Sobre a marca do Google

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Roman Iar

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Sep 8, 2015, 12:43:30 PM9/8/15
to Projeto Comum
Caros,

Compartilho uma pequena reflexão acerca da nova marca do Google.

Grande abraço

Felipe Kaizer

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Sep 9, 2015, 9:18:43 AM9/9/15
to Projeto Comum
Em primeiro lugar, que bom que você escreveu. Chega um ponto no qual as coisas só podem evoluir se vêm a público.

Se entendi bem, seu argumento é duplo: por um lado, a mudança da marca deveria nos levar a perguntas sobre processo, condições, requisitos, etc; por outro, os comentários dos seus colegas de profissão são aborrecedores e deveriam parar.

O primeiro argumento me parece mais construtivo. Isso não quer dizer que você não tem boas razões para reclamar dos comentários em geral, mas acho que seus questionamentos já são por si só uma crítica a críticas dos seus colegas. Não vejo muito como a ficha das pessoas poderia cair de um instante para o outro. Duvido se temos efeito ao acusar a mesquinhez da situação da crítica.

Mas o argumento é duplo; não são dois argumentos. Na sua voz, um não pode ser pensado sem o outro. E por isso fiquei feliz de compartilhar.

Abraço,

Felipe Kaizer

felipekaizer.com
skype: felipekaizer

--
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Eduardo Camillo K. Ferreira

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Sep 9, 2015, 10:26:20 AM9/9/15
to Projeto Comum
Depois de ler o texto do Roman, fiquei cá comigo pensando sobre essa questão, e não cheguei em ponto nenhum além das dúvidas que vou por a seguir. É menos sobre o Google, e mais sobre essa questão de opinar no projeto alheio.

"Não trabalhamos sozinhos, seja em equipe, seja com o cliente, o processo de tomada de decisões não é arbitrário. Lidamos com demandas, anseios e desejos das pessoas com quem trabalhamos. Não é um mero processo de fazer um desenho bonito, com uma fonte incrível, excelente kerning e uma paleta bem resolvida. A decisão de mudar a marca parte do mesmo lugar de onde vem a aprovação num processo nada simples com expectativas gigantes acerca do resultado final."

Para começar, é bom afirmar que eu concordo com isso. Minha impressão é que projetos de grandes empresas em geral sofrem uma série de interferências em diversos níveis, e possuem uma quantidade de variáveis tão grandes que, de fato, qualquer crítica sobre ela provavelmente será limitada (e talvez nem apenas para empresas grandes, até para projetos de uma pessoa para ela mesma). E para uma opinião/argumento ser de fato criterioso a respeito de tal, precisariamos ter em mãos boa parte dessas variáveis e interferências, caso contrário a chance de ser um comentário tosco é grande. E me frustra porque a chance de termos acesso a esse tipo de dado, do processo todo, de por quem passou, etc, é exatamente: zero. Tanto por confidencialidade quanto por razões práticas (por que alguém abriria tanto assim seu processo ao público?), não vejo muitas razões para que tais dados apareçam para a gente, e assim, uma crítica seja feita com propriedade e fundamentos.

Mesmo que algum nível de crítica seja possível (como no caso do Material Design, no outro tópico, são possiveis críticas políticas de se assumir tais diretrizes para um projeto, ou de usabilidade, etc), sempre ficaremos numa borda que tornará a crítica especulativa (talvez nunca saibamos qual é o plano maligno do google em fazer esse guia tão bem documentado). 

Na FAU tivemos uma disciplina de Crítica do Design com o prof. Claudio Portugal, e ele elencava uma série de pontos de análise, mas que, olhando hoje, no geral se restringem ao projeto como está posto para a gente. Nesse sentido, por mais criteriosos que fossem os pontos por ele elencados de possibilidade crítica (dentre eles: funcional, semiótica, política, ecológica, entre outras que não me recordo agora, vou tentar recuperar), ainda assim no geral não perpassam o processo de projeto de fato, e o que influenciou a que aquela solução fosse tomada. Apesar de tornar a crítica mais séria do que um "não gosto", ainda assim é insuficiente.

Não sei se essa é uma questão nossa, dos designers, que queremos criticar (mesmo que no bom sentido) os trabalhos dos outros, mas esses empecilhos para uma crítica que realmente pensem nas questões do projeto me frustram bastante. E mais ainda porque, sempre que eu me sentir impelido a uma crítica restrita ao que temos nas mãos, ao resultado do projeto, saberei que ela é limitada, e talvez invalida por isso.

</chororô>

---
Eduardo Camillo

Adriano Campos

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Sep 9, 2015, 11:07:47 AM9/9/15
to Projeto Comum
Concordo com o Roman e com todos aqui que projetos dessa natureza são tão complexos que toda crítica é rasa. Não acredito que o google libere essas informações, acho, inclusive, que ele nem as têm. Alguém do marketing, por questões próprias, achou que deveria mudar; o design deve ter reclamado e mudado mesmo assim, à revelia; o financeiro ficou bravo com a compra de adesivos pra trocar nos carros.
Não acredito no google uno, num oráculo que tomas as decisões sábias numa sala e isso vai descendo até chegar na ralé.

E na minha cabeça (isso é algo meu) o designer nem pode criticar esse processo soberanamente como faz, pois ele não é só de design, mesmo com todas as informações. Podemos criticar, como seres inteligentes que somos (qualquer coisa, inclusive). A história do Zaitsu e Helvetica Rounded ilustram isso pra mim.

Me lembrou muito o cinema. Todo filme é criticado: sai lá um texto de um cara que viu o filme e criticou, baseado em crenças muito pessoais, sem conhecer o projeto, as interferências, a dor de barriga da atriz, a cadeira ruim da sala de cinema, a morte do cachorro, etc. E a indústria está muito bem com isso. O cara do Avengers diz foda-se pra Folha e suas 2 estrelinhas. Acho que nós designers lidamos mal com críticas, seja ela qual for. Imagina eu numa mesa com o Haneke dizendo que ele que não gostei do ultimo filme dele, achei bobo, sei lá. E a gente faz isso!!
(momento mea-culpa)

Aliás, me lembrou uma entrevista de uma diretora de cinema que gosto muito. Alguém criticou o fim de um filme dela. Achou que acabou abruptamente demais, sem conclusão adequada. E ela dizia que ela não tinha dinheiro pra pagar a equipe mais um dia e terminou o filme onde podia, até onde tinha filmado. Ela entendia a crítica (não estava errado, o crítico), mas o lado dela importava também.

Minha opinião é: abram as críticas, rasas ou complexas. Algum trabalho há de ser dado ao receptor da informação de filtrar o que lhe convém. Tem muita gente interessada em saber o que o que o designer ao lado achou da marca.

Mas, o que me assusta é em 2015 e a gente discutindo marca. Tava na hora de parar de fazê-las não?

Adriano Campos
+ 55 11 969 964 692

Felipe Kaizer

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Sep 9, 2015, 11:56:27 AM9/9/15
to Projeto Comum
Edu,

concordo com o que você falou. Compartilho da sua frustração. E entendo que ela possa ser tão constante: não há interesse (nem da parte que faz, nem da parte de quem consome) de entender esses processos a fundo. E a crítica não pode progredir sem informação (quando, quem, onde, como…).

Mas será?

Será que não é possível avaliar o que nos chega mediante outras variáveis? Será que não é possível montar um quadro "criterioso" com o que é aberto ao público?

Por exemplo: nós não sabemos realmente porquê o Google mudou de marca, mas nós sabemos quando e quantas vezes ele mudou. Em teoria, nós sabemos também do histórico do valor do negócio (no preço das ações, nas estimativas em caso de compra, etc). E se olharmos ao redor, podemos identificar outras empresas, tomando atitudes parecidas, com histórico parecidos. Nada nos impediria – se tivéssemos os recursos e o tempo – de cruzar essas informações para tentar reconstruir um cenário que possa explicar porque da mudança, independente das condições específicas. Eu sei que isso ainda é especulação, mas é de um tipo que tenta se respaldar no mínimo de fatos.

Isso se parece com o modelo de crítica da ideologia, que a esquerda no mundo todo costuma usar. Ninguém tem acesso a informações confidenciais (a não ser tarde demais), mas isso não impede a crítica de prosseguir de alguma maneira. Se novos fatos, por acaso, vem à tona, é possível avaliar se eles se encaixam nesses cenários provisórios, ou se é preciso reconstruir a teoria como um todo.

Abraços,

Felipe Kaizer

felipekaizer.com
skype: felipekaizer

Felipe Kaizer

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Sep 9, 2015, 9:14:44 PM9/9/15
to Projeto Comum
[Encaminhando o último post do Adriano, depois da minha resposta]

Eu entendo seu ponto, Adriano. Mas não acompanho o radicalismo. (Lembra da minha inclinação liberal?)

Se "marcas são relevantes pra uma empresa ainda"? Acho que sim. O mundo ainda faz questão. Se você tem algum porte, não tem como não ter alguma marca. Talvez nos falte imaginação, mas qualquer coisa no lugar vai corresponder a uma marca. Então é melhor tratá-la como tal. Não vejo problema.

Concordo que o problema está em supervalorizar os aspectos meramente visuais dessa marca. Mesmo as técnicas de branding reconhecem esse erro. Fala-se em experiência de marca (mas isso é outro imbróglio).

Acho, porém, que o valor das ações e dos likes continua sendo determinante, mesmo para o Google. (Estou entrando no terreno da livre especulação, mas…) o próprio valor da marca é o resultado de especulação. Isso, no entanto, tem efeitos bem concretos: mergers and acquisitions. O "mais legal" é moeda corrente.

De toda forma, partilho do seu bode. Mas ainda fico com o Roman e o Edu: adoraria entender mais a fundo como um negócio desse tamanho acontece; qual é o operacional por detrás da sincronização simultânea de todas as manifestações da marca em todas as plataformas.

E talvez dê para discutir "porque as empresas se juntam" começando pela pergunta "por que elas insistem em fazer marcas bonitinhas"?

(Aliás, uma maneira de saber dos "bastidores" é perguntando. Vocês não souberam de ninguém que fez isso a fundo?)

Abraços,

————//

Sem querer ser chato (já sendo), mas pq queremos e devemos saber o motivo do google mudar sua marca?

É realmente importante isso? Marcas são relevantes pra uma empresa ainda? 

As pessoas usam o google pq são obrigadas (tente passar um dia sem serviços google); os serviços que contavam com qualidade de marca / serviço e propaganda deram com os burros n`agua. Todos, -- vide waze, reader, google +, ... --, e isso não muda nada pra marca (podemos pegar o day after a morte de cada um desses serviços e duvido que haja alguma alteração significativa). Acho que estamos presos a um conceito antigo de marca que já não se aplica. Mas ainda usamos a mesma régua de 60 anos atrás pra medi-las. Ações, valor de empresa, clientes. Francamente acho que isso não mudou nada antes e depois da mudança. Isso não foi motivo de mudança. Mudou por que dá like, por que é legal. É mais legal mudar que o pra onde se mudar.

O kaizer me passou um vídeo de uma rapaz falando de startups, em que ele cita uma lista de empresas que fariam sucesso no mundo dentro de x anos (feito há um tempo), e ele contava que 60% (salvo engano) das empresas não existiam mais. Fizeram sucesso, foram vendidas, morreram e tá tudo bem. Nem podemos chamar morte de uma empresa de fracasso.

O mesmo caso ocorreu na LATAM (união Lan + Tam); francamente não quero saber por que se uniram, provavelmente é um motivo que já sabemos e fingimos não saber (o CADE deveria estar mais preocupado que a gente). Quanto ao design, podia ser aquele, ou outro. Foi aquele e tá ótimo. O avião não será melhor com o kerning correto. A marca não ganha mais ou menos com marquinha boa ou ruim.

As vezes acho que o design fica meio Liza Minelli no Oscar, querendo aparecer onde não é chamado. Ou discutimos o por que as empresas se juntam, ou falaremos de marcas bonitinhas. O meio do caminho me parece sempre raso.

</desabafo>

Felipe Kaizer

felipekaizer.com
skype: felipekaizer

Em 9 de setembro de 2015 15:01, Adriano Campos <cs.ad...@gmail.com> escreveu:
Sem querer ser chato (já sendo), mas pq queremos e devemos saber o motivo do google mudar sua marca?

É realmente importante isso? Marcas são relevantes pra uma empresa ainda?

As pessoas usam o google pq são obrigadas (tente passar um dia sem serviços google); os serviços que contavam com qualidade de marca / serviço e propaganda deram com os burros n`agua. Todos, -- vide waze, reader, google +, ... --, e isso não muda nada pra marca (podemos pegar o day after a morte de cada um desses serviços e duvido que haja alguma alteração significativa). Acho que estamos presos a um conceito antigo de marca que já não se aplica. Mas ainda usamos a mesma régua de 60 anos atrás pra medi-las. Ações, valor de empresa, clientes. Francamente acho que isso não mudou nada antes e depois da mudança. Isso não foi motivo de mudança. Mudou por que dá like, por que é legal. É mais legal mudar que o pra onde se mudar.

O kaizer me passou um vídeo de uma rapaz falando de startups, em que ele cita uma lista de empresas que fariam sucesso no mundo dentro de x anos (feito há um tempo), e ele contava que 60% (salvo engano) das empresas não existiam mais. Fizeram sucesso, foram vendidas, morreram e tá tudo bem. Nem podemos chamar morte de uma empresa de fracasso.

O mesmo caso ocorreu na LATAM (união Lan + Tam); francamente não quero saber por que se uniram, provavelmente é um motivo que já sabemos e fingimos não saber (o CADE deveria estar mais preocupado que a gente). Quanto ao design, podia ser aquele, ou outro. Foi aquele e tá ótimo. O avião não será melhor com o kerning correto. A marca não ganha mais ou menos com marquinha boa ou ruim.

As vezes acho que o design fica meio Liza Minelli no Oscar, querendo aparecer onde não é chamado. Ou discutimos o por que as empresas se juntam, ou falaremos de marcas bonitinhas. O meio do caminho me parece sempre raso.

</desabafo>

Adriano Campos
+ 55 11 969 964 692

Roman Iar

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Sep 10, 2015, 5:42:44 PM9/10/15
to Projeto Comum
Caros,

Muito obrigado pelas respostas. 

Concordo com muitos dos pontos apresentados. E como sempre, tendo a concordar com o Adriano quando ele questiona a importância da marca do Google, ao mesmo tempo que concordo com o Kaizer que diz que é importante para as empresas. Seguindo o pensamento do Adriano então vamos eliminar publicidade, vitrines, revistas inteiras e grande parte de hollywood. Acho que estamos vendo o declínio desse tipo de pensamento, mas ele ainda se faz muito presente e pra mim a questão é como lidar com isso. Aí pra mim entra a questão das condições de trabalho que estão intimamente ligadas a uma divisão de classe dentro do design e como essa lógica formal beneficia algumas poucas pessoas que acabam ganhando um poder simbólico muito grande (não necessariamente monetário) fazendo aspirantes, estudantes e mesmo designers formados a uma busca pelo respaldo dessas pessoas ou dessa lógica. Nada mais claro, quem poderia estar discutindo processos e condições não tem interesse nenhum em fazer isso, só interessa essa manutenção de poder (talvez nem seja uma questão de interesse, talvez seja questão de repertório mesmo, essas pessoas nem sabem discutir de outros pontos).

Concluindo, acho que se as discussões saem desse âmbito puramente visual e técnico e foca em uma visão macro sobre o projeto vira material para outros designers se espelharem e ganharem repertório! Por isso minha grande cisma com o MCB, lá só discute-se uma peça fechada, não o que deveria importar, então pode ser um excelente exercício formal para o estudante, mas a presença dele, na forma que existe, me parece mais danosa que construtiva.

Felipe Kaizer

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Sep 11, 2015, 9:21:59 AM9/11/15
to Projeto Comum
Só um adendo:


(ou http://nao.usem.xyz/7ajp)

Melhor análise que vi até agora. Análise do sistema e não do logotipo.

rdazvd

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Oct 19, 2015, 5:50:59 PM10/19/15
to Projeto Comum
Acho bastante válido esse questionamento da relevância existente em ponderar sobre novos “projetos” de identidade visual em 2015. Toda a abordagem do Google em relação a design, aliás, parece marcar um momento de virada de sentido do design gráfico. Olhando pra tudo o que o Google produz relacionado à área, eles parecem estar mais preocupados em criar estruturas e padrões de interação do que relações de forma e significado. O redesign da marca deles é um desdobramento desse processo, em que a adequação à convenção estabelecida é preponderante a em que medida a marca é um elemento de síntese.

Indo por essa via, perde um pouco de sentido a preocupação com o processo de “criação” da marca e com a capacidade de atores externos tecerem algum tipo de juízo sobre ele. Tudo isso vem em um momento de banalização crescente dos rebrands como podemos ver cotidianamente em blogs como o Brand New, em que a operação da “defesa” do que foi entregue tenta preencher a lacuna de um estado de coisas em que a confecção de sinais e símbolos parece ser apenas um simulacro da prática de amalgamar forma e conteúdo (caso paradigmático: http://adage.com/article/agency-news/breathtaking-word-purported-arnell-pepsi-doc/134552/), criada e polida pelo panteão de designers modernistas que nos são apresentados como modelos na escola.

Em 2015, o valor de uso do design gráfico parece não estar em nenhum outro lugar que não o de servir como “proxy” da informação.


On Tuesday, September 8, 2015 at 1:43:30 PM UTC-3, Roman Iar wrote:

Felipe Kaizer

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Oct 19, 2015, 6:20:26 PM10/19/15
to Projeto Comum
Rafael,

tendo a concordar com tudo que você falou. De fato a situação mudou dramaticamente e o Google é um bom caso para analisar essa mudança. Questões semânticas (de adequação da forma ao conteúdo) hoje contribuem cada vez menos para o "valor de marca". O convencionalismo tem agora um campo aberto para correr.

Mas você acha que resta alguma tarefa para o designer gráfico? Qual seria? A de dar forma compreensível à informação? Deveria o designer gráfico abdicar totalmente do sobrenome "gráfico" ou "visual", para se pensar somente como designer (de estruturas, de formas no mundo digital)?

Felipe Kaizer

felipekaizer.com
skype: felipekaizer

Eduardo Camillo K. Ferreira

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Feb 5, 2016, 8:07:45 AM2/5/16
to Projeto Comum
Caros!
Essa mensagem poderia ser postada no Design e Negócio, nesse tópico, ou em vários outros, mas voltei nesse só pela afinidade do tema central
Recentemente o Uber reprojetou sua identidade. Até aí, dane-se. Mas nessa reportagem da Wired temos algumas coisas interessantes, que vou botar abaixo (ordem que aparece na reportagem).

http://www.wired.com/2016/02/the-inside-story-behind-ubers-colorful-redesign/

(...)

Here’s the thing, though. Kalanick is not a designer. He’s an engineer by training and an entrepreneur by nature. Yet he refused to entrust the rebranding to anyone else. This was an unusual decision. Most CEOs hire experts—branding agencies that specialize in translating corporate values into fonts and colors—or tap an in-house team. Not Kalanick. For the past three years, he’s worked alongside Uber design director Shalin Amin and a dozen or so others, hammering out ideas from a stuffy space they call the War Room. Along the way, he studied up on concepts ranging from kerning to color palettes. “I didn’t know any of this stuff,” says Kalanick. “I just knew it was important, and so I wanted it to be good.”

(...)

By the end of 2013, the company had decided it was time for a refresh. They started talking to agencies and interviewed more than half a dozen. Nothing seemed right. Either an agency would have great ideas and poor execution, or its designers wouldn’t understand what Kalanick and Amin wanted to do.

(...)

Working with a few other designers, Amin and Kalanick started trying to articulate new brand pillars, company principles they could distill into simple words and phrases. They did traditional card-sorting exercises and considered images, testing terms to figure out what resonated best. It took them 18 months to agree on five pillars they thought best described the company Uber aspires to be: grounded, populist, inspiring, highly evolved, and elevated.

By last spring, they’d stopped looking for outsiders to freshen the brand. The company had, by that point, assembled a more complete design team, which had grown more confident in its own ideas. They decided go it alone. And they’d made great progress. A Brazilian designer named Roger Oddone arrived from Google to work on the typography and came up with some 200 new fonts to replace a logo many found hard to read. He narrowed it to two—a tight, blocky font and a thicker one with rounded corners. By combining the best elements of each and adjusting the prongs of the “e” in Uber, he came up with a wordmark that is easy to read.

Any design process has a way of dragging on as designers make endless small adjustments in pursuit of perfection. Not this one. Even now, Kalanick strides over to the poster board bearing the new logo and points to it, then lifts all ten fingers to his mouth and squints his eyes. “Mmmm!” he says. Amin nods and says, “The design review took ten minutes. He was like, ‘that’s good.’” But the logo introduced a bigger problem; beside it, Uber’s old brand assets looked tired. Forget a refresh—it was time for the company to rebrand entirely.

(...)

They kept getting stuck. The problem was that even Kalanick realized he shouldn’t be controlling everything. It felt wrong for Uber’s global and local brands to revolve around the color preferences of a rich, white guy in California—even if that rich, white guy in California is the CEO. “We walked out and we were like, this is crazy—we’re designing a brand for Travis,” says Amin. At some point, Amin realized the process would be easier if the group established a set of principles other designers could follow. That’s when they hit on the idea of designing different color palettes for different regions.

(...)

By November, the team had a final design for the icon—a badge so visually connected to the concepts they’d developed that, in describing it, Kalanick once again narrowed his eyes and lifted his fingers to his mouth in a gesture of supreme satisfaction. But they had to kill the idea at the last minute; the icon looked too much like one belonging to an app launched by the State Bank of India. The design team returned to the war room.

Within a month, they had a final-final design—a bit (or basically, a square) on a patterned background. A few days later, Kalanick questioned whether it was really done. The team worried it was too minimalist—a user wouldn’t make the connection to the larger Uber brand. They decided to sit with the idea for a couple of weeks.


No final, dá tudo certo, eles lançam o redesenho, e todos reclamam, como normalmente acontece. Mas essa parte onde o CEO se envolve diretamente e a cada passo da coisa, e faz, refaz, discute, estuda, atrapalha, ajuda... Está diretamente ligado àquilo que conversavamos no começo, sobre o designer interno se submeter às vontades e desejos do chefão apenas porque sim. Aqui parece que aconteceu uma via de duas mão em diversos momentos, da dominação do Kalanick e de ele deixar de controlar tanto. Não à toa o processo levou anos pra terminar.

Não refinei meus pensamentos sobre isso tudo do processo de redesenho da coisa, confesso. Estava apenas ansioso para compartilhar aqui, porque toca e muito do que conversamos em diversos momentos.



Felipe Kaizer

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Feb 5, 2016, 2:33:22 PM2/5/16
to Projeto Comum, Eduardo Camillo K. Ferreira
Edu,

de fato essa reportagem revela um pouco mais do que os simples posts de antes-e-depois. Mas tenho dúvidas se realmente ficamos conhecendo melhor as motivações (e quem dirá os resultados) da mudança: a matéria não trata minimamente de questões quantitativas, que possam dar alguma concretude e sentido à nova estratégia de comunicação. Tudo continua envolto em um certo mistério…

Até porque certo mistério é sempre bem-vindo quando o valor da sua empresa depende acima de tudo de quanto os outros acreditam que ela valha. Não desconsideremos o fato de que uma troca de marca é um sinal para o mercado.

Agora, uma coisa me chamou a atenção e me levou a uma ideia (para mim) incipiente, que ainda assim gostaria de compartilhar.

Tem a ver, fundamentalmente, com a convivência contraditória entre o discurso convencional a respeito de renovação de identidade…

It’s about Uber’s attempt to transform its purpose and cement a new reputation—to change not only how it is perceived throughout the world, but how it perceives itself.

…e um discurso bem mais franco, que explicita a arbitrariedade do processo como um todo:

Kalanick’s involvement makes more sense when you understand the rebranding was personal. “There’s an evolution here, for the founder as well as for the company,” he says, “because really, they’re very connected.” […] For Kalanick, who turns 40 this year and has gained a few more shades of silver in his spiky, salt-and-pepper hair, this rebrand has been an act of self-exploration. It is his attempt to define who he is, and to give himself the flexibility to evolve alongside the company he started.

Eu apostaria que a contradição não é mero descuido; ela é possivelmente o resultado de uma estrutura organizacional que está se tornando mais comum, essa em que os caprichos individuais são parte do capital da empresa. Essa lógica talvez se aplique a um número crescente de empresas (Amazon e seu Lex Lutor, Virgin e o maluco naquele balão, Facebook e o monte-de-açúcar que tem biografia cinematográfica em vida, Microsoft e a caridade massiva do Gates etc) porque o valor delas dependem cada vez mais de uma atenção constante do mercado, o que torna a competição entre empresas (de ramos totalmente diferentes, mas de capital aberto) cada vez mais excêntrica. Chega um ponto em que ninguém pode ser dar ao luxo de não buscar incessantemente algum espaço nas timelines e nos feeds mundo afora.

Isso talvez explique também o modo como justificativas, releases e descrições de processo tem se tornado dispensáveis (vide _coteca). Não importa mais saber o que, como ou porquê mudou, mas simplesmente que mudou. É um pouco mais radical que a simples nova novidade, que faz parte da estratégica de obsolescência perceptiva dos produtos: como a organização, seus processos e sua direção permanecem praticamente os mesmos, é preciso forjar uma mudança, que, se for capaz de alcançar o objetivo de incentivar mais investimentos, terá, retrospectivamente, sido válida.

Não me escapou o paralelo à primeira vista indevido entre empresas públicas e privadas. O fato (talvez trágico) que permite hoje essa comparação é que, a medida que as empresas públicas, para conseguir o capital necessário, precisam entrar no jogo das metas pregado pelas novas técnicas administrativas, seu comportamento passa a equivaler a de uma empresa privada que precisa disputar recursos escassos, seja do Estado, seja da sociedade civil (e.g. via Rouanet). Para o bem e para o mal, é a derrota do planejamento sob a lógica de mercado.

Abraços,

Felipe Kaizer

Roman Iar

unread,
Feb 6, 2016, 12:12:11 PM2/6/16
to Projeto Comum
Edu,

maneiro ter levantado a questão, Kaizer cortou com maestria. Adicionaria a esse rol de empresários como empresas, Steve Jobs.

Alguns pontos:
Kaizer, você disse que "Não importa mais saber o que, como ou porquê mudou, mas simplesmente que mudou.". Será que alguma vez importava o porquê da mudança? Digo, pensando numa empresa de capital aberto você só vai querer justificar melhor para os acionistas, mas e para o público/consumidores em geral? O que me leva ao segundo ponto, será que finalmente o neo-liberalismo está triunfando e transformando de fato as empresas em pessoas (Steve jobs = apple e assim por diante)? Fora as implicações políticas disso traz-se justamente o pensamento personalista do CEO do alto do seu castelo mandando e desmandando, e me ressoa a última frase do Kaizer "é a derrota do planejamento sob a lógica de mercado", mas o mercado não deveria justamente fazer um bom planejamento para os seu negócios? Mas sob a óptica personalista isso é varrido para baixo, só importa o que o CEO quer, não como ele deveria querer.
Roman Iar Atamanczuk
http://romaniar.com.br
con...@romaniar.com.br
skype - roman.iar

Adriano Campos

unread,
Feb 8, 2016, 12:04:18 PM2/8/16
to Projeto Comum
Nessa questão do Uber (e da sua marca) vou me colocar ao lado do Edu. Li o texto e não tenho muito a dizer sobre esse redesenho (ou nenhum outro, eu acho!).
Mas pareceu super ok: Detectaram um problema na marca (diferenças nas 2 plataformas, UUber, falta de cores etc) e decidiram refazer, e internamente. Tudo certo, não?
Os discursos estão completos de afetação, mas nem isso me incomodou.

e como adoro brigar contra a "organização", nesse caso, se o Uber é ou não organizado pouco importa pra eles. A empresa vale mais q a Ford (contem ironia). Pro Kalanick ele está sendo super organizado quando veta o logo desenhado por questões pessoais. Todo mundo se organiza da maneira que lhe convêm. Quem paga/manda organiza o de baixo. E não há uma organização que sirva a todos.

ainda sim coisas saltaram no texto, aleatoriamente.
- quase todos os designers em algum momento levaram trabalho pra casa ou pro almoço;
- como foi dita a palavra ícone! -- 11 vezes --, aí me lembrei que é um ícone de aplicativo, de uma tela de celular. Não é uma marca, embora as barreiras estejam borradas. Icone é marca!
- post it no que gosta...

abraço

Felipe Kaizer

unread,
Feb 11, 2016, 1:32:36 PM2/11/16
to Adriano Campos, Projeto Comum
Oi Roman,

respondendo suas perguntas.

"Será que alguma vez importava o porquê da mudança?" Talvez você tenha razão; talvez nunca tenha importado. Me vem à mente aquelas sínteses de todas as marcas da Ford ou da Fiat ao longo de décadas, assim como o exemplo contrário, de marcas mais duráveis, como as da GE e da Coca-Cola. Imagino que fosse possível justificar alguns desses casos sobre bases estéticas: uma mudança do Zeitgeist "exigiria" uma atualização da assinatura das empresas. Mas, esse motivo, como tudo que é estético, é altamente questionável. Talvez tenha havido justificativas um pouco "objetivas" para aquelas marcas que representaram uma mudança real de organização, propósito ou modelo de negócio (o que é muito raro). Eu diria que, por trás da mudança dos Correios ano passado, há uma mudança do comportamento geral da empresa, que agora quer atrair capital estrangeiro. Mesmo sendo justificável, duvido que essa defesa tenha sido feita de maneira explícita.

Agora, "importava" para quem? Para os designers, certamente. Sobretudo para aqueles que não pegaram o job (enfim, sour grapes). Certamente não importava para "o público/consumidores", não mais do que uma melhora dos serviços/produtos ou uma diminuição dos preços. Na verdade, o efeito de uma atualização de marca costuma ser o contrário: como vimos no exemplo do Pet Shop, a mudança de look (no lugar de uma mudança qualitativa do serviço) permite um aumento da cobrança em função da qualidade percebida. 

"Será que finalmente o neo-liberalismo está triunfando e transformando de fato as empresas em pessoas?" Não sei. Em primeiro lugar, não sei se esse é um dos objetivos expressos do neoliberalismo. Não acredito. Me parece ser no máximo uma estratégia jurídica, historicamente bem determinada, para proteger o patrimônio sob os direitos inalienáveis à vida (a referência é a análise do surgimento do modelo contemporâneo de corporação pelo Noam Chomsky naquele documentário "The Corporation"; em linhas gerais ele narra como aprovaram uma lei nos EUA na época da abolição da escravatura que criava a entidade bizarra da "pessoa jurídica".) Mas acho que não é disso que você está falando.

Para me fazer entender melhor, me alongo um pouco sobre o que quis dizer com "a derrota do planejamento sob a lógica de mercado". Com essa frase eu estava apenas invocando uma das diferenças básicas entre socialismo e capitalismo: o primeiro defende uma distribuição planejada dos recursos, enquanto o segundo confia que o mercado, como uma mão invisível, é o único capaz de alocar os recursos da maneira mais produtiva/útil possível. O modelo do planejamento fracassou terrivelmente nas mãos dos regimes socialistas, e hoje é motivo de chacota quando se fala em intervenção estatal. Sim, é preciso admitir que, no geral, "para o bem e para o mal", o planejamento estatal falhou. Isso não quer dizer, porém, que a ideia de planejamento e a necessidade de intervenção estatal devam ser abandonadas.

O uso da ideia de planejamento, por outro lado, pode ser enviesado. Terminei a mensagem com aquela frase porque uma empresa pública pode começar a se comportar com uma privada dependendo da cultura de gerenciamento que nela se instala. O gerenciamento por metas, por exemplo, é algo que acabou sendo transposto para organizações que não tinham o lucro como objetivo, com estranhas consequências. (Acho que já compartilhei o episódio do "The Trap" do Adam Curtis sobre isso, mas aqui está de novo. Vejam o exemplo do New Labour na Grã-Bretanha, na segunda metade do episódio.)  

"O mercado não deveria justamente fazer um bom planejamento para os seu negócios?" Sim, mas toda mudança tem um custo. E, em time que está ganhando, não se mexe. Acho que alguém só empreende uma mudança drástica de cultura e de organização na própria empresa se ela estiver sob o risco de desaparecer. Ainda assim, às vezes a mudança exige tanto, que é melhor fechar a empresa e começar outra. Por isso a maioria das novas técnicas de gerenciamento e das novas formas de organização tendem a aparecer em novos empreendimentos. Tem também o delay das business schools para absorver essas novidades: algumas coisas tem que passar no teste do tempo. Agora, no Brasil, tudo isso que você sugere é mais complicado, não só por conta da nossa formação social, mas também porque aqui existe um terreno excepcional para multinacionais, além de uma legislação frouxa que permite formação de cartéis, etc. Com tanta folga, ninguém tem "os incentivos" para mudar, para se organizar, para otimizar os processos, etc. No limite, no Brasil, ninguém tem o incentivo para produzir, quando se tem em consideração o que pagam os juros. 

Abraços,

Felipe Kaizer

--

Eduardo Camillo K. Ferreira

unread,
May 16, 2016, 10:43:47 AM5/16/16
to Projeto Comum
(Fiquei entre abrir um novo tópico, ou resgatar esse pela proximidade do assunto mas correndo o risco de não continuar o fio da meada... Foi aqui mesmo, no final, porque corri para ser o primeiro a compartilhar isso)

(tentei abrir nos naofode da vida, mas não consegui).

Além do fato todo em si, é legal ainda olhar como foi escrita a reportagem.

A reportagem é de um rapaz chamado Silas Martí (não sei se ele tem algum renome nas artes plásticas, mas escreve principalmente sobre isso), e ele parece se a alguns pontos nos não muito comuns em reportagens sobre logotipos, como comentar o estilo do Hans Donner e a influencia bauhauseana nele.

De certo, esse reporter é algum "iniciado" no design e nalguns pontos da agenda da classe, e isso está bem refletido na reportagem, pelo que vejo.

O logo foi desenvolvido por um publicitário, chamado Elsino Mouco. E o reporter chamou praticamente só designers para comentar, o que é interessante, deve saber do nosso mimimi de que marca quem desenvolve é designer, e não publicitário. 

Ele mesmo acabou usando pouco das próprias palavras na interpretação semiótica do logo, e mais as interpretações dos designers para a análise. Caberia da parte dele pontuar qual a opinião de cada um dos comentadores sobre o golpe do Temer. 

E apesar de o começo da reportagem ser o ~michelzinho~ escolhendo o logo, ele não focou nesse fato pitoresco, que é o que está deixando os designers da minha timeline polvorosos. 


Eduardo Camillo K. Ferreira

unread,
May 16, 2016, 10:45:09 AM5/16/16
to Projeto Comum
* esse trecho abaixo ficou ininteligível, estou reescrevendo:

(...)

A reportagem é de um rapaz chamado Silas Martí (não sei se ele tem algum renome nas artes plásticas, mas escreve principalmente sobre isso), e ele parece se atentar a alguns pontos não muito comuns em reportagens sobre logotipos, como comentar o estilo do Hans Donner e a influencia bauhauseana nele.

(...)

Eduardo Camillo K. Ferreira

unread,
May 17, 2016, 6:42:03 AM5/17/16
to Projeto Comum

Rafael de Azevedo

unread,
May 17, 2016, 3:41:37 PM5/17/16
to Eduardo Camillo K. Ferreira, Projeto Comum
Rafael de Azevedo

Adriano Campos

unread,
May 18, 2016, 10:39:23 AM5/18/16
to Rafael de Azevedo, Eduardo Camillo K. Ferreira, Projeto Comum
O Silas é habituê aqui na bienal (e era no mcb em menor freqüencia) e escreve sobre arte/cultura há muito tempo. É dos mais famosos e embora não saiba julgar se escreve bem ou mal, parece contar com o apreço do pessoal da Cultura.

E gostei da matéria. É uma boa fotografia do momento. Ele escorrega aqui e ali, mas nada grave, já que ele é dado a escrever opinando.

Já o fato do Michelzinho, vindo da boca de um publicitário é pra se ler como isso mesmo. O menino estava dormindo provavelmente, mas o publicitário precisava humanizar o Michelzão (e seu emblema) e não podia perder essa chance. Acharia melhor, portanto, se o Michelzinho tivesse escolhido mesmo espontaneamente. Não vejo problema nenhum nisso. Nem em Ivete Sangalo e nem em Michelzinho. Ou o logo é desenhado pras pessoas ou não é. Logo pra ficar em behance não vale. Rs

Mas a marca ecoa no novo governo. Ele traduz exatamente o que o Michelzão quer, portanto, na minha opinião, é um ótimo logo. Com ou sem as estrelas. Com ou sem wordart =)

abraço,

ps: chiquinho me decepcionou com o papinho de união.

Adriano Campos
+ 55 11 969 964 692

Eduardo Camillo K. Ferreira

unread,
May 18, 2016, 11:04:40 AM5/18/16
to Projeto Comum
Pior que eu achei que ele ficou bem em cima do muro, saiu bem pela tangente, pq ele fala da fala do outro, né, e não do que ele acha.

"Em vez de criar um novo slogan, num momento em que está falando em união nacional, ele usa o que está escrito na bandeira, que é o maior ícone da nossa identidade"
"Achei inteligente como saída para o momento político, correto e adequado para os fins do Temer"


Adriano Campos

unread,
May 18, 2016, 11:26:12 AM5/18/16
to Projeto Comum
Exato! Além do fato que se a bandeira está fazendo alguma coisa nesse momento é dividindo ainda mais. Os ordeiros dos desordeiros, pra ficar só no slogan e não ir pras cores!

Também ficou parecendo que o jornalista colheu as resposta por email e tentou enxugar tudo o que pode ter dito os analistas pra caber numa frase só. Dei esse desconto aos entrevistados todos.

E outro desconto: marca de governo é muito criticável. Certo faz o Haddad que usa brasão. Rs

Adriano Campos
+ 55 11 969 964 692

Felipe Kaizer

unread,
May 21, 2016, 7:52:46 PM5/21/16
to Adriano Campos, Projeto Comum
Reendereço da máteria sobre o Michelzinho: <http://naofode.xyz/7uap>.

"Marca de governo é muito criticável" – concordo totalmente. Não são suficientes os símbolos do Estado?

A verdade é que criam-se marcas para os governos, assim como se criam as campanhas eleitorais: uma coisa é a continuação da outra. Os governos fazem autopropaganda e campanha para reeleição/continuação. Não deveriam; é um abuso da condição de situação.

Algumas críticas saem-se tão mal quanto a marca: falam em "esperança", "moderno", "jovem", como se se tratasse de critérios objetivos. Sabemos por experiência que essas palavras escondem um multitude de coisas, muitas vezes totalmente díspares. Para dar conta de questões visuais, é preciso um esforço a mais de expressão – que, naturalmente, não cabe numa matéria como essa. Tudo bem; aceitemos os lugares comuns.

Carecem também de exatidão outras ideias, como de "simplificação" ou "alto modernismo". Dessa vez o preconceito tem origem no discurso dos próprios designers; tendo a concordar com quem diz que a Bauhaus como nós conhecemos é em parte um mito construído postumamente nos EUA, mais especificamente no MoMA. Noções sobre um modernimo canônico, universal, também se devem especificamente ao MoMA. A exposição Modern Architecture: International Exhibition (1932) com curadoria de Henry-Russell Hitchcock and Philip Johnson é o marco desse constructo, batizado de estilo internacional.

No Brasil, o caso parece ser um pouco diferente. A chegada do design é concomitante ao auge do concretismo. Arrisco dizer que o nosso modernismo nas artes gráficas não é exatamente construtivista, bauhausiano ou neoplasticista. O Stolarski diz n"A identidade visual toma corpo":

As estéticas para essa empreitada [referente ao desenvolvimento de identidades visuais] haviam sido lançadas no início do século XX pela arte construtiva, que começou a ganhar força no Brasil durante os anos 50 em meio a um grupo de artistas paulistas. De fato, a maioria dos designers […] iniciou sua carreira nas artes visuais; um bom número deles tinha contato próximo ou direto com o movimento concreto […] – O design gráfico brasileiros: Anos 60, p. 218

Como o Eduardo bem notou, o Silas conhece essa história, seja ela verídica ou não. É o ponto pacífico entre os designers, que deveria ser combatido. Quantas coisas não se escondem por debaixo dessas noções de "retrô" e "novo"?

Por outro lado, o Silas fala em "tendências do design atual" e "onda de simplificação e releitura da austeridade do modernismo que domina o design nos últimos anos"; alguém sabe do que ele está falando? É do efeito Cosac no meio editorial? É da convergência visual no meio digital? De todo modo, não percebo uma "onda" tão grande ou "tendência" tão geral; talvez seja mais uma vez o eixo Rio-São Paulo olhando para o próprio umbigo, crendo que fala em nome do Brasil e do mundo.

Abraços,
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