Doenças Psicossomáticas, uma linguagem corporal

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Eliana Guimarães (Psicóloga)

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Dec 7, 2008, 3:43:49 PM12/7/08
to Midiateca: Eliana Guimarães (Psicóloga)
Doenças Psicossomáticas, uma linguagem corporal



Luise de Souza Cozzolino Soares



Inicialmente, cabe falarmos um pouco, sobre o que é a doença e
abordagem psicossomática.

A doença, qualquer que seja ela, vai estar “presa” ao corpo. Este
mesmo corpo que ao nascer, foi tratado (espera-se), com todo carinho e
atenção. Pensemos um pouco, que este alguém que se dedicou a nós
quando nascemos e também durante o nosso crescimento, nos deu carinho,
afeição e amor (na maioria das vezes, nossa mãe) deixou em nós marcas
profundas e que na certa, todos carregamos por toda a vida. Quando
tais sentimentos, não foram proporcionados pela mãe, certamente o
foram por outra pessoa.

Toda criança desperta em nós bons sentimentos. Uma criança possui uma
força enorme, no sentido de mobilizar-nos emocionalmente; isso para
não irmos um pouco mais adiante e dizermos, lembrando que “a criança é
o pai do homem”.

Quando ficamos doentes, de certa maneira, voltamos ou tendemos voltar
à condição de crianças; numa linguagem mais técnica, regredimos;
ficamos mais “dengosos”, queremos atenção, consideração, cuidados,
etc. Com tudo isso, quer dizer que quando adoecemos “procuramos” nossa
mãe.

Assim ,quando somos crianças, somos fortes, conseguimos “seduzir
adultos; temos um poder de persuasão muito maior do que quando nos
tornamos adultos. Aqui, quando adultos, a doença pode, e às vezes
assume as rédeas da sedução do outro. Quantas vezes, vemos pessoas
doentes, que se aproveitam dessas doenças para obterem pequenos
favores ou comodidades.

Quase sempre, “procuramos” as doenças das quais somos portadores. Esse
procurar, no entanto, não é claro nem explícito pois, ele se mascara,
escondendo-se atrás de sintomas, emoções e sentimentos.

Inúmeros são os sintomas que parecem ser de alguma doença orgânica e
que na realidade, correspondem a uma manifestação corporal de
depressão.

Conceitos e visões entrelaçam-se no conceito da doença. A visão
centrífuga durante muitos anos, deu conta de explicações que tentavam
justificar que o surgimento de uma doença é momentâneo e imediato e
que seus males se disseminam pelo corpo, cabendo, então, a extirpação
imediata da doença ou do órgão por ela afetado. Podem-se exemplificar
inúmeras doenças; entretanto, citaremos algumas: problemas cardíacos;
gastrites e úlceras. Neste tipo de visão de doença, uma gastrite tem
seu início e eclosão no próprio estômago ou órgãos desse sistema. Uma
doença do coração, tem seu foco de início no próprio órgão enquanto a
úlcera tem como local de origem o estômago ou duodeno.

A visão centrípeta sobre o conceito de doença, procura não relacionar
o órgão ou local onde a doença se mostra, como origem necessária dessa
doença. O local, órgão ou região onde surge a doença ou os seus
sintomas, se limitará apenas em ser o seu ponto de manifestação
física. O que isso significa ? Esta doença, ora manifestada num
determinado órgão, está sendo a expressão de situações ligadas a todo
o contexto vivido pelo seu portador. Estamos, sem dúvida, falando de
contextos nos quais se ligam emoções, sentimentos, afetos. Quando nos
referimos o contexto vivido, ligado a emoções, sentimentos e afetos o
tempo passa a ter grande significado. Estamos dizendo que esta
determinada úlcera ou este problema cardíaco ou até mesmo uma
gastrite, pode ter se iniciado por sentimentos de alguma perda
afetiva, raivas reprimidas, enfim emoções que, no passado deixaram de
ser expressadas de forma natural, espontânea. Em tais exemplos, cabe
lembrar, não se encontra em questão, doença que apresentam a
hereditariedade como causa.

Muitos médicos, atualmente, têm começado uma busca nos sintomas das
doenças, através do Homem, da pessoa como um todo. Contudo, a
Medicina, ainda mantém uma tendência a visualizar o doente, como algo
passivo, como alguém que está ali para ser paciente, portanto, é a
condição daquele que é portador de um mal, uma doença.

A pessoa doente ou com alguma sintomatologia, não representa, na visão
psicossomática, uma pessoa inerte; em outras palavras, ela não é um
doente, e, sim, uma pessoa que tem alguma doença. Isso é diferente.
Enquanto alguém tem uma doença, significa que também tem coisas nele,
não doentes, enquanto, se este alguém é doente, fica implícito que é
toda doença.

Quanto a definição de psicossomática, é ao mesmo tempo uma filosofia –
porque envolve uma visão de ser humano, uma maneira de definir o ser
humano – é uma ciência que tem como objeto os mecanismos de interação
entre a dimensão mental e a dimensão corporal.

De certa forma a Psicossomática também é uma prática clínica, cujo
conjunto teórico muito se aproxima dos conteúdos das disciplinas
Psicologia Médica e Psicologia Hospitalar.

Passamos agora pelo doente, Mac Lean, considera que os doentes
psicossomáticos são incapazes de verbalização conveniente, pois suas
emoções não estão ligadas aos processos intelectuais, e, por esse
motivo as tensões se descarregam sobre o hipotálamo pelo sistema
neurovegetativo, provocando as psicossomatizações.

Nas biopatias, que segundo a Escola Européia de Orgonomia, tem sua
origem antes do nascimento. A emoção “medo” já está presente no plano
verbal, e quando não há nenhuma manifestação somática, a emoção fica
reprimida na consciência, mas presente no organismo. A evolução é
imprevisível e depende de fatores desencadeantes, como por exemplo,
stress físico ou emocional. Assim nas biopatias todo organismo está
implicado, a doença invade o corpo.

Estudos apontam para uma ligação entre o estado mental e doença, com
indícios convincentes de que o sistema imunológico poderia ser um
importante elo entre o cérebro e a saúde física.

Segundo Goleman. D, o sistema imunológico é o meio através do qual o
organismo se defende de doenças infecciosas e do câncer. Tem duas
tarefas primárias: distinguir entre células “próprias” e células “não
próprias” e, em seguida, destruir, neutralizar ou eliminar substâncias
estranhas identificadas como não próprias, que naturalmente não fazem
parte do organismo.

Inúmeras são as doenças que afligem o indivíduo, desencadeadas ou não
pelo seu emocional. After-me-ei em algumas, iniciando pelo CÂNCER.

Nos Estados Unidos, têm surgido há algum tempo, muitos
questionamentos que dão conta do Câncer enquanto doença cercada por
questões afetivo-emocionais. No organismo vivo, cada célula, ou
melhor, cada grupo celular específico, possui funções próprias, que
são muito específicas, para aquele tipo de função desempenhada por
aquele órgão. Como é de se esperar, todos os nossos sentimentos,
afetos e emoções impregnam essas células. Senão, vejamos: quando
ficamos com raiva, nosso organismo fica pronto ou para “fugir” ou para
“lutar”, quando temos raiva, contraímos; nossos músculos ficam tensos,
enquanto quando sentimos alegria, tranqüilidade, ocorre um abrandar
dessas energias.

Existem Estudos que comprovam que pessoas mais fechadas, mais tensas e
chegadas ao isolamento, tendem mais a desenvolverem quadros de
tristezas, depressões e pessimismos. Seus corpos “sabem” o que as
emoções lhes pedem e respondem com “obediência” , dando como
resposta, quem sabe, uma cefaléia (dor de cabeça), uma gastrite (dor
no estômago produzida por inflamação) ou quem sabe, uma doença do
coração.

Às vezes, o que o corpo executou, não foi suficiente para redimir a
pessoa da culpa, sobrevindo doenças mais graves, talvez, como uma
desordenada proliferação de células defeituosas. Aliás, já foram
comprovados em Estudos, que tais células sofrem um controle contínuo
por nosso Sistema de Defesa Imunológico, que tem como finalidade,
impedir uma produção desordenada de células anormais. Todos os
componentes de nosso Sistema de Defesa Imunológico, ao que parece,
estão ligados às emoções e sentimentos.

Um câncer, não se formou naquele momento, ou dias antes de ter sido
detectado. Muitas vezes, ou na maioria das vezes, o seu
desenvolvimento e evolução tiveram início muitos meses ou anos atrás,
momento em que, “enviamos uma mensagem” para nosso Sistema Imunológico
“ordenando” que algo deveria ser feito naquele sentido. Falta de
carinho, distanciamento de afetos, ou quem sabe, raivas “incubadas”
durante muitos anos, ocasionaram um proliferar desordenado de células
ou grupos celulares.

Em se tratando de CORAÇÃO, a questão parece mais clara. Não há
quem deixe de perceber seu coração acelera diante determinadas
situações emocionais, bem como de atribuir alguma representação
simbólica a ele, investindo-o, pois, de um significado subjetivo. Não
obstante, os caminhos e a maneira através dos quais as emoções
repercutem no coração.

Situações de ansiedade estimulam através do hipotálamo – a liberação
de catecolaminas e corticosteróides, seja por ação direta do sistema
simpático, seja por ação indireta sobre as supra-renais. Algumas
dessas substâncias repercutem sobre o aparelho cardiovascular –
elevação de freqüência cardíaca, da pressão arterial, vaso constrição
periférica e outras reações.

Fazem também referência ao aparecimento de manifestações
cardiovasculares desencadeadas por fatores emocionais; entre elas a
doença coronariana e a hipertensão arterial, que são as mais comuns do
mundo moderno.

E DOENÇAS DE PELE, acontecem ? A pele é um órgão
particularmente fascinante, e as doenças de pele possa se enquadrar
entre as biopatias do sistema nervoso, pois o sistema nervoso origina-
se no ectoderma do embrião.

Ela é ao mesmo tempo intimamente privada e notavelmente pública, é a
interface final entre o eu e o outro – o nosso mundo interior e o
mundo externo. Acaba sendo o portal através do qual sentimos o mundo e
pela quais nossas primeiras sensações aconteceram – o TOQUE – ao
nascermos.

Como o maior órgão do nosso corpo (esticada, tem cerca de 2 metros
quadrados), a pele é a primeira linha de defesa contra o ataque
constante de micróbios, traumas físicos e elementos ambientais
irritantes.

Pode-se esperar que um órgão tão complexo, traduza problemas
emocionais em sintomas físicos ?

Os estudiosos tendem a afirmar que alguns problemas são causados por
estresse, conflitos concernentes a sentimentos e impulsos hostis –
agressivos, já que a hostilidade seria reprimida devido a sentimento
de culpa. Bem como, há situações em que o contato, a carícia forem
insuficientes, provocando uma erotização da pele.

As doenças dermatológicas consideradas biopatias primárias e que
tendem a ter forte componente emocional são: eczema constitucional,
psioríase, dermatite de herpes, alopecia (queda de cabelo em certas
zonas), línquem, liquitose (pele de peixe), causando em algumas
situações muito constrangimento à pessoa, desfavorecendo sua auto-
imagem, até por ser uma doença fisicamente visível.

Nesse momento não é somente primordial dissertarmos as inúmeras
doenças e suas causas, mas também termos consciência se contribuímos
para o desencadeamento delas, como ? estressados, insatisfeitos,
culpados ...Percebemos que o nosso organismo não está separado de
nossas experiências e que aquilo que vivemos - nossos pensamentos,
sentimentos, necessidades e crenças- tem uma repercussão no
funcionamento de nosso corpo.

A doença vem deflagrar algo a respeito de nós mesmos e de nossas vidas





BIBLIOGRAFIA



Goleman, Daniel & Gurin, Joel, Equilíbrio Mente e Corpo, Editora
Campos, 1977, RJ

Lemgruber, V, Caderno de Psicopatologia, Dep. De Psicologia, PUC,
1997, RJ

Graeff, G, F & Brandão, L. M, Neurobiologia das Doenças Mentais

Keleman, S, Realidade Somática, Summus Editorial, 1994, SP.


Fonte:
http://www.igt.psc.br/Artigos/doencas_psicossomaticas_uma_linguagem_corporal.htm
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