Transtornos Neuroquímicos de ansiedade

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Ana Maria

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Oct 19, 2012, 1:14:14 PM10/19/12
to Ana Maria
 
 
O estudo dos transtornos de ansiedade evoluiu de 30 anos para cá. Antes predominava um tipo de conhecimento psiquiátrico que pré-estabelecia uma divisão quanto aos portadores de problemas mentais: os psicóticos e os neuróticos. Os psicóticos eram encaminhados aos hospitais psiquiátricos, enquanto os neuróticos procuravam terapias e tratamentos clínicos.

Atualmente, a situação mudou por completo. O conceito de neurose, como sempre foi visto (todos os transtornos de ansiedade eram considerados como transtornos neuróticos), mudou. O entendimento que se tinha da neurose era de que fosse uma situação puramente psicológica, em que todos os pacientes deveriam ser tratados somente com a psicoterapia. Hoje sabe-se que é preciso associar dois tipos de tratamento: o psicoterápico e o medicamentoso.
Essas modificações aconteceram em decorrência dos avanços da neuropsiquiatria nas últimas décadas. O conceito de transtornos de ansiedade foi revisto e atualizado, provando que eles têm, em sua maioria, um fundo genético (bioquímico-cerebral).  Há um aumento constante da dopamina no sistema límbico, bem como do ciclo de adrenalina-noradrenalina. Muitas vezes , o fato de NÃO procurar tratamento, negando o transtorno para si mesmo e para  família, faz parte do quadro do paciente portador de um desequilíbrio neuroquímico cerebral.  
 
  O preconceito, ainda existente em torno das doenças mentais, bem como o estigma social, ou seja, admitir ser portador de algum sofrimento psíquico, causa muitas vezes segregação no meio(competitivo) laboral e social da pessoa, levando-as a esconder seus sintomas por muitos anos por temerem chacotas e/ou exclusão social. Sem contar que em muitos concursos públicos, caso o indivíduo esteja fazendo tratamento psiquiátrico é reprovado, entendemos porque muitas pessoas negam seu sofrimento, recorrendo a curandeiros, religiões, esperas milagrosas, adiando a possibilidade de uma vida mais, harmoniosa.  E é sob essa ótica que o tratamento ,  muitas vezes ,  se dá por indicação de familiares e amigos do paciente  que percebem o sofrimento anormal do amigo e/ou familiar.  

 
Transtornos  Neuroquímicos de Ansiedade

Todos os Transtornos de Ansiedade têm como manifestação principal um alto nível de ansiedade. Ansiedade é um estado emocional de apreensão, uma expectativa de que algo ruim aconteça, acompanhado por várias reações físicas e mentais desconfortáveis. O paciente percebe uma realidade MUITO assustadora e que, de fato, não existe. O cérebro reage bioquimicamente como se houvesse uma grande agressão, produzindo sintomas de pânico, aumento da adrenalina e do cortisol a níveis insuportáveis.

Os principais Transtornos  Neuroquímicos de Ansiedade são: Síndrome do Pânico, Fobia Específica, Fobia Social, Estresse Pós-Traumático, Transtorno Obsessivo-Compulsivo e Distúrbio de Ansiedade Generalizada.

É comum que haja comorbidade e assim uma pessoa pode apresentar sintomas de mais de um tipo de transtorno de ansiedade ao mesmo tempo e destes com outros problemas como depressão.

Saiba um pouco sobre cada Transtorno de Ansiedade:

Estresse Pós Traumático:

Estado ansioso com expectativa recorrente de reviver uma experiência que tenha sido muito traumática. Por exemplo, depois de ter sido assaltado, ficar com medo de que ocorra de novo, ter medo de sair na rua, ter pesadelos, etc. Geralmente após um evento traumático a ansiedade diminui logo no primeiro mês sem maiores consequências. Porém, em alguns casos, os sintomas  persistem por mais tempo ou reaparecem depois de um tempo, levando a um estado denominado como Estresse Pós Traumático.

 

Distúrbio de Ansiedade Generalizada:

Estado de ansiedade e preocupação excessiva sobre diversas coisas da vida. Este estado aparece frequentemente e se acompanha de alguns dos seguintes sintomas: irritabilidade, dificuldade em concentrar-se, inquietação, fadiga e humor deprimido.

Síndrome do Pânico: 

A Síndrome do Pânico é caracterizada pela ocorrência de freqüentes e inesperados ataques de pânico. Os ataques de pânico, ou crises, consistem em períodos de intensa ansiedade e são acompanhados de alguns sintomas específicos como taquicardia, aumento da adrenalina, cortisol, perda do foco visual, dificuldade de respirar, sensação de irrealidade, etc.

Fobia Simples:

Medo irracional relacionada a um objeto ou situação específico. Na presença do estímulo fóbico a pessoa apresenta uma forte reação de ansiedade, podendo chegar a ter um ataque de pânico. Por exemplo a pessoa pode ter fobia de sangue, de animais, de altura, de elevador, de lugares fechados ou abertos, fobia de dirigir, etc. Há muitas formas possíveis de fobia, visto que o estímulo fóbico assume um lugar substituto para os reais motivos de ansiedade da pessoa. 

Fobia Social

Ansiedade intensa e persistente relacionada a uma situação social. Pode aparecer ligado a situações de desempenho em público ou em situações de interação social. A pessoa pode temer, por exemplo, que os outros percebam seu "nervosismo" pelo seu tremor, suor, rubor na face, alteração da voz, etc. Pode levar à evitação de situações sociais e um certo sofrimento antecipado. A pessoa pode também, por exemplo, evitar comer, beber ou escrever em público com medo de que percebam o tremor em suas mãos. 

Transtorno Obsessivo-Compulsivo:

Estado em que se apresentam obsessões ou compulsões repetidamente, causando grande sofrimento à pessoa. Obsessões são pensamentos, idéias ou imagens que invadem a consciência da pessoa. Há vários exemplos como dúvidas que sempre retornam (se fechou o gás, se fechou a porta, etc.), fantasias de querer fazer algo que considera errado (machucar alguém, xingar, etc.), entre vários outros.

As compulsões são atos repetitivos que tem como função tentar aliviar a ansiedade trazida pelas obsessões. Assim, a pessoa pode lavar a mão muitas vezes para tentar aliviar uma idéia recorrente de que está sujo, ou verificar muitas vezes se uma porta está fechada, fazer contas para afastar algum pensamento, arrumar as coisas, repetir atos, etc.

Uma nota para Reflexão:

O que é normal e o que não é normal em nossa vida mental ?

É importante notar que todos nós apresentamos alguns comportamentos "estranhos" uma vez ou outra. A vida psicológica normalmente é cheia de estados emocionais variados, de transições e crises. Todos nós temos alguns medos ilógicos, algumas idéias intrusas em nossa consciência e estados de ansiedade mais intensos.

O que caracteriza um estado como patológico é quando estas situações dominam a nossa vida mental, quando o sofrimento emocional (ansiedade, desânimo, etc.) passa a ocupar o primeiro plano em nossas vidas e nos impede de viver outras experiências. Na psicopatologia, ocorre certa perda de liberdade e ficamos paralisados em modos estereotipados de funcionamento, sofrendo.

 

 

O medo sem nome chamado ansiedade

O medo sem nome chamado ansiedade

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Os ansiosos, dizem os especialistas,
temem inconscientemente a ocorrência
de uma catástrofe, que,
na verdade, já aconteceu:
a desestruturação da vida social e mental.
Para entender esse mecanismo,
temos de recuar à mais tenra infância

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Você tem, sua bisavó tinha, seus tetranetos também terão: ansiedade. Aquela intensa vontade de que o dia esperado ou a pessoa amada chegue logo, o medo de não dar tempo, de não dar paro gasto, de não dar certo. A espera pela resposta de um pedido de emprego, pela chuva que cai ou que não cai, pelo novo valor do aluguel – qualquer banalidade pode virar motivo de ansiedade. Às vezes a sensação vem do nada e se instala na gente. Para muitos, traz a vantagem, discutível, de dispensar o corte das unhas das mãos, já que, de repente, o ansioso se dá conta do quanto elas estão roídas.

Os ansiosos, dizem os especialistas, temem inconscientemente a ocorrência de uma catástrofe, que, na verdade já acontece: a desestruturação da vida social e  mental. Para entender esse mecanismo, temos de recuar à mais tenra infância. Ali estaria a causa de toda ansiedade: a mãe (e sempre ela). O mal-estar, que poucos conseguem definir, pode ter mil e um motivos, que vão mudando ao longo da vida. Mas a sensação seria apenas um eco daqueles momentos da infância em que estamos à espera – toda ansiedade é uma forma de espera – do peito da mãe, que virá nos alimentar, nos dar segurança, conforto, calor e a primeira experiência de amor.

Não há quem não tenha conhecido estados de ansiedade, menos ou mais agudos. Quem já encarou uma fila de banco na hora do almoço, morrendo de fome, com apenas quinze minutos para pagar contas e comer, antes de voltar ao trabalho, sabe do que se trata. E não existe nada pior para provocar uma ansiedade brutal do que falar em público. É fogo. Dá diarréia minutos antes, gagueira segundos depois. É um inferno, mas não deixa de ser excitante. E, no dia seguinte, começa a ansiedade da espera das críticas. Uma ansiedade vai emendando na outra.

Muitos percebem que terão um dia ansioso pela frente quando acordam, achando que não vão dar conta das tarefas e encontros agendados. Saem a campo com a impressão de que vai dar tudo errado. E sem nem um fato real para embasar a ansiedade. É só aquele aperto no coração, como se um pássaro assustado batesse asas dentro do peito. O mundo profissional, de fato, é território fértil para se plantar e colher ansiedades. Quem não tem um trabalho fixo, por exemplo, ou funciona como free-lance em atividades diferentes, é o que mais cultiva essa aflição sem fim.

Embora a ansiedade seja comumente associada à obesidade – o ansioso seria um ser que mastiga sem parar –, alguns especialistas a recomendam para quem deseja emagrecer. Nos estados de ansiedade, dizem, a mente se alimenta o tempo todo de si mesma – o corpo e suas necessidades ficam um tanto esquecidos que não sobra espaço para a fome.

E, já que estão na contramão das opiniões correntes, estes profissionais acrescentam que a ansiedade alheia funciona como um calmante, uma espécie de esponja que absorve as próprias inquietações. Com alguém ansioso ao lado, garantem, a pessoa volta a ter fome, sono e serenidade. E passa a valorizar o estoque de alegria que tem no coração.

Outra conclusão a que os especialistas chegaram: sem uma boa dose de ansiedade não se ganha dinheiro na vida. Mas, eles são obrigados a admitir que o amor bate o dinheiro como provocador de ansiedade. Se falta dinheiro, argumentam, sempre se pode procurar um amigo que nos quebre o galho por algum tempo. Agora, se falta amor, não se sabe de ninguém disposto a emprestar o namorado para o outro, só porque esse padece de ansiedade amorosa. O amor, de fato, parece ser unha e carne com a ansiedade. Namorar também deixa a pessoa ansiosa. E o ciúme, então: bota o ponteiro da ansiedade no vermelho. Para muita gente, amor e ansiedade são quase sinônimos.

E as campeãs de ansiedade quando o assunto é amor são mesmo as mulheres (veja quadro 1). Esperar pelo homem, sobretudo à noite, é um dos motivos mais comuns da ansiedade feminina. Se o maridão não chega na hora prevista, a ansiedade a faz criar todo tipo de cenário na mente, de acidentes a traição – o que faz agravar o tempo de espera. É barra!

Rubem Braga tem a esse respeito uma crônica memorável. Chama-se justamente A Mulher Esperando o Homem. Para começar, ele conta o caso de uma refugiada húngara da revolução de 1956, quando os soviéticos invadiram seu país para sufocar violentamente um levante comunista. O marido saíra de casa de manhã para participar das lutas de rua e não voltara à noite.

A mulher, então, ficou acordada até de manhãzinha, sufocando a ansiedade, sem ter notícias dele.  Dias e noites foram se passando, os tanques russos machucavam o pavimento ensanguentado das ruas de Budapeste, e nada de o marido chegar. A pobre mulher evoluiu da ansiedade para a mais negra angústia. Até que alguém veio lhe dar notícias: o marido estava morto. Ela aprontou a mala e fugiu para a fronteira com a Aústria. “Ela agora estava desgraçada, mas livre”, diz o velho Braga.

Quando a ansiedade se torna uma doença

Até este momento estivemos falando do que os especialistas chamam de ansiedade positiva – aquela que pode acontecer a qualquer pessoa, diante de um problema banal do cotidiano, e que funciona como uma mola propulsora para se enfrentar obstáculos. O contrário desta, a ansiedade negativa – ou transtornos de ansiedade, como é modernamente conhecida –, é  considerada uma doença, que desestrutura não apenas a mente mas também o corpo. E é sobre essa última que estaremos falando a partir de agora.

Do ponto de vista biológico, a ansiedade surge por um distúrbio neuroquímico, em nível de determinadas substâncias do cérebro chamadas neurotransmissores. Essas substâncias são produzidas dentro das células nervosas, as células cerebrais. São os mensageiros, as substâncias que levam “recado” de uma célula para outra, o combustível do cérebro, a estrutura química da vida mental.

Quando uma pessoa tem esse mecanismo bioquímico desarticulado, alterado normalmente por fatores genéticos, a vida mental dela começa a se desestruturar. E um sintoma nuclear do transtorno mental, dos mais variados tipos, é a ansiedade, que às vezes surge e predomina no transtorno mental, provocando transtornos somáticos também.

A ansiedade, entretanto, não fica apenas em nível da mente, mas também do corpo. Uma pessoa, transtornada por um estado emocional qualquer, tem uma reação cardiológica muito forte. O coração dispara, o ar custa a chegar aos pulmões, a circulação fica difícil (provocando dormência nos membros superiores e inferiores). Sudorese e tremores excessivos também fazem parte dos sintomas.

As reações descritas acima são efeitos da ansiedade, perifericamente. São vistas como a somatização de uma situação mental. “Nós percebemos a ansiedade, e a vemos no organismo da pessoa, através destas reações”, explica o psiquiatra João Alberto de Oliveira Campos. De acordo com ele, a ansiedade é uma resposta natural em qualquer situação adversa. “É a capacidade de a pessoa responder a um momento de extremo estresse”.

Sobre o transtorno de ansiedade ser um fator hereditário, João Alberto explica: “Quando eu falo em fator genético, falo  no aspecto patológico da doença, onde ela surge como um núcleo, que, na maioria das vezes, é herdado da família. Nos grandes transtornos de ansiedade – o pânico, os fóbicos, os obsessivos compulsivos, os de ansiedade generalizada ou específica – avaliar o aspecto genético é fundamental. Sem essa disposição genética a pessoa não vai apresentar qualquer transtorno”, garante.

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(matéria correlata)

A reclassificação dos transtornos de ansiedade

A identificação dos transtornos de ansiedade está sendo vista como o mais importante desenvolvimento da Psiquiatria no início do século. Graças a reclassificação proposta, a especialidade deu um salto e hoje o psiquiatra é visto como o profissional a ser procurado para diagnosticar e indicar o tratamento adequado a cada caso.

A classificação dos transtornos de ansiedade envolve cinco tipos: do pânico, fóbicos, obsessivo-compulsivo, ansiedade generalizada e estresse pós-traumático. Os transtornos fóbicos subdividem-se em agorafobia, fobia social e fobia específica. O psiquiatra João Alberto de Oliveira Campos comenta, a seguir, sobre cada um desses tipos.

1.Do pânico

A pessoa, normalmente um adulto-jovem, a partir dos 15 anos de idade, sem uma motivação externa evidente, clara, entra no que se chama de ataque de pânico. Por alguns minutos, de 10 a 20, sente o coração disparar. Tem palpitação, falta de ar, sudorese, tonturas, dormências, ondas de calor e de calafrio. Pensa ter náuseas, mal-estar abdominal, um medo muito grande de morrer naquele momento. Acha que está tendo um ataque do coração,  que está ficando louca. Em seguida, cerca de meia hora, todos esses sintomas passam. Depois fica uma ansiedade permanente. A pessoa fica um dia, dois ou um mês extremamente ansiosa, com medo da crise se repetir. Vai ao médico, qualquer que seja a especialidade, e faz uma série de exames que não dão em nada.

Esses ataques começam a se repetir freqüentemente. Duram cinco, 10, 15 minutos e a pessoa vai se sentido doente, procura tratamento e muitas vezes não encontra solução. Por causa desses ataques começa a estruturar o que se chama de fobias.

2.Fóbicos

Fobia é aquele medo absurdo que se sente diante de determinada situação. A pessoa vive em estado de angústia e de ansiedade intensas.

Houve um avanço no estudo das fobias. Até há alguns anos atrás, havia mais de 200 tipos catalogados. Hoje, as fobias são divididas em apenas três categorias: agorafobia, fobia social e fobia específica.

2.1. Agorafobia

Significa medo de estar em uma situação onde a pessoa possa passar mal, ter uma crise, e não ser socorrida. A pessoa passa a ter medo de ficar sozinha em casa. Ou se  isola, com medo de sair. Não consegue viajar, porque, se afastar da cidade onde moram significa perder assistência no caso de uma crise. Assim, a pessoa vai se tornando prisioneira desse estado ansioso. Precisa, o tempo todo, de ter alguém ao seu lado.

O transtorno do pânico com agorafobia é muito freqüente. Cerca de 3% da população adulta apresenta esse quadro durante a vida. Feito o tratamento, dentro de poucas semanas as crises desaparecem e a pessoa volta a ter uma vida normal.

Na grande maioria das vezes, a agorafobia surge em conseqüência dos ataques de pânico. A doença responde bem aos tratamentos medicamentoso e psicoterápico.

2.2.Fobia social

É o oposto da agorafobia. A pessoa tem medo de gente. Toda vez em que está numa situação onde se vê no centro das atenções, que está sendo notada, que se espera algo dela, sente que pode falhar e passar por um vexame. Então, começa a criar esquiva fóbica dessas situações. Passa a não ter condições, por exemplo, de falar em público. Se ela for solicitada a se expor dessa maneira, fica vermelha, o coração dispara e pode até ter um ataque fóbico no lugar onde se encontra.

Outras dificuldades: a pessoa não consegue telefonar para alguém que não conhece bem, nem usar banheiro público, nem comer, escrever ou trabalhar na frente dos outros.

Todas essas situações de fobia social limitam, e muito, a vida da pessoa. É uma situação bioquímica social. Há tratamento medicamentoso e psicoterápico para acabar com as crises.

2.3.Fobia específica

É direcionada a uma situação ou objeto. A pessoa tem medo de animais, ou de um tipo de animal, como um gato, por exemplo. Pode ter também fobia a objetos, como de uma faca. Há ainda a fobia de um lugar fechado. A pessoa não entra, de jeito nenhum, em um elevador.

As fobias específicas não estão bem esclarecidas ainda. Provavelmente um mecanismo psicológico e não bioquímico é que é mais importante no aparecimento dessa fobia. É como se fosse um condicionamento resultante do medo.

3.Obsessivo-compulsivo (TOC)

A pessoa, a partir da juventude, começa a desenvolver pensamentos obsessivos, que maltratam em muito a sua vida. Passa a ter vontade de gritar palavrões. Se esta numa missa, por exemplo, sente-se impelido em gritar palavras agressivas ao ambiente. Se está andando de carro com o filho, pensa que a criança pode morrer. Assim, ele pára o carro, faz uma oração ou medita sobre algo, para só então voltar a dirigir.

Esses pensamentos ficam se repetindo na mente da pessoa. Assim, ela constrói um ritual compulsivo. Faz uma série de gestos ou cria atitudes para tentar anulá-los. E fica presa nos pensamentos e nos rituais. Felizmente, existe um tratamento eficaz para os portadores desse tipo de fobia.

4. Ansiedade generalizada

A pessoa fica em permanente estado de ansiedade. Não tem crises como as relatadas anteriormente. Mas, sem motivação externa nenhuma está sempre ansiosa e angustiada. Desde o momento em que se levanta – e por todo o dia – sente o desconforto da ansiedade: coração disparado, suor excessivo, respiração difícil, mal-humor, irritação, um estado ansioso permanente.

O transtorno de ansiedade generalizada é de prevalência alta na população e responde bem aos medicamentos
 
5. Estresse pós-traumático

Uma pessoa é submetida a uma situação muito estressante, a um trauma psicológico muito forte e, a partir daí, desenvolve um estado ansioso que se repete em crises contantes.

O estresse pós-traumático também responde bem aos tratamentos indicados caso a caso.

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(quadro 1)

A mulher é mais ansiosa

A maioria dos estudos concorda que os transtornos ansiosos é aproximadamente duas vezes maior em mulheres do que em homens. Assim temos, na relação de prevalência entre os sexos, a proporção de duas mulheres para cada homem no transtorno ansioso geral

No Brasil, a prevalência de transtornos ansiosos, por sexo, foi pesquisada em três cidades: Brasília, São Paulo e Porto Alegre.

Acompanhe, nos quadros abaixo, os resultados obtidos:
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Relação de prevalência entre os sexos

Transtornos ansiosos / Mulheres-homens
Geral / 2 por 1
TOC / 4 por 1
Pânico / 2 por 2,1
Pânico (de 22 a 44 anos)/ 4 por 1
Agorafobia / 4 por 1
Agorafobia (de 25 a 44 anoss) / 8 por 1
Fobias simples / 2 por 1
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Prevalência dos transtornos ansiosos no Brasil (por sexo)

Cidades:     Brasília    São Paulo   Porto Alegre
Sexo      M/F          M/F          M/F

Transtornos
ansiosos    13,6/21,6     7,3/13,9     5,2/14,0

Transtornos
fóbicos     10,8/22,7     4,9/10,4    7,7/20,5

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Essas modificações aconteceram em decorrência dos avanços da psiquiatria nas últimas décadas. O conceito de transtornos de ansiedade foi revisto e atualizado, provando que eles têm, em sua maioria, um fundo genético (bioquímico-cerebral). E é sob essa ótica que o tratamento é prescrito.

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(quadro 2)

A cura está dentro do paciente

Há como se curar o portador de transtornos de ansiedade sem mudar o meio social em que ele vive? Sim, garante João Alberto de Oliveira Campos, falndo em nome dos profissionais da área.

“Nós não podemos mudar a condição social do paciente, dar a ele um bom padrão de vida, segurança, protegê-lo contra a violência ou a fome. Mas, com os nossos métodos de tratamento, podemos atuar em seu estado psicológico, fazendo com que ele encontre, dentro dele mesmo, mecanismos que o ajude a lidar com as situações adversas de uma maneira mais eficaz”.

Portanto, de acordo com o especialista, a psiquiatria pode, com os tratamentos propostos, fazer com que os portadores desse processos ansiosos lidem melhor com as situações externas, controlando tanto a ansiedade quanto a angústia, evitando, assim sofrimentos inúteis.

“Oferecendo ao paciente a possibilidade de se reestruturar emocionalmente, atuamos fortalecendo sua realidade interna, para que, com isso, ele possa lidar melhor com a realidade externa”, explica João Alberto.
 

Um pouco mais sobre a Serotonina (5HT)

No Humor e Ansiedade:

Para se ter uma noção da influência bioquímica sobre o estado afetivo das pessoas, basta lembrar dos efeitos da cocaína, por exemplo. Trata-se de um produto químico atuando sobre o cérebro e capaz de produzir grande sensação de alegria, ou seja, proporciona um estado emocional através de uma alteração química. Outros produtos químicos, ou a falta deles, também podem proporcionar alterações emocionais.

Pensando nisso, em meados desse século a medicina começou a suspeitar ser muito provável a existência de substâncias químicas atuando no metabolismo cerebral capazes de proporcionar o estado depressivo. Isso resultou, nos conhecimentos atuais dos neurotransmissores e neuroreceptores, muitíssimo relacionados à atividade cerebral. Alguns desses neurotransmissores, notadamente a serotonina, noradrenalina e dopamina, estão muito associados ao estado afetivo das pessoas. Assim sendo, hoje em dia é mais correto acreditar que o deprimido não é apenas uma pessoa triste, aliás, alguns deprimidos nem tristes ficam. É mais acertado acreditar nos deprimidos como pessoas que apresenta um transtorno da afetividade, concomitante ou proporcionado por uma alteração nos neurotransmissores e neuroreceptores.

Algumas pesquisas que procuraram embasar a teoria de que a depressão seria conseqüente à baixos níveis da Serotonina. Inclusive observou-se que as pessoas submetidas à dieta com baixos teores de Triptofano, uma substância (amino-ácido) precursora da Serotonina, desenvolviam um quadro depressivo moderado.

Também foram realizados testes em pacientes gravemente deprimidos, bem como em pacientes suicidas, e constatou-se também baixíssimos níveis da Serotonina no líquido espinhal dessas pessoas.

Existe um teste internacional para avaliação do grau de depressão chamado teste de Hamilton. Pois bem, este teste mostra altas pontuações (sugerindo maior depressão) em pessoas com dosagem menor de triptofano (o precursos da Serotonina).

Essas pesquisas abrem a possibilidade de se utilizar o triptofano como coadjuvante no tratamento de pacientes deprimidos, coisa que já vem sendo feita por muitos psiquiatras.

Também os Transtornos  Neuroquímicos da Ansiedade, principalmente o Transtorno Obsessivo-Compulsivo e o Transtorno do Pânico, estariam relacionados à Serotonina, tanto assim que o tratamento para ambos também é realizado às custas de antidepressivos que aumentam a disponibilidade de Serotonina. Nesses estados ansioso, também a noradrenalina, um outro neurotransmissor estaria diminuído.

A ação terapêutica das drogas antidepressivas tem lugar no Sistema Límbico, o principal centro cerebral das emoções. Este efeito terapêutico é conseqüência de um aumento funcional dos neurotransmissores na fenda sináptica (espaço entre um neurônio e outro), principalmente da Norepinefrina (NE) e/ou da Serotonina (5HT) e/ou da dopamina (DO), bem como alteração no número e sensibilidade dos neuroreceptores. O aumento de neurotransmissores na fenda sináptica pode se dar através do bloqueio da recaptação desses neurotransmissores no neurônio pré-sináptico (neurônio anterior) ou ainda, através da inibição da Monoaminaoxidase (MAO), a enzima responsável pela inativação destes neurotransmissores. Será, portanto, os sistemas noradrenérgico, serotoninérgico e dopaminérgico do Sistema Límbico o local de ação das drogas antidepressivas empregadas na terapia dos transtornos da afetividade.

A constatação do envolvimento dos receptores 5HT, conhecidamente implicados na Depressão, também na sintomatologia da Ansiedade parece ser um importante ponto de partida para a identidade terapêutica dos dois fenômenos psíquicos como tendo uma raíz comum (Bromidge e cols, 1998, Kennett e cols, 1997), seja em relação às causas dos dois transtornos, seja do ponto de vista do tratamento dos dois transtornos com antidepressivos.

Na Atividade Sexual

Tendo em vista a ação da Serotonina na diminuição da liberação de estimulantes da produção de hormônios pela hipófise, ou seja, quanto mais serotonina menos hormônio sexual, alguns antidepressivos que aumentam a Serotonina acabam por diminuir a atividade sexual.

No Apetite

A vontade de comer doces e a sensação de já estar satisfeito com o que comeu (saciedade) dependem de uma região cerebral localizada no hipotálamo. Com taxas normais de Serotonina a pessoa sente-se satisfeita com mais facilidade e tem maior controle na vontade de comer doce.

Havendo diminuição da Serotonina, como ocorre na depressão, a pessoa pode ter uma tendência ao ganho de peso. É por isso que medicamentos que aumentam a Serotonina estão sendo cada vez mais utilizados nas dietas para perda de peso.

Um desses medicamentos é a fluoxetina, a qual, além de tratar a depressão, aumentando a Serotonina, também proporciona maior controle da fome (notadamente para doces).


Bibliografia: http://www.psiqweb.med.br/farmaco/serotonina.html

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