Google Groups no longer supports new Usenet posts or subscriptions. Historical content remains viewable.
Dismiss

OTISMISMO C/ OS DEDOS CRUZADOS

0 views
Skip to first unread message

Trammit

unread,
Jan 11, 2002, 10:51:54 PM1/11/02
to
O tema deste ano de Brasil de AMANHÃ - o Brasil no mundo - não poderia ser
mais apropriado. E não é só porque a globalização segue, no seu ritmo
incessante, reduzindo as fronteiras nacionais ou porque a Organização
Mundial do Comércio ganhou novo vigor após a reunião de Doha. É que, em
nenhum outro momento da história recente, o país se preocupou tanto em
exportar. Afinal, ao se deparar com uma economia com crescimento tímido e um
real bastante desvalorizado ao longo deste ano, o empresariado brasileiro
mirou o mercado externo com uma intensidade jamais vista. Basta espiar as
análises setoriais ao longo desta e das próximas páginas para constatar
quanta gente anda enxergando as exportações como válvula de escape. As
previsões para a economia brasileira e mundial, mesmo as mais otimistas,
apontam para um ano de dificuldades, principalmente nos primeiros meses. Por
isso, a ordem entre os empresários é escapar com poucos arranhões deste
período atribulado para, daí sim, retomar o rumo da expansão.

O clima, portanto, é de cautela. E não é para menos. Este ano não foi um
balde, mas uma piscina de água fria para a economia brasileira. Em 2000, a
essas alturas, projetava-se um 2001 de vacas gordas, com crescimento do PIB
beirando os 5%. Mas o pacotão de más notícias (apagão, crise na Argentina,
desaceleração na economia mundial, crise na Argentina, recessão nos Estados
Unidos, atentados terroristas e, mais uma vez, crise na Argentina) mandou o
otimismo pelos ares. Há consenso de que a economia vai fechar o ano com uma
expansão na ordem de 2%, ou até um pouco menos disso. Para 2002, a projeção
é de que o crescimento seja o mesmo de 2001. Ou, no máximo, levemente
superior. A expectativa é de que o país colha outra safra histórica - a
deste ano, que chegou a 100 milhões de toneladas, foi uma das principais
responsáveis pelo crescimento no PIB. Também se espera que a indústria tenha
um ano melhor, principalmente com o afrouxamento das regras do racionamento.

Os juros devem cair já a partir do início de 2002, mas será uma queda muito
tímida, de no máximo dois pontos percentuais até o final do ano - a projeção
do Banco Central é de que a taxa Selic chegue em dezembro em 17%. "O próximo
ano vai ser este visto no espelho. Neste, no primeiro semestre as coisas
andavam muito bem, mas no final houve um desaquecimento. No próximo, o
primeiro semestre será difícil e, no segundo, a economia volta a crescer",
acredita o economista Marcelo Portugal, da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFGRS).

Bombardeio - Apesar da cautela, a maioria dos empresários e executivos deixa
transparecer uma pontinha de otimismo. "Agora, estamos fazendo planos
conservadores, mas pretendemos melhorar em relação a 2001", revela Ivo
Grankow, diretor da catarinense Tigre. O raciocínio, em geral, é o seguinte:
o.k., o desempenho da economia foi decepcionante se comparado com o otimismo
generalizado no réveillon de 2001. Mas, levando em conta que houve um
bombardeio de más notícias, talvez crescer 2% seja até um feito. "Este ano
foi uma loucura. Tudo o que poderia acontecer, aconteceu. E, mesmo assim, a
coisa não está tão ruim", diz Luciano Pires, diretor de marketing da
fabricante de autopeças Dana. "Dificilmente vamos receber tantas notícias
ruins no ano que vem", aposta.

0 new messages