Fabiano Santos
unread,May 26, 2011, 9:25:58 PM5/26/11Sign in to reply to author
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Fortaleza, 22 de maio de 2011 (dois dias depois das vitoriosas jornadas
de Brasília)
Senhora Professora Maria Teresa Eglér Mantoan, Em
resposta à minha primeira carta, a senhora me pergunta se conheço “o que
a educação especial, na perspectiva da educ...ação
inclusiva, oferece aos alunos com surdez, por meio do Atendimento
Educacional Especializado, ou nas salas de aula de ensino comum”. Apesar
de, segundo a senhora me diz, não ser uma condição necessária conhecer
as teorias e as experiências de educação de surdos para ser consultor(a)
do MEC em assuntos de inclusão escolar das pessoas surdas, como pais,
meu companheiro e eu procuramos, desde que adotamos D., estudar Libras e
conhecer as experiências nacionais e internacionais de educação de
surdos; particularmente para nós foram muito importantes os relatos de
surdos adultos que já concluíram a Universidade e, de alguns deles, os
livros que publicaram. Como pais, responsáveis por uma única criança,
sabendo que nossas decisões iriam ter impacto nessa única vida, não
poderíamos deixar de estudar sobre as teorias e experiências de educação
surda antes de tomar decisões e assumir posições. Dentre as inúmeras
coisas que lemos, demo-nos de frente com os documentos oficiais, e até
mesmo uns poucos livros para-oficiais (bem chapas brancas mesmo!), que
expressam (ou, antes, orientam) a política do MEC. Portanto, professora,
conhecemos bem o que a política de educação inclusiva do MEC tem a
“oferecer” para meu filho. Por isso a recusamos. Já a senhora, em
resposta à minha carta, diz que é uma “pessoa que não precisa estudar a
cultura surda, muçulmana, africana, anglo saxônica [sic],
mediterrânea... nórdica, indígena... para sustentar seus pontos de
vista”. Mas veja, professora, a senhora não seria consultora do
ministério da educação em nenhum país da África, tampouco na Inglaterra
ou em algum país do Mediterrâneo, sem que conhecesse a cultura e a
história da educação do país em questão. Nem mesmo aqui no Brasil a
senhora seria consultora para a educação indígena no MEC se confessasse
assim, tão à vontade, publicamente, que não conhece nem quer conhecer
sobre as culturas dos povos indígenas e suas propostas educacionais.
Mas, que terrível!, a senhora pode, dada a grave situação política e
intelectual da Secretaria de Educação Especial do MEC, ser consultora da
política anecófoba conduzida, sob sua orientação, por Claudia Dutra e
Martinha Claret Dutra. Veja que grave, professora! Suas posições têm
consequências na vida diária e no futuro de milhões de crianças e jovens
surdos (não apenas de um, como é o nosso caso), mas a senhora não acha
importante estudar, conhecer, aprender, ouvir o que dizem as teorias e
as experiências históricas da educação de surdos! Insisto, eu realmente
não entendo por que a senhora, que é consultora do MEC para assuntos de
inclusão, cujos pareceres que emite e programas que assessora têm
impacto na vida de milhões de crianças e jovens surdos, acha que pode
desempenhar suas funções sem ter que estudar a respeito! O Dr. Fernando
César Capovilla (USP) já havia alertado à sociedade brasileira e à
comunidade científica sobre sua “afirmação danosa” (Capovilla), lembra?,
de que “é positivo que o professor de uma criança surda não saiba
libras” (Mantoan); ele explicou: “Uma declaração de tal modo leviana é
ainda mais esdrúxula pois que provém da boca de uma educadora, que
deveria promover o conhecimento e não a ignorância. Elogiar a ignorância
descredencia o educador”. Acho que compreendo agora a radicalidade do
universalismo de sua concepção pedagógica, pois o elogio da ignorância
que a senhora faz para os professores da educação básica parece ser,
antes de tudo, um programa que a senhora aplica em seu próprio percurso
intelectual e profissional. Dada sua influência na Secretaria de
Educação Especial do MEC, onde, entre outras coisas, é consultora de um
milionário programa de especialização (EAD!) sobre o AEE (Atendimento
Educacional Especializado), sugiro-lhe que, com humildade e honestidade
intelectual, consulte a vasta bibliografia de autores surdos e ouvintes
que conhecem bem a coisa. Aprenda Libras, converse com Fernando
Capovilla, leia a Karin Strobel e a Patrícia Rezende, peça sugestões a
Ronice Quadros e a Mariana Hora, vá aos Estados Unidos e à Europa
(incluindo Portugal!) e conheça as experiências de escolas
bilíngues para surdos. E, antes de tudo, compreenda o que as pessoas com
deficiência e seus familiares vêm dizendo há anos: “nada para nós sem
nós”! Naquele primeiro email, que provocou minha carta anterior, a
senhora falava das leis nacionais e documentos internacionais.
Mostrei-lhe que esses regulamentos e marcos legais estão em nosso favor:
todos eles exigem respeito à especificidade linguística e cultural dos
surdos, quando não chegam a preconizar explicitamente a escola bilíngue
para surdos, nas quais, repito a citação, “a Libras e a modalidade
escrita da Língua Portuguesa sejam línguas de instrução utilizadas no
desenvolvimento de todo o processo educativo” (Decreto 5.626/2005, Art.
22, § 1). Agora a senhora não fala mais sobre a legislação (limita-se a
referir-se mui abstratamente à “legislação menor” e à
“Constituição/88”): reconhece assim que, infelizmente, meu temor se
confirmou, e toda sua referência à Convenção dos Direitos de Pessoas com
Deficiência (Nova York, ONU, 2007) e às leis eram manobras políticas
para tentar desacreditar a luta dos surdos. Em que pese a
confessada, professada e orgulhosa ignorância sobre a língua, a cultura e
a educação surdas, a senhora argumenta – sem referir-se a qualquer base
documental ou empírica – que há um “desempenho sofrível da maioria de
alunos surdos egressos dessas escolas [especiais, sic], no ensino básico
e superior”. Primeiro, é preciso insistir:não me referi em nenhum
momento, nem nos referimos nunca, a escolas especiais, mas, sim, a
escolas bilíngues para surdos (o que, decididamente, não são a mesma
coisa!). Segundo: é preciso ter rigor nas análises. A senhora sabe que
as avaliações externas demonstram que em todo o país os alunos da
educação básica, em seus diversos níveis e anos escolares, têm em sua
esmagadora maioria um “desempenho sofrível” (para conferir isso, a
senhora pode consultar a página do INEP e as das Secretarias Estaduais
de Educação). A situação acadêmica das escolas públicas bilíngues para
surdos não se distingue da situação da totalidade das escolas públicas
de falantes-ouvintes da Língua Portuguesa. Com exceção de uma pequena
porcentagem de escolas (das diversas redes: federal, estadual e,
principalmente, particular), dentre as quais se inserem algumas escolas
bilíngues particulares, nosso sistema escolar inteiro não consegue mais
do que um “desempenho sofrível”. Mas parece que, para a senhora, todo o
sistema educacional brasileiro é ótimo, com excelentes desempenhos, mas
as escolas bilíngues de surdos... não, essas não, essas são exceções e,
por isso, péssimas! Mas uma apreciação minimamente séria consideraria o
importante fato empírico de que as escolas especiais de surdos foram,
durante décadas, oralistas. Somente após a Lei 10.436/2002 e,
principalmente, após e em virtude do Decreto 5.626/2005, é que começaram
a surgir experiências de educação bilíngue para surdos, em classes e
escolas específicas, nos termos desse último decreto. Contudo, mal essas
experiências começaram, a Secretaria de Educação Especial do MEC passou
a desenvolver sua política anecófoba e ilegal de desassistência e
combate às escolas de surdos. Ora, qualquer estudioso da educação sabe
que quatro ou cinco anos é muito pouco para avaliar uma experiência
educacional! Portanto, não há indícios suficientes para falar com rigor e
exatidão em “desempenho sofrível” das escolas bilíngues, embora haja,
com certeza, de sobra, para afirmar que o oralismo, cuja reintrodução na
educação de surdos a senhora e seus associados defendem, conduz não
somente a um “desempenho sofrível”, mas ao fracasso escolar (frustração,
abandono, reprovação...). Ademais, professora, é preciso ainda
constatar uma coisa: ao arrepio da Lei 10.436/2002, do Decreto
5.626/2005 e da Recomendação 001, do Conselho Nacional dos Direitos de
Pessoas com Deficiência (CONADE), de 15 de Julho de 2010, os surdos
estão sendo submetidos a avaliações internas e externas (inclusive no
ENEM) somente em sua segunda língua (o Português) e não, como a
legislação ordena, em língua de sinais. Com isso, professora, ao
“desempenho sofrível” comum à grande maioria das escolas brasileiras,
soma-se a inadequação das avaliações impostas aos surdos. A senhora já
pensou sobre isso? Ou também não precisa desse tipo de consideração
empírica e histórica para “para sustentar seus pontos de vista”? Mas a
verdadeira questão é: qual escola propicia um melhor desempenho ao aluno
surdo, a escola bilíngue Libras/Português escrito ou a escola
monolíngue Português falado/escrito? Nessa questão, achismos e ilusões
ideológicas não devem contar. Não sei se a senhora tomou conhecimento,
mas o já referido Prof. Capovilla realizou, com financiamento do INEP,
da Capes, do CNPq e da FAPESP, um dos maiores programas de pesquisa
educacional do mundo com alunos surdos e deficientes auditivos: foram
acompanhados mais de 8 mil alunos, de 15 Estados brasileiros, durante
dez anos (entre 1999 e 2009), chegando à conclusão de que a escola que
propicia um melhor desempenho acadêmico e desenvolvimento social da
pessoa surda é a escola bilíngue Libras/Português escrito. Outra
pesquisa realizada em Portugal, em 2007, sob coordenação da Profa.
Dra. Ivone Maria Resende Figueiredo Duarte, do Departamento de
Psicologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, chegou a
conclusões semelhantes. A pesquisadora fez o acompanhamento de dois
grupos de crianças surdas entre 6 e 12 anos, um deles inserido em
escolas tradicionais monolíngues para usuários da Língua Portuguesa
(contando, porém, com intérpretes de língua de sinais em sala de aula),
outro em escolas bilíngues Língua Gestual Portuguesa (LGP)/Língua
Portuguesa. A conclusão a que chegou a Profa. Ivone Duarte é a de que “o
ensino bilíngue contribui para o incremento da capacidade de
aprendizagem das crianças [surdas], bem como para a utilização prática
dessas mesmas competências [de atenção, associação, contextualização e
integração dos conhecimentos adquiridos]”. Todas essas informações, com
mais detalhes, a senhora pode encontrar facilmente na internet. Com
muito preconceito e arrogância, a senhora diz desconfiar que os surdos
“estariam mais uma vez desinformados”. Mais uma vez? Por que “mais uma
vez”? Será por isso que acha que pode decidir sobre eles à sua revelia? A
senhora acha mesmo que os surdos estão sempre mal-informados? Eles não
podem mesmo decidir sobre que educação querem? A senhora diz que “a
falta de informação sobre o que a educação inclusiva oferece e preconiza
faz com que as pessoas surdas e seus defensores preguem algo que já
está disponível, mas que não podem ou não querem ver. Os motivos? Não
sei”. Quem disse para a senhora que há falta de informação? A senhora
sabe que não; sabe que, por exemplo, as companheiras Patrícia Rezende,
Karin Strobel, Mariana Hora e outros tantos – com quem, aliás, deveria
se orientar – bem conhecem os documentos da Secretaria de Educação
Especial do MEC! Por que maldosamente a senhora insiste em dizer que os
surdos são mal informados? No parágrafo seguinte pergunta novamente:
“Quem está lhes infundindo nas pessoas surdas e na opinião pública essas
ideias? Com que intenção?”. A senhora acha que os surdos não são
capazes de pensar por si sós, sendo então que há pessoas “infundindo”
neles essas perigosas ideias? A senhora afirma isso com que intenção,
professora? Não sei exatamente, mas desconfio. A proletarização
crescente do trabalho acadêmico, acompanhando o emburrecimento
igualmente crescente de toda a sociedade, faz com que os poucos poderes
adquiridos por alguns intelectuais nos últimos governos – poder de
decisão, poder sobre um milionário orçamento, poder de dispor da
atividade profissional de seus pares, poder de certo reconhecimento
social e institucional, poder de serem ouvidos pelos governantes –,
esses poucos (e bobos!) poderes, que tanta satisfação
super-egóica oferecem, precisam ser defendidos à exaustão! Sabemos
que, desde o governo Lula, aumentou em algumas vezes o orçamento da
Educação Especial do MEC, orçamento que precisa privilegiar e financiar
um certo saber (ou elogiada ignorância), que só pode sustentar seu
privilégio de financiamento às custas do desprezo de outros saberes.
Será por isso que a senhora diz que não é importante o professor de
surdos saber Libras? Que importa tampouco a senhora conhecer sobre
cultura e educação de surdos? Será que é porque seu suposto saber
precisa concorrer com outros saberes, deslegitimando-os, para que então
sua escola de pensamento (com os dois ou três grupos de pesquisa a ele
afiliados) possa monopolizar as verbas da Educação Especial, fazendo
publicamente o elogio da ignorância? Por que uma corrente que estuda a
questão da deficiência intelectual, cujas posições mesmo nesse campo são
teoricamente questionáveis, quando alçado a posições de reconhecimento e
decisão, precisa dizer que pouco importa conhecer a cultura e a
educação de surdos? Por que seu suposto saber sobre deficiência
intelectual importa e o saber surdo sobre o surdo não importa?
Desconfio, sinceramente, que é porque seu saber (ou voluntária
ignorância) vale (e precisa valer) um orçamento milionário, base de um
miserável status acadêmico... Em todas suas falas sobre as posições
dos surdos, verifica-se a mesma postura preconceituosa, base de uma
política voluntarista, autoritária e desinstitucionalizante – essa mesma
conduzida por suas discípulas da SEEsp/MEC e alhures –, que acha que os
surdos não podem ser levados em conta na definição de políticas para a
educação de surdos. Como as outras pessoas que se lhe associam
academicamente nos seus milionários empreendimentos acadêmicos, a
senhora não opina para debater, a senhora fala para ser obedecida. Como a
Secretaria de Educação Especial da qual é consultora emaître à penser, a
senhora também não submete suas infundadas e preconceituosas opiniões
ao debate público, mas simplesmente decide e envia ordens. O conforto
com que a senhora pode fazer isso é tal, que até mesmo confessa
publicamente que não precisa, para tanto, estudar e conhecer. É o que se
verifica em todos os seus discípulos, no MEC e em uma ou outra
Universidade: quem coordena cursos sobre AEE nem sequer conhece a
definição que o Decreto 5.626/2005 dá de educação bilíngue para surdos;
outra, que é especialista em ensino de português para surdos, é obrigada
a reconhecer publicamente que sabe apenas “um pouquinho” de
Libras. Abriu-se uma verdadeira temporada de faça-se o que se quiser com
a educação de surdos! As tentativas suas e de seus discípulos em
cercear os sinais dos surdos chegam ao ponto de simplesmente ignorar
suas opiniões e propostas: sem nenhum conhecimento da coisa, vocês se
acham no direito de decidir sobre nós sem levar em conta e consideração o
que nós – surdos e pais de surdos – temos a dizer.
João Emiliano
Fortaleza de Aquino - Pós-Doutor em Filosofia (USP), Professor Associado
da UECE, ouvinte, pai de surdo.