edilania medeiros
unread,May 21, 2011, 7:40:47 PM5/21/11Sign in to reply to author
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Exercícios de Português
EXERCÍCIO DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
Rios sem discurso
Quando um rio corta, corta-se de vez
o discurso-rio de água que ele fazia;
a água se quebra em pedaços,
poços de água, em água paralítica.
Em situação de poço, a água equivale
a uma palavra em situação dicionária:
isolada, estanque no poço dela mesma,
e porque assim estanque, estancada;
e mais: porque assim estancada, muda,
e muda porque com nenhuma comunica,
porque cortou-se a sintaxe desse río
o fio de água por que ele discorria.
O curso de um rio, seu discurso-rio,
chega raramente a se reatar de vez;
um rio precisa de muito fio de água
para refazer o fio antigo que o fez.
Salvo a grandiloqúência de uma cheia
lhe impondo interina outra linguagem,
um rio precisa de muita água em fios
para que todos os poços se enfrasem:
se reatando, de um para outro poço,
em frases curtas, então frase e frase,
até a sentença-rio do discurso único
em que se tem voz a seca ele combate.
- Cortar apresenta o mesmo significado em suas duas ocorrências no primeiro verso? Comente.
- Comente a imagem "água paralítica" (primeira estrofe, quarto verso).
- O que é a "situação dicionária" de uma palavra? (primeira estrofe, sexto verso).
- Explique a relação entre a sintaxe do rio e a sintaxe das palavras.
- Por que o texto chama de interina à linguagem das cheias (segunda estrofe, sexto verso)? O texto afirma que o rio pode combater a seca se tiver voz (segunda estrofe, último verso). Em que consiste a "voz" de um rio?
- Curso, discurso e discorrer são palavras que mantêm estreita ligação semântica e morfológica. Explique.
- Releia a segunda estrofe do poema e explique como se constitui o discurso-rio.
- Qual a relação entre ele e os discursos que formamos com as palavras?
gabarito:
GABARITO DOS EXERCÍCIOS DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
Leitura: Rios sem discurso (João Cabral de Melo Neto)
No poema "Rios sem discurso", João Cabral de Melo Neto estabelece uma belíssima relação entre o fluxo dos rios e o fluxo das palavras. Referindo-se aos rios do Nordeste que secam periodicamente, o poeta mostra como a fragmentação do curso da água se assemelha ao isolamento das palavras: num e noutro caso, como não há inter-relacionamento, não há fluxo, não há discurso - palavra que etimologicamente está ligada ao conceito de "correr para vários lados, espalhar-se". É a sintaxe que coordena as relações que criam o fluxo da água e do discurso - ou, se utilizarmos uma imagem do próprio texto, é a sintaxe que "enfrasa" os fios de água e as palavras. Este poema dá, metaforicamente, uma sugestiva definição de sintaxe.
1. Em sua primeira ocorrência, cortar significa "secar", "deixar de correr". Em sua segunda ocorrência, significa "interromper", "cessar".
2. Água parada, imobilizada pela falta de sentido. Isso ocorre porque, dividida em poças não-comunicantes, a água não consegue fluir.
3. É a palavra isolada das demais, com o sentido que tem nesse isolamento. Essa é a forma como a encontramos nos dicionários (em que, cada vez mais, é necessário mostrar palavras em relação - expressões, exemplos - para tentar dar conta do complexo problema da significação).
4. Interrompido o fluxo do rio, a água se torna "paralítica", imóvel nas poças que não se comunicam e, por isso, não há fluxo. Isoladas umas das outras, as palavras limitam-se ao seu "estado dicionário", sem estabelecer o fluxo das frases (o fluxo sintético), em que, das relações, nasce o discurso.
5. Porque é uma linguagem não-permanente, resultante de uma situação excepcional.
6. No seu fluxo, na sua corrente-discurso.
7. Curso é forma arcaica do particípio de correr. Dis- é prefixo que indica "em todas as direções". Logo, discorrer é, em sentido literal, "correr em diversas direções". Discurso é, portanto, "o que fluiu em várias direções".
8. O fluxo do rio decorre da junção de muitos fios de água que correm juntos, engrossando-se mutuamente até o "discurso-rio". Assim o discurso com as palavras, que se unem duas a duas, três a três, formando frases que se encadeiam no fluxo do discurso.