Eliana Guimarães (Psicóloga)
unread,Nov 7, 2008, 7:17:03 AM11/7/08Sign in to reply to author
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to Midiateca: Eliana Guimarães (Psicóloga)
AS DIFERENÇAS ENTRE INVENTÁRIOS E TÉCNICAS PROJETIVAS
Profa. Carla Carotenuto
1) Inventários de Personalidade de Auto-Relato:
- Embora o termo “personalidade” seja empregado às vezes num sentido
mais amplo, na terminologia psicométrica convencional, os “testes de
personalidade” são instrumentos para a mensuração de características
emocionais, motivacionais, interpessoais e de atitudes.
- Os inventários são predominantemente questionários de lápis-e-papel,
de auto-relato, adequados para aplicação grupal, embora muitos deles
também possam ser empregados na avaliação individual.
- Existem numerosos inventários de personalidade.
- No desenvolvimento de inventários de personalidade, foram seguidas
várias abordagens na formulação, na montagem, na seleção e no
agrupamento de itens.
- Entre os procedimentos mais importantes em uso atualmente, estão
aqueles baseados: a) na relevância do conteúdo, b) no gabarito de
critério empírico, c) na análise fatorial e d) na teoria da
personalidade.
- Na prática, a maioria dos inventários atualmente utiliza dois ou
mais desses procedimentos.
- Embora certos testes de personalidade sejam usados como instrumento
de triagem grupal, a maioria encontra sua principal aplicação em
ambientes clínicos e de aconselhamento.
- A maioria dos testes de personalidade deve ser considerada como um
auxílio na avaliação individual ou como um instrumento de pesquisa.
a) Procedimentos relacionados ao Conteúdo:
- A ênfase na construção e no uso dos inventários foi colocada na
relevância do conteúdo de seus itens.
- A principal vantagem da abordagem relacionada ao conteúdo no
desenvolvimento de inventários de personalidade está na simplicidade e
no caráter direto do método.
- Embora estas características possibilitem instrumentos relativamente
breves e econômicos, sua transparência também permite aos examinandos
uma maior oportunidade de tentativas conscientes de manipulação dos
resultados.
- Por esta razão, não é recomendado o seu uso exclusivo numa
avaliação.
b) Gabarito de Critério Empírico:
- Refere-se ao desenvolvimento de um gabarito de pontuação em termos
de critérios externos.
- O procedimento envolve a seleção de itens a serem mantidos e a
atribuição de pesos de pontuação a cada resposta.
- As respostas são tratadas como diagnósticas ou sintomáticas do
comportamento.
- Um inventário de auto-relato é uma série de estímulos verbais
padronizados.
- As respostas eliciadas por esses estímulos são pontuadas em termos
de seus correlatos comportamentais empiricamente estabelecidos.
- As respostas ao questionário correspondem à percepção que o sujeito
tem da realidade.
c) Análise Fatorial no desenvolvimento dos testes:
- Consiste numa tentativa de se chegar a uma classificação sistemática
dos traços de personalidade.
- Exemplo: Inventário Fatorial de Personalidade (IFP) – apresenta 17
fatores da personalidade, como Assistência, Desempenho, Persistência,
Dominância, Autonomia, entre outros.
d) Teoria da Personalidade no desenvolvimento dos testes:
- As teorias da personalidade geralmente originam-se de ambientes
clínicos.
- Foram construídos inúmeros testes de personalidade dentro das
diferentes estruturas das teorias da personalidade.
1.1) Atitudes na Testagem e viés de resposta
a) Fraude e Desejabilidade Social:
- Os inventários de auto-relato estão sujeitos à possibilidade de
respostas incorretas deliberadas.
- A maioria dos itens desses inventários tem uma resposta que é
reconhecida como socialmente aceita ou desejável. Nesses testes, o
examinando pode escolher respostas que criem uma impressão favorável,
principalmente quando se candidatam a um emprego.
- A tendência da resposta de desejabilidade social está relacionada
com uma necessidade geral do indivíduo de autoproteção, evitação de
críticas, conformidade e aprovação social.
- Em outras circunstâncias, o examinando pode, ao contrário, “fingir
para causar uma má impressão”.
b) Técnica da Escolha Forçada:
- Requer que o examinando escolha entre dois termos ou expressões
descritivas que parecem igualmente aceitáveis.
- As expressões emparelhadas podem ser tanto desejáveis quanto
indesejáveis.
- Os itens de escolha forçada também podem conter 3, 4 ou 5 termos.
Nestes casos, o sujeito deve indicar a expressão mais ou menos
característica a seu respeito.
c) Tendências de resposta e Estilos de resposta:
- A tendência a escolher alternativas de resposta com base na
desejabilidade social é uma das várias tendências de resposta,
identificadas nos inventários de auto-relato.
- Outra tendência de resposta é a aquiescência, ou tendência a
responder “Verdadeiro” ou “Sim”.
- A implicação dessa tendência de resposta para a construção de
inventários de personalidade é que o número de itens em que uma
resposta “Sim” ou “Verdadeira” é pontuada positivamente, deve ser
igual ao número de itens em que uma resposta “Não” ou “Falsa”.
- Outra tendência de resposta é o desvio, ou a tendência a dar
respostas raras ou incomuns.
- Essas tendências passaram a ser consideradas indicadores de
características da personalidade e descritas como estilos de
respostas.
2) Técnicas Projetivas
A natureza das técnicas projetivas:
- Como uma importante característica das técnicas projetivas, suas
tarefas costumam ser relativamente não-estruturadas ou pouco
estruturadas.
- Isto é, as tarefas permitem uma variedade ilimitada de respostas
possíveis.
- Para permitir uma liberdade total à fantasia do indivíduo são dadas
instruções breves e gerais (liberdade de tempo, de resposta e de
expressão).
- Pela mesma razão, os estímulos dos testes são vagos ou ambíguos.
- Espera-se que os materiais dos testes sirvam como uma espécie de
tela, na qual o indivíduo projeta seus processos de pensamento, suas
necessidades, suas ansiedades e seus conflitos; portanto, as
características de sua personalidade.
- Os instrumentos projetivos também representam procedimentos de
testagem disfarçada, na medida em que os testandos raramente se dão
conta do tipo de interpretação psicológica que suas respostas terão.
- As técnicas projetivas também se caracterizam por uma abordagem
global da personalidade.
- A atenção das técnicas centra-se na personalidade como um todo e não
na mensuração de traços separados (testes psicométricos).
- As técnicas projetivas são efetivas para revelar aspectos da
personalidade encobertos, latentes ou inconscientes.
- Quanto menos estruturado for o teste, mais sensível ele será a esse
material encoberto. Isso decorre da suposição de que quanto menos
estruturado ou mais ambíguo for o estímulo, menos provável que evoque
reações defensivas por parte do examinando.
- Os métodos projetivos originaram-se de um ambiente clínico e
permaneceram como instrumentos para o psicólogo clínico.
- Em sua fundamentação e estrutura teórica, a maioria das técnicas
projetivas reflete a influência dos conceitos psicanalíticos
tradicionais e modernos.
2.1) Avaliação das Técnicas Projetivas
a) Rapport e Aplicabilidade:
- A maioria das técnicas projetivas representa um meio efetivo de
“quebrar o gelo” durante os contatos iniciais entre o terapeuta e o
paciente.
- A tarefa geralmente é interessante e divertida. Ela tende a afastar
a atenção do indivíduo de si mesmo e, assim, reduz o embaraço e a
defensividade.
- Ela oferece pouca ou nenhuma ameaça ao prestígio do examinando, uma
vez que qualquer resposta que a pessoa dá está “certa”.
- Em muitos casos, contribui na comunicação entre testando e
examinador.
b) O Examinador e as variáveis situacionais:
- As técnicas projetivas são menos padronizadas em relação à técnica
de aplicação e à pontuação.
- Mesmo quando são empregadas instruções idênticas, alguns
examinadores podem ser mais encorajadores e outros mais ameaçadores,
devido à sua conduta geral.
- Nas técnicas projetivas, os problemas de aplicação e condições da
testagem assumem uma importância maior do que em outros testes
psicológicos.
c) As Técnicas Projetivas como instrumentos clínicos:
- Em vez de serem considerados e avaliados como instrumentos
psicométricos, ou testes no sentido estrito do termo, a maioria dos
instrumentos projetivos passou a ser considerada mais como
instrumentos clínicos.
- Portanto, eles podem servir como auxílios suplementares qualitativos
às entrevistas.
- As técnicas projetivas têm mais valor quando interpretadas por meio
de procedimentos qualitativos e clínicos e não quando são
quantitativamente pontuadas e interpretadas como se fossem
instrumentos psicométricos objetivos.
- Devido à natureza das técnicas projetivas, as decisões não devem se
basear em um único dado ou escore obtido, mas no uso conjunto com
entrevistas, observações e outros instrumentos diagnósticos.
Bibliografia Consultada:
ANASTASI, A. & URBINA, S. (2000). Testagem Psicológica. Porto Alegre:
Artes Médicas.