Roman,
acho curiosa a ideia de "prática não-colonizada": como é isso? No seu exemplo, por negativa, há uma correspondência entre reconhecimento institucional e prática colonizada. Não sei se concordo: pode haver um "sobrinho" "colonizado". Ideia um pouco esquisita, porém.
Eu separaria as coisas: há um problema interno – relativo às práticas de projeto e maneira como os profissionais se distinguem uns dos outros – e um externo – relativo ao modo como os brasileiros se enxergam, como enxergam os estrangeiros e como enxergam os brasileiros que voltam do estrangeiro. A "descolonização" remete ao segundo problema. A "desinstitucionalização" ao primeiro.
Concordo, no entanto, quando você enxerga uma conexão entre os dois problemas. A "elite" brasileira – de qualquer meio profissional, na verdade – superestima o que vem de fora. Isso pode ser o resultado de séculos na condição de colônia; durante bom um tempo era verdadeira a impressão de que os itens importados eram melhores que nacionais. Em algum casos, sequer havia alternativa à importação. Isso valeu também para gente e para tecnologia.
O caso da desinstitucionalização é bem mais complicado. É difícil precisar o que ela seria: trata-se da destruição das instituições? Se não, é só o caso de aprender a ignorá-las? Mas então, o que muda?
Antes, é preciso uma análise do papel dessas instituições no meio do design brasileiro, e a relação que ela mantêm com os diversos públicos. Pelo que eu percebo, há pouco conhecimento sobre o assunto. Há falta de transparência e de interesse. Em geral, designers, não-designers e quasidesigners não sabem o que as instituições fazem; a fim de que elas existem. Alguém poderia atribuir esse fato a uma falta de "consciência de classe", mas tenho dúvidas. Faltam na verdade estudos, pesquisas, matérias que disseminem os feitos e as falhas das instituições. Além disso, sem fala pública, elas equivalem a grupelhos que defendem unicamente os interesses dos seus poucos membros. O dilema para uma instituição é como tornar-se representativa para além dos próprios muros.
Mas isso é sobre as instituições formais, com nome e endereço. Existem também "instituições sociais", bem mais difusas, porém não menos impositivas. Talvez até mais impositivas.
Tenho dificuldade de imaginar as instituições formais e sociais do design no Brasil. Poderíamos tentar esse exercício de listá-las e descrevê-las minimamente. Desconfio que as instituições formais não correspondem exatamente a essa elite a qual você se refere frequentemente.
Abraços,