Um cinturão de código fechado que complementa trechos do Android em código aberto que viraram abandonware é a chave para entender a tática atual do Google para garantir que os distribuidores do Android continuem operando a seu favor.
Essa é a observação do autor, e vale a pena dedicar 20 minutos para ler as 4 longas páginas deste artigo do ars technica cujo título traduzido seria “A mão de ferro do Google no Android: Controlando o código aberto por qualquer meio necessário”.
O artigo narra o histórico do posicionamento do Google quanto ao Android: desde o início, quando a plataforma Android servia como um fosso de código aberto ao redor do castelo das propriedades do Google, que precisavam ser protegidas contra a prevalência da plataforma iOS (e aí fazia sentido oferecê-lo de maneira amplamente aberta), até a situação atual, em que o Android passou a ser parte do castelo, e assim ganhou um fosso proprietário ao seu redor.

O artigo apresenta a ameaça da qual o Google considera que seus interesses no Android precisam ser defendidos: modificações como a que a Amazon fez no Kindle Fire, que usa a parte em código aberto do Android mas não inclui o Google Play e outros serviços do Google, substituindo-os por seus próprios serviços concorrentes.
Mas não pense que é fácil fazer o que a Amazon fez: para começo de conversa, todas as montadoras de equipamentos (Foxconn, etc.) autorizadas a montar aparelhos com o selo e o acesso ao ecossistema oficial do Android são impedidas (a Acer tentou e teve que voltar atrás...) de montar aparelhos com versões derivadas do Android sem a aprovação oficial. Hoje a Amazon monta o Kindle Fire na Quanta, e possivelmente não teria muitas outras alternativas.
Além disso, a Amazon tem força e recursos para duplicar as funcionalidades negadas a quem usa Android sem as bênçãos do Google, mas jamais precisou se defrontar com a decisão que hoje empresas como a Samsung e a HTC precisariam encarar se considerassem incluir em sua linha algum aparelho com Android sem os serviços do Google: no momento em que lançarem o primeiro, precisam dar adeus a todos os outros que já usam o Android com os serviços proprietários do Google.
Além disso, segundo o artigo, para aumentar a força que leva os distribuidores a se manter ligados aos serviços do Google, e não apenas aproveitar a parte em código aberto do Android, recentemente o Google vem seguindo uma prática de ir descontinuando aos poucos vários serviços do Android em si (cujos trechos de código viram desde relíquias de funcionalidade da época do Android 2 até algo mais próximo a abandonware), substituindo-os por apps proprietários oferecidos via Google Play.

O artigo lista e detalha exemplos desses apps proprietários que substituíram e imediatamente descontinuaram a manutenção de itens como o Android Search, Music, Calendar, Camera e até o teclado, além do já mencionado Google Play Services, que inclui cada vez mais funcionalidades básicas que fazem com que apps desenvolvidos para uso no Android recorrendo a elas passem a ser imediatamente incompatíveis1 com forks do Android que não incluam os Services.
O Android (não o distribuído nos aparelhos, mas o disponível para download no Google) continua tendo um código aberto, mas no que diz respeito à distribuição em produtos o artigo o chama de aberto no estilo “olhe mas não encoste”. E explica, em sua conclusão que reproduzo em versão minha:
Você pode contribuir com o Android e você pode usá-lo para seus pequenos passatempos, mas em quase qualquer área, as circunstâncias foram definidas contra qualquer um que tente usar o Android sem a bênção do Google. No segundo em que você tenta pegar o Android e fazer algo que o Google não aprova, ele derrubará o mundo em sua cabeça.
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