Notas sobre Trabalho, Projeto e Consumo

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Felipe Kaizer

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Sep 20, 2015, 10:42:25 PM9/20/15
to Projeto Comum
Caros,

queria compartilhar algo que estou fazendo:


É um texto para um zine de um escritório de design em Maringá (Paraná). Quem me pediu foi a Aline Jorge, que não conheço pessoalmente. Na edição anterior eles republicaram um texto d'Aplataforma. Agora eles querem falar de Consumo e Design.

Compartilho o texto pelas questões presentes também nas nossas discussões, como aquela referente a nossa condição de mão-de-obra.

E também porque, se vocês concordarem, eu gostaria de incluir a url do Projeto Comum nos créditos. Se toparmos, precisamos escrever algumas linhas sobre o que tem rolado e quais são nossas pretensões. (Deixaríamos na página um endereço de e-mail ou a possibilidade de se inscrever no grupo?)

Comentários são obviamente bem-vindos.

Abraços, FK

Roman Iar

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Oct 6, 2015, 10:26:29 AM10/6/15
to Projeto Comum
Kaizer, 

Gostei muito do texto, ele me parece uma excelente introdução há um assunto mais complexo que seriam as atuais condições de trabalho (como estou repetitivo), quando você fala do trabalho como mercadoria eu vou a loucura! E essa idéia é intimamente ligada com o final do texto em que você diz sobre a decisão de colocar um projetista ser uma decisão de projeto.

Senti falta de falar um pouco do designer como usuário ou como consumidor. Afinal, movimentamos um gigantesco mercado (ferramentas, gadgets, aplicativos, estilo de vida etc...) e como interesses projetivos ou profissionais convergem para isso. Acho que deu pra ver um pouco disso no trailer do documentário que o Rafa postou, os designers estão projetando aqueles produtos/aplicativos/sites com base numa demanda existente ou cria-se essa demanda baseado em interesses próprios? Ou seja, o projetista já nem vê o usuário de costas no horizonte, ele pensa no projeto como próprio usuário. Acho que temos uma lista extensa de exemplos, mas para ficar na nossa bolha, é a cosac e a feira plana fazendo livro/fanzine para designer. Nesses parâmetros o design vira uma mera ferramenta de agregar valor (você esbarra nisso no final da parte II). É claro que na fase atual do capitalismo é normal acontecer isso, precisa-se agregar valor de qualquer maneira há produtos que já não são necessários, hoje as demandas e desejos são outras e que não esbarram somente numa mercadoria física, aí acho que finalmente o mantra do usuário pode funcionar, volto de novo ao trailer do documentário e a pretensão de não criar um produto final e sim uma experiência culminando num UX em que você tem de fato dados para trabalhar essa figura do usuário sem precisar se projetar nessa figura. Isso tudo pra mim ainda é muito incipiente e não tenho grandes conclusões.

Já rascunhei algumas coisas para a assinatura do texto, devo enviar hoje pro final da tarde.

Abraços



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Roman Iar Atamanczuk
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Felipe Kaizer

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Oct 6, 2015, 1:22:14 PM10/6/15
to Projeto Comum
Oi Roman,

que bom! Fico feliz.

De fato, eu poderia ter levado o argumento para esse lado: como a cultura de design contribui na formação de novos padrões de consumo. O designer como arquétipo, a ser invejado, imitado, etc. E como essa tipificação retroalimenta a própria produção dos designers e molda, consequentemente, sua visão de mundo. "Ué, todo mundo tem um smart phone."

Mas dá pra imaginar que eu levei o argumento até onde pude. A Aline me chamou para escrever sobre design e consumo, e senti necessidade de colocar na conversa a dimensão da produção e do trabalho. Tive que "negociar" com o editorial, que apontava para questões referentes ao consumo inteligente/responsável, anticonsumismo, etc, totalmente inespecíficas. E no final acabei falando o óbvio – óbvio que, no entanto, é raro na literatura sobre design.

De toda forma, eu acho que poderíamos desenvolver essa conversa, para além dos pontos em comum que nós já descobrimos. Além das entrevistas (que são uma maneira de checar com a realidade nossas hipóteses, e de expandir as nossas ideias), eu iria sugerir algo a mais, como um grupo de estudo. (Arrepios) Eu sei da escassez de tempo geral, mas eu sinto que nos valeríamos muito de algumas leituras na hora de embasar essa nossa pesquisa comum.

Me assustei quando você falou que vibrou com a identificação do trabalho como mercadoria: isso é Economics 101; é mais um caso da lei da oferta e da procura. Alguns autores fundamentais (Marx, Weber, etc) situam isso de início, e não vejo como contornar essas teorias ao falar do design como trabalho e do trabalho como instrumento de negócio. Se estamos realmente maturando uma alternativa aos discursos classistas – como disse o Eduardo no último encontro –, então precisamos nos preparar para falar sobre isso com mais gente.

Da próxima vez ao vivo podemos tratar disso. Discutir para onde queremos levar essa história. Como já confessei para o Adriano, sinto falta de formalizar nossas "descobertas". Não temos conseguido fazer sequer pequenos relatórios das entrevistas, muito menos transcrições ou artigos. Meu receio é de que o pouco que conquistamos comece a escorrer entre os dedos.

Abraços,

 

Felipe Kaizer

felipekaizer.com
skype: felipekaizer

Roman Iar

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Oct 7, 2015, 10:10:17 AM10/7/15
to Projeto Comum
Kaizer,

volto a repetir, gostei muito do texto. Ia começar minhas observações dizendo que eram impertinentes por que tenho certeza que você fez o melhor texto possível dadas as circunstâncias, acho que só quis levantar a bola por que são coisas que já discutimos e acho que é sempre importante pontuar.

Quando disse que vibrei é exatamente por que acho esse assunto super marginalizado! É de fato importante e fiquei muito feliz de você ter colocado lá!
Isso tudo tá pedindo muito um grupo de estudos mesmo, vamos maturar a idéia.

Abraços



Felipe Kaizer

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Oct 7, 2015, 11:38:13 AM10/7/15
to Projeto Comum
Oi Roman,

não me entenda mal. Eu concordo totalmente com seu ponto. Acho que uma crítica a essa dimensão simbólica é também urgente. É outra frente de batalha que precisa ser aberta.

Depois do seu comentário (e em relação ao trailer que o Rafael mandou), eu lembrei do vídeo de apresentação desse aplicativo:


Quantas coisas! O sujeito que se levanta da cadeira, asseado, e puxa o mobile do bolso, frictionless; a verborragia dos control-freaks; uma atmosfera geral de ansiedade, em que cada fração de segundo é decisiva; barbas bem aparadas; uma intolerância agressiva à qualquer obstáculo ou imprevisto; um humor leve, de script; a felicidade sintoma da produtividade; what I LOVE about…

Desse mundo de escritório primeiromundista é impossível imaginar outras paragens, outras preocupações, outros objetivos, além da "pursuit of happiness"…

Abraços,

Felipe Kaizer

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Nov 5, 2015, 11:41:58 AM11/5/15
to Projeto Comum
Caros,

apenas para constar. Saiu o texto:


Obrigado pela ajuda,

Abraços,

Felipe Kaizer

felipekaizer.com
skype: felipekaizer

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