Makuiu pange
Parece que agora entendi como funciona o site e estou aqui para dar o
meu parecer sobre tão linda lenda.
Bom em primeiro gostaria de dizer que trata-se apenas de minha
interpretação, logo podem haver os que ela conteste.
Na lenda é descrito o conto do nascimento de Nzingo dentro da cultura
dos Cambindas.
Está ao meu entender muito bem descrita e casada com os diversos
elementos que devem compor a força do Nkisi em questão.
Assim como quando analizamos algumas dessas lendas e as ligamos com
elementos da cultura Yorùbá e por ais motivos muitas vezes as
descartamos, tenho por princípio muitas vezes descartar as lendas
Yorùbá em detrimento da minha e explico o porque.
Nos estudos que faço de várias culturas fica muito claro não a
igualdade entre os "Deuses" se assim podemos dizer e sim em seus
elementos funcionais.
Nzazi é um elemento em nossa cultura que está relacionado tanto as
chuvas, ventos, raios e etc, porém vemos que na cultura Yorùbá o que
nos seia similar, trata-se de um ser que foi o 4º alafin de Oyó, mas
não muito obstante, lhe é também atribuido tais forças naturais.
Tenho uma lenda que foi trazida (não conheço o autor e nem a mesma foi
mencionada) onde é o seguinte:
LENDA DE NZAZI
Nzazi era muito voluntarioso e mantinha a ordem no seu reino pela
violência. O povo não gostava disso. Com as visitas de Lemba os
conselhos que ele dava, Nzazi ficou menos violento. O reino prosperou
muito.
Nzazi tinha em seu reino muitos cavalos e carneiros, que eram a sua
predileção. Um dia ele saiu com seus homens para conquistar novas
terras, e na sua ausência os carneiros foram roubados, e os que
restaram foram mortos. Sabendo do ocorrido Nzazi voltou correndo, mas
só escapou um casal de carneiros. Ele os levou para o reino de
Lemba,no céu (duilo),e pediu-lhe que cuidasse deles, e partiu atrás
dos ladrões.
Nzazi passou muito tempo procurando os ladrões, e chegou ao alto de
uma montanha que cuspia fogo, onde encontrou Uiangongo, aquele que
tinha o poder do fogo. Este lhe deu um pó mágico para combater os
ladrões, quando os encontrasse.
Passado algum tempo Nzazi achou os ladrões de seus carneiros, e lançou
sobre eles o pó mágico. Este se transformava em lava incandescente, e
acabou com todos os bandidos.
Acontece que enquanto Nzazi procurava os ladrões, às vezes ele ouvia
um ruído vindo do céu, "kabrum, kabrum"... A cada dia o ruído era
maior e mais frequente. Após acabar com os ladrões Nzazi foi ao reino
de Lemba para pegar seus dois carneiros de volta.
Chegando lá, Lemba explicou que devido à demora de Nzazi os carneiros
haviam procriado e se multiplicado, e que o barulho dos chifres deles
lutando uns com os outros se ouvia em toda parte , "kabrum, kabrum".
Nzazi levou os carneiros de volta, mas Lemba explicou que eles não
mais poderiam ser comidos, pois haviam sido criados no céu. Nzazi
concordou, e deu a Lemba um casal de carneiros como presente. Por isso
até hoje escutamos ruídos vindos do céu, "kabrum, kabrum".
De volta ao seu reino Nzazi explicou ao povo que aquele animal agora
era sagrado e não poderia mais ser comido. Contou suas aventuras em
busca dos ladrões, mas como muitas pessoas se interessaram pelo pó
mágico ele, com medo de ser roubado, resolveu guardá-lo em lugar
seguro, e engoliu o pó.
A partir desse dia começou a soltar fogo pela boca, e queimou todo o
reino com pedras incandescentes. Teve que se isolar, pois se ficasse
zangado começava a cuspir fogo. Só aparecia quando o povo estava em
perigo e o chamava. Ele então arrasava os exércitos inimigos com suas
pedras incandescentes.
FONTE -
http://www.oxaguia.kit.net/leri.htm
Ainda tenho essa trazida pelo pange Sérgio conforme abaixo descrita:
A disputa entre Nzazi e o Arco-Íris
L’arc-em.ciel et La foudre – pág. 57/58 M3 – Yombe
A disputa entre Nzazi e o Arco-Iris
Mito dos Yombes
Tradução livre do Prof. Dr. Sérgio Paulo Adolfo
Iteusch, Lui de. Lê Roi Ivre ou L’origine de l’etat. Lês essais
CLXXIII, Gallimard, 1972
Um dia, Mbumba,o arco-íris, deixa sua caverna na beira da água e sobe
ao céu , onde vive Nzazi,o raio. Juntos constroem uma cidade e Nzazi
que é o chefe do céu, propôs confiar a chefia da cidade a Mbumba, mas
este não aceitou e volta à terra. Aqui chegando, se joga na água, mas
duas mulheres que estavam no rio pescando, haviam fechado a caverna
que servia de morada para Mbumba. Mbumba fica muito bravo, e as
mulheres tentam matá-lo, mas na disputa ele arranca o dedo de uma e
assombra a outra em forma de uma serpente que deixara a água vermelha,
fazendo com isso que todas as mulheres se evadissem do local. Após
isso, Mbumba volta para o céu e lá chegando, percebe que Nzazi teria
vindo pra terra a fim de matar seis homens. Nzazi não demora a voltar
e quando retorna saúda Mbumba com um ar zombeteiro. Mbumba reconhece
que Nzazi é o dono do céu e lhe oferece um escravo, mas ajuíza que se
Nzazi matá-lo haverá uma grande chuva torrencial. Nzazi não leva a
sério as palavras de Mbumba e esbofeteia o escravo que põe-se a
chorar.
Mbumba retorna à terra e procura seu amigo Phulu Bunzi que é o Senhor
da água. Ele pede a Phulu Bunzi que mate Nzazi. Phulu Bunzi então sai
da água com um grande aparato real e convoca Nzazi para um
procedimento mágico. Desde que Phulu Bunzi saiu da água a terra
inundou-se. Phulu Bunzi então estabelece uma disputa com o arco-íris e
conclui um pacto de amizade com Nzazi que volta para o céu.
Após isto feito, Phulu Bunzi espera o Arco-Íris em sua cidade e se
despede do mesmo num dia de muita chuva, e ao mergulhar no rio, que é
sua casa, percebe que seu filho está morto, mas o Arco-Iris diz a ele
que, se o mesmo render-se a ele e lhe pagar uma reparação, o menino se
salvará.. Phulu Bunzi não tendo como cumprir a exigência, decepa a
cabeça de Mbumba, o Arco-Íris, e manda enterrar seu corpo próximo a
paliçada e espetar sua cabeça sangrenta no mastro mais alto.
Este mito, refere-se a sazonalidade das chuvas e das estações secas.
Interessante notar que é um mito ligado ao povo Kongo, por isso, estou
quase certo, que encontraremos novos mitos referentes aos Mikices, se
procuramos no fabulário congolês.
Tenho outras colocadas no site de Tata Nkasuté ais quais não dei muito
crédito pelo fato de ver nelas muito mais de cultura Yorùbá do que de
cultura Bantu, porém para o Candomblé de Angola até servem como
referência, mas creio que não se enquadram na verdadeira cultura
Bantu.
Daí nossa grande dificuldade em separar o que foram lendas criadas
pelos mais velhos já em território brasileiro e baseados no
sincretismo e nas misturas de Nações e as lendas descritas em sua
origem Banta.
Mas tudo é válido, basta que tenhamos cuidado em não tentar desfazer
de algo já utilizado por outro mesmo que esse outro venha ser o
original em tempos memoriais, pois se assi o fizermos estaremos
acertando a cultura mas esquecendo da tradição.
Logo temos que entender o que vem a ser a cultura dos Bantu, que
possam ser resgatadas para nos dar um entendimento e a cultura da
tradição efetuada já em terras brasilis com todo o tempero que nos
fortaleceu até aqui.
Achei ótima sua postagem!
Pembele
Kambami