A POESIA DO BAIANO COTRIM

1 view
Skip to first unread message

Olimpia

unread,
Nov 2, 2006, 6:37:00 AM11/2/06
to PROMENADE 1
A POESIA DO BAIANO COTRIM

Wanderlino Arruda

De quando o homem se viu colocado na primeira manifestação
literária, mesmo antes do texto escrito, a melhor forma de arte que
encontrou foi a fala poética. Inicialmente, pelo menos em Português,
o verso paralelístico, a cantiga de amor, a cantiga de amigo, a
cantiga de maldizer. Poesia para ser cantada, repetida de memória em
portas de hospedarias, nas tabernas, à beira das estradas ou nos
palácios reais, o poema de amor à gente ou à terra, sempre com
laivos de emoção e sonoridade que só o verso pode ter. Assim, o
poeta, homem ou mulher, jovem ou velho, mas apaixonado pelo musical da
língua, nunca pôde fugir do bom e do gostoso da arte de poetar. E
como Deus fez o mundo com luz, o versejador fez o idioma com versos. E
a poesia foi feita...
É por isso que Dário Teixeira Cotrim, falante do mesmo idioma de
El-Rei Dom Dinis, de Paio Soares de Taveirós, de Camões, de Bilac, de
Fernando Pessoa ou de Cândido Canela, também há de cometer seus
versos, cantando a velha Bahia, sentindo no peito a necessidade de
extravasar-se na paixão do menino e no namoro do adolescente. Vive a
natureza pura, adoece de saudade com os mesmos sintomas de todos os
poetas, sofre e canta o sofrimento. É a tradição dos que amam acima
da linha de nível do amor comum. Dário Teixeira Cotrim ama a terra,
ama o povo e se embeiça pelo amor do próprio sangue, da própria
raça interiorana de baianos de fé e de coragem.
"A Casa Grande de Mãe-Véia" é, pois, um canto de pura saudade, um
rememorar de eternas lembranças dos companheiros de meninice, dos
parentes mais velhos, da escola primitiva, do "back-ground" de um tempo
de vida alegre e descompromissada, sem horários, sem livros de pontos,
sem dígitos e sem teclados, onde o universo do computador de hoje era
o mundo de rios, morros e montanhas, pedaços de capão-de-mato. Dário
Teixeira Cotrim foi sempre um saudosista, um vidente ao contrário,
muito mais de passado, muito pouco de futuro. Se o presente é bom, o
pretérito é melhor, é mais rico, mais prenhe de sutilezas com
infinitas doçuras de mocidade. Na sua memória, a igrejinha, o curral,
a estrada, as cercas com lonjuras de acabar de vista, os pastos, os
animais dentro dos pastos, as nuvens despidas de sol ou carregadas de
chuvas, o amanhecer, o crepúsculo, os brinquedos de roda, do
pega-ladrão, do fazer-a-gata-parir, o montar em pelo, o banho de rio e
de lagoa, a arapuca, o quebra, o estilingue, o bodoque o eterno buscar
umbu quando umbu está começando a amadurecer. Tudo num mundão de
sonhos e de doces realidades, que só o interiorano conhece.
Fez muito bem o poeta em poetar sua poesia. Modesto, diz que não quer
fama, não espera vender o exemplar na livraria, não pensa em
edições milionárias e de luxo. Dário Teixeira Cotrim quer sua
poesia na boca e no coração do seu povo, dos seus amigos e colegas de
banco, mas sobretudo, na boca do povo baiano de Ceraíma, que teve a
felicidade de nascer ali perto da casa grande de "Mãe-Véia". Se esses
baianos lerem seu livro, senti-lo e com ele se emocionar, tudo bem, o
esforço foi pago, o poeta viverá feliz. E mais vale a felicidade do
poeta e da gente do seu sangue, que o dinheiro de todos os ricos! Viva
o amor!
E eu, como amigo e companheiro de lutas, também me sentirei
gratificado. E muito!

BALADE http://boards4.melodysoft.com/app?ID=Wanderlino11
BALADE http://pub41.bravenet.com/forum/3448314213
BANNER http://pub39.bravenet.com/forum/3266687071%20
BANNER http://www.banner2.blogger.com.br
BRESIL POETIQUE http://www.toutelapoesie.com/blog/Wanderlino
CANAL 11 http://canal11.blogspot.com

Reply all
Reply to author
Forward
0 new messages