Propinoduto da Microsoft e a falência da mídia corporativa brasileira

[Sousa]

Colegas,

 

Na última sexta-feira (25/03) um ex-gerente da Microsoft chamado Yasser Elabd fez uma publicação no site lioness, dedicado a whistleblowing, denunciando como a empresa assegurou contratos com governos da África e do Oriente Médio por meio propinas milionárias. Quando levantou a questão dentro da companhia, foi prontamente perseguido e demitido. Chegou a apresentar denúncias à SEC e ao departamento de justiça norte-americano, que se recusaram a investigá-las e arquivaram o caso, apesar de estar fartamente documentado, com a desculpa esfarrapada de estarem fazendo trabalho remoto devido à pandemia. É pedagógico o contraste entre a atuação implacável desses órgãos no caso da Petrobras, Brasileira, e a displicência quando o caso envolve uma empresa sediada lá.

 

A revelação praticamente não foi noticiada em sites brasileiros. Dos veículos maiores, vi que o Estadão e o portal Terra chegaram a emitir pequenas notas, mas se vê que representam bem a falência da mídia corporativa, pois os títulos: "Microsoft demite envolvidos em esquema de corrupção na África e Oriente Médio" são direcionados a amenizar e desviar o foco da conduta da companhia. Um título mais honesto seria: "Microsoft paga propinas e demite funcionário por denunciar envolvidos em esquema de corrupção na África e Oriente Médio".

 

Me pergunto o que esta empresa não deve praticar aqui no Brasil. Tenho a impressão que o governo intensificou o uso de produtos da Microsoft, desmontando boa parte da política de adoção de softwares livres e de código aberto que havia antes, ainda que incompleta.

 

Abraços,

Sousa