Virou chefe? Saiba o que fazer

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Publicitária Michele Botan

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Oct 26, 2009, 7:49:42 AM10/26/09
to PublicitáriosVersusPublicidade&Propaganda
Dois dos maiores especialistas de carreira do Brasil lançam um livro
em que dão dicas para profissionais que vão liderar pessoas pela
primeira vez na vida.

No Brasil, há pouquíssimas pessoas tão gabaritadas para falar de
carreira, liderança e, principalmente, de responsabilidade e ética de
executivos quanto a dupla Luiz Carlos Cabrera e Luiz Edmundo Rosa. Um
dos headhunters mais respeitados do país, Cabrera é sócio-fundador da
Amrop-Panelli Motta Cabrera e professor da Fundação Getulio Vargas em
São Paulo.

Luiz Edmundo foi executivo de RH da Odebrecht e do Banco Nacional e,
após mais de uma década na Accor, mudou-se no ano passado para o grupo
educacional Anima, onde é vice-presidente de desenvolvimento humano e
sustentabilidade. Luiz Edmundo também é diretorgeral do Congresso
Nacional de Recursos Humanos (Conarh). A dupla se juntou para escrever
um livro de dicas dirigido ao profissional que assume pela primeira
vez o cargo de gestor e precisa aprender a lidar com pessoas: Se eu
fosse você, o que eu faria como gestor de pessoas - Editora Campus/
Elsevier

Um detalhe: mesmo com todo esse currículo, antes de escrever o livro,
resolveram reunir um grupo de novos gestores para ouvir o que eles
tinham a dizer. “Tínhamos o receio de estar um pouco distantes desse
público”, diz Cabrera. Como primeira lição, fi ca aí a humildade. As
demais você lê na entrevista a seguir.

O que esses encontros com jovens gestores revelaram para vocês?

LUIZ CABRERA: Apareceram coisas novas para nós. Nos surpreendeu o
preconceito. Por exemplo, um jovem nos disse que antes de se tornar
gestor era um sujeito que sempre chegava sorridente ao trabalho e que
ao assumir o cargo de chefe precisava fazer uma cara fechada. Outro
dizia que não podia ter as mesmas conversas que tinha com amigos de
trabalho porque havia virado gestor. Eles querem saber qual deve ser
seu novo comportamento.

LUIZ EDMUNDO ROSA: A passagem do profi ssional ao cargo de gestor é
muito descuidada por todos os lados. Pela empresa, que deveria ser a
maior responsável por isso, pela escola, que não prepara a pessoa para
assumir esse papel. As pessoas são jogadas.

Por que a chegada ao cargo de gestor é um momento tão marcante na
carreira?

CABRERA: É nesse momento que o profi ssional se diferencia pela
primeira vez. Se diferencia por ter sido escolhido, por ter
subordinados, por ser responsável por resultados. A partir desse ponto
começa uma nova carreira como gestor.

Quais são as principais dúvidas que surgem na cabeça do novo gestor?

CABRERA: Uma delas é a importância e o signifi cado de formar alianças
e parcerias com chefes, pares e equipe. Existe um ranço de que, ao
assumir um cargo de gestor, você sabe tudo. O profi ssional fi ca
morrendo de medo de não saber responder à primeira pergunta que fi
zerem a ele. E nós dizemos no livro que é ele quem deve fazer as
perguntas. O processo de quem assume a função de gestor é um processo
de perguntar, não de ter as respostas. Essa obrigação de saber tudo
vem de um tempo em que os acontecimentos no trabalho se repetiam.
Hoje, parte das coisas se repete, mas outra parte é inédita. Você não
tem a obrigação de saber. Mas tem a obrigação de perguntar.

LUIZ EDMUNDO: O profi ssional precisa perguntar muito porque o maior
risco que ele corre é trabalhar com pressupostos. Ele pressupõe o que
o chefe quer dele sem que ele discuta, pressupõe o que a equipe espera
dele sem que ele negocie e pressupõe o que os pares acham dele sem que
ele se esforce para descobrir. A gente propõe um roteiro de perguntas
que o profi ssional precisa fazer para o chefe antes de assumir o
cargo. A primeira delas, que muita gente não faz, é: “Por que você me
escolheu?”. Você tem que entender as expectativas do chefe.

Quais são os erros mais comuns que os novos gestores cometem?

LUIZ EDMUNDO: Eles falham ao não estabelecer quando vão ocorrer os
momentos de diálogo com o chefe. Quando o gestor não faz isso, as
coisas vão aparecendo no dia a dia de forma esporádica.

CABRERA: Criar essa agenda de relacionamento com o chefe é um dever do
profi ssional. Ele não deve esperar que o chefe faça isso. Ele deve
sair da inércia de achar que o chefe sabe o que faz. O profi ssional
não pode fi car esperando que o conhecimento da gestão esteja
instalado na empresa.

LUIZ EDMUNDO: Na hora que o sujeito vira gestor, ele não pode deixar
de incluir na negociação a vida pessoal e a remuneração. Parece óbvio,
mas muita gente deixa de falar nessas coisas. E aí fica sem saber se o
chefe acha bom que ele faça um MBA ou não. Fica sem saber quando
receberá um aumento. Nossa sugestão é que ele faça perguntas abertas.
Por exemplo: “O que mudará na minha remuneração?”. Aí o chefe vai dar
uma explicação. Isso é estabelecer um relacionamento profi ssional.

Será que um profissional recém-empossado no cargo de gestor tem esse
poder de barganha com o chefe e a organização?

CABRERA: A gente sugere que o profi ssional vá montando sua infl
uência. Antes de conversar com o chefe, vá costurando com os pares,
com a equipe. Aí quando você chega para falar com o chefe, já traz o
alinhamento de todos. Quer dizer, o profi ssional vai procurando no
coletivo uma força para sustentar suas colocações.

LUIZ EDMUNDO: O gestor não pode ser inocente. Ele não pode fi car
inibido de fazer perguntas por achar que não vai agradar. Ele não pode
achar que tocar no assunto remuneração é indelicado. No fundo, quem
não dá valor a si mesmo não vai ter valor.

Como o gestor adquire maturidade?

LUIZ EDMUNDO: Uma boa dica é a seguinte: o fato de ter sido promovido
a gestor não quer dizer que a pessoa conquistou essa posição. Há um
período de iniciação em que ele tem de ser aceito pelos próprios
pares, além da própria equipe. Ele precisa se preparar para passar por
essa fase.

Como o profissional se prepara para essa transição?


LUIZ EDMUNDO: Ele deve ser ele mesmo. Ser franco, objetivo, não
empobrecer as relações. Como fazer isso? Se preparando para os
contatos com as outras pessoas. Para ir a uma reunião, tem de estudar
antes, planejar o que dizer. É preciso fazer com que os poucos
momentos de contato sejam ricos. Isso não ocorre necessariamente com
espontaneidade, exige preparação.




O que muda na relação com a empresa?




CABRERA: A partir do momento em que se torna gestor, o profissional
precisa entender o negócio. Antes de ser promovido, isso não é
necessário. Mas, como gestor, ele precisa saber bem os objetivos para
ser capaz de dizer para a equipe o que é preciso fazer.




LUIZ EDMUNDO: Nesse ponto, o novo gestor precisa aprender também que,
pela primeira vez, ele terá de separar fatos de opi niões para
decidir. Ele precisa aprender a ouvir os diversos lados envolvidos e
entender o que é fato e o que é mera opinião. A partir daí, ele deve
decidir em cima de fatos.



"O gestor não pode trabalhar com pressupostos. Ele tem de entender o
que esperam dele"Luiz Edmundo Rosa
Revista Você S.A. - Edição 0135
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