192 [SHUTDOWN] Facão do Ajuste Fiscal cortará reparos no ‘Siroco’ e diminuirá ainda mais o ritmo da pesquisa nuclear na Marinha

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Dec 2, 2015, 8:43:34 AM12/2/15
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Posted by Roberto Lopes
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O navio de desembarque-doca francês “Siroco” já sem a tripulação francesa, mas ainda com o indicativo visual L9012, aguarda a cerimônia em que sua tripulação brasileira assuma o comando

Por Roberto Lopes

A Marinha do Brasil deverá perder, no mínimo, mais 150 milhões de Reais em verbas nominalmente reservadas aos gastos da Força neste fim de ano.

A projeção foi feita por uma fonte da coluna INSIDER lotada no Ministério da Defesa que, desde a semana passada, vem acompanhando os contatos da Pasta com o Ministério do Planejamento, sobre os possíveis reflexos dos novos contingenciamentos de recursos impostos pela área econômica do governo.

O montante de 150 milhões equivale a pouco mais de 20% dos 696,7 milhões que, em razão da atual rodada de cortes orçamentários, o Ministério da Defesa deixará de receber.

Diante desse cenário, o Comando da Marinha precisará rever o cronograma dos serviços de reparos que a empresa francesa DCNS vem realizando no navio de desembarque-doca Siroco – atualmente em processo de aquisição pela Força Naval brasileira.

O mais provável é que a falta dos repasses aguardados para as próximas semanas, somada às graves incertezas acerca da disponibilidade financeira no início de 2016 – pois a Marinha, como as demais Forças, terá muitos compromissos em atraso para saldar –, crie uma situação que force o adiamento da etapa final dos consertos e modernizações que o navio francês requer.

Há pouco mais de três meses os chefes navais brasileiros admitiam a necessidade de fazer a troca dos motores do Siroco, que deixaram de ser fabricados, mas a Marinha, agora, mantém rigoroso silêncio sobre o tema.

Contrato – Os chefes navais brasileiros já vêm cancelando algumas etapas dessa espécie de manutenção preventiva no Siroco – necessária ao desempenho satisfatório do barco em alto-mar –, como forma de encurtar sua permanência no porto de Toulon – o que gera elevadas despesas, especialmente, com a manutenção do pessoal militar na França.

Apesar de uma tripulação da Marinha se encontrar a bordo do Siroco desde o mês de setembro – em diferentes fainas de treinamento e familiarização com sua operação –, o navio ainda não é, de fato, brasileiro. Tanto que, nas últimas semanas, continua a apresentar no casco o indicativo visual L9012.

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A sequência mostra dois flagrantes do “Siroco”, no mês de outubro, navegando com tripulação da Marinha do Brasil

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Problemas na quitação do montante ajustado com a Marinha Francesa para a compra da embarcação – 80.066.721 Euros (equivalentes a 350.844.364,75 Reais) –, têm retardado a assinatura do contrato de compra do navio pela Marinha e a cerimônia de hasteamento do pavilhão brasileiro a bordo – ato que, muito além da tradição naval, representará a transferência formal do barco para a Esquadra do Brasil.

Só então o Siroco poderá ser tratado por sua nova classificação – de navio doca multipropósito – e por seu novo nome de batismo, Bahia – uma bajulação (muito própria desses dias nas Forças Armadas) com o ex-ministro petista da Defesa Jaques Wagner, que foi governador da Bahia e hoje, no cargo de ministro-chefe do Gabinete Civil, se arvora em uma espécie de “protetor” das Forças Armadas.

Aguarda-se, portanto, para as próximas horas, o anúncio da data da solenidade na qual a tripulação tomará posse do navio em nome da Marinha do Brasil.

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Uma das três lanchas de desembarque pertencentes ao “Siroco” que virão para o Brasil dentro do navio doca francês

Avaliações – O assunto adquire contornos ainda mais sensíveis porque o Comando da Marinha anunciou que o Bahia estará no Rio de Janeiro até o fim desse ano, e o barco precisa de duas a três semanas para realizar a travessia desde a Europa.

É certo, porém, que, ao chegar, o navio ficará atracado no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, onde será submetido a nova vistoria técnica por oficiais da Diretoria de Engenharia Naval. A inspeção viabilizará a preparação de um relatório com todas as pendências técnicas que o navio apresenta.

A proposta feita pela DCNS à Marinha, em outubro passado, de continuar no Rio os consertos e trabalhos de modernização que o navio requer, ainda não recebeu avaliação conclusiva nem da Diretoria de Engenharia Naval, nem da Diretoria-Geral do Material da Marinha.

Essas apreciações é que vão embasar a futura decisão do Comandante da Marinha, almirante Eduardo Leal Ferreira, de prorrogar, ou não, o trabalho da empresa francesa na embarcação.

Reajuste – A 2 de julho último – uma semana antes de a Marinha anunciar seu interesse de ficar com o Siroco –, durante um breve encontro com jornalistas da cidade gaúcha de Rio Grande, o almirante Leal Ferreira foi taxativo: a ideia é não abrir mão de nenhum dos projetos prioritários da Marinha.

“Estamos refazendo cronogramas físicos e financeiros, para nos adaptarmos a essa situação, para reajustarmos as contas”, explicou o oficial, “mas estamos nos readequando para estabelecermos novos prazos para nossos programas e não [deixar que isso possa] interferir nas nossas atividades essenciais, pois essas não podem ser interrompidas”, completou.

Na verdade, o Bahia é só uma parte – bastante pequena, aliás – do problema financeiro representado pela manutenção dos principais programas da Marinha em 2016.

A pesquisa relativa ao projeto de construção do primeiro submarino de propulsão nuclear brasileiro (a ser batizado de Álvaro Alberto), que este ano deveria receber R$ 346.760.000, não obteve (até o fim de outubro) mais do que R$ 256,9 milhões, o equivalente a 74% do total. E o ano de 2015 para esse programa já acabou…

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Maquete do “Álvaro Alberto”

A expectativa de alguns almirantes é que, em 2016, o Programa Nuclear da Marinha (PNM) possa receber, no mínimo, os mesmos 250 milhões de dólares desse ano – o que, nesse momento, parece ser improvável.

Em seu esforço de fechar as contas públicas de 2015 de acordo com metas previamente fixadas (e comunicadas aos círculos econômico-financeiros internacionais), o ministro da Fazenda Joaquim Levy tem deixado claro que não se preocupa em preservar os chamados “programas estratégicos” da Administração Federal. Ao menos os “estratégicos” em tecnologia…

Incorporação – Assim, os contingenciamentos autorizados pela presidenta Dilma Rousseff produziram sérios danos no cronograma de trabalho do Programa Nuclear da Marinha – formado, em boa medida, pelos projetos desenvolvidos no Centro Experimental Aramar, sediado no município paulista de Iperó.

É em Aramar que o PNM acumula experiência em atividades essenciais como, por exemplo, o enriquecimento de urânio pelo método da ultracentrifugação – tecnologia obtida por meio de solução integralmente nacional. Mas o Comando da Marinha admite (1) diminuição de ritmo nos projetos, (2) atraso no término da instalação do protótipo do reator (em terra) e (3) demissões de até 200 trabalhadores terceirizados no Centro Experimental.
De acordo com os números oficiais, até fevereiro de 2015, todo o PNM havia consumido cerca de 2,5 bilhões de Reais. O problema é que, só em pesquisa e desenvolvimento, ainda serão necessários outros 3,6 bilhões de Reais, antes que o Álvaro Alberto comece a operar.

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Centro Experimental Aramar, em Iperó (SP)

Em 2013 a previsão era de que o projeto do reator estaria concluído entre os anos de 2017 e 2018, mas os almirantes brasileiros já não acreditam que isso aconteça antes de 2021 – o que joga a previsão de aprontamento do submarino para 2026 ou 2027, e sua incorporação à frota (após os testes e provas de mar obrigatórios com o navio) para 2028 ou 2029

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