A presença dos Sobrinhos no mercado

53 views
Skip to first unread message

Roman Iar

unread,
Apr 29, 2015, 6:18:30 PM4/29/15
to projet...@googlegroups.com
Caros,

Faço parte de alguns grupos e sigo algumas páginas sobre design no Facebook. A maioria delas se resume a pedidos de identificação de fonte e pedido de avaliação de trabalhos. Curiosamente vejo uma recorrência muito grande na crítica dos ditos Sobrinhos, que basicamente são aqueles designers que aparentam ter pouca experiência e/ou topam qualquer trabalho por pouco dinheiro, e no geral o trabalho é mal-executado. Eu conhecia esse termo por Micreira(o)

Acho muito esquisito esse personagem-comum ser tão odiado, me lembra uma vibe meio inimigo-comum com o PT agora e com o comunismo nos 50s, 60s, e cai um pouco no que já discutimos sobre elite do design, acho isso um movimento de tentar dividir o design em classes mesmo, e como sempre a classe do meio despreza a classe inferior por não querer ser identificada com essa. Queria saber se tem algum jeito de tentarmos identificar ou provar ou entender algum movimento econômico por trás dessa divisão. E queria também tentar identificar essa classe Sobrinho para entender de fato o impacto no mercado, tem algum jeito de fazer isso, alguma pesquisa com alguns números?


Felipe Kaizer

unread,
May 5, 2015, 3:15:07 PM5/5/15
to projet...@googlegroups.com
Queria saber se tem algum jeito de tentarmos identificar ou provar ou entender algum movimento econômico por trás dessa divisão.

É um bom problema, o de descobrir se o Sobrinho de fato existe, e qual o seu tamanho. Acho que isso exige uma pesquisa extensa, de natureza socio-econômica, que se estenda sobre todo o campo de atividade (do design gráfico, por exemplo) para mapear a demanda e a oferta de serviços, produtos e mão de obra. Como não temos tempo e recursos para fazer uma pesquisa desse tipo, podemos conferir se alguém fez algo do gênero (provavelmente dentro dos departamentos de sociologia e economia). Não me recordo de nenhuma pesquisa dentro do design; os relatórios das associações e dos governos pode conter alguma informação. (Adriano?)

Roman Iar

unread,
May 11, 2015, 1:57:28 PM5/11/15
to projet...@googlegroups.com, felipe...@gmail.com
Isso!
Minha intenção postando era justamente saber se algum de vocês não tem alguma pesquisa que possa jogar alguma luz.

Vejam isso, o inimigo comum do qual eu falei

Adriano Campos

unread,
May 15, 2015, 10:04:42 AM5/15/15
to projet...@googlegroups.com
Bom, depois de nossa conversa -- e de cavoucar meus favoritos--, encontrei esse site: http://www.coroflot.com/designsalaryguide

é de uma empresa que faz contratação de designers (imagino uma catho específica da área), e que coleta dados de salários entre outras coisas. O legal é que se pode ver uma vez, mas depois, pra ver, é obrigatório colocar seus dados.

Enfim, tem uma database grande, não é muito nosso foco dos sobrinhos, mas acho uma boa ideia pra se olhar.

Adriano Campos
+ 55 11 969 964 692

--
Você recebeu essa mensagem porque está inscrito no grupo "Projeto Comum" dos Grupos do Google.
Para cancelar inscrição nesse grupo e parar de receber e-mails dele, envie um e-mail para projeto-comu...@googlegroups.com.
Para mais opções, acesse https://groups.google.com/d/optout.

Roman Iar

unread,
May 20, 2015, 6:56:58 PM5/20/15
to projet...@googlegroups.com, cs.ad...@gmail.com
Interessante o site Adriano.
No site da ADG tem o censo que o Kaizer falou: http://www.adg.org.br/institucional/censo-adg
Achei um pouco esquisito e parece bem raso, mas é um bom começo. Será que tem mais informações que não foram publicadas? Eu gostaria de saber um pouco sobre o método de trabalho usado nessa pesquisa também.

Para cancelar inscrição nesse grupo e parar de receber e-mails dele, envie um e-mail para projeto-comum+unsubscribe@googlegroups.com.

rdazvd

unread,
May 23, 2015, 12:51:54 PM5/23/15
to projet...@googlegroups.com
Acho natural a construção do “sobrinho”, já que a premissa do sujeito que entra na faculdade e ingressa “na área” é que ele deve conquistar respaldo e legitimidade em competição com os demais atores alimentando o corporativismo e a reserva de mercado. A construção dessa “elite” só reforça a mesma lógica, e não deve ser difícil encontrar esse tipo de relação em outras profissões que se calcam fortemente nessa ideia de “organização da classe” (entre os arquitetos, sempre uma referência para outros campos do design, ela é bastante evidente).

Uma pesquisa bem formulada com dados detalhados sobre a presença da informalidade no mercado poderia ser uma contribuição importante para a desconstrução dessa alegoria, ao mesmo tempo em que poderia servir como instrumento para fomentar esse desejo de exclusão pela habilitação, independente da dimensão do “sobrinho” verificada pela estatística. Dependerá sempre da agenda de quem lê.

Enfim, acho que apesar da construção de um espaço crítico a esse juízo de valor do “profissional” é construtiva, a tarefa mais importante agora, num âmbito mais geral, seria a de criar ou contribuir com iniciativas que invertem esses valores, entendendo o design como uma atividade que tem a sua especificidade mas que é permeável a outras, e que não existem barreiras à participação. Entendo que um norte para esse debate é o texto “edugrafologia: os mitos do design e o design de mitos”, do Victor Papanek, disponível em português nesse livro: http://www.wmfmartinsfontes.com.br/produto/1111-textos-classicos-do-design-grafico.

Felipe Kaizer

unread,
May 26, 2015, 6:16:36 PM5/26/15
to projet...@googlegroups.com, rda...@gmail.com
Rapidinho…

Leiam abaixo. Temos alguma pergunta específica? Não queria abrir totalmente o jogo a respeito da nossa pesquisa porque ainda estamos tateando o assunto:

Olá Bruno,
faz um bom que desde que nos falamos a última vez. Como estão as coisas? 
O motivo dessa mensagem é o seguinte: você sabe dizer se já saiu o resultado daquele censo promovido pela ADG em 2012?
De acordo com essa página <http://www.adg.org.br/institucional/censo-adg> a previsão era de setembro de 2014. Você tem alguma notícia?
Um abraço,
Felipe Kaizer

Grande Kaizer. Saudades de você.
Sobre o Censo o resumo da história é que cansei de esperar o retorno/imput dos outros na ADG e dei um ultimato para eles (que já passou) então, estou esperando um help pessoal de um amigo que é um super jornalista para me passar uma última revisão e fechar e lançar o Censo.
Queria ter feito isso no final de Abril mas como é um favor não tenho como pressionar muito. 
Precisa de algum dado específico agora?
abs
Bruno

Roman Iar

unread,
May 28, 2015, 11:28:52 PM5/28/15
to Felipe Kaizer, projet...@googlegroups.com, rda...@gmail.com
Rafa, ainda te devo uma resposta, mas digo de antemão que gostei muito das coisas que li.

Kaizer, bacana a resposta dele. Uma das minhas maiores dúvidas é a metodologia da pesquisa, número de pessoas entrevistadas e como foi feita a divulgação do formulário. Acho que em relação aos dados não consigo pensar nada específico no momento justamente por que acho que eles são resultados de uma coisa aparentemente rasa. De qualquer forma pode ser impressão minha e gostaria de ouvir de vocês se há alguma outra dúvida.

grande abraço em todos

--
Você recebeu essa mensagem porque está inscrito em um tópico no grupo "Projeto Comum" dos Grupos do Google.
Para cancelar inscrição nesse tópico, acesse https://groups.google.com/d/topic/projeto-comum/dz4kDS1p9ww/unsubscribe.
Para cancelar inscrição nesse grupo e todos os seus tópicos, envie um e-mail para projeto-comu...@googlegroups.com.

Para mais opções, acesse https://groups.google.com/d/optout.



--
Roman Iar Atamanczuk
http://romaniar.com.br
con...@romaniar.com.br
skype - roman.iar

Felipe Kaizer

unread,
May 29, 2015, 10:03:28 AM5/29/15
to projet...@googlegroups.com, con...@romaniar.com.br
Legal. Vou perguntar mais sobre método e divulgação. O número de pessoas segundo o site atual é de 4.500 (provavelmente arredondado). Deve haver uma explicação estatística para essa amostragem. (Gostaria de entender mais sobre isso.)

O resultado da pesquisa, como R. previu, deve ser raso. Podemos esperar a publicação. Para os nossos propósitos (malignos) acho que uma noção da estratificação social desse 4.500 pode ser importante, isto é, quanto as pessoas ganham por hora aproximadamente, faixa a faixa.

A referência de site do A. é bem boa. Fico imaginando que podíamos pensar em algo brutalmente mais simples: uma url, com uma página, com três ou quatro campos: localidade; renda mensal; volume de horas mensal; tipo de trabalho. Algo bem estúpido, que exigisse o mínimo do mínimo, e talvez com um live update com o resultado da compilação, sem prazo para terminar.

O exemplo (de atitude) que me veio a cabeça por um instante foi o formulário de cadastro que o Simple Scott pensou para a campanha do Obama (59:15):

Eu concordo quase em absoluto com R.: é uma questão de agendas. Ainda não voltei no texto do Papanek. De todo modo concordo com a permeabilidade e a abertura para participação. Me pergunto nesse momento, porém, quais suas as consequências sociais dessa postura? Quando falamos em participação, no geral nos vem a mente um bando de gente mais ou menos como a gente: com formação, trajetória e interesses parecidos. Levada aos extremos a participação parece cada vez mais impossível ou conflitiva: é comum que o seu cliente não queira participar com você do projeto (não o quanto você gostaria), ou que você não queria participar daquele projeto que o sujeito empolgado te chamou para fazer (e que paga as contas), ou que você não conte com a participação dos "sobrinhos" no seu trabalho (mesmo na forma de voluntários, como costuma acontecer comigo) porque eles mais atrapalham do que ajuda num regime de trabalho pesado.

O meu palpite (e que mantém interessado nessa conversa) é que a divisão dessas funções (cliente, designer, sobrinho) corresponde mais ou menos a uma divisão de classe social ou econômica (5 a 6 dígitos por mês, 4 a 5 dígitos por mês, 3 a 4 dígitos por mês). Posso estar redondamente enganado, mas minha experiência em São Paulo tem me demonstrado que classes diferentes não se misturam: elas convivem, mas não se tornam realmente partícipes nos projetos umas das outras.

Abraços!

Roman Iar

unread,
Jun 8, 2015, 9:33:38 AM6/8/15
to projet...@googlegroups.com
Rafa,

Eu gostaria que essa possível pesquisa servisse exatamente a esse objetivo, desconstruir mitos. E gosto desse formato por que traz dados empíricos e não meras opiniões através de textos que podem muito bem ser ignorados, deturpados ou lidos através de outras posições políticas. Esse texto do Papanek é muito bom mas certamente pode ser facilmente ignorado por alguém cujos paradigmas que ele tenta desconstruir estão tão enraizados. Conhecendo a realidade paulistana (que K. cita, inclusive), gostamos de segregar e sempre que possível queremos estar no topo, e não só em termos econômicos (!), do pouco que conheço, as pessoas preferem trabalhar em tal lugar por ter um nome melhor, mesmo o salário sendo ruim, do que trabalhar em outro lugar cujo trabalho é 'irrelevante' (o design é classista como o Papanek diz no texto).

Kaizer, eu estou pirando muito ou esse link que eu colei já é a pesquisa completa publicada?
Gostei muito da referência do vídeo do Obama, acho que certamente deveria ser um formulário com essa simplicidade.
Não concordo completamente com a afirmação de que o cliente não quer participar do projeto; acho que deveria ser do interesse dele participar e isso pode vir por muitos meios, para clientes maiores uma boa equipe de comunicação interna com um bom 'designer' para fazer a ponte com o projetista, volto a questão que levantei acima, na faculdade conheci muitas pessoas que não gostariam de ser os clientes, então talvez nossa pesquisa possa abordar essa questão e também tentar descontruir que clientes são o topo da pirâmide.

Fico pensando que as pessoas tem tanto medo dessa figura do sobrinho por que elas acham que podem se tornar irrelevantes; o seu trabalho pode ser feito por uma pessoa sem a (ilusória) formação necessária, e muito mais barato. Como competir com isso? Mas fico pensando que na nossa história profissional brasileira isso sempre existiu, mas de outras formas: Arquitetos e ilustradores fazendo projetos (gente o Ziraldo já fez projetos de livros).
Não sei muito bem onde quero chegar, mas tem dois pontos que estou tentando desenvolver:
  • Não sei se através da pesquisa, mas como mostrar para as pessoas que todos podem fazer bons logos, livros e afins independente da formação, idade e pagamento... mas que podemos nos destacar por outras questões que não somente as formais, como a capacidade de resolver problemas através de um pensamento projetual (o Papanek dá outras 10 sugestões).
  • Levar em conta como a pessoa se enxerga dentro do meio: Se é designer por formação mas se considera Ilustrador, entre muitas outras variáveis.


--
Você recebeu essa mensagem porque está inscrito em um tópico no grupo "Projeto Comum" dos Grupos do Google.
Para cancelar inscrição nesse tópico, acesse https://groups.google.com/d/topic/projeto-comum/dz4kDS1p9ww/unsubscribe.
Para cancelar inscrição nesse grupo e todos os seus tópicos, envie um e-mail para projeto-comu...@googlegroups.com.
Para mais opções, acesse https://groups.google.com/d/optout.

Felipe Kaizer

unread,
Jun 8, 2015, 5:06:05 PM6/8/15
to projet...@googlegroups.com, con...@romaniar.com.br
Oi Roman,

você está de fato pirando:


O endereço diz que a "publicação [está] prevista para setembro de 2014". Como o Bruno Lemgruber disse, atrasou.

Olhei de novo o link procurando alguma coisa que pudesse nos servir. Me parece que o último gráfico se aproxima do tipo de coisa que queremos mapear (se possível, dentro das nossas capacidades). Como as pizzas não esclarecem nada, eu fiz outro gráfico a partir dos mesmos dados:


O Sudeste de longe é o melhor lugar para começar e para trabalhar. Como a maioria das outras regiões, porém, tem uma paredão a partir de R$ 5.000,00. O Nordeste, apesar de pior remunerado na média nacional, tem mesmo saltos de uma faixa salarial para a outra: sinal de que é mais fácil ascender. O Centro-Oeste tem um comportamento um pouco estranho provavelmente em função de Brasília.

Acho que precisamos teorizar minimamente sobre o Sobrinho, para poder determinar que tipo de pesquisa fazer e quais são os critérios que podem demonstrar nosso ponto. É quem recebe mal? Ou é quem faz trabalhos abaixo da média qualitativa (o que é difícil de medir)? Por outro lado, acho que falta a uma pesquisa como a da ADG um mapeamento do mercado de jobs: o que vemos aqui é o mercado de trabalho (emprego), i.e., quanto as pessoas estão dispostas a pagar na média pelo tempo de um designer. Faltaria talvez dizer quantos jobs existem em cada região dessa, e qual é o valor deles. Talvez (talvez mesmo, não sei), cruzando os dados desses dois mercados, podemos identificar algo como o sobrinho: alguém que recebe mal para fazer muitos jobs ou jobs muito caros. Acho que nossa tese é muito mais complexa do que parece; precisaríamos entender um pouco melhor de estatística e economia (ou chamar alguém que entendesse minimamente, para nos ajudar).

Abraços,

Felipe Kaizer

unread,
Oct 19, 2015, 10:29:38 PM10/19/15
to Projeto Comum
Retomei esse tópico, porque o assunto do Sobrinho veio novamente à tona em outras conversas.

Reli rapidamente as mensagens; já falamos bastante! Mas ficamos devendo o dever de casa; uma pesquisa de trabalhos que pudessem adiantar nossa discussão.

De toda forma, como disse antes, acho que podemos teorizar minimamente sobre o Sobrinho enquanto não temos tempo ou recursos para empreender uma pesquisa (até porque uma pesquisa precisaria de critérios bem estritos para ser minimamente convincente).

"A busca pelo Sobrinho" precisa saber o que está buscando. Isso significa que o dito cujo é identificado por uma ou mais características:

* Gosto. Nesse caso o Sobrinho é alguém que não participa (ou não domina) o vocabulário do chamado bom gosto. Isso significa que ele pode ser descoberto pelo mau gosto da obra (considerando, obviamente, que ele detém o controle total sobre o trabalho, o que é uma inverdade.)

* Remuneração. Nesse caso o Sobrinho cobra pouco por job. Essa caracterização, contudo, tem que ser relativizada: é preciso saber se ele ganha pouco por hora (em função do tempo gasto e das despesas para trabalhar) em comparação com alguma média (tabelas de preços?). É bem possível que o Sobrinho, tendo menos gastos, ganhe mais do que os estagiários e designers juniors em escritórios de renome.

* Ferramentas de trabalho. Nesse caso é fácil: pacote Adobe versus todo o resto (com destaque para CorelDraw). Não está em questão a eficiência de cada uma das ferramentas; importa o dado objetivo de quem "sabe mexer". Os currículos dos iniciantes demonstram essa preocupação, bem como os job descriptions de emprego. Uma linha divisória é traçada entre os Adobers e os demais; a linha entre os Latex/Programadores e os Adobers é menos digna de nota.

* Formação. Nesse caso designer mesmo é só quem fez curso superior. Todo o resto pode ser desprezado.

Para resolver o problema da indefinição fundamental desse inimigo, o projeto de regulamentação faz uso da última opção, criando o Sobrinho (por negação) através da linha de corte universitária. Àquele, porém, que demonstrar bom gosto e/ou domínio das ferramentas certas poderá ser outorgada pelo Conselho a autorização de uso da alcunha de designer com vistas a uma remuneração decente.

Logo, independente do PL, uma pesquisa para provar ou descartar a existência (social) do Sobrinho precisaria mobilizar uma (ou uma articulação) dessas categorias.

A natureza subjetiva do gosto, em primeiro lugar, torna bem difícil uma quantificação. Seria preciso um recurso de autorreferencialidade, em que cada um (sobrinho em potencial) fosse julgado por todos os outros, como sendo o autor de trabalhos feios ou bonitos na média. Isso, porém, é bem complicado, na medida em que sabemos que na maioria das vezes o designer não detém o mesmo poder de autor sobre o trabalho (como o artista).

A questão da formação e das ferramentas é bem mais fácil de quantificar, mas, por outro lado, não explica muito. É mais um "check point" na lista de itens que te liberam da condição de Sobrinho.

Agora, a remuneração é central. É o ponto que revela de maneira mais sensível a posição social do Sobrinho. O problema (desconfio) é que, se colocarmos na ponta do lápis o valor/hora de um Sobrinho, descobriremos que grande parte dos nossos amigos é um Sobrinho, porque, por mais que os jobs paguem bem, o volume de horas gasto (e a quantidade de recursos consumida) joga o valor total bem abaixo do percebido.

Isso dá ensejo para uma pesquisa de outro tipo: "Será que você é um Sobrinho e não sabe?" Quanto vale a sua hora (de design) num orçamento anual, descontados os custos?

Isso para mim mostra um pouco da natureza ideológica dessa figura: todos nós queremos nos afastar desesperadamente do Sobrinho justamente por estarmos todos em situações tão parecidas; duvido que os escritórios de design não tenham problemas para positivar o saldo no final do ano. Mas… se a produção for de bom gosto, safa-se da condição S.

Em resumo: o Sobrinho precisa ser suposto ou recriado a cada momento para que nos sintamos mais confiantes da nossa produção; para que possamos garantir o prestígio e o respeito dos nossos colegas. Onde houver castas, haverá os outcasts. Nós precisamos dos sem-casta para nos afirmarmos; e precisamos de um sinal claro de quem está dentro ou fora da casta. O bom gosto cumpre esse papel. (Por isso a histeria em torno da opinião alheia e das intromissões dos clientes.)

Se eu fosse propor uma pesquisa (e uma aproximação crítica) a esse assunto, seria por aí: remuneração e gosto. Como entender socialmente a relação entre essas coisas? (Penso por um instante n"A distinção" do Pierre Bourdieu) Quem são os atores (academia, escritórios, empresas, etc) que influenciam essas variáveis? Quem é suscetível de ser banido do círculo de invejáveis/respeitáveis e que barreiras a entrada de novos concorrentes no mercado de mão-de-obras são erigidas (na luta perpétua entre Ins e Outs)?

Abraços,

Roman Iar

unread,
Oct 20, 2015, 12:18:38 PM10/20/15
to Projeto Comum
Excelente como sempre Kaizer. 
Tenho muita coisa a pensar a respeito, mas deixo meu breve aceno com a cabeça de que acho esse o caminho a se trilhar para diagnosticar a divisão de classes dentro da nossa profissão.

--
Você recebeu essa mensagem porque está inscrito em um tópico no grupo "Projeto Comum" dos Grupos do Google.
Para cancelar inscrição nesse tópico, acesse https://groups.google.com/d/topic/projeto-comum/dz4kDS1p9ww/unsubscribe.
Para cancelar inscrição nesse grupo e todos os seus tópicos, envie um e-mail para projeto-comu...@googlegroups.com.
Para mais opções, acesse https://groups.google.com/d/optout.

Adriano Campos

unread,
Oct 20, 2015, 12:36:54 PM10/20/15
to Projeto Comum
ontem fiz uma devassa nos meus favoritos antigos e achei uns links de textos sobre sobrinhos. Bons ou ruins, a favor ou contra, estão ai. (Tem muita gente discutindo o assunto!)
Alguns, de alguma maneira corroboram com o que penso do sobrinho. Ele não existe, é cabeça de bacalhau.

http://tudibao.com.br/2010/08/os-sobrinhos-e-a-falta-de-profissionalismo.html

https://peppermint360.wordpress.com/2014/02/04/como-uma-agencia-pode-concorrer-com-o-sobrinho-designer/

http://www.propositto.com.br/wordpress/2014/08/grandes-inimigos-dos-designers-capitulo-1-o-sobrinho/

http://designices.com/infografico-como-os-micreiros-prejudicam-os-designers/

http://www.linhadecodigo.com.br/artigo/1832/maldito-sobrinho.aspx

E sendo pessimista, não acho que a gente vá encontrar pesquisa acadêmica sobre isso. Abaixo estão mapeamentos "oficiais" do design. Tenho certeza que a gente já viu mais de um disso e eles pouco ajudam. Imagino que se medir a profissão é difícil, imagine medir o amadorismo. Seria o mesmo que imaginar que os médicos soubessem exatamente o número de parteiras, xamãs e cirurgiões espirituais que existem no país e o quanto eles roubam os seus empregos (e exatamente como acontece nesse caso, não, eles não roubam).

http://www.designweekend.com.br/wp/index.php/o-diagnostico-do-design-brasileiro/

http://www.cbd.org.br/wp-content/uploads/2013/01/Diagnostico_Design_Brasileiro_Web.pdf

http://designbr.ning.com/forum/topics/extenso-levantamento-de-dados-realizado-pelo-sebrae-sobre-o

um abraço,


E concordo com o seu em resumo e ele, pra mim, resume a questão.

Em resumo: o Sobrinho precisa ser suposto ou recriado a cada momento para que nos sintamos mais confiantes da nossa produção; para que possamos garantir o prestígio e o respeito dos nossos colegas. Onde houver castas, haverá os outcasts. Nós precisamos dos sem-casta para nos afirmarmos; e precisamos de um sinal claro de quem está dentro ou fora da casta. O bom gosto cumpre esse papel. (Por isso a histeria em torno da opinião alheia e das intromissões dos clientes.)
Adriano Campos
+ 55 11 969 964 692

Você recebeu essa mensagem porque está inscrito no grupo "Projeto Comum" dos Grupos do Google.
Para cancelar inscrição nesse grupo e parar de receber e-mails dele, envie um e-mail para projeto-comu...@googlegroups.com.

Roman Iar

unread,
Nov 5, 2015, 6:28:30 PM11/5/15
to Projeto Comum
Caros,

Pintou esse texto em um dos grupos que sigo no facebook. Não gosto do tom, mas é bem interessante como leitura.

Felipe Kaizer

unread,
Nov 7, 2015, 10:43:09 AM11/7/15
to Projeto Comum
​"​
O sobrinho é um resumo de alguém sem formação, capaz de executar o trabalho que supostamente não deveria e tomando prejuízo por não saber cobrar nem negociar.
​"
Ganhando dinheiro, mixaria ok, mas ganhando dinheiro fazendo cagada. ¶ O sobrinho é uma persona non-grata. ¶ Saco de pancada para muitos. ¶ Sobrinhos são vistos com péssimos olhos. ¶ 
Sobrinhos são responsáveis por preços baixos. ¶ Pela “prostituição” do mercado. ¶ Pela péssima qualidade visual das peças.¶ Sobrinhos representam o que de pior se há no design, um cara sem formação, sem um trabalho legal que ainda cobra barato de mais e vive atrapalhando a vida de todo mundo. ¶ 
O sobrinho é a personificação da Comic Sans.
​"

A menção ao mau gosto ficou em segundo lugar, mas porque disso ele está livre, afinal, trabalhou em Hollywood…

Isso é muito forte no texto: fui legitimado, dois headhunters me acharam, fui pra fora do país, virei CEO, etc.

​E outra coisa me assusta: a atividade design é circunscrita ao domínio de certas técnicas, ao método para construir certas imagens, e ao uso virtuoso dos softwares ("a profundidade dos seus vetores, cores e brushes"; "entre a tela e a cadeira"). Não aparece nenhum traço de pensamento ou conceito. O sobrinho/designer é executor de tarefas, demandadas pelos clientes (que já sabem o que querem, o que é bom, o que vende). Por isso seu trabalho pode ser circular livremente pela Internet: ele não precisa desenvolver um projeto do zero junto com o cliente [Preconceito meu, não sei, estou supondo.].

E além disso, a posição dele em relação aos sobrinhos é ambígua: ao mesmo tempo que ele se orgulha de se dizer um, ele acusa os designers (de verdade) de se nivelarem por baixo. E resolve escrever no dia do designer para provar para os Designers (com D maiúsculo) que ele venceu na vida. É como o pobre que, pra provar que ganhou na vida (segundo os critérios de sucesso que lhe foram incutidos), sente o impulso para ostentar [Olha aí meu preconceito de novo…]. Meu ponto é: ele se orgulha de não ser mais um mero sobrinho, mas de ser O sobrinho que deu certo e pode esbanjar seu sucesso na cara dos designers mal-sucedidos (que sofrem de coitadismo, pois a culpa é deles mesmos). Não surpreende que ele tenha parado nos EUA: é a ética meritocrática do sucesso profissional, que justifica a condenação dos losers.

​Abraços,​

Felipe Kaizer

felipekaizer.com
skype: felipekaizer

Felipe Kaizer

unread,
Nov 7, 2015, 10:46:10 AM11/7/15
to Projeto Comum
Um adendo; eu confio no Frederico;

Imagem inline 1

Felipe Kaizer

felipekaizer.com
skype: felipekaizer

Roman Iar

unread,
Nov 10, 2015, 3:19:12 PM11/10/15
to Projeto Comum
O texto não é ruim a ideologia por trás é. Fico sempre com a impressão de que não se está falando do real problema que é amplo e sistemático. Nessa linha meritocrática ele só transfere a responsa de ser ou não bem sucedido para o próprio designer, para o próprio trabalhador.
Vi esses dias alguém reclamando de um cara protestando por melhores condições no Bob's, a pessoa dizia que ele só virava hamburgers e não precisava ganhar mais e mandava ele ir estudar, mas gente, estudar custa dinheiro e tempo, o cara que trampa no bob's tem que ter dois empregos para poder estudar? Ignora-se que isso é uma condição imposta para justamente pessoas vulneráveis não melhorem de vida e acho que esse é o pensamento por trás desse tipo de texto e de campanhas como o #regulamenteja. O Paulo no texto fala para o designer ser global e arranjar trabalho do outro lado do mundo, mas e se nossos colegas ~sobrinhos~ não souberem falar inglês? Se contenta com o mercado depauperado por aqui? Quantas pessoas não conhecemos que se mudam para Rio/SP para conseguir trampo? Vocês bem sabem como defendo a internet e o mundo digital, mas acho que nosso mundo prático ainda não está pronto para dar esse tipo de oportunidade para todos. Volto a repetir, portanto, a discussão obrigatória sobres as condições de trabalho para todos, sobrinhos podem continuar sendo sobrinhos e trabalharem contra o bastião do bom gosto mas não podem replicar a lógica de ganho simbólico que nossos designers consagrados operam. Design é trabalho e tem que ser monetariamente valorizado como um.

Um rápido adendo ainda sobre a condição imposta sobre pessoas vulneráveis, cada vez mais vejo anúncios de vagas para assistente ou designer jr. (piso salarial de R$1500,00-2000,00) que pedem pacote adobe, pacote office, edição de vídeo, edição de imagens, 3D, redes sociais e afins. Fora o problema do salário miserável pra mim é escancarado essa lógica excludente. Quem pode aprender tudo isso sem investir tempo e principalmente dinheiro? Poucas pessoas. Outro dado para situar o sobrinho, para designers educados na faculdade, alguém que não detenha o domínio das ferramentas não é merecedor de um bom salário nem da possibilidade de trabalho.

Roman Iar

unread,
Nov 11, 2015, 11:55:48 AM11/11/15
to Projeto Comum
Caros,

Mais um texto de teor duvidoso mas com pontos válidos. Esse cara me parece o artista ou o artesão que o Wedgwood reclama.

Felipe Kaizer

unread,
Nov 11, 2015, 12:24:52 PM11/11/15
to Projeto Comum
Po, esse tá mal escrito mesmo, mais que o anterior. Teve partes que reli e não consegui "captar". (Aí não dá pra falar de "desvalorização intelectual do designer" #prontofalei) O termo "mecanização" é deslocado do uso costumeiro (o que me causou muito estranhamento).

De todo modo, pra quem emprega e lucra com o trabalho alheio, a pressão e correria não são "estupidez e desperdício"; são o modo de manter o controle, de manter todo mundo ocupado, dando o máximo possível pela organização, produzindo o máximo no menor tempo possível, aumentando a produtividade a cada ocasião, para alargar a margem entre custos e receita. É a lógica do lucro, como o colega Benjamin já sabia.

Minha pergunta é: a quem o texto é endereçado? O autor espera um surto de consciência de todas as partes envolvidas?

Felipe Kaizer

felipekaizer.com
skype: felipekaizer

Roman Iar

unread,
Nov 11, 2015, 1:02:17 PM11/11/15
to Projeto Comum
Pois é, e gosto do artifício da validação exterior igual ao do outro texto, bem curioso.

Muito bom Kaizer, é bem por aí.

Acho que o texto não é endereçado a ninguém, é um tom de desabafo (o título do texto deve ter sido de alguma frase que ele já ouviu) não de manifesto. Mas acho que sim, idealmente procura-se essa conscientização coletiva das partes envolvidas, o outro texto segue esse viés também. Fora isso, mandei esse texto por que estou sentindo uma proliferação de pessoas escrevendo sobre design e geralmente nesse tom mais politizado, por mais que não concorde com a maioria acho ótimo por que o que importa é existir esse meio de discussão. Essencialmente (e talvez inconsciente) esse texto é sobre condições de trabalho, acho que só aponta para lugares pouco frutíferos. Todo mundo sabe que o mercado tá ruim, mas poucos conseguem apontar os reais problemas (nem eu sei exatamente quais são!), essas discussões tem que ajudar a formar essa consciência por parte dos trabalhadores da área.
Vocês sabem como sou otimista.

Adriano Campos

unread,
Nov 11, 2015, 8:08:49 PM11/11/15
to Projeto Comum
Já que vocês abriram os calabouços do inferno da internet com esses textos ruins e raivosos, vou postar um aqui. Ele está no meu favoritos faz tempo, é ruim (mas é bom). Não tinha nenhuma intenção de tirá-lo de lá, mas vocês baixaram o nível! =)

E o guardei por um motivo bobo: Esse texto foi postado pela Ellen Lupton. Com todas as críticas a ela (que não faço tanto coro), ela é uma grande entusiasta do design. Então vê-la postar esse texto é no mínimo engraçado.
Contexto: a menina que escreveu foi aluna dela no MiCA e escreveu na ocasião de uma conferência sobre design em São Francisco, com a participação da Ellen Lupton, depois de participar de um debate com tema: O design pode salvar o mundo?

Enfim, leiam (e riam): https://medium.com/@jenniferdaniel/a-new-yorker-walks-into-a-san-francisco-start-up-6926651b8254

um abraço

Adriano Campos
+ 55 11 969 964 692

Felipe Kaizer

unread,
Nov 12, 2015, 7:48:47 AM11/12/15
to Projeto Comum
É curioso: como o Roman falou, é desabafo. "Feel better"… não dá para construir uma crítica ou imaginar um novo cenário a partir disso. O que se espera: um messias que, do alto, concilie todas as contradições do nosso modo de produção?

E aqui me pego pensando: ao menos esse último post chegou a falar em "industry". Ficou a pouco passos de identificar a causa do incômodo (ou do "guilt"). Imagino que falte até mesmo vocabulário aos designers para "desabafar". Ninguém conseguiu nomear aquela coisinha que começa com "C"; ninguém divisou os interesses conflitantes no mundo do trabalho. O argumento do tipo "tá tudo ruim" se esquece muito rapidamente que, se está como está, está bom para alguém.

Felipe Kaizer

felipekaizer.com
skype: felipekaizer

Roman Iar

unread,
Nov 20, 2015, 6:30:16 PM11/20/15
to Projeto Comum
percepção do sobrinho: https://youtu.be/KFJPnbIkj18

Eduardo Camillo K. Ferreira

unread,
Mar 10, 2016, 4:37:27 AM3/10/16
to Projeto Comum

Mais uma área passando pelos perrengues de um processo de regulamentação. Mas nesse caso, não uma lei, mas duas:

https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=10156825560405314&id=781950313

Rafael de Azevedo

unread,
Mar 10, 2016, 2:45:32 PM3/10/16
to Eduardo Camillo K. Ferreira, Projeto Comum
Caralho, que horror. Fica até engraçado comparar à meca desse mercado que é o Vale do Silício, ninho de visionário leitor de Ayn Rand achando que o mundo será salvo quando todas as regulamentações de tudo forem execradas pela sociedade e os donos de startup (com uma leve ajuda da mão de obra liberada dos expurgos do estado) “irromperem” tudo, do processo eleitoral à produção de queijo camembert.
Rafael de Azevedo

Felipe Kaizer

unread,
Mar 10, 2016, 4:24:50 PM3/10/16
to Projeto Comum
Um mafuá: uma lei para evitar que outra entre vigor. Se não houvesse a primeira proposta, haveria a segunda? Obviamente não li o conteúdo dos PLs, mas o texto e os comentários apontam na mesma direção do diagnóstico d'Aplataforma: mobilização do aparato de Estado por parte de um grupelho. Fala-se pouco, por outro lado, do benefício indireto às universidades.

Felipe Kaizer

Este e-mail foi enviado por um computador sem vírus e protegido pelo Avast.
www.avast.com

Adriano Campos

unread,
Mar 11, 2016, 10:22:33 AM3/11/16
to Projeto Comum
Temos visto muitas áreas buscando regulamentação. Pra citar algumas: médicos, enfermeiros, designers, jornalistas, tradutores... E todos com o mesmo mote que é impedir o Outro de professar a minha profissão. Mas essa, se entendi direito, é o oposto. Não? É o exército de micreiro querendo a (sua) regulamentação.

Mas o que acho mais engraçado é o problema ideológico que a questão causa: um liberal (sentido econômico) tendo que defender a intromissão do Estado na área pra proteger seu trabalho e socialistas tendo que defender o oposto pra garantir a liberdade do trabalhador.

De resto, achei positiva a PL (não?). Não tive estômago pra ler tantos comentários e ver essa outra lei que o Kaizer citou.

Adriano Campos
+ 55 11 969 964 692

--

Felipe Kaizer

unread,
Mar 14, 2016, 7:30:19 PM3/14/16
to Projeto Comum
Entendi mal a questão, então? Imaginei que a primeira lei regulamentaria quem tem formação curricular: "PL3065/2015 […] reserva de mercado de trabalho para os diplomados em curso superior da área de informática".

A inversão ideológica é bem essa! Mas a verdade é que, por serem ideologias, elas se prestam muito bem a inversões. Em todo lugar o discurso ideológico obscurece uma determinada prática (em geral contrária ao que é professado). Há muito que os liberais defendem (sem admitir) a isenção de impostos e os empréstimos gigantescos às grandes corporações (interferindo com a dinâmica de mercado); há muito que os socialistas (não só no Brasil) levantam a bandeira da ética e da legalidade (como se esse fosse a única frente da luta política).

Agora, será que há mesmo uma onda de regulamentações? Quantas passaram? Imagino que seja em parte o efeito das dificuldades econômicas recentes. Farinha pouca, meu pirão primeiro. De todo modo, se todos esses exemplos seguem o mesmo modelo da regulamentação do designer, então a vitória do regulamentados é vã: mesmo no melhor cenário, no qual se consiga de fato tirar de campo grande parte da mão-de-obra informal, resta ainda o volume crescente de egressos das faculdades. No futuro breve, à medida que a tecnologia elimina trabalho, vai ter job pra todo mundo?


Felipe Kaizer

Adriano Campos

unread,
Mar 15, 2016, 1:40:38 PM3/15/16
to Projeto Comum
Você entendeu certo Kaizer. Eu que imaginei que houvesse o detalhamento da 1ª proposta nos comentários, como havia da segunda no próprio post.

E levantei a bola da ideologia trocada pensando um pouco que o mito da polarização do país (e do mundo) é um tanto de falácia. As pessoas estão sempre defendendo o seu quinhão e trocar de polo é bem tranquilo nessa defesa.

E meu diagnóstico de aumento das regulamentações é baseado somente em redes sociais, Avaaz e afins. E poucas passaram, senão nenhuma, muito pelo fato da resposta do governo ser sempre contra qualquer regulamentação por entendê-la excludente. Nesse sentido o MEI é um método muito mais eficiente de regulamentação/regularização de informais, pois ela não pede diploma e não cria conselho, só pede imposto.

abraço

Adriano Campos
+ 55 11 969 964 692

Roman Iar

unread,
Mar 15, 2016, 2:55:14 PM3/15/16
to Projeto Comum
Pois é... essa inversão ideológica é curiosa, mas não necessariamente nefasta. Acho inclusive que a polarização justamente não deixa ver outros caminhos e alternativas: ou é mercado ou estado, e francamente nem eu estou sabendo lidar com inversões e polarizações. Me dá um certo embrulho ler um artigo do instituto mises sobre regulamentações e concordar ou entender alguns pontos.

No mais, esse péssimo artigo do estadão dá um panorama das regulamentações e esse endereço do ministério do trabalho mostra todas as profissões já regulamentadas. Achei o número baixo, esperava mais. Me surpreendeu a profissão de repentista. A profissão regulamentada mais antiga é a de Leiloeiro (1932!) e não muito distante estão Publicitário (1965) e Relações Públicas (1967) ambas em plena Ditadura e que vão trabalhar duro para manter esse status quo junto com os Jornalistas (1969). Destaquei essas três por que realmente fiquei encucado com as datas, imagino que os processos levaram de dois a três anos para passar, mas me parece uma mensagem muito clara do governo em dizer que ninguém pode fazer propaganda, jornalismo ou rp sem a benção deles. Nesse caso não haveria inversão ideológica, seria o autoritarismo na essência. Tentei procurar alguma coisa sobre quem escrevia jornal na época ser impedido de escrever por falta de diploma, não achei.
Reply all
Reply to author
Forward
0 new messages