Quanto gastamos em licenças dos softwares da Oracle?

[Everton Zanella Alvarenga]

Olá.

O Pedro apontou agora no facebook essa licitação de aproximadamente R$ 20 milhões na cidade de São Paulo para uma empresa que vai vender licenças da Oracle e dar suporte técnico por 3 anos. A diferença da primeira empresa para a segunda é de R$ 60 mil, quase nada perto do valor total.

Procurando o nome da empresa, dá para ver que a IBM já tentou impugnar uma outra licitação muito maior de R$ 86 milhões.

http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/75773_EMPRESA+ACUSA+CNJ+DE+LICITACAO+DIRECIONADA

As listas de clientes das empresas melhor colocadas estão cheias de órgãos do governo 

CDS/NTC - http://novosite.cds.com.br/cds/?page_id=2884 (quase 200 clientes nas três esferas da união)

MEMORA - http://www.memora.com.br/web/containerProdutos.asp?idModulo=4&idPagina=12

Um problema de Fermi: estimar o tanto que foi gasto em licenças da Oracle em órgãos públicos nos últimos 10 anos. :) Será que passa de R$ 1 bilhão?

E faria mais sentido chamar para um debate os envolvidos em casos como esse  (empresas, técnicos em TI, pregoeiros etc.) para discutir o PL 288/2013 do Nabil <http://cidadeaberta.org.br/projeto-de-lei-2882013/>, que defende o uso de software livre na administração pública. Não todo mundo que defende software livre, como ocorreu recentemente na Câmara Municipal de São Paulo. 

Como exemplo, vai tentar exportar os dados do orçamento federal usando o Java do Linux ou Mac

http://www12.senado.gov.br/orcamento/sigabrasil (clique em "Acesso livre" -> "Novo" -> "Documento do Web Intelligence")

Só no Internet Explorer do Windows.

Exemplos como esses serão o maior obstáculo numa lei que obrigue uma transição para o software livre. E soluções livres nesse caso da Oracle causariam mais impacto financeiro e de inovação do que forçar os assessores deixarem de usar Microsoft Office para usar o Libre Office.

Tom

[Tiago Toigo]

É um problema sério realmente, aposto com você que esse número chega facilmente a 1 bilhão até porque os órgãos

gastam centenas de milhares de reais por mês com suporte.

Os órgãos públicos, mesmo ao utilizar software livre, ainda assim pagam por suporte. 

De qualquer forma, o uso do software livre tem um custo menor e atenderia muito bem os interesses nacionais.

Para isso deveria haver um política pública para incentivar o desenvolvimento de soluções livres robustas e de alta performance,

Esse investimento custaria menos de 1 bilhão, com certeza.

Tiago Toigo.

[Frederico Bortolato]

Fazendo uma rápida pesquisa no Portal da Alesp, achei esses dados do contrato da casa com a Oracle. É bem menos que os 19 milhões divulgados recentemente na CMSP, mas não deixa de ser bem significativo. 

PROCESSO	6769 / 2011
CONTRATANTE	Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo
CONTRATADA	ORACLE DO BRASIL SISTEMAS LTDA.
OBJETO	LICENÇAS DE SOFTWARE ORACLE
MODALIDADE	INEXIGIBILIDADE
VIGÊNCIA	de 29/12/2011 a 28/12/2013
VALOR TOTAL	R$ 581.112,00
ASSINATURA	21/12/2012 - 1o Aditamento

Pra que quiser consultar: Página Inicial > Administração da ALESP (menu) > Contratos (submenu) > Item 57

Abraço,

Fred.

[Lucas Alberto]

Opa,

Para mim esse é o principal debate sobre o uso de SL na máquina pública, em função dos custos envolvidos na área de armazenamento de dados.
Migrar de MSOffice para LibreOffice é coisa de criança comparado a convencer os gestores públicos a investirem em tecnologias livres de bancos de dados como PostgresSQL.
Todo mundo já sabe que o problema não é técnico, que o PostgreSQL é um elefante forte e estável. Mas o Estado não sabe usar nem quer aprender a usar PostgreSQL.
Tem um amigo que brinca falando: "o problema do SL é que ele não gera grana por fora nem treinamentos especializados em lugares paradisíacos".
Infelizmente uma mudança de verdade só virá de cima pra baixo, através de Lei ou se a Dilma (ou qualquer governador) colocar o "postgresql" na mesa.

lucasa

[decko]

Lucas

Eu não acho que o problema seja tão simples assim. Quando a gente fala
de dinheiro, e por consequência, poder, o poço fica mais fundo.
Já ouvi gente reclamando que vendedores das grandes companhias fazem
de TUDO para que o software seja adquirido pelo governo.

Mas de tudo mesmo. Vai de bonus, grana em conta e afins, até a ameaças
a família do sujeito. Essas grandes empresas são praticamente mafias.

Continuo na teoria de que pra haver mudanças, hackers tem q tomar o
Estado de assalto. É indo por onde tem qualquer tipo de brecha.
De consultoria a cargo comissionado, de novas legislações a pressão popular.


2013/8/7 Lucas Alberto <luc...@gmail.com>:

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>



--
@decko
André F. A. Brito

[Diego Rabatone]

André, concordo bastante com você, e acrescento que, em meu ponto de vista, o maior problema de se usar Sfw proprietário no governo não é o dinheiro gasto com isso, mas sim a falta de liberdade e independência que isso gera. É o problema de servidores de diversos lugares não conseguirem se comunicar porque no lugar A eles usam o $fw na versão X, e no lugar B e na versão Y, e essas duas são incompatíveis e o lugar B não migra porque não tem verba para migrar, mas fica refém.... 

Prolongando pode-se falar em PRISM, NSA, privacidade, autonomia e soberania nacional......... acho que esse é o grande problema..... e ai tanto faz se é oracle, microsoft, office, server, etc...

--------------------------------
Diego Rabatone Oliveira
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[decko]

Falhei em não colocar esses aspectos mesmo Rabatone.

Pessoalmente, mais do que a questão do valor econômico do software, é
uma questão de soberania. Imaginar que estruturas, dados e mais dados
estão literalmente em poder de uma outra não.
É paralela com a doidera de que ONGs internacionais podem comprar
terras no Brasil. O território ainda é brasileiro, pelo menos no
papel, pq na pratica já não o é.

2013/8/7 Diego Rabatone <dir...@diraol.eng.br>:

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[decko]

s/uma outra não/uma outra nação

2013/8/7 decko <de...@birosca.mobi>:

[Lucas Alberto]

Sim decko, o problema é deveras complexo. Cada órgão público possui suas próprias justificativas para continuar dando rios de dinheiro para a Oracle. A principal justificativa é que há sistema legados que são fortemente dependentes dos produtos Oracle e que os novos sistemas precisam conversar com esses bancos mais antigos.
Não acredito que ações pulverizadas vá mudar o cenário, estamos vendo a todo momento ações pontuais serem movidas para o /dev/null em todas as esferas do Estado.
Você fala em pressão popular,  para mim esta é a única forma de emplacar o SL hoje no Brasil.

lucas

Em 7 de agosto de 2013 16:01, decko <de...@birosca.mobi> escreveu:

[decko]

Lucas

O que coloquei é que a desculpa que o Estado fornece, na grande
maioria das vezes é um disfarce para algo mais.
Coloco aqui q a maioria das vezes, a manutenção de um software
proprietario na gestão pública é devido a uma pressão externa, e não
interna, como somos levados a pensar.
Tb não acredito em ações pulverizadas. Acho q isso é bem diferente de
vc atacar uma questão através de diferentes frentes.

E é por isso q entendo q não é apenas a pressão popular(é chave, mas
não é o único instrumento) q vai conseguir mudar esse cenário no pais.

2013/8/7 Lucas Alberto <luc...@gmail.com>:

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