NOTA DE REPÚDIO DA ABGLT EM RELAÇÃO À REPORTAGEM SOBRE O “CLUBE DO CARIMBO” APRESENTADA NO PROGRAMA FANTÁSTICO (REDE GLOBO)

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Alexandre Bogas Fraga

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Mar 27, 2015, 2:55:01 PM3/27/15
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NOTA DE REPÚDIO DA ABGLT EM RELAÇÃO À REPORTAGEM SOBRE O “CLUBE DO CARIMBO” APRESENTADA NO PROGRAMA FANTÁSTICO (REDE GLOBO)

A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – ABGLT – fundada em 31 de janeiro de 1995, com 20 anos de existência, é uma entidade de abrangência nacional com 308 organizações afiliadas e tem como objetivo a defesa e promoção da cidadania desses segmentos da população. A ABGLT também é atuante internacionalmente e tem status consultivo junto ao Conselho Econômico e Social da Organização das Nações Unidas.

A ABGLT vem através dessa nota manifestar-se totalmente contraria a forma como os meios de comunicação, em especial o Programa Fantástico da Rede Globo, que apresentou reportagens nos dias 15 e 22 de março p.p., sobre o suposto “Clube do Carimbo”. A forma da abordagem foi descuidada, sensacionalista e incentivou a criminalização da transmissão do HIV, reforçando o estigma e discriminação contra as pessoas que vivem com HIV/Aids.

Nossa associação soma-se às posições do Movimento Brasileiro de Pessoas Vivendo e Convivendo com HIV/AIDS; das ONG/Aids que lutam contra a epidemia; de vários outros Movimentos de Direitos Humanos, e do Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais (DDAHV) do Ministério da Saúde que se posicionaram contra esse tipo de abordagem em relação a transmissão do HIV.

Compreendendo que a dinâmica dos relacionamentos entre gays e outros homens que fazem sexo com homens não sejam de conhecimento da maioria da sociedade, cabe ressaltar que não se pode associar o Barebacking – pratica sexual desprotegida consentida entre dois homens adultos – e o nominado “Clube do Carimbo”.

A posição da ABGLT é de valorização da vida e incentivo ao uso do preservativo como método eficaz e de mais fácil acesso para a prevenção às infecções sexualmente transmissíveis (IST). Contudo, estendemos que devemos respeitar o livre arbitrio das pessoas e a forma como elas querem se relacionar. Isso nos chama à atenção que quaisquer ações que implantem um pânico moral na sociedade - e um discurso sobre a criminalização da transmissão do vírus HIV - contribuem para o reforço de preconceitos, estigmas e discriminações e consequentemente para as ações de prevenção do HIV/Aids. Isto atinge principalmente as pessoas soropositivas, homens gays e homens que fazem sexo com homens. Além disso, desencadeia um impacto negativo em todas as respostas a epidemia, até então construídas pela sociedade civil organizada e os governos, para tentar frear os avanços da epidemia.

Conforme afirmação do próprio Ministério da Saúde, “o sexo desprotegido não é uma prática limitada às populações gays, evidentemente: de acordo com a Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas na População Brasileira (PCAP) divulgada em janeiro, a maioria dos brasileiros (94%) sabe que o preservativo é a melhor forma de prevenção contra as DST e a AIDS, mas 45% da população sexualmente ativa do país não usou preservativo em relações sexuais casuais nos últimos 12 meses. E mais: ainda segundo a PCAP, entre as mulheres, 86,8% dos casos registrados em 2012 resultou de relações heterossexuais com pessoas infectadas pelo HIV”.

Vale ressaltar que importantes informações não foram apresentadas pelo Fantástico em ambas reportagens apresentadas, entre estas o fato de que uma pessoa em tratamento antirretroviral regular, e com sua carga viral indetectável não infecta outras pessoas com o vírus HIV. Também foi omitido o fato de hoje existirem novas metodologias de prevenção sendo aplicadas, como a facilidade de acesso aos testes rápidos de HIV e outras DST, as profilaxias pré e pós-exposição ao vírus, entre outros.

Desta forma; num momento crítico o qual vivemos aonde uma maré conservadora de forte viés discriminatório vem crescendo no país; as informações veiculadas pelo Fantástico - por seu sensacionalismo e sua pouca clareza quanto ao conceito da prática do “barebacking”, e pela própria constituição do “Clube do Carimbo”- até então baseada em fontes questionáveis na internet torna-se um desserviço a saúde púbica no Brasil e um retrocesso nas ações de prevenção especialmente entre a população chave mais vulnerável à epidemia.

A ABGLT aponta ainda para a necessidade de um maior diálogo sobre o tema com os Movimentos de HIV/AIDS, Movimento LGBT, de Direitos Humanos, e outros setores da sociedade para que a informação e a troca de experiências sejam as nossas principais ferramentas contra o obscurantismo, retrocesso e o policiamento dos corpos e do cerceamento dos direitos sexuais. Precisamos de uma sociedade mobilizada para o enfrentamento da epidemia de Aids e livre de discriminações, não de uma sociedade inquisidora.

ABGLT - Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais


Nota Original: http://www.abglt.org.br/port/basecoluna.php?cod=347


Link do Facebook para compartilhamento: https://www.facebook.com/ABGLTnaLuta/posts/1567268680190875

 

Atenciosamente,

 

Alexandre Bogas Fraga Gastaldi
Diretor Administrativo - Grupo Acontece Arte e Política LGBT
Secretário Regional Sul ABGLT

Telefone: (48) 9982-5691 - Florianópolis – SC
Email: AleB...@gmail.com - Aconte...@gmail.com
Site: www.AconteceLGBT.org  -  www.FaceBook.com/AconteceLGBT

Nota Clube do Carimbo - ABGLT.pdf

Guilhermina Cunha Ayres

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Mar 27, 2015, 2:59:52 PM3/27/15
to Lista Diretoria ABGLT 2013-2016, abgltafiliadas, aliancanacionallgbt, Lista Catarinense LGBT, aliancapa...@googlegroups.com
Pena que o mesmo não foi feito qdo das outras notas.

Abraços
Guilhermina Cunha Ayres.
Vice presidenta - ABGLT. http://www.abglt.org.br/port/index.php.
Diretora de Informação - Acontece Arte e Política LGBT. http://acontecelgbt.wordpress.com/.
Diretora de Gênero e Igualdade Racial - SINDES. http://www.sindes.org.br/
Conselheira
- CONATRAP. http://www.participa.br/conatrap-trafico-de-pessoas.
Conselheira - CMPC de Florianópolis/SC. http://politicaculturalfpolis.blogspot.com.br
Bibliotecária documentalista - SINDPREVS/SC - CRB 14/802 Tel./Fax (48) 3224 7899. Cel.: (48) 8402 4173. E-mail: guilherm...@gmail.com. http://www.sindprevs-sc.org.br/

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