Olás!
Primeiro, queria indicar com veemência a leitura do último petardo de Felipe Fonseca, Repair Culture, texto em que ele desbanca de forma implacável a cooptação da cultura maker e aponta para alguns caminhos alternativos.
Segundo, queria levantar nessa lista (meio parada ultimamente) quem está envolvido com um tipo de cultura maker que, ao invés de celebrar um futuro cor-de-rosa, considera a possibilidade de a humanidade estar se afundando em sua sanha tecno-lógica. Essa tecno-utopia mascara um otimismo contra-producente, um otimismo que oculta a negação em seus três sabores: literal, interpretativa e implicativa. Mas, por outro lado, não devemos descartar a esperança, não aquela do Obama ou das igrejas, mas uma esperança fruto do aprendizado. Tenho certeza de que a humanidade está fadada à um destino trágico, mas isso não impede que ela aprenda com seus erros. (Sobre isso, vale ler o maravilhoso conto The Machine Stops, de E. M. Forster, publicado no mesmo período que os contos de H.G. Wells que tanto saúdam (de forma não saudável) o progresso...)
Invisto em um tipo de crítica que procura Ilustrar o quanto as tralhas "tecnológicas" atuais não passam de próteses inúteis. Os deslumbrados pela realidade virtual, por exemplo, são como aqueles deslumbrados pelas próteses de membros, que optam por amputar a perna apenas para terem uma prótese high-tech.
A esperança da qual falo é uma opção em vista das enormes possibilidades a que estamos submetidos hoje. O futuro é trágico, milhares (talvez bilhares) morrerão no processo. Até a elite não está blindada (não acredito em coisas como redutos do tipo Elysium, simplesmente pelo fato de que estamos em um mundo sistêmico). Apesar da morte de bilhões, alguns sobreviverão e esses alguns é que terão a chance de perpetrar novas opções que levem em consideração uma ética de continuidade e uma responsabilidade ambiental.
Estou levantando um "corpus" de pesquisa que acople estética e ética. A base é colocar em foco a noção de resiliência, seja ela material e espiritual. Em termos materiais, não estou focando a resiliência no que se refere a alimentos, transportes e saúde, mas a resiliência dos sistemas de informação e comunicação.
Grosso modo, procuro pessoas que estão pesquisando e trabalhando com três tipos de resiliência:
1. Resiliência de infraestruturas de comunicação (processos, micro-grids, etc.)
2. Resiliência computacional (computação não convencional, etc.)
3. Resiliência energética (biológica, física, etc.)
Tecnoxamanismo, gambiarras e cultura maker não-vendida... Já andei sondando companheiros como Bruno Vianna e Glerm, mas sei que há outros.
A meta é criar uma nova narrativa que ajude as pessoas a encarar os catastróficos eventos do porvir.
Abraços,
Guilherme Kujawski