Janela Econômica - A Importância da Educação Infantil no Desempenho dos Alunos

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Prof. Hugo E. Meza Pinto

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Apr 17, 2013, 3:39:59 PM4/17/13
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A Importância da Educação Infantil no Desempenho dos Alunos

 

Walcir Soares da Silva Junior


       

Recentemente, defendi minha dissertação de mestrado em Economia na UFPR. Desde que decidi que seria um economista, propus-me que tentaria, da melhor maneira possível, construir uma carreira na academia que realmente fizesse alguma diferença, ou contribuísse de alguma forma com a melhora na vida das pessoas. Assim, durante o período de meu mestrado, decidi ser bolsista de pesquisa, e entrar para os estudos da área da Educação. Nesses dois anos pesquisando a fundo a literatura sobre essa área do conhecimento, percebi que a Educação Infantil tem sido um dos principais focos de estudo na fronteira de pesquisa sobre Economia da Educação. No entanto, faltam estudos nessa área para o Brasil, o que já se sabe é que além de influenciar nas políticas públicas, os resultados positivos na Educação Infantil podem ajudar a mudar a consciência da sociedade, como a de que colocar a criança desde cedo na escola é algo ruim. Pelo contrário, a Educação Infantil se mostra um dos principais determinantes no desempenho dos alunos mais tarde, no Ensino Fundamental, e também na escolha em continuar os estudos, tanto no Ensino Médio, quanto no Superior.

O ensino na primeira infância no Brasil, compreendido em duas fases, a creche (de 0 a 3 anos), e a pré-escola (de 4 a 5 anos), tem recebido investimentos muito aquém do que seria esperado, dada a proporção de evidências nesse campo, que mostram os altos retornos intelectuais que essa fase produz. Dados do IBGE mostram que pouco mais de 23% das crianças de 0 a 3 anos frequentavam a creche em 2010, e 80% das crianças de 4 e 5 anos frequentavam a pré-escola. Já a cobertura para o ensino básico no Brasil era de 97% das crianças, entre 6 e 14 anos, em 2010. Mesmo que crescentes, os investimentos em Educação Infantil ainda são muito baixos. Investimentos na primeira infância podem ser o canal pelo qual a qualidade da educação, medida, tradicionalmente, pelo desempenho em testes padronizados, aumentaria.

Em todos os ciclos do ensino, habilidades geram mais habilidades. No entanto, determinadas habilidades possuem um período sensível, em que seu desenvolvimento é muito mais eficiente. Se a duração desse período é limitada, passa a ser chamado de período crítico, a partir do qual a maleabilidade de aprendizado é muito pequena. Assim, evidências mostram que a primeira infância é um período crítico para várias habilidades importantes, como por exemplo, o desenvolvimento do Q.I. (Cunha et. al., 2006)

Assim, na dissertação, utilizei um estimador chamado Propensity Score Matching (PSM), que tem por objetivo, utilizando os dados da base do Prova Brasil 2011, com mais de 2 milhões de alunos, criar grupos comparáveis, ou seja, grupos com características de renda, escolaridade dos pais, e condição socioeconômica iguais. Porém, houve a divisão em grupos de alunos que fizeram o ensino infantil, e outro que não teve acesso a essa forma de educação. Dessa forma, calculando a média do desempenho de cada grupo no quinto e no nono anos, pode-se perceber se há ou não um aumento na nota de Língua Portuguesa e Matemática para aqueles alunos que frequentaram o ensino infantil.

Os resultados estimados mostram que o impacto de ter frequentado o ensino infantil, na nota do aluno do 5º ano, encontrou um efeito de 8,2 pontos na nota de Língua Portuguesa, e um efeito de 8,6 na nota de Matemática. Para a Pré-escola os efeitos são ainda maiores, 15,4 e 16,5 pontos para a estimativa, respectivamente, para Língua Portuguesa e Matemática. O impacto para dados do 9º ano também resultaram positivos e altamente significativos para a Pré-escola: 14,4 e 13,4 pontos para a Língua Portuguesa e Matemática, respectivamente, e para o ensino infantil como um todo, o impacto foi de 9 e 8,2 pontos, respectivamente, para as mesmas disciplinas. Um efeito médio de 10,4 pontos na nota na escala do SAEB, significa que um indivíduo na mediana, ultrapassaria 9% dos alunos na distribuição das notas apenas por ter frequentado o ensino infantil.

Por último, uma análise de rendimento econômico mostrou que, mesmo sendo uma projeção subestimada, já que os benefícios sociais da educação são muito altos, cada real investido em Educação resulta em R$1,32 (preços referentes ao ano de 2010). Em se tratando de investimentos em Educação, medir o seu retorno pode ser problemático, já que além dos retornos privados e econômicos, inúmeras externalidades compensadoras podem ser geradas em investimentos em Educação. No entanto, existem diversas evidências das altas vantagens que a Educação Infantil pode proporcionar à sociedade, e as políticas públicas necessitam de uma reorientação em direção à maior eficiência de seus investimentos em educação.

 

JANELA ECONÔMICA é um espaço de divulgação das idéias e produção científica dos professores, alunos e ex-alunos do Curso de Economia das Faculdades Integradas Santa Cruz de Curitiba.

            - Cada artigo é de responsabilidade dos autores e as ideias nele inseridos, não necessariamente, refletem o pensamento do curso.

           - O objetivo deste espaço é mostrar a importância da formação do economista na sociedade.



 




















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