Respostas para: Ordenação de Números Complexos

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Leo Akio

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Apr 30, 2011, 1:21:11 PM4/30/11
to Professores de Matemática Grupos Google

Ola a todos.

tentarei esclarecer alguns pontos:

1) o delta e o epsilon são números *reais*, afinal de contas | f(z) - w0 | é
um número real, não é mesmo?

2) vc falou em "verdadeira quantidade dos nºs complexos". seja lá o que isso
for, o fato de mais de um nº complexo ter o mesmo módulo não faz com que
estes caras sejam iguais. ou seja: a definição de igualdade entre nºs
complexos sequer olha pros valores dos seus modulos.

3) Quanto à ordenação dos complexos:
Não existe uma 'autêntica' relação de ordem nos Complexos.
Mas, para falar a verdade, podemos até tentar criar uma relação de ordem
qualquer (a ordem lexográfica, por exemplo); mas nenhuma ordem que possamos
criar atende a todas as necessidades às quais ela deveria se prestar.
Trocando em miúdos: uma das propriedades que um conjunto numérico bem
ordenado deveria satisfazer é: x² >= 0, para qualquer elemento x deste
conjunto ordenado. Esta propriedade e válida nos complexos?

4) Finalmente, o limite de funções complexas define-se como está no texto da
wikipedia: é o valor para o qual uma função complexa converge à medida em
que a distância (portanto, o módulo!) em relação a um ponto fixado é cada
vez menor.

espero q possa ter lhe ajudado.
qq coisa, dá um reply aqui pro grupo de novo!

abs,
FH.

Filipe Hasche
___________________________________________________

Boa tarde! 

Obrigada pela resposta! 

E, sim, era exatamente isto que eu achava antes de encontrar a afirmação que 
linkei da wikipédia. Pois, para descobrirmos o limite de uma função, temos 
que compará-la com certos valores... Se não há como comparar, não há como 
definir limite, eu acredito... Por isso fiquei confusa... Não existiria, 
então, limite para funções complexas? 

Sobre as funções, sim, isso mesmo, isto é uma conclusão bem lógica se 
observarmos o Teorema Fundamental da Álgebra. Mas, realmente, não entendo 
como isto pode influenciar no cálculo do limite. Será que eu esqueci algo 
importante? 

Muito obrigada! Até mais! .
ღCheshire Hime-chanღ
_______________________________________________--

Olá, Cheshire Hime-chan

Gostaria de dar um palpite sobre a discussão em pauta sobre a ordem nos
complexos.

Em primeiro lugar, o que se espera de uma ordem num conjunto numérico?
- Uma das coisas desejáveis é que haja compatibilidade da ordem com as
operações definidas no conjunto e que dão a estrutura algébrica do conjunto.
Os complexos, com a adição e a multiplicação tem estrutura algébrica de
corpo. É possível definir uma ordem nos complexos, a ordem lexicográfica, a
saber:
Se z=x+iy e w=u+iv definimos z(<)w quando x < u.
Por exemplo, com essa definição, temos

(a). -1 - i ( < ) 1 + i e (b). -1 + i ( < ) 1 - i

Porém, multiplicando por i, obtemos os resultados que não compatibilizam
com a ordem definida. Vemos nos exemplos que não podemos determinar o sinal
ocupada pela interrogação:

(a). 1 - i ( ? ) -1 + i e (b). -1 - i ( ? ) 1 + i

Dessa forma a ordem definida não é compatível com a estrutura algébrica de
C.

Atenciosamente

Carlos Henrique.

______________________________________________________


Tanto d quanto e são npmeros reais e |Zo-Z| é a norma de um número complexo,
que é real também.
Portanto, a comparação de menor está sendo feita em núemros reais e não
entre complexos.

Leonardo Barichello

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Oi Cheshire Hime-chan tudo bem?

Fiz minha dissertação de mestrado sobre números complexos, você pode dar uma
olhadinha nela se for necessário.
O link é:

http://www.uss.br/arquivos/dissertacao-rafael-vfinal.pdf

Na realidade podemos dizer que na expansão da reta (Números reais) para o
plano (Números complexos), abrimos mão da ordenação, ou seja: Faz sentido
pensarmos em maior e menor para os reais, mas esta propriedade é perdida
quando pensamos no plano.
Para mim os números complexos são uma encarnação geométrica dos números,
eles podem promover ampliações, rotações ou até as duas coisas ao mesmo
tempo.

Abraços

rafael vassallo

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Olás

Até dá para colocar uma ordem (no sentido de relação de ordem abstrata
= reflexiva, simétrica, transitiva), mas não dá para colocar nenhuma
ordem que funcione tão bem quanto a ordem nos reais (e inteiros,
racionais, etc). O problema está justamente com os quadrados.

Sendo mais claro, três propriedades fundamentais da ordem nos reais são:

dados a,b, temos a < b, a = b ou a > b
se a < b então a + c < b + c, para todo c
se a < b e c > 0 então ac < bc.

Não existe ordem nos complexos que satisfaça estas 3 condições e ainda
coincida com a ordem nos reais quando z e w são reais (isto é,
complexos com parte imaginária = 0).

suponha que existe uma ordem assim em C; então, pela primeira
propriedade, dado um número complexo z não-nulo, temos z > 0 ou z < 0.

se z > 0 então z^2 > 0 (usando a terceira propriedade acima)
se z < 0 então, somando -z e usando a segunda propriedade, temos -z >
0. De novo, temos
z^2 = (-z)^2 > 0.

Ou seja, todo quadrado de um complexo não-nulo deveria ser positivo,
independente de quem seja a ordem. Mas o quadrado de i é -1, o que dá
uma contradição.

abs

marcelo

_____________________________________________________



 
______________________________________________________________
Leo Akio Yokoyama
Colégio de Aplicação da UFRJ
Doutorando em Educação Matemática (Matemática Inclusiva) - UNIBAN

ღCheshire Hime-chanღ

unread,
May 4, 2011, 8:56:36 AM5/4/11
to Professores de Matemática
Ah, veja só... quando falei de uma verdadeira quantidade, estava
falando de algo que pudesse ser contado nos números complexos, como eu
sei que 4>2, eu gostaria de saber se 4i>2i ou 4i<2i.

Mas, realmente, acredito que números imaginários não possam ser
ordenados, logo, eles não tem uma idéia de quantidade. E era desta
forma que eu gostaria de ordenar o conjunto, do menor para o maior.

Mas, ok, vejamos. Como uma função complexa converge a algum ponto, se
seus pontos não estão ordenados?
O problema é... Eu não posso dizer que "os resultados da função são
cada vez mais próximos do número Z (com Z complexo), sempre que a
abscissa se aproxima de X", se não há uma idéia de "proximidade", pois
não há uma idéia de "ordenação".

2i é mais próximo de 2i-1 ou de 3i? Se a função retorna os valores:

2i,2i-1,3i,3i-5 ... Posso dizer que ela está se aproximando de 4i? De
quê ela estaria se aproximando? Como eu posso calcular o "limite"
dela?

Essa era minha dúvida.
Mas, realmente, como alguns de vocês disseram, o limite não considera,
neste caso, o valor do número complexo e sim de sua norma, que é um
número real. (eu não tinha atentado que aquele "|" também simbolizaria
norma, apenas considerei como "módulo", desculpe)

Mas, se analisarmos, isto não seria um equívoco? Não estamos
calculando o limite da própria função complexa, mas sim de uma função
real que representada como a norma dos números complexos.

Ou seja, não é que os números complexos estejam, realmente,
convergindo para aquele ponto, já que eles não podem convergir para
nada já que não estão ordenados.
Já que, sem uma ordenação, não existe a idéia de "proximidade", não
posso dizer se 2i é mais próximo de 2i+1 ou de 3i.

Então, esta definição de limite de função complexa não segue nenhum
padrão e nada tem a ver com o limite real da função? É apenas uma
convenção?
Ou eu estaria esquecendo outra coisa importante?

--
Desculpe a demora para responder. Tive alguns problemas de saúde
ultimamente.

E, muito obrigada por todas as respostas! Todas foram muito
importantes pra mim!
Até mais!

Marco Aurelio P. Cabral

unread,
May 8, 2011, 9:31:18 PM5/8/11
to Professores de Matemática
On Wed, 4 May 2011, á~C¦Cheshire Hime-chaná~C¦ wrote:

> Ou seja, não é que os números complexos estejam, realmente,
> convergindo para aquele ponto, já que eles não podem convergir para
> nada já que não estão ordenados.
> Já que, sem uma ordenação, não existe a idéia de "proximidade", não
> posso dizer se 2i é mais próximo de 2i+1 ou de 3i.

A ideia de proximidade é topológica. Uma topologia pode ser dada por uma
relação de ordem ou por uma métrica (distância).
Existem topologia definidas diretamente, sem se utilizar de relação de
ordem nem métrica.

Enfim, no caso complexo a topologia usual (a noção de proximidade) é
gerada pela métrica dada pela norma |z|.

Então o que é uma métrica num conjunto A? É uma função d: A x A --> R que
será interpretada como a distancia d(x,y) entre os pontos x e y do
conjunto A. Esta função deve satisfazer algumas propriedades:
d(x,y) >= 0 para todo x,y em A
d(x,y) = 0 se, e somente se, x=y.
d(x,y) <= d(x,z) + d(z,y) para todo x,y,z (conhecida como desigualdade
triangular).

Assim, se A=R, d(x,y)=|x-y| (módulo). A função módulo em R tem como
principal aplicação determinar a distancia entre dois pontos da reta.

Se A=R^2 (pontos no plano), com x=(x_1, x_2) e y=(y_1,y_2),
d(x,y) = sqrt ( (x_1-y_1)^2 + (x_2-y_2)^2). Isto é consequencia do
Teorema de Pitágoras.

Note que se A=R podemos escrever que d(x,y) = sqrt ( (x-y)^2).
Esta forma se generaliza para calcular a distancia entre dois pontos em
R^3, R^4 etc.

E se A=C (complexos)? Podemos identificar o número complexo a+bi com o
ponto do plano cartesiano (a,b). Dai a noção de distancia entre dois
complexos z=a+bi e w=c+di será dado por
d(z,w) = sqrt( (a-c)^2 + (b-d)^2). É um exercício mostrar que isto é igual
a |z-w| (módulo aqui de um número complexo). Assim,
d(z,w)=|z-w|.

Assim podemos ver o que significa um número complexo z estar proximo de um
numero complexo w: basta ele estar perto no sentido usual no plano
complexo.

Por exemplo: Identifique geometricamente o conjunto dos números complexos
w tais que |w - (2+3i)| = 5. Isto representa um círculo de raio 5
com centro no ponto (2,3), isto é, com centro no numero complexo 2+3i.

Espero ter ajudado o colega.

Abraços,

Marco Aurélio P. Cabral
Depto. de Matemática Aplicada
Instituto de Matemática - UFRJ

Helder

unread,
May 9, 2011, 11:42:12 AM5/9/11
to pro...@googlegroups.com
Oi!

Gostaria de acrescentar algumas coisas ao que já foi dito:

2011/5/4 ღCheshire Hime-chanღ <hime...@gmail.com>

Ah, veja só... quando falei de uma verdadeira quantidade, estava
falando de algo que pudesse ser contado nos números complexos, como eu
sei que 4>2, eu gostaria de saber se 4i>2i ou 4i<2i.

Mas, realmente, acredito que números imaginários não possam ser
ordenados, logo, eles não tem uma idéia de quantidade. E era desta
forma que eu gostaria de ordenar o conjunto, do menor para o maior.

Mas, ok, vejamos. Como uma função complexa converge a algum ponto, se
seus pontos não estão ordenados?
Para falar de convergência, não é preciso que esteja definida uma ordem.
Por exemplo, se considerar as sucessivas aproximações da função exponencial
dada por meio da série de Taylor,
http://www.wolframalpha.com/input/?i=taylor+series+exp%28x%29
perceberá que é razoável dizer que "as funções convergem para a função exponencial".
Mesmo assim, não é necessariamente verdade que uma de tais funções seja menor (ou maior)
do que uma das outras.
 
O problema é... Eu não posso dizer que "os resultados da função são
cada vez mais próximos do número Z (com Z complexo), sempre que a
abscissa se aproxima de X", se não há uma idéia de "proximidade",
pois não há uma idéia de "ordenação".

A noção de "aproximação" não depende da existência de uma noção de "ordem".
Assim, a convergência pode ser definida precisamente até mesmo em espaços
topológicos, em que não precisa estar definida uma "distância" (ou "métrica"),
e muito menos um "ordem parcial", e a "aproximação" está vinculada a ideia
de "vizinhança". Veja por exemplo:
http://en.wikipedia.org/wiki/Limit_of_a_function#Functions_on_topological_spaces
 
2i é mais próximo de 2i-1 ou de 3i?
 
Ele é tão próximo de 2i-1 quanto de 3i.
Aliás, mesmo se considerarmos os complexos acima como sendo os pontos
(0,2), (-1,2) e (0,3) do plano cartesiano, e escolhermos para a noção de proximidade
qualquer uma das outras p-normas,
http://en.wikipedia.org/wiki/P-norm#p-norm
(em vez da 2-norma, que é a distância Euclidiana usual), ainda assim, o ponto (0,2)
continuará equidistante dos outros dois.
Veja por exemplo esta comparação para p=1 (métrica da soma), p=2 (usual)
e p=infinito (métrica "do sup"):
http://www.wolframalpha.com/input/?i=plot+Norm[{x%2Cy}-{0%2C2}%2C+Infinity]+%3D+1%2C+Norm[{x%2Cy}-{0%2C2}%2C+1]+%3D+1%2C+Norm[{x%2Cy}-{0%2C2}%2C+2]+%3D+1+for+x%3D-2..2%2C+y%3D0..4
 
Se a função retorna os valores:
2i,2i-1,3i,3i-5 ... Posso dizer que ela está se aproximando de 4i?
 
Não basta saber os valores da função em alguns pontos do domínio (principalmente
se for uma quantidade finita deles). Para haver convergência da função, é preciso que
toda sequência que converja para determinado ponto do domínio dê origem a
uma sequência de imagens que converge para um mesmo valor.
Mesmo que tivesse sido dada a fórmula para função cujos valores mencionou acima,
provavelmente o 4i não seria um bom palpite para o limite ;-)
http://www.wolframalpha.com/input/?i=plot+{{0%2C2}%2C+{-1%2C2}%2C+{0%2C3}%2C+{-5%2C3}%2C+{0%2C4}}
(a não ser que pela formula que define a função fique claro que para
outros valores do domínio as imagens comecem a ficar mais próximos de 4i)
 
De quê ela estaria se aproximando?
Como eu posso calcular o "limite" dela?
A partir de coisas como:
* A fórmula que define o valor assumido pela função nos pontos do domínio (ou
apenas em uma vizinhança daquele ponto no qual quer saber o limite);
* A partir de propriedades que a função tem, mesmo sem saber exatamente os valores
(como no "teorema do sanduíche", ou "do confronto")
* Alguma outra informação disponível no contexto específico...
 
Essa era minha dúvida.
Mas, realmente, como alguns de vocês disseram, o limite não considera,
neste  caso, o valor do número complexo e sim de sua norma, que é um
número real. (eu não tinha atentado que aquele "|" também simbolizaria
norma, apenas considerei como "módulo", desculpe)

Mas, se analisarmos, isto não seria um equívoco? Não estamos
calculando o limite da própria função complexa, mas sim de uma função
real que representada como a norma dos números complexos.

Note por exemplo que mesmo entre funções de R em R, se f(x) tende a L
quando x --> a, então | f(x) - L | tende a zero quando | x - a | tende a 0. De fato,
as duas coisas são equivalentes (isto é, "vale a volta"). Assim, embora
a função f seja diferente da função que a cada x associa o valor | f(x) - L |,
o limite desta só existe se também existir o limite da primeira
(mas enquanto o da f é L, o desta última é zero).
 
Ou seja, não é que os números complexos estejam, realmente,
convergindo para aquele ponto, já que eles não podem convergir para
nada já que não estão ordenados.
Já que, sem uma ordenação, não existe a idéia de "proximidade", não
posso dizer se 2i é mais próximo de 2i+1 ou de 3i.
 
Como foi dito mais acima, não há necessariamente uma relação entre
"ordem" e "proximidade".
 
Então, esta definição de limite de função complexa não segue nenhum
padrão e nada tem a ver com o limite real da função? É apenas uma
convenção?
Ou eu estaria esquecendo outra coisa importante?

Ela segue o padrão usado para a definição de convergência em espaços métricos em geral. 

Att,
Helder

Dirceu

unread,
May 11, 2011, 9:28:59 AM5/11/11
to pro...@googlegroups.com
Bom dia.
 
Gostaria de trocar algumas informações com professores do Ensino Fundamental II, especificamente do 6º Ano. Qual a maneira correta (ou aceitável) quanto aos alunos terem a matéria:
 
[  ] Fazer um resumo de cada matéria no quadro, aguardar os alunos copiarem e depois solicitar que façam os exercícios com base no livro?
[  ] Explicar a matéria do capítulo, por exemplo, solicitar exercícios, corrigir e depois passar um resumo da matéria no quadro?
[  ] Entregar um resumo da matéria IMPRESSO aos alunos, "economizando" (?) o tempo de passar no quadro?
 
Alguém aqui adota algum sistema diferente dos exibidos acima?
 
Outra coisa: gostaria que alguém aqui informasse um bom livro para ensino Fundamental II, aquele que cobre a maioria dos assuntos tratados nesse nível, que tivesse bom conteúdo e também bons exercícios, que eu pudesse utilizá-lo como material de apoio nas aulas. Com base nisso, o que acham deste livro: http://www.laercio.com.br/LIVROS/MAT01/mat01.htm? Gostaria de opiniões.
 
Agradeço qualquer ajuda!

roberto pinto

unread,
May 13, 2011, 10:56:17 AM5/13/11
to pro...@googlegroups.com
A opção b, para mim é a mais adequada. Entretanto, acredito que professor e alunos faz parte de uma composição, ou seja andam juntos.
Roberto PInto

--
Para postar neste grupo, envie um e-mail para pro...@googlegroups.com
 
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