Oi Roman,
que bom! Fico feliz.
De fato, eu poderia ter levado o argumento para esse lado: como a cultura de design contribui na formação de novos padrões de consumo. O designer como arquétipo, a ser invejado, imitado, etc. E como essa tipificação retroalimenta a própria produção dos designers e molda, consequentemente, sua visão de mundo. "Ué, todo mundo tem um smart phone."
Mas dá pra imaginar que eu levei o argumento até onde pude. A Aline me chamou para escrever sobre design e consumo, e senti necessidade de colocar na conversa a dimensão da produção e do trabalho. Tive que "negociar" com o editorial, que apontava para questões referentes ao consumo inteligente/responsável, anticonsumismo, etc, totalmente inespecíficas. E no final acabei falando o óbvio – óbvio que, no entanto, é raro na literatura sobre design.
De toda forma, eu acho que poderíamos desenvolver essa conversa, para além dos pontos em comum que nós já descobrimos. Além das entrevistas (que são uma maneira de checar com a realidade nossas hipóteses, e de expandir as nossas ideias), eu iria sugerir algo a mais, como um grupo de estudo. (Arrepios) Eu sei da escassez de tempo geral, mas eu sinto que nos valeríamos muito de algumas leituras na hora de embasar essa nossa pesquisa comum.
Me assustei quando você falou que vibrou com a identificação do trabalho como mercadoria: isso é Economics 101; é mais um caso da lei da oferta e da procura. Alguns autores fundamentais (Marx, Weber, etc) situam isso de início, e não vejo como contornar essas teorias ao falar do design como trabalho e do trabalho como instrumento de negócio. Se estamos realmente maturando uma alternativa aos discursos classistas – como disse o Eduardo no último encontro –, então precisamos nos preparar para falar sobre isso com mais gente.
Da próxima vez ao vivo podemos tratar disso. Discutir para onde queremos levar essa história. Como já confessei para o Adriano, sinto falta de formalizar nossas "descobertas". Não temos conseguido fazer sequer pequenos relatórios das entrevistas, muito menos transcrições ou artigos. Meu receio é de que o pouco que conquistamos comece a escorrer entre os dedos.
Abraços,