meta-análise, metaanálise ou metanálise?

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Simônides Bacelar

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Jul 2, 2011, 4:00:46 PM7/2/11
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Meta-análise, metaanálise ou metanálise?

Carlos Alberto Guimarães

Prof. Adjunto da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

Academia Brasileira de Letras. Vocabulário ortográfico da língua portuguesa. 3a  ed. Rio de Janeiro: A Academia; 1999.

A Comissão Acadêmica do Vocabulário, da Academia Brasileira de Letras (ABL), recebeu a incumbência de proceder à elaboração de vocabulário ortográfico da língua portuguesa nos termos do artigo segundo da Lei n.5.765, de 18 de dezembro de 1971. Logo, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (1) tem força de lei.

Nesta ordem de idéias, ver-se-á que a neologia terminológica científica (grifo meu) adquire traços cada vez mais comuns - não a todos os usuários de uma língua, mas a todos os usuários de todas as línguas, pelo menos as literatadas.

Esse traço supracomum pode ser descrito por motivação dos elementos formadores: enquanto o prefixo grego anti, por exemplo, no passado, se feiçoaria em português segundo os traços que adquire do grego (por exemplo, antártico), no presente passa a existir motivadamente íntegro, para preservar seu valor sêmico, seja o exemplo antiaéreo, que talvez perdesse poder comunicante se fosse antaéreo.

Esse pormenor destina-se a prevenir o usuário quanto ao sem-número de vocábulos que têm dúplice ou mais (grifo meu), em função da preservação da integridade motivadora dos seus componentes, ora parcialmente elididos, ora não. Sem preocupação sistemática (olha a Academia usando '"sistemática" como adjetivo!!!), encontram-se eles, sempre que lhes coexistindo as formas (grifo meu), registrados segundo duas ou mais cabeças, ora com remissivas, ora sem elas; registrá-las pareceu-nos o fundamental (grifo meu).

Ora, não se cogita, destarte, de erigir como princípio a conveniência de formas vocabulares com duas, três ou mais variantes. O ideal seria o inverso: a ausência de variantes.(1, p.xii)

Por esse texto, depreende-se que se houver duas ou mais formas, o VOLP registra. E no Vocabulário, só há registro de "metanálise" (1, p.501).

Assim, a discussão poderia encerrar-se aqui, do ponto de vista legal. Porém, como muitas coisas são legais, mas não legítimas, vamos discutir um pouco mais. O argumento que diz que deve ser duplicado o “r" e o "s", que não existem no caso de metanálise.

Aproveitei a oportunidade e aumentei a revisão sobre esse assunto (em anexo). Concluindo, com raciocínio cartesiano: A maior parte dos estudiosos não admite o hífen após "meta". O prefixo grego "meta", admite a forma apocopada "met-". Logo, antes de palavra começada por "a", como análise, devemos escrever "metanálise". A forma "metaanálise" só é utilizada pela Bireme. Um número menor de gramáticos aceita o hífen, logo, seria "meta-análise".

 

METANÁLISE (ORTOGRAFIA)

O prefixo met(a) é grego e significa "mudança, sucessão, posterioridade, além". Exs.: metáfora, metamorfose, metafísica, metonímia, metacarpo, metátese, metempsicose. (1)

Os prefixo terminados em "a" (contra, extra, infra, intra, supra e ultra) se ligam por hífen às palavras iniciadas por h, r, s e vogal. Exs.: intra-arterial (1)

 

Meta... Prefixo (designativo de transformação, além de, etc.) (Da preposição grega meta), Ex.: meta-umbilical; metasterno (de meta... + esterno) (2)

 

Metanálise - fenômeno que consiste em decompor mentalmente um vocábulo ou uma locução de maneira diversa do que detemina a sua origem. (3)

 

Meta... - prefixo de origem grega; junta-se sem hífen e significa "transformação, transposição, posteridade, transcendência e sucessão". Exs.: metamorfose, metaptose (4)

 

Meta, met_ - prefixo grego; significa movimento de um lugar para outro; mudança. Exs.: meteoro, metonímia. (5)

Metanálise - (meta + análise): Gramática. Fenômeno que consiste em passar a decompor.... (6)

 

Metanálise – fenômeno que consiste em decompor mentalmente um vocábulo ou locução de maneira diversa do que determina sua origem. (De meta + análise). (7)

 

Metanálise – fenômeno que consiste em decompor mentalmente um vocábulo ou uma locução de maneira diversa do que determina a sua origem... (8)

 

Meta-análise – método de combinar resultados de pesquisas independentes geralmente abordando uma questão de terapêutica. Tem como objetivo... (9)

 

Meta... – prefixo de origem grega: junta-se sem hífen e significa “transformação, transposição, transcendência, posterioridade e sucessão”. Ex.: metaptose. (10)

 

Meta- prefixo, do grego meta, que expressa as idéias de comunidade ou participação, mistura ou intermediação e sucessão, e que já se documenta em alguns compostos formados no próprio grego, como metáfrase, e em muitos outros introduzidos, a partir do século 19, principalmente na linguagem científica. Exs.: metacarpo, metacentro, metracrítica, metacromatismo, metafonia, metalinguagem, metameria, metassomatismo, metatarso, metazoário. (11)

 

Met (a) – prefixo grego: mudança, sucessão, posterioridade, além. (12)

 

Metá – (met -) – prefixo grego: posterioridade, mudança (13)

 

Prefixos nunca seguidos de hífen: meta. (14)

 

Metá – (met -): prefixo de origem grega. (15)

 

Não se usará hífen quando o prefixo pode ser unido ou aglutinado sem prejuízo da clareza ou sem promover pronúncias errôneas. (16)

Met (a) – do grego metá, adv. e prep.. Prefixo = mudança, posteridade, além, transcendência, reflexão crítica sobre: metafonia, metalinguagem.(17)

 

Meta – prefixo que não requer hífen antes de vogais. (18)

 

Meta – prefixo nunca seguido de hífen. (19)

 

Meta – prefixo que nunca admite o hífen (20)

 

Referências:

1. Infante U. Curso de gramática aplicada aos textos. São Paulo: Scipione; 1999. p. 100.

2. Figueiredo C. Dicionário da língua portuguesa. 14 ed. 2 vols. Lisboa: Bertrand; 1949. p. 368-9.

3. Câmara Jr. JM. Dicionário de lingüística e gramática. 19 ed. Petrópolis: Vozes; 1986. p. 166.

4. Almeida NM. Dicionário de questões vernáculas. 4 ed. São Paulo: Ática; 1998. p. 340.

5. Nicola J, Infante U. Gramática contemporânea da língua portuguesa. 11 ed. São Paulo: Scipione; 1993. p. 82.

6.Michaelis: moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo: Companhia Melhoramentos; 1998.p.1366.

7. Nascentes A. Dicionário da língua portuguesa da Academia Brasileira de Letras. Rio de Janeiro: Bloch; 1988. p.414

8. Câmara Jr. JM. Dicionário de filologia e gramática. 5 ed. Rio de Janeiro: J. Ozon; p.261.

9. Marcilio C. Dicionário de pesquisa clínica. Salvador: Artes Gráficas; 1995. p. 111.

10. Almeida NM. Dicionário de questões vernáculas. 4 ed. São Paulo: Ática; 1998. p. 340.

11. Cunha AG. Dicionário Etimológico Nova Fronteira da língua portuguesa. 2 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1999. p. 16.

12. Cipro Neto P, Infante U. Gramática da língua portuguesa. São Paulo: Scipione; 1998. p. 81.

13. Cunha CF. Gramática da língua portuguesa. 3 ed. rev. atual. Rio de Janeiro: FENME; 1976. p. 106.

14. Garcia L. Manual de redação e estilo. São Paulo: Globo; 1994. p. 81.

15. Cunha CF, Cintra LFL. Nova gramática do português contemporâneo. 2 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1985. p. 87.

16. Cegalla DP. Novíssima gramática da língua portuguesa. 41 ed. São Paulo: Nacional; 1998. p. 78

17. Ferreira, ABH. Novo Aurélio século XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3 ed. rev. amp. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1999. p. 1325.

18. Folha de São Paulo. Novo manual de redação. São Paulo: Folha de São Paulo; 1992. p. 262.

19. Luft CP. Novo manual de português: gramática, ortografia oficial, redação, literatura, textos e teses. 8 ed. São Paulo: Globo; 1990. p. 205.

20. Kury AG. Para falar e escrever melhor o português. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1989. p.55.

 

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