UNIVERSIDADE PÚBLICA E BANHEIROS PARA FINS DE INCLUSÃO SOCIAL Como é de praxe na Administração Central de uma universidade, recebemos na data de 26 de agosto de 2019 esta mensagem do Cerimonial da UnB. "A Reitora da Universidade de Brasília, Professora Márcia Abrahão Moura, tem a honra de convidá-lo(a) para a Inauguração dos sanitários para Pessoas com Deficiência (PCD) do Instituto Central de Ciências (ICC).
Somente quem tem filhos(as), parentes, amigos (as) ou estudantes com deficiência sabe da importância de banheiro adaptado para uso dessas pessoas. A estrutura para a construção destes banheiros segue normas da ABNT, como por exemplo existência de piso antiderrapante, portas largas, barras de apoio e maçanetas de fácil acesso e com alturas adequadas. A Universidade de Brasília tem demonstrado preocupação e sensibilidade com a pauta das pessoas com deficiência . Em 2008, a UnB inaugurou a instalação de elevadores para a acessibilidade no minhocão, que beneficia também pessoas idosas e gestantes. Não deixamos de reconhecer que ainda falta muito o que fazer para garantir maior acessibilidade de pessoas com deficiências nos quatros campi da UnB. Não é a disputa política mesquinha que vai retirar o brilho de uma ação de tamanha envergadura para uma universidade pública que vem sofrendo cortes de recursos financeiros e com severos ataques do governo federal, como a implantação do FUTURE-SE. Este Programa do MEC representa uma total mercantilização da universidade pública com proposta de gestão por Organizações Sociais (OS) para atrair investidores e consequente doação de bens para estas OS; fim de concurso para docente com a substituição pela contratação por OS; incentivo a cobrança de mensalidade na pós-graduação; estabelecimento de metas próprias do mercado e distante da função social e caráter público das Instituições de Ensino Superior ; desvinculação da União da manutenção e investimento nas/das Instituições Federais de Ensino Superior; fomenta mais ainda a competitividade entre docentes com o estímulo à captação de recursos próprios e empreendedorismo individual; desmonta a carreira do magistério superior com o fim da dedicação exclusiva e a tríade constitucional ensino-pesquisa-extensão e promove a extinção gradativa de projetos que atendem a população mais socialmente vulnerável. Como se não bastasse, ontem a ADUnB anunciou por e-mail o corte de cerca de 1.469 bolsas de pesquisadores da Universidade de Brasília ficarão sem o pagamento pelo CNPq, afetando estudantes da graduação, pós-graduação e docentes. Antes que se diga o que nós temos haver com isso, primeiro apresentamos nossa solidariedade e apoio à administração central da UnB pela obra de banheiros de inclusão social, não deixando de manter a autonomia do ANDES-SN (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior) frente a reitorias, governos e partidos políticos . Segundo, também apresentar a preocupação do ANDES-SN com a pauta. Por exemplo, este Sindicato Nacional realizou o Seminário Nacional “A luta contra o capacitismo nas Instituições de Ensino Superior” em Santa Maria-RS na data de 29 de setembro de 2018, com a participação do Instituto Anis (Bioética) da UnB. O Capacitismo hierarquiza os corpos e estabelece uma postura preconceituosa contra as pessoas com deficiência, a partir da imposição da corponormatividade. Ele perpassa o universo da deficiência e atinge todas as pessoas. O processo de envelhecimento é um exemplo, pois perdemos gradativamente nossas capacidades corporais. Todas as pessoas são (ou serão) dependentes, em maior ou menor grau, e a solidariedade é uma ferramenta importante para o combate ao capacitismo. Para mais informações consultar a página do Andes-SN: http://portal.andes.org.br/andes/print-ultimas-noticias.andes?id=9716 Vamos agir em uníssono na defesa da Educação e da Universidade Pública e Saudemos os banheiros!
Erlando da Silva Rêses Professor da Faculdade de Educação (FE)/UnB Membro da Diretoria Executiva do ANDES-SN
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