Groen Plein • [XINGU] Mensagem à Nação
MENSAGEM À NAÇÃO
DE S.G.S, O CZÆRISGRAV DO XINGU
Senhores, senhoras e senhoritas; hoje falo-vos não apenas como micronacionalista ou monarca do exercimento d'um lúdico jogo multifacetado da esfera de ambientação político-micropatriológica, mas, acima de tudo, como pessoa que sou, sem o peso de uma coroa, mas com ombros marcados de responsabilidades macronacionais, isto é, do que se extrapola no exercer da condução deste Estado institucional democrático de direito, independente, uno e soberano, e que vai-se de encontro às causas primeiras de seu existir — que fogem da livre vontade recreativa de "governar por governar" mas sim, indo de encontro ao cerne de sua substância de essência enquanto Estado para o mundo. Este existir substancial não poderia ser nenhum outro senão o ativismo ambiental e ecológico, pelo direito dos povos originários, das sagradas e invioláveis terras indígenas, pelo livre existir e coexistir entre as nações, povos e línguas, das religiões inequívocas em ancestralidade, pelas selvas e florestas, bem como os animais e bichos de toda sorte de espécies, dos rios, das plantas, das montanhas e das árvores que antecedem em muito o existir do próprio homem e de seus diversos costumes... Essas coisas sim têm a minha total atenção e dedicação, pois como residente local acompanho tudo de muito perto e tudo vejo para haver razão e verossimilhança na minha retórica argumentativa.
Antes de qualquer coisa, eu sou um autodidata que sempre terá algo para aprender, e apesar dos pesares neste hobbie, aprendi a defender os meus ideais através de um estado imaginário (todas as grandes e pequenas micronações são, no final das contas, isso: países imaginários... o que não tira a grandeza destes, pois, determinados estadistas desta esfera se provaram melhores pessoas do que
as do macromundo em quase toda a sua integridade) e vendo essas coisas, me senti munido de poder necessário para lutar pelo que considero verdadeiramente sagrado — a dignidade do existir, em toda a sua plenitude e diversidade.
Nesse sentido, o Estado do Xingu viveu incompleto diante dos meus verdadeiros anseios, pois não quis ser rei ou imperador sem antes ser ativista ambiental: eu quis em verdade usar do micronacionalismo (que já conhecia desde meus quinze anos) para promover causas maiores do que eu (quiçá maiores que todo o hobbie) mas jamais fazer o contrário — minha ausência neste hobbie entre o final de 2018 para o princípio de 2020, bem como minha atuação discreta e "de vez em nunca" em 2021 provaram que eu não queria um hobbie, e talvez por isso, às vezes, arrependo-me em dissabor amargo porquanto descobri este lugar, pois agora não posso mais sair.
Deste lugar, apenas duas coisas boas aconteceram: uma eu ter feito os poucos amigos que tenho, outra por eu ter aprendido a usar o hobbie como arma para a causa (como Flandrensis o fez) ainda que não totalmente... Mas agora, meus caros, a luta de verdade está para começar, pois o Xingu não mais se limitará a ser apenas uma micronação, será, acima de tudo, uma ferramenta de guerra por onde combaterei em favor dos silenciados e desafortunados que a nossa República Federativa, em seu mar de incompetência não pôde fazer, eu darei a cara a tapa por este projeto, e jamais me renderei nem me retirarei, nem tampouco darei passos para trás afim de que o obtuso ganhe espaço ante o caos desta nação que a todos nós envolve, e nem mesmo aceitarei menos do que o nome deste projeto merece, pois é sagrado o seu existir.
Quando eu era criança, aprendi já antes de muitos a ter genuíno gosto por este tipo de virtuoso combate, me posicionei radicalmente contra a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, e odiei quem ela apoiou. Aos nove anos de idade, para que meu rancor aumentasse exponencialmente, uma barragem colapsou varrendo a cidade ao meio onde hoje é chamado de "Rio Altamira" (quem mora na cidade sabe onde fica) a casa onde eu morava na época foi pega de surpresa logo pela manhã, e desde aquele dia eu havia entendido que não importavam quantas intervenções o homem pudesse fazer na natureza em nome do 'progresso' sempre haveriam pessoas que pagariam direta e indiretamente, em detrimento de muitos para que outros pudessem desfrutar da nossa desgraça e infortúnio sem fim... Aos quatorze anos minha escola fez uma incursão ao local onde a Usina seria construída, e os estudantes cujas redações melhor descrevessem os benefícios e impactos de Belo Monte na nossa cidade de Altamira, ganhariam a oportunidade de fazer parte da incursão — e apesar de ser indiscutivelmente o melhor daquela turma em redação, escrevi não apenas uma, como também duas redações criticando severamente a construção daquela obra, e claro, não fui para lá com o restante com muitíssimo orgulho e não me arrependo, do contrário, eu faria de novo.
Desde 2011 eu testemunhei, ainda na quinta e sexta série (hoje sexto e sétimo ano, respectivamente) o grandíssimo inchaço populacional e a exploração demográfica, crimes de natureza jamais antes testemunhados pelos locais, acidentes de trânsito, choques culturais e todo tipo de horroridades em meio à uma cidade do interior que, dia após dia, expandia-se incontrolávelmente. Infelizmente, muitos dos conhecidos meus e da minha família se foram por conta dessa onda de pessoas vindo de todos os cantos do país e em principal, pela falta de planejamento do município e bem como a urgência da CCBM em acelerar a construção em detrimento de inúmeros acidentes de trabalho que ceifaram infindáveis números de vidas que não foram colocadas nas estatísticas — mas que nós, o povo, sabemos bem, porque a melhor informação é aquela de boca em boca, ouvido por ouvido, e, verdadeiramente falando, vocês de fora teriam ânsia por saber as coisas que aqui se sucederam. Agora, o mais irônico de tudo, é que em meio ao genocídio escondido, às aldeias indígenas que jazem no fundo do rio, à cidade (o município e as cidades satélites) forçadas ao máximo a se expandir sem um planejamento, à realocação em massa... Quem no final ganhou com tudo isso? quem se beneficiou do nosso sangue e do suor dos nossos pais? não fomos nós(!) pagamos absurdos em energia, enquanto o sudeste paga por uma energia barata que vêm desta que é a segunda maior hidrelétrica do país e a terceira maior de todo o mundo, e nós, que ainda somos parasitados todos os dias, pagando luz alta, pagando produtos caros de todos os tipos — e agora, pasmem, brevemente pagaremos por água também! mesmo com o Rio Xingu de frente para a cidade, como uma piada que nem mesmo Deus teria coragem de fazer. Quem ganhou no final? não foi essa cidade, não foram os ribeirinhos, nem muito menos os índios, mas sim um Brasil que nos negligenciou, apagando da história o nosso sofrimento.
Por isso, não poderia haver protesto melhor contra este país senão a construção de um outro por cima dele, ainda que no campo lúdico e intelectual, pois este é o meu protesto, o nosso protesto! a primeira secessão desde a cabanagem, mas sem armas, sem um território para povoar, apenas um lar para defender e uma floresta para preservar, e esta, meus caros, é a guerra da minha vida, da vida dos meus pais, da vida do nosso povo! e eu vou passar por cima de qualquer um que tentar me impedir ou impugnar o Estado do Xingu, e afundarei o crânio de tais com a minha bota a esmagá-los-ei sem nenhuma clemência ou misericórdia. O Xingu não alçou ainda o seu objetivo inicial, que será providenciado por mim ativamente a partir de agora, a constituição será permanentemente suspensa, a Monarquia Cerimonialista Performática e Autocrática será instaurada sob o punho do Czærisgrav, para no fim ser o território expandido e convertido em uma reserva florestal permanente sob os meus cuidados. Este novo tipo de monarquia criada por mim tornará o Xingu muito mais do que uma micronação, e se antes decretávamos assuntos impertinentes aos propósitos iniciais, de agora em diante, nossos decretos dirão respeito à guerra que eu decidi pelejar desde criança, e a partir daquele momento não serei apenas o monarca símbolo de um país-maquete, eu serei o próprio Estado do Xingu vivo, se já não sou.
Chegará a hora em que uma nova bandeira tremulará sobre o Estado do Xingu, e ela não será feita para ser bonita, ela será desenhada para representar o nosso ardor pelo combate, e, com o tempo, dedicação e absoluta perseverança, renderá seus frutos — em seu tempo, no tempo certo... Pois assim como todas as grandes árvores frutíferas, tudo nasce de uma pequena semente. Assim é o Xingu, e assim sou eu, pois nasci, vivi e morrerei para ser (e por ser) o pai desta nação.ANDRÉ IGINO CHALEGRE, CZÆRISGRAV DO XINGU E VISCONDE KHABBAZ DE CHALEGRE.
Estatísticas: Enviado por André Georgios Khabbaz — 06/Set/2025, 22:37
André Georgios Khabbaz
2025-09-07T01:37:42.000Z |
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