APOSENTADORIA TÃO SONHADA

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Olimpia

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Nov 2, 2006, 6:40:40 AM11/2/06
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APOSENTADORIA TÃO SONHADA

Wanderlino Arruda

Aos poucos, quando vem chegando o final da carreira, é começar a
pensar na sempre tão sonhada situação de aposentado, fazer o exame
de consciência necessário para interpretá-la compreendê-la,
saboreá-la por antecipação. Parece que não existe trabalhador que
não pense, não sonhe com o que chama de merecida aposentadoria.
Conheço gente que tem quatro ou cinco anos de carteira assinada e já
fala nos dias futuros em que não mais terá de assinar o ponto todas
as manhãs, aquela vocação de quem não nasceu para as amarras do
assalariado, que todo empregado é, seja humilde, seja granfino. De
mansinho vem a idéia de interpretação se realmente a aposentadoria
é mesmo um prêmio.
Francamente, não sei se a aposentadoria não seja mais um castigo,
algo de punição para modificar hábitos, desorganizar arraigados
modos de vida, avacalhar o coreto do dia-a-dia dos trabalhadores e das
famílias. Já imaginou, de uma hora para outra, não ter o que fazer?
Ficar o dia todo dentro de casa, aranhando, vivendo sem pressa,
desarrumando e arrumando papéis velhos, passando a toda hora perto das
panelas na cozinha, beliscando, comendo antes do horário? Ou, de forma
diferente, tendo de viver o dia todo no Quarteirão do Povo, de pé,
conversando as mesmas conversas, "resolvendo" eternamente os mesmos
problemas que os governos nunca resolvem? Francamente, minha senhora,
não sei!
O conselho de quem sabe e já passou pela experiência é que o
problema menor do aposentado é a questão financeira. Nessa até que
se dá jeito, podendo ser reforçada com alguns "bicos" aqui ou
ali. O que precisa ser suportado com galhardia é o descompasso
violento entre algumas obrigações e a ociosidade. Há de haver uma
preparação psicológica e espiritual para receber os acontecimentos
nunca como castigo, descobrir as regalias, interpretar tudo como
prêmio merecido, abrir opções de lazer, visitas possíveis e que
não incomodem os visitados, prática de alguns esportes também
possíveis e, sobretudo, a consciência do que não pode ou não deve
ser feito.
Em todo caso, vejamos alguns pontos positivos para os aposentados, nas
palavras de um colega de muita experiência no assunto. O primeiro e
mais agradável é a desobrigação dos horários rígidos, da
responsabilidade de sentir-se sempre como peça importante de uma
máquina que nunca pára, o que costumo chamar de servidão do
relógio, disciplina, administração do tempo. Depois, há os
favorecimentos da liberdade do ir e vir, do alimentar-se, do dormir na
hora que mais convém, do não ter pressa, de ter todos os dias como
domingos e feriados, do direito de tomar sol ou esconder-se do frio.
Melhor, do viajar, de chegar e sair sempre que pedir licença.
Assim é a vida. Até as coisas boas trazem problemas. Se todos nós
preocupamos tanto com o muito fazer, por que esquentarmos a nossa
cabeça com o "dolce farniente", com o papo pro ar, a perna pra
cima? Melhor aprender a suportar a realização dos sonhos. Isso,
afinal, até que é bom!


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