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WOJCIECHOWSKI, Julio Cezar. A
representação do mundo pelas funções matemáticas. Janela Econômica.
Curitiba, ano: 8, nº 5, mar. 2013.
A Representação do Mundo pelas Funções Matemáticas
“Tudo”
pode ser medido? “Tudo” pode ser uma Função Matemática? Julio Cezar Wojciechowski
“Tudo é
número”, dizia Pitágoras (o do Teorema,
que aprendemos no Ensino
Fundamental). Dizia isso no sentido de tentar afirmar que “todas as coisas”
podem ser expressas mediante um número, ou seja, podem ser medidas. Uma afirmativa
ousada, pois parece restringir tudo à racionalidade. Ao contrário, Pitágoras,
filósofo e matemático grego, que viveu no século VI a.C, era racionalista e,
especialmente, espiritualista. Originou uma escola com seguidores que se
desenvolveram não só na Matemática, mas em todas as áreas do conhecimento
humano e, particularmente na filosofia, gerando os chamados “Pitagóricos”. Igualmente
poderosa é a expressão matemática que se refere ao estudo das funções.
Etimologicamente, “função” pode ser a atribuição de alguém em um determinado
cargo em um emprego, ou o papel exercido por alguém em certa atividade ou para
que serve algo, sua função; e muitos outros significados similares. O conceito
matemático de “Função” é outro. Por definição, sem rigor matemático, podemos
dizer que Função é uma relação de dependência entre grandezas (quantidades). Sempre
que tivermos uma grandeza que pode ser calculada em função (dependendo) de
outras quantidades (variáveis), estaremos diante de uma Função Matemática. Em todas as
áreas de conhecimento humano, portanto, temos Funções Matemáticas. Em Economia,
especialmente, estamos impregnados de situações aplicativas que representam
funções. É o caso, por exemplo, dos cálculos dos impostos cobrados; as taxas em
serviços prestados; os custos de produção e operacionais; as receitas das
empresas e os respectivos lucros. São Funções Matemáticas, pois todas essas
grandezas são calculadas e podem ser medidas, porque dependem de uma ou mais
quantidades variáveis. Assim, todos
os impostos são calculados em relação a determinado elemento: o Imposto de
Renda da pessoa física, por exemplo, é
determinado em função dos salários dos contribuintes; o IPVA é calculado em
função do valor dos veículos; o IPTU, em função do valor dos imóveis, etc.. Do
mesmo modo, os custos de uma empresa podem ser fixos e variados, e dependem,
por exemplo, dos custos de produção, dos custos operacionais, da folha de
pagamento, das despesas, etc.. Isto é, os custos também são funções matemáticas.
O mesmo acontece com a receita, que pode depender do total de vendas, ou dos
investimentos em publicidade, ou de muitas outras variáveis. E,
consequentemente, o lucro, que pode depender de ambos (da receita e do custo) é
uma função. Observa-se que
em todos os eventos acima, além de se apresentarem como funções matemáticas,
percebemos que cada um deles, pode ser expresso através de uma fórmula de
cálculo, ou seja, “pode ser um número- pode ser medido”. Assim, certamente, não
somente na área econômica, mas em todas as áreas do conhecimento, teremos
exemplos significativos de funções, pois, sempre que tivermos uma quantidade
(grandeza) que for calculada dependendo de algum valor variável, teremos uma
Função Matemática. É o caso, por
exemplo, de um vendedor comissionado que pode ter seu salário calculado em
função do total de vendas que realiza no mês. Se, por exemplo, ficar
determinado que seu salário mensal total será de R$ 1.000,00, e mais 5% sobre o
total de vendas que realizar, teremos uma função matemática, cuja fórmula de
cálculo é expressa por: S = 1000 + (0,05).v ; sendo S = salário mensal e v = total de vendas por mês (ambos em reais). Portanto, tão
ousada quanto a afirmativa de Pitágoras – “Tudo é número”, ou “quase tudo”, é
possível também ousar dizer que: “Tudo é função”, “ou quase tudo”. Certamente,
temos muitas coisas que não são números, não podem ser medidas: os sentimentos, por exemplo, (talvez sim),
mas a maioria das coisas, sim, é função. Assim como, temos muitas coisas que
não são funções, mas a maioria é. Nesse contexto, podemos refletir que há necessidade de elevar nossos pensamentos para todos os eventos que exigem essa relação quantitativa (função matemática) e que, ao levantarmos pela manhã, já estamos diante de muitas situações funcionais e que essa ação mental deve ser estendida em todas as atividades produtivas que temos (ou teremos). Fizemos acima uma relação de exemplos aplicativos, de funções matemáticas e suas possíveis fórmulas de cálculos. Fica um exercício proposto (coisa de professor: deixar tarefa para casa): Se gerarmos uma lista de exemplos de situações que não são funções sistemáticas. Será que teríamos mais exemplos de funções ou mais exemplos de (não-funções) matemáticas? A JANELA ECONÔMICA
é um espaço de divulgação das idéias e produção científica dos professores,
alunos e ex-alunos do Curso de Economia das Faculdades Integradas Santa Cruz de
Curitiba. |
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