GÊNEROS DO DISCURSO:A ETERNA NECESSIDADE DO DIZER

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Mailana Medeiros

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Dec 3, 2009, 7:14:46 AM12/3/09
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OS GÊNEROS DO DISCURSO: A ETERNA NECESSIDADE DO DIZER
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2.2. OS GÊNEROS DISCURSIVOS COMO CONDIÇÃO PRIMÁRIA PARA O PROCESSO COMUNICATIVO
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Quando os falantes se comunicam, automaticamente estão inseridos em uma situação social de interação e, para que esse processo flua da melhor forma possível, utilizam-se de uma forma padrão compreensível e adequada ao entendimento mútuo, apropriando-se assim de ferramentas de comunicação as mais variadas possíveis e são exatamente essas ferramentas que darão forma ao enunciado, encaminhando-o a um gênero específico. Por essa relação de interdependência pode-se dizer, portanto, que qualquer enunciado faz parte de um gênero e que jamais se pode pensar neste sem levar em consideração o ciclo de atividades envolvendo as condições de produção, circulação e recepção em que ele se constitui e atua. Com isso, é seguro afirmar que
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Para falar, utilizamo-nos sempre dos gêneros do discurso, em outras palavras, todos os nossos enunciados dispõem de uma forma padrão e relativamente estável de estruturação de um todo. Possuímos um rico repertório dos gêneros do discurso orais (e escritos). Na prática, usamo-nos com segurança e com destreza, mas podemos ignorar totalmente a sua existência teórica. (BAKHTIN, 1997, p.301)
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Desse modo, o gênero se molda de acordo com a variabilidade das circunstâncias, a posição social e o relacionamento pessoal com o(s) interlocutor(es): “há o estilo elevado, estritamente oficial, deferente, como há o estilo familiar que comporta vários graus de familiaridade e de intimidade (distinguindo-se esta da familiaridade)” (BAKHTIN, 1997, p.302).
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Segundo Bakhtin, os gêneros de cunho oficial são pouco flexíveis, pois não permitem expansões de sentimento, como o requerimento, a ata e a entrevista formal, que não necessitam de um estreitamento das relações entre os sujeitos participantes, Entretanto existem gêneros mais maleáveis, como a carta familiar, o bilhete e a própria conversação espontânea, nos quais as expressões de emoções e o grau de intimidade concorrem para o êxito do processo comunicativo.
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Por essa diferença de estruturação e de objetivos, os gêneros se dividem em dois tipos: os primários e os secundários. São chamados de primários os gêneros que se enquadram no estilo familiar pelo fato de apresentarem uma interação comunicativa comum, cotidiana, simples, cujo objetivo é satisfazer uma comunicação discursiva imediata. Já os secundários são os gêneros que possuem um maior grau de complexidade; geralmente exigem maior tempo de planejamento e não possuem o imediatismo que permeia os gêneros primários, como é o caso, por exemplo, do romance, do texto científico, da palestra, enfim, dos gêneros pertencentes à literatura, à ciência, à ideologia e à filosofia, construídos dentro da cadeia científica, artística e política. Porém, é importante mencionar que a existência da classificação em primários e secundários não significa que há um isolamento entre os dois tipos de gênero, mas sim que ambos podem se encontrar em uma relação mútua, em que os primeiros podem ser intercalados/absorvidos no segundo, principalmente quando há o surgimento de “novos” gêneros, decorrentes do avanço tecnológico. Desse modo ocorre a passagem de uma estrutura simples a uma complexa, embora isso afaste os gêneros primários do seu espaço cotidiano, já que passam a fazer parte do campo da verossimilhança, não mais da realidade. Com relação à quantidade de gêneros existentes, ainda não há – e talvez nunca haverá – um número exato, pois, como eles fazem parte da esfera da necessidade de se dizer algo e surgem da interação entre interlocutores que estão sempre inseridos em atividades comunicativas, serão diversos quanto mais diversas forem as formas de se comunicar. Por serem ligados às necessidades comunicativas do ser humano, é compreensível a existência de um grande número de gêneros que dêem conta da eterna necessidade do homem de interagir verbalmente. Como bem diz Marcuschi (2002, p.29), “Sendo os gêneros fenômenos sócio-históricos e culturalmente sensíveis, não há como fazer uma lista fechada de todos os gêneros”.Assim, existem gêneros com objetivos os mais diversos; há aqueles que se ocupam de apresentar um candidato a um cargo profissional como o currículo e a entrevista formal. Há os que são veículos de informações e descobertas científicas, como os seminários e os simpósios. E há aqueles que existem a partir do fenômeno natural da morte e que se destinam a homenagear os entes que partiram.
É o caso do gênero epitáfio.
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