Revolução cognitiva e o resgate do significado perdido

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Carlos Nepomuceno

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Oct 1, 2012, 6:48:45 AM10/1/12
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Revolução cognitiva e o resgate do significado perdido

CARLOS NEPOMUCENO | 26/09/2012 • 7:39 • Edit entry17 comentários

 A causa principal das mudanças que estamos passando é fruto do descontrole radical das ideias na sociedade.

Versão 1.0 - 26 de setembro de 2012
Rascunho - colabore na revisão.
Replicar: pode distribuir, basta apenas citar o autor, colocar um link para o blog e avisar que novas versões podem ser vistas no atual link.

Ontem, dei continuidade a segunda aula do módulo “Conversão 2.0” com os alunos do curso “Estratégia em Marketing Digital“, turma XI, do IGEC/FACHA.

Passei a primeira parte do filme “Lutero”, no qual assistimos os efeitos da chegada da Revolução Cognitiva do papel impresso na sociedade.

(Fiz um vídeo no Youtube, que comento o filme, comparando ao momento atual).

 No filme fica claro, comparando os dois momentos, de que a causa principal das mudanças que estamos passando é fruto do descontrole radical das ideias na sociedade.

Podemos dizer que vivemos eras na sociedade em que as organizações estabelecidas conseguem um certo controle das ideias, através de um continuado aprendizado do uso dos canais por onde as elas circulam.

O aumento da taxa de controle das ideias tem as seguintes consequências:

  • - as ideias que circulam começam a ser intoxicadas pelas mesmas fontes;
  • - cria-se um “senso comum” pouco crítico em torno destas ideias intoxicadas;
  • - criam-se “ilusões” que justificam e reforçam os interesses dos que detêm o canal;
  • - há uma redução gradual das críticas da sociedade às organizações de plantão;
  • - as organizações de plantão se voltam cada vez mais para elas mesmas;
  • -  reduz-se a taxa de meritocracia e, por sua vez, a  de inovação;
  • - novas ideias, modelos, projetos têm mais dificuldade de surgirem, de forma independente;
  • - o que nos leva, por fim, a uma redução de taxa de princípios (bens de significado)  no mundo, que passa a ter uma taxa maior em torno do material (bens de consumo).

Podemos, assim, diagnosticar que o fim de uma era de controle de informação de uma dada mídia é um período em que vamos ter uma taxa alta de decadência de valores morais e éticos, pois a fiscalização, colaboração, participação, imposição dos interesses do todo está prejudicada pelo controle das ideias pelas poucas partes que controlam o fluxo.

A chegada de uma nova mídia descentralizadora de ideias – é bom que se diga – é  a obra do acaso.

Nem a fala, nem a escrita, nem a escrita impressa, nem a Internet tiveram entre seus milhares de criadores a intenção de gerar significado para o mundo – são obras coletivas destituídas de um projeto coletivo consciente de rumo.

Não é uma revolução social, o que não quer dizer que não haja a intenção de criar com um novo canal mais espaço de liberdade humana.

Porém, a massificação, não.

Esta parte da latência da troca e da procura de novos canais de interação.

Assim, a chegada da Internet participativa, a partir de 2004, tem – como elemento principal – a possibilidade de descontrole das ideias que estavam aprisionadas pela mídia de massa.

Há, a partir desse descontrole, de forma gradual um reequilíbrio entre as taxas do material (bens de consumo)  x espiritual (bens de princípio).

Podemos dizer, assim, que uma Revolução Cognitiva, se caracteriza por um mar, com ondas e mais ondas,  de novas ideias circulando, de novas fontes variadas, que nos trazem:

  • - um processo de desintoxicação;
  •   o surgimento de novas fontes de ideias;
  • - revisão do  ”senso comum” com ampliação das críticas das ideias intoxicadas;
  • - revisão das  ”ilusões” e dos interesses daqueles que detinham o antigo canal;
  • - aumento gradual das críticas da sociedade às organizações de plantão;
  • - as organizações de plantão tendem a se abrir e, de novo, se voltar  para a sociedade;
  • - surgem novos modelos organizacionais com uma taxa de princípio maior;
  • - cria-se um processo de redução gradual da taxa de estagnação social;
  • -  aumenta-se a taxa de meritocracia e, por sua vez, a  de inovação;
  • - há mais facilidade de surgirem novas ideias, modelos, projetos;
  • - o que nos leva, por fim, a um aumento da taxa de princípios (bens de significado)  no mundo e uma redução da taxa dos bens materiais (bens de consumo) .

Bom notar algumas coisas.

O aumento das taxas é uma tendência geral, mas como vai ocorrer em cada micro-local, depende de vários fatores que os estudos e forças já identificadas pela história, economia, a política,  sociologia, psicologia, etc vão determinar, de forma mais precisa seus resultados.

Vou de Lévy:

“A tecnologia condiciona, mas não determina”.

Ou seja, a mudança cognitiva global é a macroestrutura, que aponta uma tendência geral, que vai ser peneirada pela micro-estrutura.

Há e haverá ainda mais uma forte resistência das organizações de plantão, que caracterizará a luta política do novo século, de quem defende modelos mais abertos de troca de ideias e os que querem mantê-los fechados.

O processo não é exponencial sem fim, pois há uma reintermediação dos canais, criando um novo modelo, novos interesses, que passam a tentar compreender como podem voltar a aumentar a taxa de controle de ideias, ao longo do tempo.

Assim, viveríamos ciclos de intermediação e reintermediação, com o aumento e a redução da taxa de controle das ideias ao longo dos tempos, dependendo para seu aumento ou redução, em escala global, (pois no regional isso pode acontecer, através de mudanças políticas), da chegada de uma nova mídia descontroladora de ideias.

Descarto, portanto,  a ideia que estamos entrando em um novo mundo dos seres do bem, do significado, da paz, da pureza, da colaboração.

Estamos apenas aumentando a taxa de circulação de ideias e tudo que ela permite, desde que os canais não tenham AINDA sido controlados pelas organizações de plantão.

Por fim, resta dizer que a chegada desse novo ambiente digital descontrolador das ideias surge pela latência invisível do aumento populacional, pois quanto mais gente você tem no planeta maior deve ser a taxa de inovação no mundo, o que uma mídia controladora não permite.

Estamos reequilibrando, com a Internet participativa, um jogo em que a qualidade de vida caiu muito, os princípios deram lugar aos interesses materiais – o que ao longo do tempo é pouco produtivo para o conjunto, não tendo base de sustentabilidade em um ambiente aberto de troca de ideias.

E mais.

Os novos modelos reintermediadores de ideias acabam por migrar e influenciar os outros campos, tais como: modelos de gestão, consumo, distribuição de energia, todos sendo também reintermediados.

Gostaria de completar ainda que podemos ter três tipos de controle em uma sociedade, com a variação de taxas, conforme cada contexto:

  • - (1) da força física e policial – controle rígido;
  • - (2) da força do controle dos canais de circulação de ideias – menos rígido;
  • - (3) da força dos princípios e exemplos – mais flexível.

Com uma revolução cognitiva, aumentamos a taxa (3), reduzindo (1) e (2), conforme o caso, vide Primavera Árabe.

A decadência atual, portanto, que tantos analisam como algo fora do tempo e espaço deve ser vista no marco cognitivo do controle/descontrole de ideias.

  • Não é a sociedade boa, ruim.
  • Não é o capitalismo a fonte do mal.
  • Nem os donos das organizações os vilões.

Estamos aprendendo que o mundo muda, de forma macro, global e civilizacional, conforme a taxa de controle das ideias, se altera, a partir do potencial descentralizador da mídia disponível.

É impressionante isso, chega a ter dar frio na barriga de tão “formiga” que somos, mas é o que estamos aprendendo ao estudar, mais e mais,  a chegada da Internet e suas consequências futuras para a sociedade, (por mais exótica que seja essa hipótese pareça a primeira vista).

Que dizes?

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Nepô (Carlos Nepomuceno)

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