O DIA EM QUE CHIQUINHO SUMIU

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Olimpia

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Nov 2, 2006, 6:41:03 AM11/2/06
to PROMENADE 1
O DIA EM QUE CHIQUINHO SUMIU

Haroldo Livio de Oliveira

Este é o terceiro título publicado por Wanderlino Arruda.
Anteriormente, já havia editado dois volumes de crônicas, ambos
recebidos com agrado pela crítica e pelo público. Sua estréia em
livro ocorreu com "Tempos de Montes Claros", enfeixando uma coletânea
de escritos publicados na imprensa sobre pessoas e coisas de nossa
cidade, que é sua terra adotiva. Considero oportuno recordar que o
Autor, dada à sua perene produção intelectual, demorou muito a
estrear em livro, pois já estava na casa dos quarent'anos, quando
publicou o primeiro título.
Logo em seguida, após breve pausa para meditação, surgiu com o
segundo volume, "Jornal de Domingo", reunindo crônicas publicadas no
suplemento literário de "O Jornal de Montes Claros", no qual assina
uma coluna permanente, dando cobertura às sua observações pessoais
sobre os acontecimentos do cotidiano. A continuar nesse ritmo
editorial, que já prevê o quarto e o quinto títulos, para muito
breve, Wanderlino Arruda acabará sendo o mais prolífico de nossos
autores.
No momento, o recordista de publicação é o historiador Geraldo Tito
da Silveira. De outro lado, verifica-se que outros bons escritores de
Montes Claros, como Hermenegildo (Monzeca) Chaves e Caio Lafetá,
produziram maravilhas e coleções de jornais antigos, tudo arquivado.
Também João Chaves, o bardo, morreu sem editar o esperado livro de
poemas, que teve edição póstuma promovida pela família. Ora, a
cintilante beletrista Yvonne de Oliveira Silveira, que é a
porta-estandarte de nossas letras, tem apenas a meação de "O Velho
Brejo das Almas", feito em parceria com seu consorte Olynto da
Silveira, autor de vários livros. E Luiz de Paula, de refinado estilo,
publicou apenas uma plaqueta sobre tema econômico, ficando a nos dever
a obra inédita que deverá ser o espelho de sua face lírica e
boêmia.
Pois bem, Wanderlino Arruda, que domina o vernáculo e tudo vê, tem
comportado, em seu mister de cronista assíduo, com a mesma
obstinação do arqueólogo que escava o subsolo em busca de
civilizações soterradas, para que elas não desapareçam no
esquecimento. O que se percebe, lendo-o, é a preocupação de
fotografar o momento para a eternidade.
Por isto, os historiadores do futuro consultarão muito os seus livros,
que para eles serão como essas garrafas trazidas pelas ondas do
oceano, contendo mensagens enviadas de lugares ignotos.
O Autor vem operando com repórter fotográfico do panorama geral da
cidade e do mundo, desse vasto mundo que começa em São João do
Paraíso e não tem onde acabar, e opera com habilidade para captar o
flagrante do cotidiano, com a luminosidade, a nitidez e o ângulo
recomendados pelos manuais da arte de bem fotografar.
Neste livro, ele abdicou de seu direito de selecionar a matéria e
cedeu a incumbência a leitores, inovando. Franqueou seu arquivo de
recortes a colegas de magistério, que lecionam na universidade do
Banco do Brasil, o Departamento de Seleção e Desenvolvimento (DESED),
e pediu-lhes que fizessem a triagem das crônicas. A rigor, creio
sinceramente, caberia aos integrantes da luzida equipe a honraria do
prefácio. Porém, o Autor, que é dado a atitudes que fogem ao
convencional, escolheu um dos muitos personagens do livro anterior para
prefaciar a obra.
Só tem que isto aqui não é prefácio, segundo a forma tradicional,
significando apenas mera apresentação da obra, despojada da ambição
de analisá-la com profundidade e erudição. Neste volume, o cronista
edita o que é reputado de mais valioso em sua obra (inédita) de
colaborador da imprensa, e o faz muito bem, porque receia que toda essa
produção se perca na efemeridade do jornal, que depois de lido vai
para a pilha de papéis usados, cai no esquecimento.
Sobre a natureza descartável do que sai nos jornais, recordo ao leitor
um episódio ocorrido na juventude do romancista Ernest Hemingway.
Aconselhado pela escritora norte-americana Gertrud Stein, ele abandonou
o jornalismo e abraçou a carreira literária. Ela simplesmente o
convenceu de que o jornalismo é como o texto escrito de giz, no
quadro-negro. Basta passar a esponja para que desapareça ao passo que
o livro é feito para ficar, para ser lido, guardado, relido,
guardado...
Se neste volume, o cronista foi pouco exigente quanto ao prefácio e
até cogitou de deixar em branco o espaço reservado ao prefaciador, em
outros pormenores revelou-se vaidoso e requintado. A começar pela
editora, que é a imprensa da Universidade Federal de Minas Gerais,
cuja chancela confere prestígio. A vaidade falou mais alto, na escolha
do ilustrador, que recaiu no primoroso artista plástico Samuel
Figueira, cujos desenhos de bico-de-pena vão despertar a atenção e
emoldurar o texto caprichoso. Acrescente-se a essa vaidade o convite
feito ao professor Eduardo Luppi, chefe da equipe de artistas da UFMG,
para a responsabilidade da arte final da obra.
Este livro, tão bem escrito e editado (com a composição feita por
computador), se fosse o último, completaria uma trilogia de Wanderlino
Arruda sobre aquilo que se chama "a alma encantadora das ruas", porém
ainda virão outros. A fonte inspiradora continuará jorrando...
Quando ao título "O dia em que Chiquinho sumiu", esclareço que não
se trata de literatura infantil, embora dê a impressão, merecendo ser
lida por crianças e adultos, indistintamente, porque interessa a todo
mundo que gosta de ler.
Bom proveito!

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