Pessoal,
Minha ex-companheira Miryam Lúcia — hoje uma grande amiga que mora nos arredores de Boston — está lutando há anos com um câncer de mama e de útero, e recentemente descobriu quatro tumores em desenvolvimento no cérebro. Com a situação é extremamente grave, ela já não confia nos tratamentos tradicionais e pediu minha ajuda para obter uma droga experimental, chamada fosfoetanolamina.
Essa substância foi sintetizada no Brasil há 25 anos, e desde então um pesquisador da USP São Carlos vem buscando comprovar sua eficácia e e obter licença para produzi-la. Várias pessoas se submeteram voluntariamente ao tratamento e apresentaram melhoras ou remissão total dos tumores. Mas sem a fundamentação de uma pesquisa científica que apresentasse dados clínicos e biofarmacêuticos num acompanhamento de anos, a Anvisa terminou por fechar o laboratório da universidade.
Recorri primeiro a dois poderosos contatos que tenho nessa área: Salustiano Machado, PhD em Química dos Taxanos e presidente da Quiral Química, em Juiz de Fora, e Edson Perini, do Conselho Regional de Farmácia e também de grupos de estudos de medicamentos. Eles me puseram a par da polêmica sobre a fosfoetanolamina e mostraram que estão de mãos atadas para ajudar.
O filho de uma paciente curada no Rio Grande do Sul assumiu o risco de pegar a fórmula e fabricar em seu apartamento, distribuindo gratuitamente para os pacientes. Meses depois de salvar várias vidas, foi preso acusado de falsificação (por não possuir a patente), de charlatanismo (pelo exercício ilegal da Medicina) e curandeirismo (porque distribuía de graça).
Miryam Lúcia, ou Milu — como muitos de vocês a conhecem — não me pediu para discutir as controvérsias que cercam o medicamento, mas apenas que obtivesse a substância, porque já não tem nada a perder. Peço-lhes que não me mandem argumentos legalistas ou de cautela. Já li tudo o que foi publicado a respeito e estou a par dos riscos. Ela também.
Já falhei uma vez na incumbência de conseguir o medicamento Leukeran para tratar a leucemia de seu pai, Adenor, e o perdemos em 1983. Por isso recorro a vocês para saber se conhecem algum paciente de câncer que toma essa substância e se podem arranjar o contato. Compro as cápsulas pelo preço que pedirem e, se não conseguir um portador urgente, eu mesmo vou levar para ela nos Estados Unidos.
Abraços,