Seiji,
Talvez esse argumento fosse válido 10 anos atrás. Mas a cauda longa veio para mostrar que é possível ganhar dinheiro com esses produtos "menos importantes".
Desenhando um cenário ridículo e simplório imagino que o mundo seria assim:
Mundo gerenciado pelo Google:
Na entrada da biblioteca estariam os best sellers mas se você procurar lá no finzinho você consegue achar Machado de Assim, Marx e Hayek.
Mundo gerenciado por governo capitalista:
Hayek na entrada da biblioteca e não existiriam livros do Marx.
Mundo gerenciado por governo socialista:
Marx na entrada da biblioteca e não existiriam livros do Hayek.
Meu ponto é, o papel de uma empresa é ganhar dinheiro mas o papel do governo é fazer a sociedade acreditar que eles são a única verdade do mundo. Pelo menos eu não conheço um governo que não queira "impor" isso para sua população.
Bom, fui muito raso e idiota nessa defesa(por não entender bulhufas do assunto). Mas tem outro ponto, que é algo que eu realmente entendo que é como o governo não tem condições de regular o mercado(pelo menos no contexto que vou mostrar).
Sou publicitário e conheço um pouco das divergentes linhas intelectuais existentes no assunto e também conheço um pouco do mercado que foi formado em torno disso.
No Brasil, não existe uma regulamentação do governo sobre a propaganda veiculada. Mas existe uma autorregulamentação feita pelo próprio mercado, o conselho nacional de autorregulamentação publicitária, o CONAR.
http://www.conar.org.br/
O CONAR tem um rigor e uma agilidade incrível. Tem regras muito claras e extremamente rigorosas para qualquer tipo de propaganda que é veiculada no Brasil.
Se aparece uma propaganda de cerveja com alguém dirigindo um carro sem cinto de segurança numa propaganda as 8h, garanto que até as 18h essa propaganda já não estará em nenhum canal de televisão. E o melhor, isso não é lei. Se a GM quiser continuar veiculando esse comercial ela pode. Mas veja só, em 40 anos do CONAR, nenhum pedido de suspensão foi desacatado. É algo que funciona e quando o governo tenta se intrometer só da merda.
Aqui vai minha explicação da minha crença que isso pode ser aplicado a outras áreas (bancaria, por exemplo).
Já existiram tentativas do governo criar uma área para regular a publicidade ou algumas leis tentaram ser criadas por deputados e senadores.
Ponto 1 - Você acha que um órgão do governo conseguiria suspender, multar, dar uma advertência no mesmo dia, no mesmo mês, tenho dúvidas até se no mesmo ano para uma propaganda antiética?
Ponto 2 - Deputados e senadores, em sua maioria não são publicitários. As leis que eles tentam implementar são baseadas no senso comum e sem nenhum embasamento técnico ou intelectual. Sério! Até hoje aparece pelo menos uma vez por ano na câmara um deputado querendo acabar com "propaganda subliminar". PORRA! Se o cara não entende merda nenhuma do assunto, porque se meter.
Ou seja, o estado não tem capital técnico e intelectual para regulamentar a propaganda. Acredito que não tenha para regular muitas áreas. Já o CONAR é formado por todo o mercado e todos sempre acataram suas decisões, por mais polêmicas e por mais prejuízo que ela causasse. (Lembra quanta grana a Devassa pagou para a Paris Hilton aparecer no comercial e foi pedido para sair no ar na primeira semana).
E funciona muito bem, porque se as regras do jogo não forem seguidas, o mercado se autodestruirá.
O governo poderia chamar os grandes pensadores e melhores técnicos da publicidade para montar uma área? Claro que poderia!
Mas essas pessoas já estão nas agências e trabalhando voluntariamente no CONAR para o mercado todo não fazer merda. Já vi alguém de uma agência julgar uma propaganda feita pela agência que ele é sócio-diretor, e a propaganda saiu do ar. Ele sabe que perdeu dinheiro, mas também sabe que isso é bom para o mercado.
O problema ao meu ver é hierárquico. No governo a chance de ter um superior que não entenda do assunto e vai querer dar pitaco em um assunto técnico é grande. Na autorregulamentação todos são intelectuais e profissionais da área.
Acho mais fácil os bancos se unirem para evitar que todos os bancos façam merda e acabem com o mercado, do que um governo liderado por alguém que não entende desse mercado com soluções mirabolantes do senso comum.