Re: [CNPC] Digital é Arte ou Cultura? OU A Arte do Conflito e a Cultura da Autorepresentação

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Elen Nas

unread,
Nov 20, 2015, 3:43:29 PM11/20/15
to ui...@culturalivre.org, Gtculturadigital, Thiago Carrapatoso, ola...@googlegroups.com, forum-nacional-...@googlegroups.com, Felipe Fonseca
Olá a tod@s!

Agora consertei essa "falha" minha de estar fora do GT Cultura Digital, e vou procurar observar mais o que se passa por aqui/aí nesses tempos.

Sobre a possível polêmica, vou dizer - no amor - que possivelmente há um problema de interpretação e disputa de opiniões.

Não conheço vocês pessoalmente, pois comecei meu engajamento político no fim dos anos 80, início dos 90, e, eventualmente, no início dos 2000 procurei participar pontualmente aqui e ali, como tenho feito ocasionalmente nestes longos anos.

Com isto quiz dizer que já vivenciei muito as organizações coletivas e políticas e sempre me frustrei com o fato das pessoas demonstrarem mais disposição em divergir entre elas do que realmente procurar a raiz das questões e as convergências para delinear uma ação conjunta.

Empatizei com o Thiago pois as críticas que ele trouxe confirmaram as críticas que ouvi de ativistas de outras áreas envolvidos no CNPC, via outras listas.  Então esta confirmação deve ser um indicativo de "algo", concordam?

Quanto aos dois outros que se manifestaram, a parte eu desconhecer fatos de relações, debates e afetividades que já rolaram por aí, vejo que as críticas que trazem podem se agregar a um possível documento comum, sem que haja uma necessidade de "bater de frente" com quem está propondo ações mais efetivas.

Chamo de ações mais efetivas ampliar o diálogo com a sociedade e outros pares e sair de um ambiente fechado, endógeno.

Aqui no RJ parece uma espécie de "urucubaca", por que a anos o pessoal tenta colocar de pé um Hackerspace e as iniciativas "morrem na praia", a parte alguns "makers" que levaram o bastião da batalha mais adiante e estão mantendo a sustentabilidade aos "trancos e barrancos".

No campo das artes digitais também iniciamos alguns grupos com a intenção de conhecer os nossos pares de afinidade, gerar e encontrar essa "massa crítica" que os burocratas e politicóides nos governos exigiam para provar que a nossa demanda é social e não isolada...  Bom, no campo do pensamento, produção de conhecimento e outros etcéteras tenho tudo a questionar em relação a este tipo de pragmatismo, mas por hora vamos dizer que sim, é válido e salutar promovermos ambientes de trocas e organizar nossas demandas em conjunto.

Com este email, gostaria então de levar para os mais críticos a reflexão sobre o que é necessário de tolerância para convívios coletivos, pois a critíca se torna construtiva quando dá opções, chega pra somar. Bater de frente só fica parecendo problema de vaidade, disputa política interna.

Todos têm o direito de pensar diferente  e trabalhar para uma convergência de ação não significa unanimidade de idéias.

sdç
Elen

Ps.:

Para terminar este email vou lhes contar uma história verídica e simbólica:

Estava a uns 4 anos atrás em um bondinho em Santa Teresa, onde moro. Havia no bonde uma equipe de jovens russos que vieram treinar capoeira. O bonde parou, como de costume, quando carros estacionados indevidamente no caminho impediam a passagem. O motorneiro tocou o sino por diversas vezes como sempre fazia, para ver se o dono do carro aparecia para tirá-lo do caminho.
Aqui, os moradores só faziam reclamar, como sempre, e claro, xingavam esse motorista fdp que não têm cidadania e atrapalha a vida dos outros.
Os jovens russos se olharam e quando um entendeu que o problema do bonde estar parado era o carro, se levantou para dar uma solução, e os outros acompanharam.
Pelo trabalho em equipe e força conjunta, levantaram o carro e o tiraram do caminho.

Moral da história: iniciativas são necessárias, porém, sem apoio elas se tornam derrotas, não apenas de quem está a frente, mas de todos.


Em 20 de novembro de 2015 17:56, Uirá Porã <uira...@gmail.com> escreveu:

Nossa Carrapatoso, mas que relato desastroso.

Nem parece que VC é um cara que convive a acompanha o CNPC de perto há tantos anos...

Dizer que a pauta sobre o nome, função e identidade da "Cultura Digital" no setorial é uma imposição do governo é de uma desinformação tão grande, mas tão grande... que chego a pensar que se trata de desonestidade intelectual de sua parte.

Além de demonstrar uma cultura da auto-representação que eu diria ser hoje o PRINCIPAL problema da nossa DEMOCRACIA (sim, da democracia representativa como um todo, e não só do CNPC).

Se você tivesse se dado ao trabalho de conversar com a sua base social, ou seja, os eleitores (que incluem as pessoas que votaram em vc, mas também as que não votaram), ou ainda, trocado algumas mensagens com o titular por são paulo, a quem vc estava re-representando, não teria feito um relato (e uma participação) tão descabida.

Além do que, fico impressionado, como um cara como vc, super conhecido nas redes, perde uma oportunidade dessas, de puxar uma discussão aberta, mais afetiva, efetiva e REPRESENTATIVA. Entre tratar do real ponto de dissenso  e criar uma polêmica, você ficou com a segunda opção, que, na minha opinião, é contraproducente.


Até da pra perceber, pelo seu texto, que houve um esforço em pesquisar para embasar seus argumentos.... Só tem um problema: sua referência mais recente é de 2010 e a outra é de 2009. Aproveitei agora pra dar uma lida nas discussões do setorial em SP, e vi você colocando lá questões já superadas há bastante tempo, como a relação entre Artes Visuais e Arte Digital. 

Nesse vácuo, entre 2010 e o dia de hoje, você perdeu 5 anos de oportunidades de conversar com as pessoas ao entorno desse processo e de ajudar a construir um processo consistente e representativo. Vitor Grilo, Paulo Amoreira e Eu, participamos ativamente do processo e podemos te dar relatos de três diferentes pontos de vista - só pra ficar nos representantes do Ceará.

E me desculpe o tom dessa mensagem, mas fiquei realmente consternado em ver alguém tão inteligente e bem relacionado, ex-socialmedia do Fórum da Cultura Digital, colaborador da Casa da Cultura Digital, prestando um desserviço tão grande à Cultura Digital brasileira.

O pior e mais irônico é que seu relato-reclamação fala de tudo o que foi ruim, desinforma um pouquinho, mas o mais importante, que seria o resultado da eleição, ele não fala. 


E pra encerrar, tentando não cometer o mesmo erro, copio aqui a lista do GT Cultura Digital, que começou como um grupo de discussão do GT Cultura Digital da Comissão Nacional dos Pontos de Cultura, mas acabou herdando debates, discussões e arranca-rabos das várias outras iniciativas digitais no brasil. Hoje, é uma lista-legado, que conta com mais de 320 pessoas do brasil e do mundo inteiro, sob a tag "cultura digital". 

Pra mim, isso demonstra claramente a legitimidade da inclusão da Cultura Digital no CNPC, e portanto, a legitimidade da pauta levantada pelo José Murilo na reunião.

O que vi quanto participei do fórum, e estou vendo novamente agora, é que os "fundadores" do setorial tem agido de forma coorporativista e segregadora, se esforçando pra manter a "galera da cultura digital" longe do seu "espaço de representação".

Tenho esperança de que com a nova gestão esse cenário de modifique e por isso, sugiro, enquanto representado, que o Setorial de Arte Digital, seja acolhedor e se preocupe em contemplar em suas discussões pautas que não necessariamente estão relacionadas ao tema de interesse dos representantes, mas que tem respaldo junto aos representados. 

Mais que isso, solicito que o Setorial apresente ao conjunto da sociedade a sua estratégia de representação e a maneira como pretende discutir e elaborar com o setor e toda a sociedade, as diretrizes que devem ser levadas pelos representantes. 

Sem mais.

atenciosamente.

Uirá Porã
ex-representante do GT Cultura Digital na Comissão Nacional do Pontos de Cultura
ex-representante da Cultura Digital no Conselho Estadual de Políticas Culturais do Ceará
ex-delegado do Setorial de Arte [e Cultura] Digital do Conselho Nacional de Políticas Culturais
ex-consultor da Coordenação de Cultura Digital do Ministério da Cultura
ex-bolsista da Ação Cultura Digital do Ministério da Cultura
ex-estagiário de Cultura Digital da Assessoria de Comunicação Social do Gabinete do Ministro da Cultura






Em 18/11/2015 2:21 PM, "Vitor Grilo" <vitor...@gmail.com> escreveu:

Estão acompanhando essa discussão?

---------- Mensagem encaminhada ----------
De: "Thiago Carrapatoso" <thiago.ca...@gmail.com>
Data: 18/11/2015 09:52
Assunto: [fnad] Re: [LaboCA] Arte Digital e o CNPC
Para: "Elen Nas" <sere...@gmail.com>
Cc: "ola...@googlegroups.com" <ola...@googlegroups.com>, <forum-nacional-...@googlegroups.com>

Oi, Elen!

Acho que a ambiguidade da última pergunta -- que não foi proposital -- vem até a calhar. Porque se o próprio CNPC está sendo usado para fins além da participação direta, para que serve?

Um dos intuitos do relato -- além, claro, de preservar um mínimo de transparência para as discussões -- é justamente tentar rearticular o setor. A gente precisa **muito**. Não se pode ficar em uma posição em que o que foi consolidado pode ser desmanchado a bel prazer de desejos individuais.

Estou ainda pensando se o próximo passo não seria já começar uma abaixo-assinado para a construção do setorial de cultura digital, concomitante com um grupo de discussão.

O que você acha?

Abraços,

Thiago

2015-11-17 22:52 GMT-02:00 Elen Nas <sere...@gmail.com>:
Olá Thiago

Concordo com a demanda e renovar esta articulação é urgente e necessário.

Quanto a pergunta ao final, você questiona a validade do que teria sido votado nesta reunião do CNPC em específico, ou o próprio CNPC?

Isto pra mim não ficou claro.

Recentemente me desliguei da lista do Fórum de Artes Visuais, pois o debate ali foi escasseando, e, praticamente a única pessoa que estava enviando mensagens acabava brigando com todo mundo...

Cito isto pois as únicas informações que tinha sobre o CNPC era por ali, e o que se comentava era uma grande frustração e descontentamento pois, no Governo Lula, onde havia uma composição de forças mais aberta, todas estas questões começaram a ser levantadas e houve um desenvolvimento sobre o assunto, e, eventualmente algumas conquistas ocorreram.

Já o Governo Dilma entrou com uma política mais fechada e conservadora. E, a cultura sentiu isso nos primeiros momentos com toda aquela história da Ana de Hollanda parar com diversos programas e se contrapor as discussões levantadas, etc., e o pessoal do CNPC começou a entender que estavam fazendo um teatro de democracia, pois na prática o diálogo entre o Ministério da Cultura e os representantes do CNPC tinha um abismo no meio.

E isto nem era o pessoal da cultura digital em específico, mas o pessoal das artes, no geral.

Com este governo ainda existem umas esperanças agonizantes. Muita gente se afastou dos debates, Cnpc, etc., muita gente se calou, mas o Juca Ferreira têm um perfil flexível, consciente e receptivo.

Sou a favor de debatermos mais e contacta-lo.

Que tal criarmos um fórum online para a cultura digital?

Vale resgatar informações dos processos anteriores. Lembro que vi muitos vídeos de debates incríveis, tudo online, pois em grande parte deste período não estava no Brasil.

Quando entrou a Ana de Holanda o pessoal reagiu, estes links apareceram, mas depois todo mundo sumiu e se espalhou por aí.

Atualmente estou fazendo pesquisas históricas e filosóficas sobre o que arte-ciência-e-tecnologia representam, e venho identificando as questões ideológicas nas resistências a estes campos de convergência.

Vamos organizar este fórum e reacender esta discussão. 

sdç

Elen


Em 17 de novembro de 2015 16:27, Thiago Carrapatoso <thiago.ca...@gmail.com> escreveu:
Carxs,

dando continuidade às infos sobre o colegiado de arte digital dentro do CNPC, escrevi um breve relato de como a condução das discussões focaram muito mais em questões do próprio MinC do que levantadas pelos próprios delegados.


Compartilhem em suas redes! E desculpem o cross-post.

Abraços,

Thiago

Arte Digital no CNPC: “aparelhamento” ou peça de manobra?

Antes de mais nada, é importante salientar e explicar a importância de um órgão como o Conselho Nacional de Política Cultural. Composto pela sociedade civil e pelos diferentes órgãos que compõem o Sistema MinC, o CNPC é um órgão de comunicação direta entre a sociedade civil artística organizada e o Executivo responsável pela implementação de  políticas culturais. É um mecanismo de participação democrática direta na definição de quais políticas públicas são ou serão prioridades para cada setorial artístico ou de Patrimônio (que engloba desde circo, arte digital, culturas indígenas e políticas de livro, leitura, literatura e bibliotecas, etc). Logo, é um mecanismo que deve ser estimulado, legitimado e divulgado para que tenhamos cada vez mais meios de conversar diretamente com o governo federal. Mas é preciso também dar tempo para críticas de forma que possamos cada vez mais melhorar os processos de participação.

Na semana passada, aconteceu no Rio de Janeiro o Fórum Nacional Setorial em que seriam eleitos os colegiados de sete linguagens artísticas: teatro; circo; dança; música (popular e erudita); livro, leitura e literatura; artes visuais; e, por fim, arte digital. Eu estou como delegado de arte digital por São Paulo (já que o eleito Felipe Fonseca e o candidato com o mesmo número de votos que eu mas mais velho William Figueiredo não poderiam ir ao Fórum) e, logo, participei da votação para o colegiado. O que era para ser um espaço para se discutir políticas públicas e planos para o biênio 2015-2017, virou uma discussão para deslegitimar o próprio setorial e valorizar uma coordenação dentro do Ministério da Cultura, tudo isso orquestrado por membros do governo que deveriam ser apenas mediadores dos debates.

Por causa da estruturação do colegiado e pela falta de informação sobre o que é essa linguagem artística, desde a formação do setorial já se viu a necessidade para a criação de um outro que se discutisse cultura digital de forma mais ampla (veja a moção apresentada pelo primeiro colegiado do setorial). É uma demanda constante que precisa ter respaldo dentro do Ministério de forma a não prejudicar o trabalho deste setorial que precisou de anos de articulação e um abaixo-assinado com mais de 700 nomes para que acontecesse. Por causa dessas discussões (ou falta de), a FUNARTE, órgão do Sistema MinC que deveria orientar as conversas do setorial, não se posiciona como representante governamental, o que gera um vácuo de articulação para as políticas públicas a nível federal. Vendo esta situação, a Coordenação-Geral de Cultura Digital, capitaneada por José Murilo, se aproveita e resolve coordenar a discussão do setorial para colocar à votação, durante o nosso Fórum, se cultura digital deveria ser abarcada no próprio nome do setorial. Em outras palavras, o governo impôs uma pauta à sociedade civil de forma a reestruturar um setorial organizado e articulado legitimamente pela própria sociedade. Não foi uma pauta que surgiu pelos próprios delegados, mas sim imposta por representantes do governo à sociedade para fins que não atendem o setorial em questão.

É importante frisar que essa discussão imposta por José Murilo, além de ser completamente inoportuna, vai na contramão das definições e trabalhos da gestão anterior do colegiado. Durante o biênio passado, o colegiado discutiu a questão exaustivamente e decidiu, por fim, para seu regimento interno que está ainda em construção, não incluir cultura digital em sua estrutura. Ou seja, além de ter sido uma articulação para fins próprios, ignora completamente o trabalho construído pelos delegados eleitos anteriormente. Isso, para o setorial de arte digital, é extremamente desarticulador, uma vez que cultura digital é um tema muito mais amplo do que uma linguagem artística. Contemplar e abarcar a questão da cultura em um setorial de arte não só deslegitimaria a linguagem, como também traria mais confusão sobre como pautar políticas públicas para o setor (há anos que o setorial de arte digital tenta uma representação dentro da Secretaria de Audiovisual e FUNARTE e, até hoje, é ignorada).

Por que o governo, na forma representada pelos seus mediadores, impõe a desarticulação de um setorial que já está na luta há anos para conseguir mais espaço e incentivar a inovação tecnológica do país? Isso pode se tornar uma grave ameaça ao processo democrático tão importante e raro do CNPC.

Toda essa situação (além também da imposição de se trocar as regras já contempladas no regimento) demonstra que a legitimidade do CNPC como um todo ainda padece de melhorias na própria estrutura do MinC. Isso ficou provado pela falta de assinaturas na ata da votação, já que a situação ficou caótica por conta dos mediadores e todxs se esqueceram de passá-la ao final. No fim, só resta a dúvida: essa eleição foi legítima?

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