Adriano, o que tenho visto de validação de investimento para saber se deu returno ou não é mais para o mundo das startups (por causa do que meu chefe me deu pra ler), mas não creio que seja muito diferente para um PetShop ou para a revista SuperInteressante: cada um provavelmente cria sua estratégia de medição conforme o que foi feito, simples assim. Para o mundo online, o Google Analytics dá uma baita mão porque, se integrado direitinho no seu e-commerce e nas suas campanhas, etc, ele te fala de cada campanha, quando de dinheiro foi gerado nela, qual a média de pedidos, país do pedido, se foi mobile/ads/facebook... Nesse caso, é mais fácil de medir e chegar a conclusões de se valeu a pena ou não gastar 3 horas do designer da casa para ele fazer aquele email marketing. E no mundo offline, sempre tiveram aqueles formulariozinhos de "como nos conheceu?" ou a pergunta da própria veterinária pros clientes. Se o Gato no telhado fez diferença para alguém e ela consegue saber disso, embora a imprecisão seja grande, vai ser um indicador de "valeu a pena ou não". E ela poderia criar seus próprios critérios de "medição" para melhorar isso, tenho certeza.
O Petshop do lado, sem sacolinha nem logo, pode ter até maiores lucros e ganhos, mas como os critérios de avaliação são outros, a comparação é difícil. A validação se determinado investimento em design é válida ou não é apenas interna do negócio. Do outro que não investe e ganha mais, nunca saberemos se caso investisse seria mais ainda, ou se ganha mais justamente porque não tem design. Mas se a moça do Petshop medir direitinho as fontes de clientes, comparar com quanto gasta conforme cada fonte, etc, ela consegue saber para o negócio dela o quanto fez diferença aquilo ou não. Então, sim, pode ser total Wishful Thinking, ou pode também ter critérios razoavelmente claros e minimamente coerentes para avaliação do retorno, assim como pode ser totalmente o acaso de a pessoa passar na rua olhando pra direita e não para a esquerda, e por isso ela vê o gatinho no telhado, e por isso entrar. Mesmo que tenha sido isso, o gatinho estava lá para ajudar no acaso de ela olhar para a direita. É com ela então saber medir pra ver se funcionou ou não.
Do paralelo Cosac VS Wedgewood, acho que podemos concordar que se trata apenas disso: um paralelo. Ou seja, possuem características semelhantes que funcionam sob uma mesma determinada lógica, e isso funciona até determinado ponto apenas. A lógica de ambos para seus negócios é semelhante, e muito bem definida pelo Adriano: produto travestido de arte, e isso serve para realizar o paralelo de um ponto de vista de princípio estético, de negócio e política de design da empresa/ equipe de design (tudo até certo ponto). Pode até seguir um pouco mais para se a Elaine é paralela aos artistas que deram problema pra o Wedgewood, ou se ela é o Flaxmann. Mas só. Depois disso, um é livro e outro é cerâmica. Um é modernista e o outro é neoclassicista. Um é 2015, o outro é 17(??). Daí me parece que comparações param de funcionar... A Cosac ameaça fechar todo ano é por causa disso? Ou é por problemas outros? Se for por causa disso, se em vez de modernista eles fossem neoclassicistas, funcionaria melhor? Ou por que livro e é livro de arte, nunca vai funcionar, e podia imprimir em papel de jornal na impressora de casa que dava na mesma? Ou será que só não fechou mesmo porque é modernista?
Fica difícil conclusões de sucesso/fracasso da Cosac baseando-nos apenas no Wedgewood, eu pelo menos não tenho a quantidade de dados necessários para passar do paralelo. Tirar conclusões a partir do paralelo não me parece que levará a lugar nenhum do que um terreno pantanoso de especulações e incertezas — que podem até se mostrarem verdadeiras, mas ainda incertezas.
