Ola a todos.
tentarei esclarecer alguns pontos:
1) o delta e o epsilon são números *reais*, afinal de contas | f(z) - w0 | é
um número real, não é mesmo?
2) vc falou em "verdadeira quantidade dos nºs complexos". seja lá o que isso
for, o fato de mais de um nº complexo ter o mesmo módulo não faz com que
estes caras sejam iguais. ou seja: a definição de igualdade entre nºs
complexos sequer olha pros valores dos seus modulos.
3) Quanto à ordenação dos complexos:
Não existe uma 'autêntica' relação de ordem nos Complexos.
Mas, para falar
a verdade, podemos até tentar criar uma relação de ordem
qualquer (a ordem lexográfica, por exemplo); mas nenhuma ordem que possamos
criar atende a todas as necessidades às quais ela deveria se prestar.
Trocando em miúdos: uma das propriedades que um conjunto numérico bem
ordenado deveria satisfazer é: x² >= 0, para qualquer elemento x deste
conjunto ordenado. Esta propriedade e válida nos complexos?
4) Finalmente, o limite de funções complexas define-se como está no texto da
wikipedia: é o valor para o qual uma função complexa converge à medida em
que a distância (portanto, o módulo!) em relação a um ponto fixado é cada
vez menor.
espero q possa ter lhe ajudado.
qq coisa, dá um reply aqui pro grupo de novo!
abs,
FH.
Filipe Hasche ___________________________________________________ |
Olá, Cheshire Hime-chan
Gostaria de dar um palpite sobre a discussão em pauta sobre a ordem nos
complexos.
Em primeiro lugar, o que se espera de uma ordem
num conjunto numérico?
- Uma das coisas desejáveis é que haja compatibilidade da ordem com as
operações definidas no conjunto e que dão a estrutura algébrica do conjunto.
Os complexos, com a adição e a multiplicação tem estrutura algébrica de
corpo. É possível definir uma ordem nos complexos, a ordem lexicográfica, a
saber:
Se z=x+iy e w=u+iv definimos z(<)w quando x < u.
Por exemplo, com essa definição, temos
(a). -1 - i ( < ) 1 + i e (b). -1 + i ( < ) 1 - i
Porém, multiplicando por i, obtemos os resultados que não compatibilizam
com a ordem definida. Vemos nos exemplos que não podemos determinar o sinal
ocupada pela interrogação:
(a). 1 - i ( ? ) -1 + i e (b). -1 - i ( ? ) 1 + i
Dessa forma a ordem definida não é compatível com a estrutura algébrica de
C.
Atenciosamente
Carlos Henrique.
______________________________________________________
Tanto d quanto e são npmeros reais e |Zo-Z| é a norma de um número complexo,
que é real também.
Portanto, a comparação de menor está sendo feita em núemros reais e não
entre complexos.
Leonardo Barichello
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Oi Cheshire Hime-chan tudo bem?
Fiz minha dissertação de mestrado sobre números complexos, você pode dar uma
olhadinha nela se for necessário.
O link é:
http://www.uss.br/arquivos/dissertacao-rafael-vfinal.pdf
Na realidade podemos dizer que na expansão da reta (Números reais) para o
plano (Números complexos), abrimos mão da ordenação, ou seja: Faz sentido
pensarmos em maior e menor para os reais, mas esta propriedade
é perdida
quando pensamos no plano.
Para mim os números complexos são uma encarnação geométrica dos números,
eles podem promover ampliações, rotações ou até as duas coisas ao mesmo
tempo.
Abraços
rafael vassallo
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Olás
Até dá para colocar uma ordem (no sentido de relação de ordem abstrata
= reflexiva, simétrica, transitiva), mas não dá para colocar nenhuma
ordem que funcione tão bem quanto a ordem nos reais (e inteiros,
racionais, etc). O problema está justamente com os quadrados.
Sendo mais claro, três propriedades fundamentais da ordem nos reais são:
dados a,b, temos a < b, a = b ou a > b
se a < b então a + c < b + c, para todo c
se a < b e c > 0 então ac < bc.
Não existe ordem nos complexos que satisfaça estas 3 condições e ainda
coincida com a ordem nos
reais quando z e w são reais (isto é,
complexos com parte imaginária = 0).
suponha que existe uma ordem assim em C; então, pela primeira
propriedade, dado um número complexo z não-nulo, temos z > 0 ou z < 0.
se z > 0 então z^2 > 0 (usando a terceira propriedade acima)
se z < 0 então, somando -z e usando a segunda propriedade, temos -z >
0. De novo, temos
z^2 = (-z)^2 > 0.
Ou seja, todo quadrado de um complexo não-nulo deveria ser positivo,
independente de quem seja a ordem. Mas o quadrado de i é -1, o que dá
uma contradição.
abs
marcelo
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> Ou seja, não é que os números complexos estejam, realmente,
> convergindo para aquele ponto, já que eles não podem convergir para
> nada já que não estão ordenados.
> Já que, sem uma ordenação, não existe a idéia de "proximidade", não
> posso dizer se 2i é mais próximo de 2i+1 ou de 3i.
A ideia de proximidade é topológica. Uma topologia pode ser dada por uma
relação de ordem ou por uma métrica (distância).
Existem topologia definidas diretamente, sem se utilizar de relação de
ordem nem métrica.
Enfim, no caso complexo a topologia usual (a noção de proximidade) é
gerada pela métrica dada pela norma |z|.
Então o que é uma métrica num conjunto A? É uma função d: A x A --> R que
será interpretada como a distancia d(x,y) entre os pontos x e y do
conjunto A. Esta função deve satisfazer algumas propriedades:
d(x,y) >= 0 para todo x,y em A
d(x,y) = 0 se, e somente se, x=y.
d(x,y) <= d(x,z) + d(z,y) para todo x,y,z (conhecida como desigualdade
triangular).
Assim, se A=R, d(x,y)=|x-y| (módulo). A função módulo em R tem como
principal aplicação determinar a distancia entre dois pontos da reta.
Se A=R^2 (pontos no plano), com x=(x_1, x_2) e y=(y_1,y_2),
d(x,y) = sqrt ( (x_1-y_1)^2 + (x_2-y_2)^2). Isto é consequencia do
Teorema de Pitágoras.
Note que se A=R podemos escrever que d(x,y) = sqrt ( (x-y)^2).
Esta forma se generaliza para calcular a distancia entre dois pontos em
R^3, R^4 etc.
E se A=C (complexos)? Podemos identificar o número complexo a+bi com o
ponto do plano cartesiano (a,b). Dai a noção de distancia entre dois
complexos z=a+bi e w=c+di será dado por
d(z,w) = sqrt( (a-c)^2 + (b-d)^2). É um exercício mostrar que isto é igual
a |z-w| (módulo aqui de um número complexo). Assim,
d(z,w)=|z-w|.
Assim podemos ver o que significa um número complexo z estar proximo de um
numero complexo w: basta ele estar perto no sentido usual no plano
complexo.
Por exemplo: Identifique geometricamente o conjunto dos números complexos
w tais que |w - (2+3i)| = 5. Isto representa um círculo de raio 5
com centro no ponto (2,3), isto é, com centro no numero complexo 2+3i.
Espero ter ajudado o colega.
Abraços,
Marco Aurélio P. Cabral
Depto. de Matemática Aplicada
Instituto de Matemática - UFRJ
Ah, veja só... quando falei de uma verdadeira quantidade, estava
falando de algo que pudesse ser contado nos números complexos, como eu
sei que 4>2, eu gostaria de saber se 4i>2i ou 4i<2i.
Mas, realmente, acredito que números imaginários não possam ser
ordenados, logo, eles não tem uma idéia de quantidade. E era desta
forma que eu gostaria de ordenar o conjunto, do menor para o maior.
Mas, ok, vejamos. Como uma função complexa converge a algum ponto, se
seus pontos não estão ordenados?
O problema é... Eu não posso dizer que "os resultados da função são
cada vez mais próximos do número Z (com Z complexo), sempre que a
abscissa se aproxima de X", se não há uma idéia de "proximidade",
pois não há uma idéia de "ordenação".
2i é mais próximo de 2i-1 ou de 3i?
Se a função retorna os valores:
2i,2i-1,3i,3i-5 ... Posso dizer que ela está se aproximando de 4i?
De quê ela estaria se aproximando?
Como eu posso calcular o "limite" dela?
Essa era minha dúvida.
Mas, realmente, como alguns de vocês disseram, o limite não considera,
neste caso, o valor do número complexo e sim de sua norma, que é um
número real. (eu não tinha atentado que aquele "|" também simbolizaria
norma, apenas considerei como "módulo", desculpe)
Mas, se analisarmos, isto não seria um equívoco? Não estamos
calculando o limite da própria função complexa, mas sim de uma função
real que representada como a norma dos números complexos.
Ou seja, não é que os números complexos estejam, realmente,
convergindo para aquele ponto, já que eles não podem convergir para
nada já que não estão ordenados.
Já que, sem uma ordenação, não existe a idéia de "proximidade", não
posso dizer se 2i é mais próximo de 2i+1 ou de 3i.
Então, esta definição de limite de função complexa não segue nenhum
padrão e nada tem a ver com o limite real da função? É apenas uma
convenção?
Ou eu estaria esquecendo outra coisa importante?
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