Por uma cultura de irrigação
José Hermeto Hoffmann
O lema em Israel é: “produzir mais com menos”. As
terras escassas e desérticas daquele país do Oriente Médio foram
propulsoras de soluções tecnológicas que o tornaram pioneiro em
reciclagem de águas, irrigação e biotecnologia agrícola. Aqui no Rio
Grande do Sul, historicamente acostumados às benesses do clima e do solo
abundante, fomos plantando e colhendo ao sabor do tempo e do vento. Nas
últimas décadas, mesmo que mantendo um regime hidrológico estável,
deparamo-nos inevitavelmente com episódios de estiagens que resultam em
irreparáveis danos diretos ao agricultor e indiretos à economia e às
finanças do Estado.
A reversão deste quadro nos remete à
necessidade de criar em solo gaúcho uma “cultura de irrigação”. Na
essência, não podemos mais louvar e pregar a irrigação apenas durante a
secura das estiagens. Precisamos impregnar e perenizar a compreensão de
que a irrigação é um insumo para a produção segura e para a
rentabilidade estável. A criação dessa cultura passa por convencimento
técnico e econômico dos produtores e de suas organizações e pelo
aprimoramento e capacitação dos profissionais diretamente envolvidos com
a produção agrícola.
A missão do governo do Estado a Israel,
realizada no primeiro trimestre de 2013, abriu possibilidades para
avançarmos nesta direção. Lá, ampliamos as relações já existentes e
abrimos possibilidade concreta para a formatação de cursos de
especialização na área de irrigação, assim como solidificamos a ideia de
formar uma escola de irrigação no RS. Essas iniciativas somam-se a
outros esforços, como o Programa Mais Água Mais Renda, esforço concreto
do governo estadual para tornar a irrigação mais acessível e barata.
Ademais, poderemos ainda gerar mais dinamismo econômico com o
fortalecimento de indústrias locais fabricantes de equipamentos de
irrigação, ou quiçá atrair algum líder mundial, especialmente em
irrigação por gotejamento, tratativa, aliás, já iniciada na missão para o
Oriente Médio.
Diretor do BRDE e coordenador do setor agroindustrial/RSFonte: http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=129774