O que significa conceber a realidade numa prespectiva holística?

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Eliana Guimarães (Psicóloga)

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Nov 15, 2008, 2:51:42 PM11/15/08
to Midiateca: Eliana Guimarães (Psicóloga)

O que significa conceber a realidade numa prespectiva holística?


A perspectiva holística da realidade é representada pela idéia de uma
consciência transdiciplinar. Presente em todos os setores do
conhecimento, ela diz respeito ao conjunto de saberes particulares,
visando o entendimento acerca dos mecanismos de funcionamentos humano
e físico. Nesse sentido, a compreensão do real, sob a ótica holística,
somente alcança uma definição, ainda que provisória, a partir da
análise das inter-relações com outros elementos, e não pelo método
cartesiano, que "analisa o mundo em partes e organiza essas partes de
acordo com leis causais"

(Capra, 1999:80).

As contribuições da Física Moderna...

Na Física as análises sobre o assunto são evidenciadas, sobretudo,
pelos estudos do físico Fritjof Capra. Segundo Capra (1999:91), "a
física moderna transcendeu a visão cartesiana mecanicista do mundo e
está nos conduzindo para uma concepção holística e intrinsecamente
dinâmica do universo". Há-de se ressaltar, porém, que essa perspectiva
ainda não é compartilhada consensualmente na economia interna da
ciência contemporânea. As relações sobre as quais assentam-se a nossa
perspectiva econômica, não obstante, têm corroborado essa visão
holística de ciência.


As mudanças nos planos religioso e social...
No plano religioso podemos enfatizar as lutas em prol do
reconhecimento, validade e igualdade das variadas crenças, o
ecumenismo. No plano social podemos destacar as lutas pelos
reconhecimentos da igualdade entre as raças e de gênero.


A função da dimensão econômica...

As mudanças de perspectivas coincidem com as transformações
econômicas. Toda economia contemporânea visa a destruição das
barreiras internas das inúmeras nações que fazem parte desse mundo
globalizado. Essas barreiras representam, sobretudo, as múltiplas
tradições humanas: caso esses preconceitos - assim são denominadas
essas tradições internas - persistam, pode não haver a consolidação
integral do capitalismo. Portanto, a econômica globalizada necessita
de um homem que corresponda a essas exigências, ou seja, um homem cujo
comportamento não represente nenhum perigo à hegemonia econômica
instaurada.


Os impactos no campo educacional...

A ação educacional não se restringe apenas às questões cognitivas,
relativas aos processos de aprendizagem. A amplidão no campo
educacional contempla uma intervenção sócio-cultural mais profunda.
Nesse sentido, o nosso principal desafio aponta para o fato de que a
educação precisa conciliar, em suas bases, o binômio, desenvolvimento
auto-sustentável e justiça social, levando o estudante a aprimorar
suas percepções de si mesmo e dos outros, enquanto ser individual,
social e cultural.

Para cumprir tal tarefa, é indispensável, a priori, revita-lizar as
participações políticas dos diferentes segmentos da sociedade,
especialmente no espaço escolar. Aliado a isso, torna-se
imprescindível a reelaboração dos currículos nas diferentes áreas do
conhecimento, como forma de reconhecer e incorporar nas prática
pedagógicas e sociais a diversidade cultural, denominada visão
multicultural dos processos (cf. MacLaren, 2000).


A quem interessa a visão holística ?

Esse é um dos elementos chaves para compreendermos por que a visão
holística não incomoda os países ricos. Ao contrário, podemos
constatar que a maioria das publicações dessa área provêem desses
países, principalmente dos EEUA.

Na sua economia interna, a perspectiva holística de ciência possui
conceitos de natureza, espaço e tempo que visam a superação da física
mecanicista. O problema, contudo, é que o holismo tem contribuído para
a estabilização de um mundo globalizador e excludente: não estamos
aqui a defender a perspectiva mecanicista de mundo, mas levantando
alguns problemas de ordem prática. É bom não esquecermos: cabe a essa
nova física a criação de armas altamente destrutivas, armas essas que
não sabemos, ainda, como eliminar, constituindo-se numa sucata de
altíssima periculosidade.

É, acreditamos, desnecessário dizer que esses avanços trazem consigo
elementos mais precisos de destruição e escravização humana. Nunca, em
toda a história humana, o homem esteve tão controlado e tão submetido
quanto atualmente. Esse nível de controle chegou a um ponto que já é
possível o preconceito genético: a escolha de empregados, de segurados
e até da constituição física e sexual do futuro filho.

Toda a idéia de relativismo que perpassa a ciência contemporânea é a
mesma estabelecida nas nossas sociedades. Esses são, cremos, elementos
imprescindíveis para uma séria reflexão sobre o nosso modo de ver o
mundo, pois podemos estar a um passo da nossa destruição, ou da nossa
redenção. Porém, as chaves desse sistema não estão em nossas mãos,
mas, infelizmente, nas daqueles que detêm o efetivo poder.

Assim como a revolução galilaica representou a ruptura com valores de
épocas passadas, estamos hoje a atravessar esse mesmo processo de
perdas. Toda superação de um paradigma espelha profundas mudanças
operadas numa concepção de mundo. A superação do paradigma geocêntrico
representou o fim de um longo período da hegemonia política feudal. E
hoje, para onde estamos a caminhar? Que estamos a viver uma crise,
isso é evidente, o problema, contudo, é estarmos no meio desse
processo, e por isso não termos distância suficiente para uma análise
objetiva. O que nos resta, sob tais circunstâncias, senão
conjecturar?

Osvaldino Marra Rodrigues e Sandra Vidal Nogueira
Universidade Federal de Uberlândia/Brasil/Minas Gerais
sand...@ufu.br
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