O Dispensacionalismo e Suas Variações Em Poucas Palavras - Uma Brevíssima Introdução. Pastor Jorge Luiz

[Hélio de Menezes Silva]

O Dispensacionalismo e Suas Variações Em Poucas Palavras - Uma Brevíssima Introdução

Por Pastor Jorge Luiz

O estudo das profecias bíblicas tem gerado diversas correntes interpretativas ao longo da história. Entre essas correntes, o dispensacionalismo tem se destacado por sua ênfase em um plano divino ao longo das eras.

Encontrei as seguintes palavras que julgo definirem bem o que vem a ser “Dispensação” no site solascriptura-tt.org:

“Enquanto os princípios de Deus têm a ver com o Seu caráter, com a Sua natureza, as dispensações de Deus dizem respeito às Suas formas de tratar com os que a Ele estão sujeitos, especialmente com o homem. A definição teológica é: "Uma dispensação é uma maneira [um sistema] particular de Deus administrar Seu reinar sobre o mundo, à medida que Ele progressivamente executa Seu propósito para a história do mundo." (Ankenberg). Dispensação é comumente (mas indevidamente) confundida com o período de tempo que lhe corresponde.”

Vejo Deus interagindo com o homem, atribuindo-lhe responsabiliddes, vejo a falha do homem quanto às suas responsabilidade e, consequentemente, o juízo de Deus em cada dispensação.

No entanto, dentro do próprio dispensacionalismo, surgiram variações significativas, entre elas, o Dispensacionalismo Clássico e o Dispensacionalismo Progressivo. Neste pequeno estudo, vamos explorar como o Dispensacionalismo Clássico e o Dispensacionalismo Progressivo, são diferentes em suas principais crenças, para tanto iremos incluir umaa interpretação, Reformada/Aliancista pois ela tem um papel fundamental para o surgimento do Dispensacionalismo Progressivo.

1. O Plano de Deus para a Humanidade. Para o Dispensacionalismo Clássico (ou "Normal"), Deus tem dois planos diferentes, um para Israel (um povo terreno) e outro para os salvos da Dispensação da Igreja (um povo celestial). Essa visão ensina que a história da salvação é como a construção de um caminho que foi interrompido (pausa) com a vinda de Jesus, que foi rejeitado por Israel. A Dispensação da Igreja é uma interrupção temporária no plano de Deus para com Israel. Quando Jesus vier buscar os salvos da dispensação atual (Dispensação da Igreja), Deus retomará o plano com Israel (Dn 9.24-27). Para os Reformados/Aliancistas, não há dispensações e a “igreja (creio em igrejas locais, apenas)” toma o lugar de Israel, sendo “O Israel de Deus” e possuidor das bênçãos prometidas à Israel literal. Para o Dispensacionalismo Progressivo, Deus tem um único plano para Israel, que foi sendo revelado aos poucos desde Gênesis até Apocalipse. A Dispensação da Igreja não é uma pausa no plano de Deus para com Israel, mas uma continuação e expansão desse plano, agora incluindo os gentios (não judeus) que creram em Cristo.

Para que você possa ter uma ideia melhor do que estou tentando mostrar, apenas nesse primeiro ponto, vou tentar mostrar como o Dispensacionalismo Clássico interpreta a passagem de Romanos 11.25-26, em distinção aos Reformados/Aliancistas, que fazem a sua interpretação dessa mesma passagem e em distinção, também ao Dispensacionalismo Progressivo, que tenta harmonizar as duas interpretações criando uma terceira.

“25. Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não sejais sábios em vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado. 26. E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades.”

• O Dispensacionalismo Clássico, enxerga dois povos distintos: a “igreja”

• (povo celestial) e Israel (povo terreno). A expressão "todo o Israel será salvo" refere-se a Israel étnico e nacional, no futuro, após a "plenitude dos gentios" (ou seja, o arrebatamento dos salvos da Dispensação da Igreja), início do tempo em que Deus retomará seu plano com Israel na Grande Tribulação e no Milênio, quando Israel, como nação, crerá em Jesus. Israel ainda tem um papel profético específico. A Dispensação da Igreja é uma "pausa" no plano original de Deus.

• A Teologia Reformada/Aliancista vê um único povo de Deus ao longo da história: os crentes em Cristo. "Todo o Israel será salvo" é interpretado como uma referência ao Israel espiritual, ou seja, todos os eleitos de Deus, judeus e gentios, unidos em Cristo. A "plenitude dos gentios" e a salvação de Israel são vistas como parte de um único movimento redentor, sem separações de planos. A Dispensação da Igreja não é um parêntese, mas a continuidade de Israel espiritual. A “igreja” herda as promessas feitas a Israel, em Cristo.

• Dispensacionalismo Progressivo reconhece que Deus tem um único plano redentor que se desenvolve progressivamente na história. "Todo o Israel será salvo" refere-se sim ao Israel étnico, mas dentro de um contexto mais amplo, em que judeus e gentios crentes são parte do mesmo povo de Deus. A “igreja” não substitui Israel, mas é um enxerto no plano de Deus com Israel, como descrito em Romanos 11 (oliveira natural e ramos enxertados). A salvação de Israel será futura, mas ela não está separada dos salvos da Dispensação da Igreja – há continuidade e expansão, não pausa nem substituição.

Daqui para frente vamos ver as diferenças em outros pontos.

2. O Novo Pacto de Jeremias 31. Para o Clássico, esse Novo Pacto é só para Israel e vai começar de verdade na Segunda Vinda de Jesus para reinar na Terra (no chamado Reino Milenar ou Reino Messiânico). A “igreja” não participa desse pacto agora. Ainda estamos em uma dispensação separada. Para os Reformados/Aliancistas, esse Novo Pacto se deu na morte de Cristo de uma vez por todas, sem a necessidade de esperança de ser concluído no futuro. Para o Progressivo, esse Novo Pacto começou a ser cumprido com a morte e ressurreição de Jesus e, assim, Judeus e gentios que creem em Cristo já participam desse pacto e no futuro, haverá um cumprimento ainda maior, mas não há dois pactos diferentes.

3. A “Igreja”. Para o Clássico, a Dispensação da Igreja, como mencionado, é algo não previsto no Antigo Testamento e é uma interrupção temporária no plano de Deus com Israel. No fim dos tempos, Deus vai separar novamente os salvos da Dispensação da Igreja e os salvos de Israel. Para os Reformados/Aliancistas, não existe Dispensação, tudo é uma única estrada, sem desdobramentos ou avanços, assim sendo, o Israel do V.T. se torna a “igreja” do N.T. chamada de “Israel Espiritual”. Para o Progressivo, os salvos da Dispensação da Igreja faziam parte de um único plano divino para redimir Sua criação, sem distinção entre os Salvos da Dispensação da Igreja e os de Israel, mas isso foi sendo revelado aos poucos, através das dispensações. Ou seja, do mesmo plano, não uma pausa, mas fazendo de todos os salvos em Cristo, judeus ou gentios, parte do mesmo povo de Deus, chamado de “O Israel de Deus”.

4. Ressurreição dos Santos do AT. Para o Clássico, os santos do Antigo Testamento não ressuscitam no arrebatamento prétribulacional da “igreja”, mas no final da Grande Tribulação (Daniel 12). Para os Reformados/Aliancistas, como “a igreja” inclui os judeus crentes do AT, eles acreditam que ressuscitarão no final da Tribulação. Para o Progressivo, como “a igreja” inclui os judeus crentes do AT, eles acreditam que todos ressuscitam no arrebatamento, diferentemente do Clássico, póstribulacional.

5. O Reino Divino Davídico. O Clássico, vê o trono/reino davídico como algo ainda não inaugurado, aguardando a vinda futura de Jesus para reinar fisicamente em Jerusalém sobre Israel. Portanto, é visto como um reinado específico, terreno e futuro. Os Reformados/Aliancistas, creem que esse reino já está inaugurado com a ascensão de Cristo e está em andamento desde o Pentecostes, em toda sua plenitude. O Progressivo, acredita que Jesus começou o Seu reino divino davídico na Sua ressurreição. Eles veem Jesus reinando do céu, agora no trono davídico, mas que se completará no futuro.

6. A Eternidade. Para o Clássico, haverá duas categorias de salvos os da Dispensação da Igreja e os de outras dispensações. Eles terão funções e destinos diferentes. Os Reformados/Aliancistas creem que na eternidade haverá um só povo redimido (Israel espiritual), vivendo na Nova Terra com Deus, sem distinção entre judeus e gentios. Para o Progressivo todos os salvos em Cristo formarão um só povo salvo em Cristo, com diferentes funções históricas, mas unidos para viverem juntos na eternidade.

Para concluir, percebe-se que ao diagnosticar que o Dispensacionalismo Clássico crê dentre outros pontos, num Milênio literal e futuro onde Cristo reinará sobre Israel restaurado, fazendo forte distinção entre Israel e a “igreja”, na década de 1980-90, alguns teólogos perceberam que essa interpretação tinha dificuldades para dialogar com a Teologia Reformada, que crê por uma lente hermenêutica menos literal, que algumas promessas feitas a Israel também são aplicadas a “igreja”, enxergando, assim, mais continuidade entre Israel e a “igreja”, onde a “igreja” é parte do cumprimento das promessas do Antigo Testamento e não um intervalo. Eis que nasce, aqui, o Dispensacionalismo Progressivo.

Interpretar a Bíblia literalmente (interpretar de modo normal/natural), te guiará por um caminho mais seguro, fortalecerá sua esperança, te tranquilizará quanto ao privilégio de ficar de fora do período da tribulação pela esperança no arrebatamento, te ajudará olhar para Israel por uma perspectiva correta, sabendo o seu lugar nas profecias, ajuda a entender como Deus age de maneira distinta em diferentes períodos da história da salvação, explica por que certas instruções bíblicas valem para hoje e outras não (por exemplo, sacrifícios no templo), dentre outras coisas.

Bom, vou ficando por aqui e espero ter contribuido de alguma forma. Que Deus nos abençoe na medida de nossos esforços!

Oro que vás crescendo em conhecer- entender- seguir a Bíblia, em crer e servir a Jesus como teu Salvador- Senhor- Deus, e, em consequência disso, em gozar das graça e paz dEle.

 (assinatura-rodapé) ****************

Hélio de Menezes Silva

"Estas coisas escrevi a vós outros (os que [estais] crendo para dentro do nome de o Filho de Deus) a fim de que TENHAIS SABIDO que [a] vida ETERNA vós TENDES, e a fim de que creiais para- dentro- do nome de o Filho de Deus." 1Jo 5:13 (LTT)

 

1) "Bíblia DE ESTUDO LTT (Literal, do Texto Tradicional)":   Recomendo-a fortemente por:

  .. Ser traduzida com MÁXIMA literalidade e precisão, e somente da absolutamente perfeita palavra original de Deus, que foi e é perfeitamente preservada exclusivamente nos Textos Massorético + Receptus;

  .. Ter >2000 extensas notas de rodapé, e >10.000 notinhas de 3 a 7 palavras ao final de versículos. Tudo isso de linha ao máximo literalista, bíblica e precisa, sem concessões para se adaptarem a denominações criadas por homens.

A LTT já é módulo do Bible-software www.TheWord.net (Windows). Baixe e instale.

Em 2021, a http://www.bvbooks.com.br/ deverá disponibilizar a LTT (de Estudo) em papel, e-book e app (provavelmente a retirará dos gratuitos atuais app MyBible, MySword e iBS)

 

2) Divulgue e estude regularmente:

- Site http://SolaScriptura-TT.org (>3.000 artigos e livros doutrinários de linha literalista)

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