"Nestes lances de sobre-humano desespero, que seria de nós, se não nos valesse essa inspiração que nossas mães sabem derramar no coração infantil de seus filhos, esta crença indelével na grande divisa, na vida futura, na infalibilidade da Providência. Falo-vos assim porque eu também já provei desse cálice. Muitas e muitas vezes, abrasado por essas páginas de fogo que geram as imaginações escaldadas, eu iludi-me com os panegíricos com que a razão humana tem endeusado a si mesma, muitas vezes julguei a inteligência onipotente e absoluta; muitas vezes esperei descobrir nos recessos da ciência, desta ciência que já é tão grande, a chave para os arcanos do universo, o alimento são, completo e abundante para o espírito, o bálsamo generoso para as mágoas do coração. Deus, porém, estendeu o seu braço para mim e crestou a flor do meu orgulho (...) Então, ..., achei os livros mudos, a razão muda, e a filosofia estéril. Chorei e abracei-me à cruz. Foi a fé que me salvou"
Rui Barbosa