porteiras (sem contar, é claro, as
porteiras que surgem ao lado da trilha). Atravessei o rio pulando as
pedras e me deparei com uma porteira caída e uma placa com os dizeres
"Para sua segurança, o acesso à pedra é autorizado somente com a
companhia de um condutor local". Segundo os relatos, esperava encontrar
aí uma ponte e uma placa lacônica com as letras "P de P", mas não vi
nada disso. O cruzamento do rio é o primeiro ponto de atenção pois a
trilha ali se divide em três. A trilha da direita continua acompanhando o
rio, agora pela sua margem direita (e deve ser motivo de futuras
explorações na intenção de descobrir quem sabe uma nova travessia). A
trilha em frente, bem na direção da placa, leva a uma casa. E há ainda
um terceiro caminho, à esquerda da placa e da porteira caída, que sobe o
morro íngreme de pasto por trilhas de vaca que se dividem e
reencontram. Esse terceiro é o caminho certo para o Peito de Pombo.
Vencidos
cerca de 250m de trilha e 90m de desnível, outro ponto de atenção, já
que é uma bifurcação não tão óbvia: ainda no meio da encosta de pasto,
uma pequena clareira sem capim tem duas trilhas, sendo que a mais
natural parece ser a da esquerda. Porém essa trilha bordeja o morro e
começa a voltar em vez de subir. O certo é pegar a trilha da direita na
clareira, que sobe e se dirige a grupos de bambus lá no alto. Depois
disso não tem mais erro, sempre seguindo a trilha mais aberta.
Depois
dos bambus a trilha continua pelo pasto e tem um trecho muito erodido.
No alto do pasto já é possível vislumbrar melhor o pico e a mata em sua
encosta que deverá ser percorrida. Ali tive de atravessar uma cerca de
arame farpado por baixo.
A trilha desce um pouco e entra na mata,
com um ponto de água logo em seguida. Depois de uma grande laje de
pedra, a subida se torna bastante íngreme e escorregadia.
Um
pouco antes do topo algumas cordas fixas dão auxílio. Como não são
imprescindíveis para a subida, evitei jogar todo o peso do corpo nelas.
São três cordas curtas até o platô que serve de mirante para fotos do
Peito de Pombo. E mais uma corda que facilita o acesso à própria pedra.
Mas é preciso cuidado sempre com cordas fixas pois podem estar corroídas
ou podres. Além disso, ali no alto, principalmente no mirante, é
preciso muita atenção onde se pisa pois a trilha é bem estreita e os
penhascos estão em todos os lados. A empolgação com a visão do Peito de
Pombo tão perto pode causar distração e um acidente sério.
O
desnível desde a travessia do Rio Peito de Pombo (que fica a 629m de
altitude) foi de 546m. O Peito de Pombo está a 1175m (no meu gps) e o
mirante alguns metros acima. Cheguei ali às 8h45, totalizando 3h15min de
caminhada desde o camping. O desnível total, desde a Igreja de São
Sebastão (336m de altitude), foi de 839m.
A visão de 360º é
espetacular, um mar de montanhas com alguns vilarejos espalhados pelo
vale. É possível ver apenas parte do Arraial do Sana. Me deliciei com a
beleza da paisagem por quase duas horas.
Na volta encontrei dois
caras subindo, já dentro da mata. Além deles, conversei com um morador
de um dos sítios do caminho que me deu informações sobre as trilhas por
ali.
Saí do pico às 10h40, cruzei o rio às 12h10 e cheguei ao
portão de acesso às cachoeiras Sete Quedas, Pai e Mãe às 13h10. Logo me
deparei com o rio e não quis tirar as botas para atravessá-lo. Voltei à
trilha principal, desci mais 560m e entrei no portão dos poços das
Borboletas e da Gruta. Esse poços não estão identificados entre tantos e
não soube ao certo quais são. Mas descobri uma trilha do outro lado do
rio e o atravessei facilmente pelas pedras. A trilha subiu e desceu
diretamente na Cachoeira Mãe, para minha sorte. Um pouco acima, a
Cachoeira Pai e a Sete Quedas (me levando de volta ao ponto onde não
quis tirar as botas para atravessar). As cachoeiras Mãe e Pai são altas e
perigosas, mais indicadas para contemplação. Pelo menos por parte dos
visitantes, pois o povo local tem tanta intimidade com elas que se atira
de uma altura enorme em mergulhos precisos e arrepiantes.
Voltei
à trilha principal atravessando o rio no mesmo local e desci mais 480m
para entrar no portão da Cachoeira do Escorrega, formada por uma laje
inclinada que termina num poção. Há pequenas trilhas por ali para
explorar os poços mais próximos.
A visita às cachoeiras me
prendeu mais tempo do que eu previa e acabei saindo do Escorrega às
15h50, o que me fez desistir do retorno a Lumiar naquele dia por não
saber dos horários do ônibus de Casimiro de Abreu para lá. Mas a
simpatia do lugar também contou nessa decisão. Passar mais uma noite ali
seria bastante prazeroso.
No retorno ao arraial tomei o meu
infalível açaí na tigela (R$3) vendo o movimento da rua principal. Mais
tarde jantei novamente no Beija-flor (R$8).
. Os horários da kombi Casimiro de Abreu-Sana estão
. A passagem custa R$5.
. O site da empresa 1001 é
.