A Ceia do Senhor, uma Herança Sacramental.

[Oseias de Lima]

A Ceia do Senhor, uma Herança Sacramental.

Um Maravilhoso Meio de Graça.

O que é um “Meio de Graça”?

A teologia Wesleyana nos ensina que o “meio de Graça” é um benefício pelo qual o Senhor Jesus Cristo comunica suas mais ricas bênçãos ao seu povo. Ele é o instrumento do Redentor para desenvolver no coração de cada crente a santidade de vida, o desenvolvimento da salvação. Os principais meios de graça são: a Palavra, a oração e os Sacramentos (Batismo e Ceia do Senhor). Por meio deles, Cristo fortalece a fé de seu povo.

Perceba que a Santa Ceia está na lista dos principais meios graciosos que o Senhor Jesus legou a sua Igreja. Como um dos Sacramentos, a Ceia do Senhor substituiu a Páscoa, o antigo selo pactual da Antiga Dispensação, dando amplo sentido à doutrina da expiação e redenção consumada e aplicada por Cristo aos seu povo. Por isso, quando celebrou a última Páscoa com seus discípulos, Jesus tomou o cálice e disse: “Porque isto é o meu sangue, o sangue da [nova] aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados” (Mt 26.28). A expressão “nova aliança” inaugura uma Nova Dispensação, uma nova era. Não seria mais necessário sacrificar cordeiros, porque o Cordeiro de Deus derramaria o seu sangue, de uma vez por todas, para salvar o seu povo de seus pecados (Mt 1.21).

Agora pense comigo: Se a Santa Ceia foi instituída por Cristo (1 Co 11.23) e é um meio de graça, logo, não pode ser apenas um solene memorial. Porém, muito mais do que isso, através da Ceia do Senhor, Jesus Cristo abençoa o seu povo, santificando-o e preparando-o para o céu. Na celebração da Ceia a Igreja testemunha que não é deste mundo, mas pertence ao Reino dos Céus. Veja que grande bênção é fazer parte do povo redimido por Cristo, cantar louvores ao Seu Santo Nome, oferecer gratas orações, ler e meditar em Sua Santa Palavra, proclamar a poderosa mensagem do Evangelho!

O Rev. John Wesley ensinou que a Santa Ceia é Sacramental. Ele, como ministro da Igreja Anglicana, ensinou aos metodistas esta prática de fé, e como herança wesleyana a Santa Ceia do Metodismo é um Sacramento, presença real de Cristo. Não cabe na Teologia Wesleyana o simbolismo memorial.

Wesley cria que a graça de Deus era transmitida no sacramento da Ceia do Senhor por meio da “presença real” de Cristo. Ele disse no sermão 101, Comunhão Constante: "A Graça de Deus aqui oferecida nos confirma o perdão de nossos pecados, por nos capacitar a abandoná-los. Assim como nossos corpos são fortalecidos, através do pão e vinho, também são nossas almas, através desses símbolos do corpo e sangue de Cristo. Este é o alimento de nossas almas: isto nos dá força para cumprir nosso dever, e nos conduz para a perfeição. Se, portanto, temos algum respeito pelo claro mandamento de Cristo; se desejamos o perdão de nossos pecados; se desejamos força para acreditar, amar e obedecer a Deus, então, não devemos negligenciar a oportunidade de recebermos a Ceia do Senhor; então, nunca devemos voltar nossas costas ao banquete que nosso Senhor tem preparado para nós".

Esta graça é transmitida através da presença sacramental do Espírito Santo que torna a “presença real” de Cristo disponível para o crente. A Ceia do Senhor, então, é um meio de encontro com o Deus vivo. Tão estimada era a Ceia do Senhor na espiritualidade dos irmãos Wesley que eles criaram um livro inteiro de hinos, hinos sobre a Ceia do Senhor, para dar aos metodistas hinos variados e apropriados para suas ocasiões sacramentais. Não muito conhecidos hoje, esses 166 hinos formavam uma das maiores obras de devoção eucarística já produzida na literatura cristã. Os hinos foram compostos por Charles, mas John os editou e supervisionou seu conteúdo teológico.

Mas como afastar o memorialismo?

O teólogo e pastor Gyordano explica!

Eu acredito que a melhor maneira de começar é observar duas coisas:

1. Positivamente, o papel da Santa Comunhão em 1 Coríntios 10.16-17. Esse texto merece bastante atenção, porque elimina qualquer "simbolismo memorial". Os elementos consagrados são tratados como benditos e fonte de bênção.

2. Negativamente, o que acontece em 1Coríntios 11 com quem participa indignamente: pode sofrer maldição e condenação, o que não faria sentido se fosse apenas um símbolo. Que símbolo é esse que mata e condena se mal usado, mas não provoca nenhum bem espiritual se bem usado?

Com isso, percebemos que o sacramento veicula graça. Isso elimina o simbolismo memorial e nos leva, ao menos, a algum tipo de simbolismo instrumental ou virtualismo.

O segundo passo, que é a Presença Real, pode se dar quando esses fatos começam a influenciar a leitura do discurso de ação de graças em João 6, em continuidade com as interpretações dos Pais da Igreja e dos reformadores.

Contextualizado por Oséias de Lima Vieira.

Professor de Geoteologia e Direito religioso.