Tecnologias de irrigação aplicadas nos canaviais

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FÓRUM AGRICULTURA IRRIGADA

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Aug 14, 2013, 4:34:38 PM8/14/13
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Tecnologias de irrigação aplicadas nos canaviais
14/08/2013
Soja, milho, algodão, sorgo, cana-de- açúcar, enfim, em qualquer cultura o uso da técnica de irrigação promove aumento de produtividade e melhoria da qualidade dos atributos tecnológicos do cultivo. Entretanto, o sucesso da implantação de um sistema de irrigação em canaviais depende de particularidades da cultura e de fatores como boas práticas agrícolas, preparo apropriado do solo, escolha da variedade de cana que mais se adapta ao ambiente, data de plantio, qualidade dos componentes do sistema e tecnologia aplicada.

Hoje, no Brasil, existem áreas que demandam mais atenção do produtor rural para que o resultado seja favorável na cultura de cana-de-açúcar. Apesar da concentração maior no Centro-Sul, os canaviais estão espalhados por diversas regiões do País. Segundo o diretor Comercial da Pivot Equipamentos Agrícolas e Irrigação, Leonardo Ubiali Jacinto, a necessidade de irrigação é presente em todas as regiões, pois as chuvas não são uniformes, resultando na alteração de produtividade de ano para ano. Ele destaca que Estados tradicionais na cultura, como São Paulo, tiveram queda de 20% na produtividade nos últimos dois anos por causa das chuvas irregulares e falta de irrigação adequada. “Existem regiões em que é quase inviável a produção de cana-de-açúcar sem irrigação, como Nordeste e em parte do Centro-Oeste, onde temos chuvas em apenas seis meses do ano, causando um estresse hídrico grande, além de redução nos estandes dos canaviais colhidos de maio até outubro, quando a umidade do solo é quase inexistente, e a rebrota fica extremamente comprometida”, ressalta.

Para o analista de Infraestrutura e Recursos Hídricos da Secretaria Nacional de Irrigação do Ministério da Integração Nacional, Cristiano Egnaldo Zinato, em locais onde a precipitação média é superior às necessidades hídricas da cultura e o nível tecnológico do canavial é elevado, a irregularidade da distribuição das chuvas dificulta o atingimento da produtividade potencial dos canaviais. Na maioria das áreas irrigáveis, normalmente é ministrada apenas uma lâmina de 50 a 100 milímetros, para garantir a germinação da cana-planta ou a brotação da soqueira. Com a irrigação com lâminas, de acordo com a demanda da cultura, o rendimento agroindustrial pode ser mais elevado, tornando a atividade mais rentável. Essa situação pode ser considerada como área de maior potencial de expansão da irrigação na cana.

Em termos de irrigação, o mais comum nas usinas é a utilização da vinhaça e de outras águas residuárias provenientes do processamento da cana-de-açúcar para fazer a fertirrigação, técnica com a qual parte das necessidades hídricas e nutricionais da cultura é satisfeita, além de servir como medida de mitigação dos impactos ambientais da atividade. “Se não fosse esta destinação, as águas residuárias seriam potenciais poluentes. A aplicação normalmente é feita para garantir ou acelerar a brotação das soqueiras. A produção de mudas de cana é garantida com a irrigação, o que permite uma melhor distribuição do plantio ao longo do ano, resultando num período de colheita e otimização das instalações industriais”, informa. Em regiões de clima semi-árido, como no norte de Minas Gerais e no Nordeste, a viabilidade técnica e econômica do cultivo de cana-de-açúcar (e de outras culturas perenes) só se dá com o uso de irrigação.


Vantagens

Segundo o analista Cristiano Egnaldo Zinato, a irrigação em canaviais oferece vantagens e benefícios em diferentes aspectos, inclusive socioeconômico, com a geração de empregos e capitalização para o produtor rural. No aspecto da produção e da tecnologia, a irrigação dos canaviais possibilita a garantia da produção nas secas e estiagens, o aumento da produtividade e a melhoria da qualidade da matéria-prima. “Com irrigação, a produção de mudas é assegurada, viabilizando o plantio em qualquer época e acelerando o processo de diversificação varietal, além de disponibilizar a oferta de matéria- prima para safras mais longas”, ressalta. Além disso, destaca o analista, contribui com a segurança energética, permite a inclusão produtiva de áreas semiáridas ou com precipitação pluviométrica irregular e alavanca o desenvolvimento tecnológico. 

Já no aspecto socioeconômico, a irrigação dos canaviais promove a geração de empregos estáveis e a baixo custo, proporciona maior atratividade para o agronegócio e capitalização do produtor rural, permitindo o aproveitamento dos vazios de produção de açúcar e álcool e garantindo a oferta desses produtos com melhores preços ao produtor. Ainda sob esse aspecto, Cristiano destaca o desenvolvimento regional, o fortalecimento da economia, a maior arrecadação de impostos, a redução da pressão inflacionária dos combustíveis pelo aumento da oferta e contribuição com o PIB (Produto Interno Bruto) e com o superávit da balança comercial.

Outro aspecto citado pelo analista é o ambiental, já que a irrigação da cana permite uma produção mais sustentável e de baixo impacto ambiental. “Com o uso das águas residuárias industriais e da vinhaça na fertirrigação, a cana, por meio da extração dos nutrientes presentes na água ao longo do seu ciclo de desenvolvimento, retém parte desta água para sua constituição e devolve o resto à atmosfera no processo da evapotranspiração. Desta forma, as águas servidas retornam ao ciclo hidrológico com melhor qualidade”, enfatiza Cristiano. Ele acrescenta que, com o auxílio de boas práticas agrícolas, a irrigação da cana promove uma melhor conservação do solo e da água, devido ao uso mais sustentável desses recursos ambientais, contribuindo para a recuperação de áreas anteriormente degradadas e pouco produtivas. “A irrigação é muito importante por reduzir a pressão por abertura de novas áreas para cultivo, inclusive reduz o desmatamento, por meio da verticalização da produção. A cana irrigada promove contínuo e intenso sequestro de carbono, resultando num saldo positivo de fixação de matéria orgânica a cada ciclo de corte sem a queima da palhada que fica no campo, contribuindo, consequentemente, para redução do aquecimento global e para o enriquecimento da microfauna do solo e reciclagem de nutrientes”, finaliza.


Equipamentos e técnicas

Apesar de não ser novidade, o sistema de irrigação por gotejamento é a técnica recente que tem sido aplicada nos canaviais, segundo o sub-coordenador do Programa de Pós-Graduação em Agronomia (PPGA) da Universidade Federal de Goiás (UFG), Adão Wagner Pêgo Evangelista. O professor explica que, além de aumentar a produtividade, eleva a longevidade do canavial. “Esse sistema garante o fornecimento de água e nutrientes em todo o ciclo da cultura e possibilita aplicação de material orgânico líquidos, como vinhaça e ácidos húmicos, e ainda aplicação de defensivos. Alguns fabricantes têm produzidos gotejadores universais que podem ser integrados num amplo intervalo de configurações de diâmetros de tubo e espessuras e ainda com dispositivos especiais para evitar obstruções, pois se trata de um sistema enterrado”, reforça.

Já o analista Cristiano Egnaldo Zinato acena que o setor precisa de investimentos para melhorar o retorno em produtividade nos canaviais. De acordo com ele, em termos de pesquisa agronômica, o mercado necessita do desenvolvimento de variedades que respondam melhor à irrigação. Na parte de desenvolvimento de equipamentos, são desejáveis a redução na demanda energética, a melhoria da distribuição da água, a redução de custo e a facilidade de operação e manutenção. “Com a crescente demanda, é necessário que os órgãos públicos que cuidam do licenciamento ambiental e da outorga se preparem para analisar e atender as novas solicitações no menor intervalo de tempo. Também é importante que mais profissionais habilitados e capacitados estejam disponíveis para atender a demanda na elaboração de projetos com qualidade, na assistência técnica em manejo de irrigação e das culturas sob irrigação de forma adequada e na regularização socioambiental das propriedades”, completa.

No segmento de irrigação há mais de 20 anos, a Pivot Equipamentos Agrícolas e Irrigação tem atuado no setor sucroenergético há oito anos. A empresa tem buscado conhecer as demandas do mercado e atender as necessidades dos produtores rurais. Para canaviais, a Pivot oferece carretel enrolador, equipamento mais usado para irrigação de salvamento. Possui alta necessidade de mão de obra, alto consumo de energia ou óleo diesel , custos por milímetro aplicado superiores a R$8,00, e pode aplicar água, água e vinhaça, ou vinhaça.

Outro equipamento da empresa é o pivot central rebocável, com círculos de 5 a 70 hectares. Segundo o diretor comercial Leonardo Ubiali Jacinto, é útil para irrigação de salvamento - em áreas que permitem fazer várias mudanças do equipamento durante o período seco -, e usado também para irrigação complementar. Entre as vantagens estão a pouca necessidade de mão de obra e baixo consumo de energia por milímetro aplicado. Nessa área de pivot, a empresa oferece no mercado o central fixo, ideal para irrigação complementar, – com déficit de 50%, e irrigação complementar sem déficit – por causa da baixa necessidade de mão de obra e consumo de energia. 

A Pivot Equipamentos Agrícolas e Irrigação também trabalha com sistema de irrigação tipo linear de mangueira, usado para salvamento e para irrigação complementar, de baixo consumo de energia e de utilização média de mão de obra em função da frequência de mudança das mangueiras e ideal para áreas planas e cumpridas. Já no sistema tipo gotejamento subterrâneo, utilizado apenas para irrigação complementar, com lâminas sem déficit hídrico, é ideal para áreas em que se deseja fazer irrigação complementar, onde não é possível colocar o pivot central ou linear em função da geometria do terreno e para as áreas entre pivots.


Projeto X Custo

Viabilidade técnica, ambiental, socioeconômica e financeira são fatores fundamentais que devem integrar o projeto de irrigação. Por outro lado, o custo é variável e depende, por exemplo, do ponto de captação de água desde a fonte até a área a ser irrigada, da quantidade de água necessária para suprir a necessidade de evapotranspiração do cultivo, e de outros itens como topografia da área e atributos do solo. 
Considerando o equipamento de irrigação propriamente dito, o valor pode oscilar entre R$800,00/ha a R$10.000,00/ha. Entre os fatores que interferem no custodestacam-se o sistema escolhido (sulco, localizada ou aspersão), tipo de equipamento (gotejamento, pivô central, montagem direta, autopropelido), frequência e a intensidade de aplicação, percentual do déficit hídrico da cultura a ser suprida por irrigação (que interfere no rendimento agrícola desejado), fonte de energia, nível de automação (fixo, móvel, com linha de espera, com atuadores automáticos, etc.), inclusão de equipamentos de fertirrigação, desnível, tamanho e forma da área, espaçamento das linhas de cultivo, entre outros. 

A implantação de infraestruturas necessárias ao funcionamento do projeto, que pode incluir barragens, canais e adutoras, linhas de energia, vias de acesso, etc., também deve ser considerada no custo. O Ministério da Integração Nacional, por meio da Secretaria Nacional de Irrigação – SENIR/MI, está recebendo projetos de irrigação de pessoas jurídicas interessadas no enquadramento do projeto ao Regime Especial de Desenvolvimento da Infraestrutura – Reidi. Este benefício possibilita uma redução de até 9,25% no preço de aquisição de equipamentos, materiais de construção e serviços necessários à implantação de projetos privados. Mais informações podem ser obtidas no endereço eletrônico http://www.integracao.gov.br/reidi-apresentacao.      


Sem desperdício no canavial

A maneira de irrigar sem desperdícios se resume na realização de um manejo adequado das irrigações, ou seja, na aplicação da quantidade de água necessária à planta, no momento correto. De acordo com o sub-coordenador do Programa de Pós-Graduação em Agronomia (PPGA) da Universidade Federal de Goiás (UFG), Adão Wagner Pêgo Evangelista,  na prática pode-se monitorar a umidade do solo  realizando as irrigações sempre que o teor de água no solo atinja níveis críticos para o ideal desenvolvimento da planta e de maneira que o solo alcance a umidade correspondente à capacidade de campo. Outra maneira, destaca o professor, é monitorar as irrigações com base no monitoramento do clima, aplicando água com base na evapotranspiração da cultura. “Por último, pode-se conciliar os dois métodos, ou seja, aplicar a quantidade de água que a planta necessita por meio da determinação da evapotranspiração da cultura, sempre que o teor de água no solo atinja o nível considerado crítico para a planta”, explica.

Ou seja, para evitar desperdício são fundamentais que o projeto seja bem dimensionado, que a instalação seja criteriosa, que o manejo da irrigação seja adequado e haja manutenção sistemática dos equipamentos. De forma mais ampla, o planejamento do processo produtivo é o ponto inicial. Decidindo-se pelo uso da irrigação, é fundamental que o projeto seja elaborado por profissionais habilitados (engenheiro agrícola ou agrônomo).

A legislação ambiental, que prevê necessidade de licenciamento e de outorga do direito de uso de água, pecisa ser observada. São importantes para o dimensionamento as características qualitativas e quantitativas dos recursos e condições ambientais (solo, água e clima), da planta (necessidades hídricas, duração do ciclo de produção, potencial produtivo, técnicas de cultivo e manejo, etc.) e do equipamento (capacidade de aplicação dos emissores/sistema, pressão de serviço, demanda energética, necessidade de mão de obra, nível de automação e controle, programa operação e manutenção, previsão de equipamentos para fertirrigação, entre outras). 

É fundamental que a montagem do projeto no campo seja criteriosa e que haja um bom programa de manutenção e operação do sistema, de modo que a eficiência da irrigação se aproxime de 100%, independente do sistema escolhido.  Perdas por aplicação em excesso, vazamentos, evaporação, arraste pelo vento e distribuição da água desuniforme são indesejáveis e acarretam sérios desperdícios, além de comprometer a produtividade e encarecer os custos de produção.  


Irrigação nos canaviais

n Salvamento - é a aplicação de uma lâmina que varia de 30 a 60 mm, feita após a colheita no período seco para garantir uma rebrota mínima do canavial. Ajuda a garantir uma produtividade mínima em torno de 80 ton./ha e uma vida do canavial de mais ou menos 5 cortes.
n Complementar com aplicação de apenas 50% do déficit hídrico - com este tipo de irrigação é possível chegar em produtividade, no Centro-Oeste, de 110 a 115 ton./ha, permitindo vida útil de 6 a 7 cortes.
n Complementar com aplicação de lâmina que atenda a pelo menos 95% do déficit hídrico – possibilita, no Centro- Oeste, por exemplo, obter produtividade média e superior a 140 ton./ha, com vida útil do canavial que pode passar de 8 anos.


Canal-Jornal da Bioenergia

Fonte: http://www.canalbioenergia.com.br/noticia.php?idNoticia=16298

As novidades do setor em:

http://forumirrigacao.blogspot.com.br/



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