20x [saudade de nossa força naval] Poder Naval visita contratorpedeiro USS Kidd nos EUA

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Dec 14, 2015, 7:18:18 AM12/14/15
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Poder Naval visita contratorpedeiro USS Kidd nos EUA

Para homenagear o Dia do Marinheiro, 13 de dezembro, o Poder Naval foi até a cidade de Baton Rouge à beira do rio Mississipi, no estado americano da Louisiana, para visitar um dos três Fletchers preservados no mundo

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O editor Alexandre Galante muito feliz ao rever um destróier da classe Fletcher – Foto: Dinair Alves

A classe “Fletcher” de destróieres (ou contratorpedeiros) é talvez a mais conhecida classe de navios de guerra do mundo, tanto pela qualidade dos navios como pela quantidade produzida. 175 deles foram construídos, 58 unidades do modelo “round bridge” e 117 unidades do tipo “square bridge”, dos quais o USS Kidd faz parte.

Depois de participarem heroicamente da Segunda Guerra Mundial e da Guerra da Coreia, alguns perdidos em combate, muitos Fletchers foram transferidos para outras Marinhas, como a do Brasil, que recebeu e operou durante muitos anos 7 navios da classe: Pará D27, Paraíba D28, Paraná D29, Pernambuco D30, Piauí D31, Santa Catarina D32 e Maranhão D33.

Os Fletchers foram responsáveis pela formação de milhares de marinheiros no Brasil, mas infelizmente nenhum navio da classe foi preservado para matar as saudades e relembrar as velhas histórias das operações e fainas.

A equipe do Poder Naval tem um carinho especial por esta classe de navios, pois nos anos 1980 no porto de Santos-SP visitamos muitos deles inúmeras vezes.

A seguir você acompanha a história do USS Kidd e as fotos da nossa visita. Boa leitura.

DD661

USS KIDD

O USS Kidd (DD-661), destróier de classe Fletcher, foi o primeiro navio da Marinha dos Estados Unidos (US Navy) a receber o nome do contra-almirante Isaac C. Kidd, que morreu no passadiço de sua capitânia USS Arizona no ataque japonês a Pearl Harbor. O almirante Kidd foi o primeiro oficial dos EUA a morrer durante a Segunda Guerra Mundial, e o primeiro almirante americano a ser morto em ação.

PARTICIPAÇÃO NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

O Kidd foi lançado em 28 de fevereiro de 1943 pela Federal Shipbuilding & Drydock Co., Kearny, New Jersey; batizado pela Sra. Isaac C. Kidd, viúva do contra-almirante Kidd, e incorporado em 23 de abril de 1943, com o capitão-tenente Allan Roby no comando. Durante seu cruzeiro inicial aos Estaleiros Navais de Brooklyn, ele atravessou o New York Harbor com a bandeira pirata “Jolly Roger” hasteada no mastro. Posteriormente, durante as instalações de equipamentos, sua tripulação adotou o capitão pirata William Kidd como seu mascote, e encomendou a um artista local a pintura da figura do pirata na chaminé de vante.

USS Kidd - 29

Depois das provas de mar (shakedown) ao largo de Casco Bay no Maine em junho, o Kidd cruzou o Atlântico e o Caribe escoltando navios combatentes de grande porte até seguir para o Pacífico, em agosto de 1943, em companhia dos battleships Alabama e South Dakota. Chegando a Pearl Harbor em 17 de setembro de 1943, zarpou em 29 de Setembro escoltando porta-aviões em direção a Wake Island para os ataques aéreos pesados realizados em 6 de outubro contra as instalações japonesas ali localizadas, voltando a Pearl Harbor em 11 outubro de 1943.

DD661 profile

Características gerais
Classe & tipo: Fletcher class destroyer
Deslocamento 2.050 tons
Comprimento 376 ft (115 m)
Boca 39 ft 8 in (12,09 m)
Calado 17 ft 9 in (5,41 m)
Propulsão
  • 4 caldeiras a óleo,
  • 2 turbinas a vapor,
  • 2 eixos,
  • 60,000 shp (45,000 kW)
Velocidade: 35 nós (65 km/h)
Alcance: 6.500 milhas náuticas (12,000 km) a 15 nós (28 km/h)
Tripulação: 329 homens
Armamento:
  • Como construído
  • 5 canhões de 5 polegadas (127 mm)/38,
  • 10 canhões × 40 mm AA (5 × 2),
  • 7 canhões × 20 mm AA (7 × 1),
  • 10 tubos de torpedos de 21 polegadas (533 mm)(2 × 5),
  • 6 lançadores K de cargas de profundidade,
  • 2 calhas para cargas de profundidade

Em meados de outubro o Kidd estava navegando com uma força-tarefa para atacar Rabaul e apoiar os desembarques em Bougainville. Ao chegar a uma posição de ataque ao sul de Rabaul, na manhã de 11 de novembro, a força-tarefa lançou ataques contra posições japonesas na ilha. O Kidd foi enviado para resgatar a tripulação de uma aeronave do porta-aviões USS Essex, que tinha feito um pouso na água à ré da formatura. Durante esse resgate, um grupo de aviões japoneses atacaram o destróier; o Kidd abateu três aviões atacantes e completou o resgate ao manobrar para se esquivar de torpedos e bombas. O comandante Roby recebeu a Estrela de Prata por bravura durante esta ação. O destróier voltou para Espiritu Santo em 13 de Novembro.

Em seguida, o Kidd escoltou porta-aviões que fizeram ataques aéreos em Tarawa durante a invasão das Ilhas Gilbert de 19 a 23 de novembro. No dia 24, ele avistou 15 bombardeiros inimigos voando em baixa altitude indo em direção aos navios pesados e deu o aviso. Ele derrubou dois bombardeiros de mergulho Aichi D3A “Val”. Depois que Tarawa estava segura, o Kidd permaneceu nas Ilhas Gilbert para apoiar operações de limpeza, antes de retornar a Pearl Harbor em 9 de Dezembro.

Em 11 de janeiro de 1944, o Kidd navegou para a área à frente de Espiritu Santo, e rumou no dia seguinte para Funafuti, chegando em 19 de Janeiro. Durante a invasão das Ilhas Marshall, de 29 janeiro a 8 fevereiro, o Kidd protegeu os navios pesados e bombardeou Roi e Wotje, e ancorou em Kwajalein, em 26 de Fevereiro.

De 20 março a 14 abril, o Kidd protegeu uma pista de pouso em construção em Emirau e apoiou a ocupação de Aitape e Hollandia na Nova Guiné entre 16 abril e 7 maio. Ele lutou na campanha das Marianas de 10 junho a 8 julho, e realizou o bombardeio da costa em Guam, entre 8 de julho e 10 de agosto.

Necessitando de reparos, o Kidd navegou para Pearl Harbor, chegando em 26 de agosto de 1944. Em 15 de setembro, partiu de Pearl, alcançando Eniwetok em 26 de setembro e chegou a Manus em 3 de Outubro. Lá, ele se tornou parte da frota gigante de invasão das Filipinas e entrou no Golfo de Leyte em 20 de Outubro. Ele protegeu os desembarques iniciais e forneceu apoio de fogo para os soldados que lutaram para reconquistar a ilha, até que navegar em 14 de Novembro para Humboldt Bay, Nova Guiné, chegando em 19 de Novembro. Em 9 de dezembro, o navio seguiu para Mare Island Navy Yard para revisão, onde passou o Natal.

O Kidd navegou no dia 19 de fevereiro de 1945 a fim de se juntar à Task Force 58 (TF 58), para a invasão de Okinawa. Adestrado e pronto para a batalha, o navio teve papel chave durante os primeiros dias da campanha de Okinawa, protegendo battleships, bombardeando alvos em terra, resgatando pilotos abatidos, afundando minas flutuantes, proporcionando alerta antecipado de ataques aéreos, protegendo fortemente o porta-aviões Franklin (CV-13) danificado, e ajudando a derrubar kamikazes.

kidd8-45a

ATAQUE KAMIKAZE

Enquanto estava operando como piquete-radar em 11 de abril de 1945, o Kidd e seus companheiros de divisão, USS Black, USS Bullard, e USS Chauncey, com a ajuda da patrulha aérea de combate, repeliu três ataques aéreos. Mas naquela tarde, um único avião kamikaze inimigo atingiu o Kidd, matando 38 homens e ferindo outros 55. Enquanto o navio rumava para o sul, a fim de se juntar ao Grupo-Tarefa, sua artilharia repeliu aviões inimigos que estavam tentando atacá-lo. Parando em Ulithi para reparos temporários, ele partiu em 2 de maio para a Costa Oeste, chegando ao Estaleiro Naval de Hunter em 25 de Maio.

O destróier USS Kidd viu a ação pesada na Segunda Guerra Mundial, participando de quase todas as campanhas navais importantes no Pacífico após seu comissionamento em 1943, lutando bravamente durante as invasões das ilhas Gilbert e Marshall, das Filipinas no Golfo de Leyte e Okinawa.

Em 1 de agosto de 1945, o Kidd navegou para Pearl Harbor e voltou para San Diego, Califórnia, em 24 de setembro de 1945 para a desativação. Ele foi descomissionado em 10 de dezembro de 1946 e entrou para no Frota Reserva do Pacífico.

DD661 - 2

GUERRA DA COREIA

Quando a Coreia do Norte atacou a Coreia do Sul, os Estados Unidos convocaram uma parte da sua frota de reserva. O Kidd fez parte dessa chamada e foi recomissionado em 28 março de 1951, com o capitão-tenente Robert E. Jeffery no comando; navegou para o Pacífico Ocidental em 18 de junho; e chegou a Yokosuka, Japão, em 15 de julho. Ele se juntou à Task Force 77 e patrulhou ao largo da costa da Coreia até 21 de Setembro, quando ele partiu para a costa leste da Coreia. Entre 21 outubro e 22 janeiro de 1952, o Kidd bombardeou alvos de oportunidade de Wan-Do Island descendo até Koesong. Depois disso, navegou com a Destroyer Division 152 para San Diego, chegando em 6 de fevereiro de 1952.

O navio partiu novamente para a Coreia em 8 de setembro de 1952; integrou um grupo de caça e destruição perto de Kojo; e, em novembro, estava de volta em missões de bombardeamento na costa da Coreia do Norte. Pouco tempo depois, as conversações de trégua começaram. O Kidd continuou a patrulhar a costa coreana durante as negociações. Ela partiu do Extremo Oriente em 3 de março de 1953 via Midway e Pearl Harbor e chegou a San Diego para reparos em 20 de março.

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DEPOIS DA GUERRA DA COREIA

Depois dos reparos, o Kidd seguiu para Long Beach, Califórnia, em 20 de abril de 1953. No dia seguinte, o cargueiro sueco Hainan colidiu com o navio no Porto de Long Beach, exigindo reparos que duraram até 11 de maio de 1953.

Do final de 1953 até fins de 1959, o Kidd alternava cruzeiros no Pacífico Oeste com operações na Costa Oeste dos EUA, fazendo paradas em Pearl Harbor e vários portos no Japão, Okinawa, Hong Kong e Filipinas.

Ele visitou Sydney, Austrália, em 29 de março 1958 e no final daquele ano patrulhou o Estreito de Taiwan.

O Kidd seguiu em 5 de janeiro de 1960 para a Costa Leste, através do Canal do Panamá, chegando a Filadélfia, Pennsylvania, em 25 de Janeiro. De lá, ele fez cruzeiros de treinamento para o pessoal da Reserva Naval, visitando vários portos da Costa Leste. Ele se juntou a forças operacionais durante a crise de Berlim em 1961. Em dezembro daquele ano, o Kidd patrulhou ao largo da República Dominicana em uma “demonstração de força” para fornecer um elemento de segurança naquele momento conturbado no Caribe.

O Kidd chegou a Norfolk, VA, em 5 de fevereiro de 1962 e se juntou à Task Force Alfa em exercícios de guerra antissubmarino (ASW). Em 24 de abril, ele foi designado para a Naval Destroyer School em Newport, RI. Depois de um cruzeiro para o Caribe, em 1 de Julho de 1962, o navio retomou o treinamento da Reserva Naval. O Kidd foi finalmente descomissionado em 19 junho de 1964 e entrou para a Frota Reserva do Atlântico, atracando no Estaleiro da Filadélfia.

USS Kidd - 1

USS KIDD VETERANS MUSEUM

A Marinha dos EUA reservou três navios da classe Fletcher para servirem como memoriais; The Sullivans (DD-537), Cassin Young (DD-793), e Kidd. O congressista William Henson Moore da Louisiana selecionou o Kidd para servir como um memorial para veteranos da Segunda Guerra Mundial do seu estado. O Kidd foi rebocado a partir de Filadélfia e chegou em Baton Rouge, em 23 de maio de 1982, onde foi transferido para a Comissão do Louisiana Naval War Memorial. Ele está agora a vista do público como um navio museu, e hospeda frequentemente grupos de jovens escoteiros em acampamentos durante a noite.

O USS Kidd é o único destróier que mantém a sua aparência da II Guerra Mundial. Ao longo dos anos, o Kidd foi restaurado à sua configuração e armamento de agosto de 1945, culminando em 3 de julho de 1997, quando seus tubos de torpedos foram reinstalados.

A instalação especial do USS Kidd no rio Mississippi foi projetada para lidar com a variação da profundidade do rio, que tem diferença de até 12 metros. Metade do ano, ele flutua no rio; a outra metade, ele fica fora da água.

Os outros navios da classe Fletcher preservados são: The Sullivans em Buffalo, Nova Iorque; Cassin Young em Boston, Massachusetts; e em Palaio Faliro, Grécia, o HNS Velos (D-16), anteriormente chamado de Charrette (DD-581).

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Corte seccional do destróier classe Fletcher

A visita a bordo do USS Kidd segue um roteiro que está descrito num folder que é fornecido assim que chegamos a bordo. É possível conhecer muitos compartimentos, incluindo a cozinha, ranchos, cobertas, camarotes, banheiros etc. Na nossa visita não foi possível visitar as bravos, os compartimentos com os sistemas de propulsão.

Fomos recepcionados por um ex-militar da Marinha dos EUA que trabalha como voluntário no navio. Ele contou que quando estava na ativa serviu em navios da classe Allen M. Sumner, uma evolução da classe Fletcher. Disse brincando que tinha saudades dos velhos tempos, mas que somente sendo jovem ele poderia encarar a vida nesses navios novamente.

USS Kidd vtour map

Tudo no navio está muito bem preservado, representando o período em que ele operou durante a Segunda Guerra Mundial, com todos os lançadores de cargas de profundidade e artilharia antiaérea.

As cobertas e camarotes possuem objetos de uso pessoal da época e a músicas tocadas a bordo continuamente são do período da Segunda Guerra Mundial. A sensação de imersão e de volta no tempo é incrível!

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Uma das calhas de cargas de profundidade da popa
Uma das calhas de cargas de profundidade da popa
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Vista da popa olhando em direção à proa. Em destaque as torretas com os canhões de 5 polegadas (127 mm) e os canhões antiaéreos Oerlikon de 20 mm. As caixas no meio são para munição
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Lançadores de cargas de profundidade a boreste, olhando para a popa
Reparo quádruplo de canhões Bofors de 40mm a meia nau
Reparo quádruplo de canhões Bofors de 40mm a meia nau
Muito armamento em pouco espaço: no alto lançador quíntuplo de torpedos antinavio de 533mm, uma torreta com canhão de 127mm e um reparo duplo de canhões antiaéreos de 20mm
Muito armamento em pouco espaço: no alto lançador quíntuplo de torpedos antinavio de 533mm, uma torreta com canhão de 127mm e um reparo duplo de canhões antiaéreos de 20mm
Cozinha
Cozinha do navio
Saudades do bandejão?
Saudades do bandejão?
Convés principal a boreste, olhando para a popa
Convés principal a boreste, olhando para a popa
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Coberta de praças na proa
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Reparos duplos de canhões de 20 mm Oerlikon
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Compartimento de recreação e leitura, na proa
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Camarote de oficiais
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Corredor interno do navio. Ao fundo, compartimento de munição abaixo de uma das torretas
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Lançador quíntuplo de torpedos antinavio de 21 polegadas (533 mm)
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Coberta de praças de máquinas, na popa
Passadiço
Passadiço
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Banheiro de praças na popa
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Privadas coletivas para praças. Privacidade era um luxo inexistente
Vista da proa a partir da asa do passadiço de bombordo
Vista da proa a partir da asa do passadiço de bombordo
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Torretas de canhões de 5 polegadas na proa
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Praça D’Armas, onde os oficiais faziam suas refeições
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CIC – Centro de Informações de Combate
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Compartimento da máquina do leme na popa, para ser usado em caso de falha no timão do passadiço
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Enfermaria
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Diferentes tipos de munições de 5 polegadas
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O USS Kidd visto pela bochecha de bombordo

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That’s all, folks!

NOTA DO PODER NAVAL: Esta matéria é dedicada a todos os marinheiros que serviram nos contratorpedeiros da classe Fletcher, em especial aos marinheiros brasileiros que durante a Guerra Fria se dedicaram a centenas de operações de guerra antissubmarino, antiaérea e anti-superfície nesta classe de navios, para proteger o Brasil.

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